Inês Cardoso | Jornal de Notícias
| opinião
O caso Ricardo Robles trouxe para
a praça pública a discussão sobre os vícios à Esquerda e à Direita, como se
alguma ideologia carregasse consigo a exclusividade da transparência e do
rigor. Nenhum partido ou corrente política pode invocar uma espécie de superioridade
moral ou ética. É confundir os termos querer encontrar características humanas
específicas de um ou de outro espetro político.
A questão, politicamente, é
outra. É que se os erros e trapalhadas existem em qualquer quadrante, cabe aos
próprios partidos pugnar pela verticalidade e pela coerência. De Catarina
Martins espera-se bem mais do que invocar mentiras dos jornais e uma cabala
contra o Bloco de Esquerda. As dúvidas esclarecem-se com factos e argumentos.
Não com desculpas esfarrapadas.
Exigir clareza neste caso não é
uma questão de falso moralismo, como também se tem ouvido. Claro que todos os
cidadãos têm o direito de fazer negócio e de investir em qualquer ramo. A
diferença, no caso de quem está na vida pública, é que tem de o fazer em
coerência com o que diz, com as iniciativas políticas que toma e com as leis
que promove ou vota. A responsabilidade do detentor de um cargo público é
acrescida. Porque pode influenciar a vida de milhares de pessoas, porque mexe
na gestão de dinheiros públicos, porque escolheu ter uma missão e poderes que o
cidadão comum não tem.
Faltam, nos tempos que correm,
políticos inspiradores. Impolutos, verticais, carismáticos e mobilizadores. Na
vida pública há formiguinhas incansáveis e que vestem a camisola, claro que
sim. Mas é difícil acreditar e evitar a desconfiança que se instalou na
sociedade em relação aos políticos. Cabe-nos exigir mais e elevar a fasquia
ética na vida pública. E cabe aos partidos manterem as casas exemplarmente
limpas. Da Esquerda à Direita. Sem se desculparem com o lixo do vizinho.
* Subdiretora | Imagem em Editora Multicultural/Pedro Cardoso
Sem comentários:
Enviar um comentário