quinta-feira, 26 de abril de 2018

UE pede a Macau reforço de protecção dos direitos humanos


A União Europeia (UE) assinalou que Macau continua a respeitar o princípio “Um País, Dois Sistemas”, o que é benéfico para toda a comunidade internacional, mas pediu à região o reforço das medidas de protecção dos direitos humanos.

O relatório anual do Parlamento e do Conselho Europeu sobre Macau, divulgado na terça-feira, apontou que “em 2017, o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ continuou a ser aplicado, o que beneficia Macau, a China e toda comunidade internacional”. Contudo, a UE pediu a Macau o reforço de medidas de protecção de direitos humanos, nomeadamente em relação à discriminação sexual e de género, ao tráfico humano, à liberdade de imprensa e ao direito de manifestação e associativismo. “Continua a existir preocupações sobre a discriminação com base na orientação sexual e identidade de género. Essas preocupações são particularmente agudizadas no emprego, educação e saúde”, referiu o relatório.

A UE enalteceu os esforços do Governo de Macau no combate ao tráfico de seres humanos, mas apontou que “a aplicação da lei precisa de ser mais rigorosa”, indicou o documento, que faz um balanço de 2017. “O número de processos e condenações por tráfico continua baixo, apesar de um grande número de reclamações”, esclareceu a UE, anunciando estar disposta a estreitar a cooperação e o intercâmbio com Macau, no combate a “este desafio global”.

Em relação à comunicação social, a UE saudou a permanência da diversificação e da variedade de opiniões sem restrição, advertindo que “parece haver um certo grau de auto-censura, particularmente nos media de língua chinesa”. “Ao longo de 2017, mais de uma dúzia de activistas pró-democracia e vários jornalistas foram impedidos de entrar em Macau. Vários políticos e legisladores de Hong Kong foram informados pelos serviços de imigração que representavam uma ameaça à segurança interna e à estabilidade de Macau”, reportaram o Parlamento e o Conselho Europeu.

No relatório anual, a UE aconselhou Macau a implementar medidas sobre a “liberdade de associação e a negociação colectiva, tal como consagrado nas convenções da Organização Internacional do Trabalho”. “Os funcionários são livres de participar em actividades sindicais, mas não estão protegidos de retaliações se o fizerem”, indicou o documento dos 28.

Em relação às relações bilaterais económicas entre a UE e Macau, o documento apontou que o comércio bilateral de mercadorias aumentou 8%, para 744 milhões de euros, em 2017, em relação ao ano anterior. As exportações da UE para Macau atingiram 626 milhões de euros, um aumento de 4% em relação a 2016. “A UE foi a segunda maior fonte de importações de Macau, depois da China continental, contribuindo com 25% do total das importações de Macau”, declararam as autoridades europeias. Agência Lusa

Governo expressa “resoluta oposição” ao relatório da União Europeia

O Governo reagiu ontem em comunicado ao relatório anual da União Europeia referente ao ano passado, dizendo que o mesmo tece “levianamente comentários irresponsáveis sobre Macau, cujos assuntos concernem à política interna da China”, expressando assim a sua “resoluta oposição”. “A estabilidade política, o desenvolvimento económico, a harmonia social e a garantia dos direitos da população de Macau de acordo com a lei, ultrapassam quaisquer condições alguma vez registadas na história de Macau”, continua o Executivo, acrescentando que “esta é uma realidade à vista de todos”. 

No mesmo comunicado, o Governo assegura que foi “concretizado com sucesso o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, ‘Macau governada pelas suas gentes’ e ‘alto grau de autonomia’” e que o sistema da RAEM funciona tendo por base a Constituição e a Lei Básica.

Ponto Final (Macau)

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