"Viés crónico
anti-Israel" de organismo "hipócrita" é o motivo apontado pela
Administração Trump para mais uma ruptura dos EUA com o multilateralismo.
O secretário de Estado
norte-americano, Mike Pompeo, e a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki
Haley, anunciaram esta terça-feira que o país abandona o Conselho de Direitos
Humanos das Nações Unidas.
Haley, que em 2017 já tinha
acusado o conselho de ter um "viés crónico anti-Israel", afirmou esta
noite que o organismo é "hipócrita". Ao mesmo tempo, anunciou que a
saída norte-americana "não é uma diminuição do empenho [dos EUA] em
relação aos direitos humanos".
Os EUA ameaçavam há muito sair se
este órgão não fosse renovado, acusando o organismo composto por 47 membros
sediado em Genebra de ser anti-israelita. As negociações com Washington sobre
estas reformas falharam, o que sugeria que a Administração Trump estaria já a
preparar a sua saída.
O abandono do Conselho de
Direitos Humanos da ONU significa mais um corte entre a Administração Trump e
acordos multilaterais - o Presidente dos EUA já tinha retirado o país do Acordo
de Paris sobre o clima e do acordo nuclear com o Irão.
A decisão surge também numa
altura que os EUA têm sido alvo de intensas críticas devido à política de “tolerância
zero” relativamente aos imigrantes não-documentados que entram em
território norte-americano, o que significa que milhares de famílias têm sido
separadas na fronteira com o México.
Zeid Ra'ad al-Hussein, alto
comissário para os Direitos Humanos da ONU, classificou na sessão de
segunda-feira em Genebra esta política como “inconcebível” e exigiu que
Washington ponha um ponto final na mesma.
Esta tarde, e instado a proferir
uma primeira reacção às notícias da iminente retirada dos EUA, o porta-voz da
ONU, Stephane Dujarric, limitou-se a dizer que “o secretário-geral [António
Guterres] acredita na arquitectura dos direitos humanos da ONU e na
participação activa de todos os Estados.”
Quando o Conselho de Direitos
Humanos foi criado, em 2006, o Presidente George W. Bush, evitou-o. Sob a
presidência de Barack Obama, os EUA foram eleitos para o órgão por um máximo de
dois mandatos consecutivos de três anos. Depois de um ano fora do organismo, os
EUA foram eleitos para o terceiro mandato, que vai a meio.
No ano passado, Haley disse que
Washington estava a rever a sua presença e pediu uma reforma para eliminar “o
preconceito crónico anti-Israel”. O conselho tem uma alínea permanente na sua
agenda para violações que se suspeitem tenham sido cometidas por Israel na
Palestina. Os EUA pretendiam retirar este ponto.
Reuters | em Público
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