FOI UMA PÁTRIA SOCIALISTA DE
TRABALHADORES QUE, UNINDO TODO O POVO SOVIÉTICO SOB A ÉGIDE POLÍTICA DE JOSEPH
STALINE E MILITAR DO MARECHAL GEORGY KONSTANTINOVICH ZHUKOV, ACOMNPANHADO DE
OUTROS INSIGNES GENERAIS, DERROTARAM A BESTA NAZI!
EM SAUDAÇÃO AO 25 DE MAIO, DIA DE
ÁFRICA
Martinho Júnior | Luanda
1- A memória da Vitória celebrada
no dia 9 de Maio de cada ano, é um património referencial de toda a humanidade,
por que sem ela muitos milhões de seres não existiriam: a barbárie nazi
tê-los-ia eliminado directa ou indirectamente e em muitos casos realizar-se-iam
genocídios sem precedentes, até por que durante o século XX, a começar pelo
genocídio herero e namaqua no Sudoeste Africano (colónia alemã), largos
episódios são testemunho dos ensaios “menores” que desembocaram nos
campos de concentração onde morreram tantos soldados soviéticos, ciganos,
judeus…
Para além dos largos milhões de
baixas que provocaram durante 1.418 dias em que mantiveram a Frente Oriental
até à derrota final na sua capital, Berlim, os nazis teriam vitimado muito mais
milhões de nossos progenitores, não fosse o seu colapso total no dia 9 de Maio
de 1945!
África perfilhava-se para os
nazis como um potencialmente enorme campo de concentração!
A União Soviética perdeu assim
mais de 17 milhões de civis e 10 milhões de militares…
O sacrifício do povo trabalhador
soviético em prol da Vitória, foi portanto uma dádiva inestimável para toda a
humanidade, com implicações no desafogo que permitia desde logo e no decurso
dos acontecimentos, aos seus próprios aliados.
Entre as implicações directas, o
esforço soviético deu oportunidade a que aliados europeus como a Grã-Bretanha
deixassem de ser um alvo privilegiado (mas secundário) dos nazis e os Estados
Unidos se concentrassem muito mais na resposta ao Japão, a componente oriental
do Eixo nazi-fascista, cuja expansão se alargava aos arquipélagos do Pacífico e
ao vasto Extremo Oriente asiático…
De facto, mais de três quartas
partes de todo o potencial militar terrestre e aéreo nazi se concentrou entre o
Báltico e o Mar Negro contra a União Soviética, pelo que a Grã-Bretanha era
encarada pelo comando nazi como uma periferia, do outro lado do Pas de Calais e
da sua Fortaleza Europa, dos seus dispositivos a ocidente, uma periferia que
ficou a aguardar o seu dia para merecer um ataque de vulto, já que o grosso das
divisões da Wehrmacht e de seus liados europeus (Itália, mas também
mobilizações e recrutamentos importantes conseguidos entre outros na Espanha,
na Polónia, na Hungria, na Áustria, na Finlândia, na Roménia, na Eslováquia, na
Ucrânia…), integraram a Frente Leste.
A Grã-Bretanha funcionou por isso
como um campo real, mas experimental, de testes para algumas das armas nazis
produzidas ao longo da IIª Guerra Mundial…
De acordo com as crónicas, a “Grande
Guerra Patriótica começou às 3h30 do dia 22 de Junho de 1941, quando a
Wehrmacht Nazista invadiu a União Soviética, ao longo de uma frente
estendendo-se do Báltico ao Mar Negro com 3,2 milhões de soldados alemães,
organizados em 150 divisões, apoiadas por 3.350 tanques, 7.184 peças de
artilharia, 600.000 camiões (caminhões-br), 2.000 aviões de guerra”…
2- As oligarquias europeias, a
começar pela britânica, preocuparam-se em salvaguardar os parâmetros das “democracias” ocidentais,
em função de sua estrita conveniência ainda que em tempo de guerra, moldando-os
por via de manipulações e artifícios a partir de seus próprios instrumentos de
poder político, económico, financeiro e institucionais.
