A propagação de ideias populistas
de cariz nacionalista está a chegar ao comércio e vai perturbar a economia
mundial.
Diogo Queiroz de Andrade | Público
| editorial
A guerra ideológica contra a
globalização entrou numa nova fase, graças à imposição de taxas
alfandegárias pela administração americana que estão desenhadas para
atacar em primeiro lugar a China. Não é só no Partido Republicano, cuja prática
está a ser redesenhada pelo executivo Trump, que se verifica o abandono do
comércio livre e o início de um proteccionismo económico surpreendente.
E já há sinais muito concretos de
que o conflito já não é meramente comercial. Washington já começou a limitar a
emissão de vistos para estudantes chineses e ameaça limitar o alcance dos
investimentos estrangeiros – algo que Bruxelas também começa a ponderar com
mais atenção. A regressão da globalização é palpável em questões como o combate
ao aquecimento global, a perda de relevância de instituições multilaterais como
as Nações Unidas e na discussão sobre o futuro de entidades como a NATO. A
insistência em soluções bilaterais como o risível acordo entre os EUA e a
Coreia do Norte também são um sinal disto, tal como a desistência da procura
por soluções, de que o maior exemplo será o bloqueio na resolução do problema
israelo-palestiniano.
A guerra ideológica contra a
globalização entrou numa nova fase, graças à imposição de taxas
alfandegárias pela administração americana que estão desenhadas para
atacar em primeiro lugar a China. Não é só no Partido Republicano, cuja prática
está a ser redesenhada pelo executivo Trump, que se verifica o abandono do
comércio livre e o início de um proteccionismo económico surpreendente.
E já há sinais muito concretos de
que o conflito já não é meramente comercial. Washington já começou a limitar a
emissão de vistos para estudantes chineses e ameaça limitar o alcance dos
investimentos estrangeiros – algo que Bruxelas também começa a ponderar com
mais atenção. A regressão da globalização é palpável em questões como o combate
ao aquecimento global, a perda de relevância de instituições multilaterais como
as Nações Unidas e na discussão sobre o futuro de entidades como a NATO. A
insistência em soluções bilaterais como o risível acordo entre os EUA e a
Coreia do Norte também são um sinal disto, tal como a desistência da procura
por soluções, de que o maior exemplo será o bloqueio na resolução do problema
israelo-palestiniano.
Neste cenário de reconversão
multilateral a única hipótese de Portugal não se afundar numa crise histórica é
a União Europeia. Só um bloco europeu coeso e bem sucedido serve a um país que
se distingue por muito pouco no sector produtivo, cada vez mais dependente dos
serviços e dependente de componentes externos para as exportações. Por
isso o Brexit e os restantes projetos nacional-populistas na Europa (com a
Polónia e a Hungria à cabeça) são o caminho errado neste momento, representando
uma solução passadista para um problema de futuro. A manutenção do bloco
europeu representa a única hipótese das nações que a constituem terem uma voz
no comércio global.
E todo o cenário do poder global
está a mudar, pois a primazia da nova ordem mundial será decidida nos
laboratórios de alta tecnologia. O plano conhecido como Made in China
2025 é o melhor exemplo disto: Beijing definiu que será líder absoluta das
tecnologias determinantes para o futuro (onde se inclui a robótica, a
inteligência artificial, a biotecnologia, a energia limpa, etc.). Não está a
olhar a meios para o conseguir e é precisamente este programa que está a deixar
Washington e Bruxelas num estado de nervoso miudinho que se vai revelando na
primazia dada à ciência no próximo orçamento da UE e nesta nova política
americana. A guerra comercial ainda mal começou.
Sem comentários:
Enviar um comentário