Martinho Júnior | Luanda
SANDINO, AQUEL HOMBRE!
Después Sandino atravesó la
selva
y desempeñó su pólvora sagrada
contra marinerías bandoleras
en Nueva York crecidas y pegadas:
ardió la tierra, resonó el follaje,
el yanqui no esperó lo que pasaba,
se vestía muy bien para la guerra
brillaban sus zapatos y sus armas
pero por experiencia supo pronto
quiénes eran Sandino y Nicaragua.
Todo era tumba de ladrones rubios,
el aire, el árbol, el camino, el agua,
surgían guerrilleros de Sandino
hasta el whisky que se destapaban
y enfermaban de muerte repentina
los gloriosos guerrreros de Luisiana
acostumbrados a colgar los negros
mostrando valentía sobrehumana:
dos mil encapuchados ocupados
en un negro, una soga y una rama;
aquí eran diferentes los negocios,
Sandino acometía y esperaba,
Sandino era la noche que venía
y era la luz del mar que los mataba.
Sandino era una torre de banderas,
Sandino era un fusil con esperanzas.
eran muy diferentes las lecciones,
en West Point era la limpia la enseñanza,
nunca les enseñaron en la escuela
que podría morir el que mataba
los norteamericanos no aprendieron
que amamos nuestra pobre tierra amada
y que defenderemos las banderas
que con dolor y amor creadas,
si no aprendieron ésto en Filadelfia
lo supieron con sangre en Nicaragua
allí esperaba el capitán del pueblo:
Augusto C. Sandino se llamaba
para que nos dé luz y nos dé fuego
en la continuación de sus batallas.
Pablo Neruda – http://www6.rel-uita.org/contratapa/sandino.htm
A situação na Nicarágua será
necessariamente um assunto a discutir por todos os progressistas do mundo (e
não só os latino-americanos) e terá sido também motivo de discussão no Foro de
São Paulo, que cumpriu com o seu XXIVº Encontro, de 15 a 17 de Julho em Havana.
Neste caso, serão importantes as
moções de apoio à Frente Sandinista de Libertação Nacional, substância em vida
à heroica resistência de Sandino, mas mais importantes ainda deveriam ter sido
os debates que visem o reencontro dum caminho justo para o povo nicaraguense e
o de toda a região crítica da América Central, que Sandino amou pagando com o
peço de sua própria vida e o império da Doutrina Monroe qualifica,
arrogantemente, depreciativamente e “ao soaram as trombetas” (http://www.sinek.es/Lit/PabloNeruda.html)
para consumo de seu ego sulfúrico, de sua embriagada autoestima e de sua
perversidade sem limites, de “repúblicas bananas”!
1- … E assim chegamos a Havana,
ao Foro de São Paulo, o XXIVº, num momento em que o vulcão americano desperta
de novo, com toda a intensidade dialética que só seu plasma ardente pode
catapultar!
Agora houve a oportunidade de, à
lupa, estudar todos os seguidores de Sandino, por que será nesse universo circunscrito
mas decisivo que a dialética mais fecunda deve fluir pelos laboratórios
progressistas, desde aqueles que estão comprovadamente, como o General dos
Povos, dispostos ao sacrifício maior de suas próprias vidas face ao monstro do
império que nunca deixou de tentar dilacerar a Nicarágua, até aos que,
alimentando-se de suas palavras ou de seus gestos, se afastaram dos conteúdos
justos e podem-se estar a mascarar até na ânsia duma paz abstémica para melhor
compor um ramalhete da ignomínia (http://www.redvolucion.net/2018/05/16/llamado-a-la-militancia-sandinista-de-nicaragua-y-el-mundo/).
O General Sandino impõe com seu
exemplo-maior, à Frente Sandinista de Libertação Nacional da Nicarágua, uma
definição de dignidade, de integridade, de coerência e de clarividência, mas
será que em tantas “transversalidades” que têm sido injectadas pelos
sectores capitalistas neoliberais, alguns sectores da FSLN estão-lhe mesmo a
corresponder (http://www.redvolucion.net/2018/05/13/cuba-y-nicaragua-se-gesta-golpe-suave/)?
O que pretendem, por exemplo, as
dissidências da FSLN (https://www.rebelion.org/noticia.php?id=244148)?
