Rui Sá | Jornal de Notícias |
opinião
António Costa, quando anunciou o
reperfilamento do IP3, afirmou: "Quando estamos a decidir fazer esta obra,
estamos a decidir não fazer evoluções nas carreiras ou vencimentos".
Colocou, assim, em cima da mesa uma das premissas de qualquer governação em que
os recursos não são ilimitados: é preciso tomar decisões, investindo de acordo
com opções políticas.
Mas, se é verdade esta premissa,
já cheira a demagogia afirmar que as opções são, apenas, investimento público
(no caso o IP3) ou reposição de direitos de funcionários públicos.
Felizmente que não há, na maior
parte dos casos, apenas duas opções nas decisões políticas em termos de
investimento. Como se comprova, aliás, por recentes notícias vindas a público.
Veja-se um exemplo: o secretário-geral da NATO veio a Portugal no início de
2018 e exortou o Governo português, "agora que há recuperação
económica" a cumprir o compromisso de gastar 2% do PIB no orçamento da
Defesa. Aí, o ministro da Defesa, não disse que o país precisava de dinheiro
para o IP3, mas sim que Portugal honraria esse compromisso...... Ou, outro
exemplo, o problema da necessidade da renegociação da dívida pública (que até
Manuela Ferreira Leite considera impagável): por ano, só em juros, pagamos
cerca de 8 mil milhões de euros. Dinheiro que seria fundamental para relançar o
tal investimento público, que tem sido sacrificado pelo atual Governo - o que
terá consequências graves no futuro, com a degradação das infraestruturas -,
bem como para melhorar os serviços públicos, como a Saúde e a Educação. Ou,
ainda, que ao mesmo tempo que se considera que não há dinheiro para a reposição
de carreiras na administração pública (friso reposição e não criação de novas
carreiras!), o Governo não diga que, em matéria de parcerias público-privadas
(as famosas PPP), não é possível cumpri-las para investir no IP3, que tantas
vidas ceifa anualmente...... Para já não falar do ilimitado dinheiro que sempre
existe para a Banca!
Por isso é claro que opções há
muitas. O que falta é o Governo ter uma opção verdadeiramente de Esquerda no
rumo que pretende para o país. Que até o faz esquecer, agora que tanto pisca o
olho ao PSD, o que nos andou a afirmar nos dois primeiros anos da sua
governação: que foi possível, com a reposição de rendimentos e de direitos,
fazer crescer a economia - ao contrário do que o PSD, o CDS e a troika nos
procuraram fazer crer...
*Engenheiro
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