Notícia tem dois dias mas deixámos
amadurecer. Hoje ainda atual e nos dias, semanas e meses seguintes assim será. Mário
Soares com vestes de lei à sua medida para ir para o Panteão Nacional. Que
coisa!
Soares já teve um funeral de
Estado todo supimpa, ao estilo de telenovela. Ainda vá. Muitos outros
portugueses tão ou mais relevantes que Soares não tiveram essas honrarias. Não
lhes caíram as paredes na lama e são personagens históricas por isto ou aquilo.
Porquê agora Soares? E depois Sampaio? Cavaco? Outros? É que se ideia é
transformar o Panteão Nacional num jazigo comum estão na estrada certa. Para mais um jazigo comum à borla.
O que fez Soares de tão relevante
que não é de conhecimento público? É segredo? É que se é segredo de Estado
façam o favor de o libertar para que entendamos. Muitos outros fizeram o que
Soares fez pela liberdade, pela democracia (ainda mais que Soares). Também vão
para o Panteão Nacional mais tarde ou mais cedo? E qual é a pressa de fazer uma
lei especial para Soares? Dura lex sede lex mas só para alguns?
Não deixa de ser estranha esta
sintonia de PS e PSD acerca da “alfaiataria” da lei que abre as portas do Panteão
antes de tempo legalmente designado. Soares “um caso especial”? E muitos outros
não merecem ser considerados “caso especial”? Os que pereceram pelo país em
troco de nada, os que pereceram no Tarrafal por via da luta contra o salazar-fascismo
e outros noutros cárceres da PIDE. E os militares de Abril? Ena, tantos que lutaram pela liberdade, pela
democracia, por um Portugal do povo português. Esses também vão ter honras e
lugar no Panteão Nacional?
Deixem o féretro em paz. Deixem-se
de trampas e prestidigitações para enganar tolos. Resolvam o país e os problemas gritantes que negam a liberdade, a
democracia, a justiça, a dignidade, à maioria dos portugueses. Aí sim, devem
encontrar modos de acordos e sintonias. Resolvam o país, devolvam-no ao povo.
Porque democracia não é só votar quando das eleições. É quando eleitos representarem-nos realmente, com honestidade, sem sofismas, sem defenderem interesses em causas próprias, dos partidos, dos empresários amigos ou por quem estão avençados, etc. (MM | PG)
PS e PSD querem Mário Soares no
Panteão Nacional
Líderes parlamentares do PS e do
PSD assinam projeto de resolução para conceder honras de Panteão ao
ex-Presidente da República. Lei de 2016 só o permite em 2037
apelo é à perpetuação da memória
e do legado de um homem livre, que serviu a liberdade, pelo povo português a
que se honrava pertencer. Uma memória que necessariamente significa gratidão.
Um legado de cidadania política, de sentido de Estado e de abertura à Europa e
ao mundo." É esta a exposição de motivos do projeto de resolução entregue
esta sexta-feira no Parlamento, com o objetivo de conceder a Mário Soares
honras de Panteão Nacional.
Os líderes dos dois maiores
partidos parlamentares, PSD e PS, subscrevem o texto, a par dos deputados
socialistas Miranda Calha, Pedro Bacelar de Vasconcelos, Sérgio Sousa Pinto e
Hortense Martins, e do deputado social-democrata Duarte Pacheco.
Para os proponentes do diploma,
Mário Soares representou, ao longo da sua vida, "combate, resistência e
inspiração". O texto invoca "a primazia que dedicou ao processo de
transição democrática e à instituição de um regime pluralista", bem como
"a tenacidade que impôs na elaboração de uma Constituição fundada em
valores pluralistas".
"É a cara da nossa
liberdade", acrescentam, "é sobretudo um homem que fez história
sabendo que a fazia e que sempre recusou demitir-se do futuro".
De acordo com uma lei aprovada em
2016, a transladação de Mário Soares para o panteão só poderá ocorrer em 2037,
ou seja, 20 anos após a sua morte. A regra dos 20 anos foi introduzida na lei
para travar a vaga de reivindicações de honras de Panteão que se seguiram à
transladação de Eusébio e de Sophia de Mellho Breyner.
A lei deterina que as honras de
panteaõ se destinam a homenagear "cidadãos portugueses que se distinguiram
por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos
serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária,
científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da
dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade".
Ângela Silva | Expresso (há 2
dias)
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