A militância sandinista deverá
cerrar fileiras como nos velhos tempos, lutar pela unidade, pela coesão interna
e pela paz, em estreita identidade com o povo nicaraguense que soube vencer em
prolongadas lutas, tanta subversão, tanta manipulação, tanta guerra e tanta
tentativa de neocolonização!...
O Foro de São Paulo, foi uma
oportunidade para um balanço desapaixonado mas vibrante, por que não pode
permitir que contra o que é legítimo, o que é justo, o que é coerente, o que se
identifica com os mais perenes anseios do povo, ou o que é sábio, haja qualquer
tipo de contranatura “transversalidade”, nem fluxo de guerra psicológica
própria da ingerência ou manipulação do império da Doutrina Monroe e isso num
momento em que a “transversalidade” pode-se não reduzir apenas àquele
padrão que é típico dos seguidores dum George Soros, dum Gene Sharp, ou dum Leo
Strauss e ir mais além (http://www.redvolucion.net/2018/07/03/ee-uu-financia-violencia-en-nicaragua/)…
Haverá por dentro da Frente
Sandinista de Libertação Nacional, a outra face da mesma moeda que pertence a
mais uma “revolução colorida” (http://www.cubadebate.cu/noticias/2018/07/11/nicaragua-no-renunciara-a-la-paz-afirma-en-cuba-dirigente-sandinista/#boletin20180711)?
Há um dado chave para a
compreensão do que se passa na Nicarágua: o compêndio da informação que
sustenta o argumento anti-imperialista nesta hora da verdade!
2- A guerra psicológica está em
disparada na Nicarágua e é uma arma utilizada pelos que se propõem ao golpe
aproveitando os ânimos exaltados dos fogos cruzados: usam-na para poder
dividir, para escamotear, para manipular, para mentir, para subverter, para
inibir a busca de consensos e do diálogo, para minar a paz, para abrir espaço
aos tentáculos do império da Doutrina Monroe e tiram por vezes partido da falta
de mobilização da população quando se começa a avançar em grandes projectos,
como o caso do canal nicaraguense.
A violência, a confusão
desmobilizadora e o medo são métodos básicos e inerentes a um quadro dessa
natureza cujas raízes advêm do passado histórico, correndo-se o risco de em
escalada constituírem métodos que conduzam a jogos de reciprocidade… as
mensagens dos deliberadamente impacientes grupos de pressão têm esse tipo de
marca e esse tipo de correntes não foi feito para respeitar Constituições
democráticas: é na provocação e no caos onde gastam seu tempo e capacidades
teóricas e práticas, pouco se preocupando com doutrinas, filosofias e
ideologias que poderiam nortear outro tipo de intervenções, preenchendo o
quadro constitucional vigente, ou propondo-se à sua alteração seguindo uma
trilha democrática e sem rupturas.
Fazer a paz nessas condições é
difícil, por que esses grupos ao ferirem a Constituição ferem toda a legalidade
instituída, pelo que o incentivo à paz por via do diálogo e da busca de novos
consensos, nas condições de pressão do império da Doutrina Monroe, é sempre uma
incógnita com imprevisíveis avanços, perigosos recuos e com os interesses das
oligarquias à espreita de suas oportunidades, se é que elas já não estejam a
manipular, “a todo o vapor” na sombra (https://www.el19digital.com/articulos/ver/titulo:77645-carta-del-papa-francisco-al-presidente-daniel-ortega-).
Uma vez que muitos jovens
aderiram aos grupos de pressão, corre-se o risco de estes preencherem a
confusão emocional sobre um pretenso combate ao neoliberalismo, quando na
verdade são, sem consciência formada por não terem tempo suficiente de maturidade,
a linha avançada, a “carne para canhão” dos que, na sombra (http://www.redvolucion.net/2018/07/03/ee-uu-financia-violencia-en-nicaragua/),
pretendem ir precisamente nessa direcção.
Uma parte da estrutura orgânica
conservadora da igreja católica (tinha que ser) parece também conformar e
enquadrar-se nesse tipo de propósitos, por vezes a pretexto de estarem a seguir
razões de carácter humanitário (http://www.rebelion.org/noticia.php?id=244060&titular=¿guerra-santa-en-nicaragua?-):
“Como en la Edad Media, los
mitrados en Nicaragua creen tener potestad para ungir y destituir gobernantes
terrenales, ¿Será que no se dan cuenta que vivimos en el siglo XXI? ¿Por qué
declaran abiertamente la guerra santa a un gobierno elegido por el pueblo?
