Peritos internacionais dizem que
os cartões dos eleitores devem ser impressos fora do país para facilitar o
registo. O PAIGC aceita a proposta, mas o PRS declarou que a medida visa
"preparar uma fraude eleitoral".
Na Guiné-Bissau, o Partido
Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o Partido da
Renovação Social (PRS), os dois principais partidos no Parlamento guineense,
estão divididos em relação aos cenários apresentados por peritos internacionais
para o registo
de eleitores com vista à realização das legislativas a 18 de novembro.
Peritos internacionais, que estão
a trabalhar com a Comissão Nacional de Eleições (CNE) guineense, apresentaram
três cenários possíveis para o registo de eleitores e fizeram ver aos partidos
que apenas um poderá possibilitar que o escrutínio tenha lugar na data marcada.
Aquele cenário prevê a realização
do registo de eleitores e a impressão dos cartões fora da Guiné-Bissau e só
depois entregá-los aos seus titulares.
O porta-voz do PRS, Victor
Pereira, defendeu que aquele cenário "está fora de questão" uma vez
que pode trazer problemas para o país. "Querem que façamos aquilo
que o português diz 'o barato sai caro'", declarou Vítor Pereira, também
ministro da Comunicação Social, que vê nesse cenário uma "manobra do PAIGC
em conluio com alguma comunidade internacional" para "preparar uma
fraude eleitoral".
Já Sola Nquilin, dirigente do PRS
e antigo ministro da Administração Territorial, disse mesmo que se for avante o
cenário de impressão dos cartões eleitorais fora da Guiné-Bissau, o partido não
participará nas eleições.
Entretanto, Odete Semedo, uma das
vice-presidentes do PAIGC acredita que "alguém não quer as eleições na
data marcada" e que o seu partido está pronto para 18 de novembro. O
PAIGC, explica a dirigente, confia nas indicações dadas pelos peritos no
registo eleitoral, segundo os quais as eleições só poderão ter lugar na data
marcada pelo Presidente guineense, se os cartões eleitorais forem impressos
fora da Guiné-Bissau.
"Os peritos sugeriram que se
os partidos quiserem podem acompanhar a impressão dos cartões no país em que forem
impressos", observou Semedo, que exortou o Presidente guineense, José
Mário Vaz, a posicionar-se para que o escrutínio tenha lugar a 18 de novembro.
ONU garante "todos os
esforços" para as legislativas
Nesta sexta-feira (25.05), a
vice-secretária-geral das Nações Unidas, Ana Maria Menéndez, afirmou que
"há um esforço da nossa parte e o representante adjunto tem feito viagens
aos países da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental]
para conseguir esse apoio e também apoio financeiro, porque sabemos que (o
dinheiro) não é o suficiente. Os esforços continuam e vamos fazer o possível
que as eleições se realizem".
A vice-secretária-geral das
Nações Unidas falava aos jornalistas depois de um encontro com o Presidente
guineense, José Mário Vaz.
"Tivemos um encontro muito
positivo e construtivo e felicitei-os por terem ultrapassado o impasse político
e constituído um Governo com um primeiro-ministro de consenso e a participação
inclusiva dos partidos políticos", afirmou, sublinhando que as autoridades
guineenses podem contar com o apoio da ONU para as eleições. Ana Maria Menéndez
disse também esperar que o processo de estabilidade continue porque é
"muito bom para todos".
A vice-secretária-geral da ONU
deslocou-se a Bissau a convite do Conselho Nacional das Mulheres da
Guiné-Bissau e para sublinhar o compromisso de António Guterres e das Nações
Unidas com a "paz e desenvolvimento" do país. Durante a sua estada,
que termina domingo, a responsável vai ter encontros com partidos políticos e
com o presidente da Comissão Nacional de Eleições.
Agência Lusa, tms | Deutsche
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