Como a Grã-Bretanha era para os
nazis um alvo secundário que esperava a sua hora para ser atacada com o poder
concentrado prioritariamente utilizado na Frente Leste, a oligarquia que
respondia à Coroa Britânica, com uma superestrutura ideológica a condizer, fez
através do Primeiro-Ministro Winston Churchil, um conservador, um propositado
exercício de contenção que à medida que a União Soviética ia derrotando a
avalanche nazi, foi sendo transformado em exercício de propaganda e
contrapropaganda, até se tornar numa acintosa manobra em relação ao aliado
soviético, integrando o pelotão ocidental que começaria a levar a cabo o esboço
da “Guerra Fria”…
Um marco da mudança e da escalada
foi o desembarque na Normandia, a 6 de Julho de 1944, decidido e realizado
quando o Exército Vermelho inapelavelmente já vinha derrotando os nazis desde
Stalinegrado (a 2 de Fevereiro de 1943) e da batalha do Arco de Kursk (a
rendição alemã foi consumada a 23 de Agosto de 1943), não deixando margem para
dúvidas que tinham iniciado um “efeito boomerang” com potencialidades
que, rápida e indubitavelmente, chegariam às praias do Atlântico…
O desembarque na Frente
Ocidental, a 6 de Junho de 1944, foi assim feito sob a pressão do tempo, com
155.000 homens e pela primeira vez os aliados ocidentais colocaram no ocidente
do continente europeu (costa do Atlântico) as suas divisões, depois da
humilhante “retirada” de 338 226 efectivos de
Dunquerque (de 21 de Maio a 4 de Junho de 1940).
O desembarque tinha não só o
objectivo público de derrotar os nazis, em reforço dos avanços da União
Soviética a leste, de forma a abreviar o inferno da guerra, mas também o
objectivo de impedir que o Exército Vermelho, tomando Berlim, chegasse
rapidamente às praias do Atlântico… os fundamentos e a própria designação de
Organização do Tratado do Atlântico Norte, resultam deste segundo objectivo,
que a seu tempo nem sequer escondeu a integração do fascismo português,
periférico mas capaz de instrumentalização da conveniência da aristocracia
financeira mundial em África, no âmbito da internacional fascista na África
Austral, em conformidade com o Exercício Alcora, o Le Cercle e dos seus
sucedâneos!
Recorde-se (“A História Russa do
Dia-V, ou a História da Segunda Guerra Mundial poucas vezes Ouvida no
Ocidente” –http://www.voltairenet.org/article201181.html):
“Em 1942, o Exército Vermelho
continuou a sofrer derrotas e pesadas perdas, enquanto lutava quase sozinho.
Contudo, em Novembro desse ano,
em Estalingrado, no Volga, o Exército Vermelho lançou uma contraofensiva, que
levou a uma notável vitória e à retirada da Wehrmacht de volta às suas linhas
de partida da Primavera de 1942 ... excepto para o Sexto Exército Alemão;
apanhado no bolsão de Estalinegrado. Aí, 22 divisões alemãs, algumas das
melhores de Hitler, foram destruídas. Estalinegrado foi o Verdun da Segunda
Guerra Mundial”…
“No fim dos combates do inverno
de 1943, as perdas do Eixo eram assombrosas: 100 divisões alemãs, italianas,
romenas e húngaras foram destruídas ou incapacitadas”.
Quando se deu o desembarque na
Normandia, os nazis já estavam militarmente derrotados, mas a competição para
com as vitórias da União Soviética, levou desde logo a glorificar a iniciativa
dos aliados ocidentais e a desvanecer, diminuir, desvirtuar, subverter, ou
mesmo apagar, o papel soviético na vitória sobre o nazismo!...
Essa doutrina, filosofia e
ideologia, foi utilizada desde o primeiro momento no âmbito da NATO e das suas
operações encobertas, incluindo as das redes “stay behind”, dentro e fora
do continente europeu, África Austral incluída, em reforço do “apartheid”…
basta seguir a pista do Le Cercle e dos seus “homens de mão”, entre eles o
general Frazier e Jaime Nogueira Pinto, autor de “Jogos Africanos”…
Quando decidiram sobre o início
do artifício da “Guerra Fria”, então a propaganda e contrapropaganda ocidental
tomou conta do assunto, ao sabor dos interesses das oligarquias europeias, elas
próprias cada vez mais subalternizadas em relação à aristocracia financeira
mundial!
3- A luta pelo domínio global
realizada pela concorrente nazi-fascista por um lado contra os aliados das
democracias ocidentais, contra os soviéticos por outro, foi um processo
dialético radicalizado mas camaleónico, que resultou na IIª Guerra Mundial e
reflectiu-se em África de múltiplas formas, mas sobretudo numa outra radicalização
subsequente: a necessidade de se vencer através duma luta armada de libertação
nacional, quer o colonialismo, quer o “apartheid”, resquícios das linhas
de conduta nazis e fascistas, continente africano adentro!
Percebeu-o exemplarmente a
Revolução Cubana e o povo cubano em grande parte descendente de escravos
africanos, que preencheram resolutamente a trilha solidária da luta contra o
colonialismo e o “apartheid”, conforme tenho referido na interpretação“de
Argel ao Cabo da Boa Esperança”!