Ahora, los obispos dicen defender
a los pobres, pero los pobres de Nicaragua optaron por el proceso de cambio que
impulsa Daniel Ortega que les demostró en una década que sí es posible dejar de
ser mendigos.
¿Por qué callaron
sistemáticamente durante más de 500 años ante el despojo sangriento de los
católicos empobrecidos en nombre de Dios? ¿Por qué guardaron silencio cuando
los gobiernos neoliberales, sólo en décadas pasadas, asesinaban millones de
niños nicaragüenses por hambre y desnutrición?
La jerarquía católica debe
entender que el pueblo de Nicaragua ya no está dispuesto a someterse a una
oligarquía religiosa que los quiere trasquilar en nombre de Dios. Mucho menos
ser deglutido por un Imperio de la muerte que destruye países enteros y asesina
niños en nombre de un Dios desconocido, cómplice de tanta atrocidad.”
O que é facto, é que alguns
sectores da igreja católica estão directamente envolvidos na cobertura da
violência, ou abrigando os que se envolvem em violência e isso tem sido exposto
pelas próprias comunidades (https://topeteglz.org/2018/07/10/videonicaragua-jinotepe-el-pueblo-se-rebela-contra-las-bandas-y-toman-una-iglesia-9-julio-2018/)!
No muito atento jornal digital
Rebelion, por outro lado, há intervenções contraditórias, que de qualquer modo
procuram vulnerabilizar o papel sandinista face ao seu próprio povo, como o que
se desenvolve neste link: (http://www.rebelion.org/noticia.php?id=244013&titular=nicaragua-ante-la-represión-desenfrenada-).
É contudo a análise do modo de
operar desses “grupos de pressão” que nos pode fornecer a melhor das
pistas neste momento, das“razões de ser” dos actuais acontecimentos na
Nicarágua e alguns sandinistas em funções explicam-no com bastante propriedade
e detalhado conhecimento de causa (http://www.rebelion.org/noticia.php?id=244062&titular="todo-es-guerra-mediática-basada-en-propaganda-negra"-):
“¿Qué ha pasado en Nicaragua a
partir del 18 de abril?
Se produjeron unas
manifestaciones contra las reformas del seguro social, en las que chocaron
policías y estudiantes, y eso causó una reacción negativa en un amplio segmento
de la población. Sin embargo, se vio desde el primer día la presencia de
recursos tendentes al golpismo, a la falsa noticia y a la conspiración. Las
mentiras se propagaron sistemáticamente sobre todo por Internet, por ejemplo la
falsedad de que había un estudiante universitario muerto. La intención era
inflamar los ánimos. Y lo lograron, se inflamaron. Al día siguiente había tres
muertos, sí. Dos manifestantes muertos y un policía muerto durante los choques
acaecidos al lado de la Universidad Politécnica.
El Presidente suspendió la
reforma del Seguro Social pero eso no paró los disturbios. El movimiento de
protesta solo había usado el tema del Seguro Social como un pretexto. Los grupos
golpistas habían tratado antes de movilizar a la población sobre la base de un
movimiento anticanal y muchos de los mismo actores habían ido donde los
campesinos, que creían que iban a ser afectados por el canal, para tratar de
movilizarlos. Esta estrategia funcionó porque la gente ante un proyecto de
grandes infraestructuras siempre se pone nerviosa. Sobre todo por lo que pueda
suceder, si se les va a indemnizar bien o si se les va a reubicar, por ejemplo.
Hubo muchas manifestaciones en contra del canal, se quemaron camiones y
cisternas, se bloquearon carreteras, pero fue un fenómeno localizado y
transitorio.
El asunto del Seguro Social fue
explosivo. En Nicaragua siempre hemos trabajado por consenso en lo que refiere
a la política económica: se ha acordado desde hace varios años el salario
mínimo por consenso entre el gobierno, los sindicatos y los empresarios. En la
última vez, no acompañó el sector privado que no estaba de acuerdo. Eso fue el
primer síntoma de lo que estaba pasando. Después en la reforma del Seguro
Social no estaban de acuerdo en aumentar la contribución patronal del 19% al
22%, es decir, en un 3% no están de acuerdo. También se decía que se recortaba
un 5% las pensiones. En realidad eso era para que los pensionados jubilados
recibieran medicinas y que alguien que cotiza al seguro permitiera que los
jubilados dignamente recibieran su medicina a través del seguro, pero nadie
quiso entender.
