António Costa diz que Vitorino
será importante para gestão humana do problema das Migrações.
O primeiro-ministro, António
Costa, defendeu esta sexta-feira que a nomeação de António Vitorino para
diretor-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM) será
"seguramente importante para uma gestão humana" desta matéria.
"Para já, termos podido
contar com ele para este lugar é muito importante para o país e será
seguramente importante para uma gestão humana de acordo com o direito
internacional e muito ativa em matéria de migrações. Eu, por mim, estou muito
satisfeito que desta vez possamos ter contado com o António Vitorino para estas
funções", disse o primeiro-ministro à chegada ao aeroporto de Lisboa,
questionado sobre se esperava para futuro poder contar com António Vitorino
para cargos nacionais.
À chegada à Lisboa, depois de ter
participado em Bruxelas numa cimeira de chefes de Estado da União Europeia, da
qual resultou um acordo relativo a migrações, alcançado ao fim de uma longa
maratona negocial, António Costa considerou "um enorme orgulho e
responsabilidade" para Portugal ter o socialista e antigo comissário
europeu a liderar a OIM, dando ao país "uma posição relevante e central nesta
grande questão global" e na qual é preciso "conseguir trabalhar em
diversas dimensões".
Garantir a paz e o
desenvolvimento nos países de origem dos migrantes, gestão de fronteiras,
integração dos migrantes e refugiados são algumas das dimensões enumeradas pelo
primeiro-ministro, nas quais a OIM "tem uma função essencial".
Sobre o acordo desta madrugada,
alcançado às cinco da manhã depois de dez horas de negociações, António Costa
insistiu nas críticas que já tinha deixado à saída da cimeira.
E defendeu que a proposta do alto
comissário das Nações Unidas para a criação de plataformas regionais de
desembarque de migrantes, que o conselho europeu ainda não aprovou, tendo
apenas conferido mandato à comissão para "explorar esta ideia", mas
que "podia ter sido agarrada com mais intensidade e, desde já, desenhada
com garantias de que são dadas todas as garantias para proteção dos direitos
que são devidos aos refugiados, para que não haja qualquer tipo de dúvidas de
qual é a função destas plataformas".
António Costa reafirmou também
que o problema da Europa relativamente às migrações é a "profunda divisão
que hoje existe" e a qual "não vale a pena estar a tentar esconder ou
a tentar disfarçar".
"Aquela declaração é uma
declaração essencialmente vazia e mesmo assim foram dez horas para às cinco da
manhã se conseguir aquilo. E desta vez o que estivemos a discutir não foram
questões técnicas, o que estivemos a discutir foi a essência do projeto europeu
como um projeto partilhado pelo conjunto dos Estados membros e hoje há Estados membros
que não querem partilhar o conjunto", criticou o primeiro-ministro.
Ainda sobre a nomeação de António
Vitorino para diretor-geral da OIM, António Costa entende que esta se deve a
"um currículo absolutamente excecional" e que se trata de uma eleição
"bastante difícil" num contexto de cada vez maior número de
portugueses em cargos internacionais destacados.
António Vitorino, 61 anos,
ex-ministro português (1995-1997) e ex-comissário europeu (1999-2004), foi hoje
eleito diretor-geral da OIM, cargo ocupado pelos Estados Unidos desde a criação
da organização, em 1951, com uma única exceção, em 1960.
Vitorino, que concorria ao cargo
juntamente com o norte-americano Ken Isaacs e a costa-riquenha Laura Thompson,
a atual vice-diretora-geral da organização, foi eleito à quarta volta por
aclamação.
TSF | Lusa | Foto EPA
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