Se as potências do Eixo tivessem
ganho a IIª Guerra Mundial, grande parte da humanidade teria sido escravizada e
esse seria o caminho de África, com a Alemanha, a Itália, a França, Portugal e
outros subsidiários fascistas a dividirem entre si o bolo que advinha da Conferência
de Berlim!
A NATO integrou essas potências
europeias e moldou-as no seu âmbito a todo o tipo de interesses de domínio
imperial que hoje se assume enquanto hegemonia unipolar, garantindo a pressão
dessas correntes dentro e para dentro de África, tanto mais que a avidez sobre
as matérias-primas, tendo não só em conta a revolução industrial, mas também as
novas tecnologias, aumentou entretanto consideravelmente!
Na África do Sul o “apartheid” teria
sido ainda mais radicalizado do que foi, se os nazis e os fascistas tivessem
triunfado!
Teria sido assim em África, em
relação à qual chamo a atenção para o caminho percussor que foi seguido no
Sudoeste Africano, com o Iº genocídio do século XX em tempo da Prússia (anos de
1904 a 1907), vitimando milhares de hereros e namaquas, algo que inspirou o
nazismo para a agressão massiva, outros genocídios (incluindo o de soldados
soviéticos prisioneiros) e o holocausto apenas 34 anos mais tarde (entre 1941 e
1945).
Se a besta nazi tivesse ganho, a
vida humana para os africanos teria sido insuportável e jamais teria sido
possível levar a cabo a luta armada de libertação nacional contra o
colonialismo e o "apartheid" nos termos em que ela ocorreu,
a página de história contemporânea mais brilhante de África e de vastos
sectores progressistas de todo o mundo!...
Mesmo assim África debateu-se com
situações como o genocídio no Ruanda e a desestabilização prolongada que tem
subsistido na República Democrática do Congo, persistindo os fantasmas do Rei
Leopoldo precisamente na região-chave de todo o continente: o nó de água
interior decisivo, que garante espaço vital e potencialidades de toda a ordem,
em dialético contraste com os maiores e mais inóspitos desertos quentes do
globo: o Sahara e o Sahel, a norte, o Namibe e o Kalahári, a sul.
4- No rescaldo da IIª Guerra
Mundial, a União Soviética, ciosa de sua própria libertação do jugo nazi e
fascista, conjuntamente com outros países socialistas, entre eles Cuba e a
Jugoslávia, assim como outros países Não-Alinhados (alguns deles africanos),
deram a sua contribuição inestimável em reforço da luta armada de libertação
nacional contra o colonialismo mais renitente e o “apartheid”, resquícios
nazis e fascistas em África!
Apressadamente a máquina de
propaganda e contrapropaganda ao dispor da aristocracia financeira mundial e
suas vassalas oligarquias europeias, utilizando pactos como a NATO, quis fazer
crer que tudo se reduzia à “Guerra Fria”, ela própria uma fórmula adoptada
pelas “democracias ocidentais”, como se a sua própria sobrevivência não
tivesse sido acima de tudo garantida pela heroicidade soviética em benefício do
campo aliado na IIª Guerra Mundial!
Essa foi uma usurpação
doutrinária, filosófica e ideológica que buscou os resultados práticos de sua
exclusiva conveniência!
Esse oportunismo próprio do
capitalismo ávido de lucro que derivou para os fundamentos do império da
hegemonia unipolar, obriga África, ciosa de paz, de aprofundamento da
democracia, mas sobretudo motivada para um resgate histórico que se impõe
lutando contra o subdesenvolvimento, a estar cada vez mais vigilante, tendo em
conta que a superestrutura ideológica de domínio do império, assim como o imenso
leque de instrumentos que ele usa tirando partido dos processos da revolução
industrial e das novas tecnologias, contribuem para continuar a alimentar a
subversão, o caos, o terrorismo e a desagregação, continente africano adentro!
A paz na África Austral, no
Congo, nos Grandes Lagos, deve acabar de vez com todos os fantasmas do Rei
Leopoldo, os velhos e os novos (NATO incluída, tendo em conta a sua
manifestação continente adentro após o ataque à Líbia) e uma inteligência
africana renascentista, com base no entendimento antropológico na relação homem
– espaço vital, deve-se impor inteligentemente em nome da lógica com sentido de
vida em benefício não só de todos os povos do continente, mas também do
respeito que deve ganhar consciências, em prol dos equilíbrios ambientais
imprescindíveis para com a Mãe Terra!