También el asunto de la reforma
del Seguro Social, que nunca llegó a entrar en vigor, se olvidó pronto porque
el objetivo volvió a ser derrocar al gobierno. Los golpistas empezaron a ser
más explícitos con la consigna “¡que se vayan ya, hoy ya es demasiado tarde!”
Su objetivo declarado ya era sustituir al gobierno legítimo por un gobierno
provisional. Eso se llama golpe de estado. Y esa actitud no va conducir al cese
de violencia en Nicaragua. Lo único que va a acabar con la violencia es un
acuerdo negociado por consenso y aceptado por casi toda la población que
permita construir la paz y lograr así la reconciliación nacional.”
3- A crise existencial que se
assiste na Nicarágua à beira dum anarquismo inqualificável que prolonga os
contenciosos históricos que se arrastaram desde as primeiras décadas do século
XX, é também inerente a dissidências do próprio sandinismo em muitas de suas“transversalidades”!
Para o sandinismo há também que
reflectir que o esforço para mobilizar não pode ser feito apenas esporadicamente
quando há eleições, pelo contrário, deve ser um esforço permanente e intenso
por que os Estados Unidos em relação à América Latina, espreitam todo o tipo de
brechas nos contenciosos nacionais e continentais, para melhor poder mexer seus
tentáculos encobertos (“redes stay behind” formadas a partir das
oligarquias agenciadas, de máfias, de grupos paramilitares e de dissidências) e
partir para a subversão, o caos e a desagregação que tanto convêm como
antessala para instalar seus fantoches neoliberais.
Por outro lado, o poder por vezes
fica tacitamente inebriado, confundindo o aplauso com a mobilização, minando
com isso mas sem o perceber, a sua sustentabilidade sócio-política, quando
afinal o aplauso parte de acomodações que acabam por tapar a visibilidade em
relação os incomodados que ficam aparentemente vegetando na sombra (também na
sombra conservadora e fundamentalista dos claustros) e o que incomoda e fica
até um dia no alheio, ou no desconhecido, mas sempre latente para fazer a
ignição do adormecido vulcão.
As abordagens progressistas num
tempo de incremento de guerra psicológica do império da Doutrina Monroe têm de
ser muito melhor preparadas em termos de prevenção pelos poderes progressistas,
neste caso pelo poder sandinista, alimentando sua capacidade criativa,
mobilizadora e sem ilusões face aos aplausos, muito menos face à riqueza
acumulada em poucas mãos, pois de outro modo dá-se cada vez mais poder a
acomodados, acabando assim por preparar terreno para os incómodos que vêm a
surgir e são tão bem explorados pelas condutas do capitalismo neoliberal de que
se nutre a hegemonia unipolar, tanto mais numa América Central com fronteiras
tão porosas e tão filtradas pelas máfias e pela droga!
Conforme todavia esclarece Stella
Calloni, que sempre deu provas de clarividência em relação aos fenómenos de
luta anti imperialista na América Latina, numa síntese analítica que não se
deve perder pelos elementos informativos anti-imperialistas que comporta (http://www.redvolucion.net/2018/07/13/nicaragua-en-la-mira/):
“Si la oposición más seria al
presidente Daniel Ortega en Nicaragua no se diferencia de los mercenarios, que
siguen cometiendo crímenes atroces, mediante torturas y flagelación pública
contra decenas de sandinistas por apoyar al gobierno, como lo muestran los
vídeos filmados por periodistas y si además no se separan de organizaciones que
reciben fondos de Estados Unidos y las derechas europeas, quedarán en la
historia como verdaderos traidores a la patria”…
Martinho Júnior - Luanda, 18 de Julho de 2018
Ilustrações:
- Bandeira da Nicarágua;
- Rota do canal da Nicarágua;
- O casal presidencial: Daniel
Ortega, Presidente e sua esposa, Rosario Murillo, Vice-Presidente;
- A imagem de arca das práticas a
que levaram a doutrina do golpe suave;
- O “filósofo” do golpe
suave, Gene Sharp.
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