Em entrevista à revista IstoÉ, o
sociólogo espanhol fez duras críticas ao impeachment de Dilma, à judicialização
da política pela Lava Jato, à prisão política de Lula e ao governo atual de
Temer.
“A representação é ilegítima porque a
designação dos representantes está condicionadas por leis eleitorais
condicionadas pelos principais partidos, pelo financiamento ilegal que esses
partidos obtêm e pela manipulação de opinião no processo de comunicação”, assim
definiu o sociólogo e um dos principais teórios da comunicação, o espanhol
Manuel Castells.
Ele não falava do Brasil,
especificamente, mas do que ocorreu na construção da União Europeia e foi se
propagando por todo o mundo. Lançando o livro “Ruptura — A Crise da Democracia
Liberal”, pela editora Zahar, que traz uma análise da política associada aos
meios de comunicação, Castells afirma que a crise na democracia do sistema
liberal “está se autodestruindo pela sua própria prática corrupta”.
As declarações foram dadas em
entrevista por escrito à reportagem da IstoÉ, que divulgou a íntegra nesta
sexta-feira (13). Apesar de não ter como destaque na introdução da matéria,
Castells também criticou a Operação Lava Jato, na medida em que “a
judicialização da política elimina a separação de poderes, que era a base da
democracia liberal”.
“Ela é a causa principal da crise
institucional. Ela acontece em muitos países, mas, no Brasil, é muito mais
brutal e mais direta, com objetivos diretamente políticos da parte do poder
judicial”, denunciou o sociólogo espanhol.
Acompanhando o que vem ocorrendo
no maior país da América Latina, Castells não deixou de criticar o atual
mandatário Michel Temer. “Ele, sim, é corrupto e simplesmente tentar terminar
seus últimos meses colaborando com uma eleição que lhe garante a impunidade. O
Brasil está completamente desestabilizado. A situação é extremamente perigosa”,
contou.
Segundo o teórico, “o pior mal do
Brasil é a utilização da corrupção por um congresso majoritariamente corrupto”
e tem como base à polarização com a “oligarquia política baseada em redes
regionais de clientelismo, e seus aliados nas elites do capitalismo
especulativo”.
Á revista IstoÉ o cientista
social afirmou que “Lula é claramente um preso político”.
Fonte: GGN | em Pátria Latina |
Foto Agência Brasil
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