Ao assumir um papel de vanguarda
na luta pela paz e contra o subdesenvolvimento na África Austral, Central, no
Golfo da Guiné e nos Grandes Lagos, assim como pela busca prioritária da paz na
bacia do Congo, Angola respeita a história da humanidade e dá todos os sinais
de estar interessada em lançar-se, em nome da civilização e contra a barbárie,
pela sustentabilidade da vida no planeta!
Esse é também um legado soviético
e socialista que propaganda, ou contrapropaganda alguma podem ofuscar e por
isso fundamentamos que o 9 de Maio de 1945, o Dia da Vitória sobre o nazismo e
o fascismo na Europa, o fim da IIª Guerra Mundial, é também uma Vitória
estratégica incontornável para toda a humanidade!
Deveria ser esse o entendimento
que os falcões sionistas deveriam ganhar com a visita de seu líder Benjamin
Netanyahu, a 9 de Maio de 2018 a Moscovo e a sua presença na Praça Vermelha,
assistindo ao desfile comemorativo do Dia da Vitória, 73 anos depois do fim do
holocausto e quando se lança na aventura do holocausto palestiniano!
Deveria ser esse também o
entendimento dos componentes da União Europeia e de outros filiados (como a
Turquia), acabando de vez com uma NATO, que há muito deveria ter deixado de
existir!
5- A ambiguidade e a hipocrisia
dos falcões sionistas, quando por via dum “apartheid” que segue a
trilha dos racistas sul-africanos, dilata as fronteiras de Israel e estilhaça
em guetos, como o de Gaza, o projecto de estado que dá pelo nome de Palestina,
só é possível por que seus aliados das “democracias ocidentais” subvertem
o significado do próprio Dia da Vitória, numa manobra prática que sublinha os
exercícios de propaganda e contrapropaganda que foram desencadeados pela
aristocracia financeira mundial e suas oligarquias vassalas desde a tomada de
Berlim no colapso do IIIº Reich!
Desconheço até que ponto o
Presidente Putin foi capaz de transmitir uma mensagem desta natureza a Benjamin
Netanyahu, mas o simples facto de tapar o Mausoléu de Lenine e encobrir a
estátua de Joseph Staline durante a celebração do Dia da Vitória a que assistiu
Benjamin Netanyahu, permite-me supor que ele se ficou por assuntos de natureza
tácita entre as partes, malgrado o“apartheid” sionista e o papel do
sionismo nas linhas de caos, de terrorismo e de desagregação que estão em
evidência na evolução da situação do Médio Oriente e em África, desde a invasão
iniciada pela administração do Presidente George Bush ao Iraque!
O Presidente Putin arrisca-se
assim a estar afectado e vulnerável pelas manobras de propaganda,
contrapropaganda e práticas (em termos de relacionamentos internacionais e
diplomacia), sugeridas pela “Guerra Fria” nos termos que se têm
identificado nas“democracias ocidentais”, de que o sionismo se está a
aproveitar de forma oportunista e leviana, em contradição com o respeito a
milhões de vítimas dos nazis e do fascismo, entre os quais milhões de cidadãos
judeus!
Uma Vitória estratégica
incontornável para toda a humanidade, exige do Presidente Putin uma outra
qualificação sua para as obrigações e honras decorrentes das comemorações do
Dia da Vitória e não se reduzir a um simples embaixador, ainda que o seja da
notável capacidade militar e de inteligência da Federação Russa:
O multipolarismo e a emergência,
criam obrigações de coerência, de legitimidade, de dignidade, de solidariedade
e de respeito para com a própria história contemporânea da humanidade!
O Dia da Vitória será entendido
em África, melhor do que hoje, quando África tiver oportunidade real para
integrar o pelotão da emergência multipolar, algo que tarda e deixa imenso
espaço de manobra disponível para os abutres e seus mercenários!
Martinho Júnior - Luanda, 24 de
Maio de 2018
Imagens:
A disputa entre duas correntes
imperialistas impôs sacrifícios incomensuráveis à União Soviética; África ficou
à mercê da barbárie, que só não foi maior graças à luta de libertação
armada, “De Argel ao Cabo da Boa Esperança”;
A batalha do Arco de Kursk foi
uma das vitórias que possibilitaram o colapso nazi e fascista na Europa, mas
não o inviabilizou em África;
A bandeira soviética foi içada no
cimo dos edifícios que eram o símbolo do poder nazi, no Dia da Vitória, a 9 de
Maio de 1945;
Esboço da batalha de Berlim,
segundo os conceitos defensivos dos nazis, vencidos durante os meses de Abril e
Maio de 1945;
O Marechal Zukhov, o comandante
do vitorioso Exército Vermelho que acabou com os nazis na capital do IIIº Reich.
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