Através da ameaça de impor
sanções pela compra de sistemas antiaéreos russos S-400, os EUA tentam manter
sua influência em outros países, disse o ex-diplomata norte-americano Jim
Jatras em uma conversa com o RT.
De acordo com Jatras, não é a
questão da compatibilidade dos S-400 com os sistemas da OTAN que preocupa
Washington, uma vez que muitos países do bloco já adquiriram equipamentos
militares de diferentes fornecedores.
"Nós realmente não temos
aliados, temos satélites, e um bom satélite faz o que é lhe dito. E se um país
não quiser se comportar como um bom satélite, nós pegamos um grande porrete e
começamos a ameaçar. Eu acho que a expressão correta [para descrever a política
coerciva dos EUA] seria 'sanctions-happy' ('feliz com sanções')",
enfatizou ele ao RT.
Mais cedo, os Estados Unidos não
excluíram a imposição de sanções contra os países que quisessem comprar
sistemas de defesa antiaérea S-400 Triumf russos, como afirmou a representante
oficial do Departamento de Estado dos EUA, Heather Nauert.
Já o especialista militar russo,
Aleksei Leonkov, explicou que desta forma os Estados Unidos estão lutando para
manter sua liderança no mercado de armamentos.
"Eles perdoam alguns e punem
outros. Quando jogam assim, um porrete e depois uma cenoura, fica claro que
estão lutando pelos mercados", disse o analista.
Outro cientista político militar
e chefe da Cátedra de Ciência Política e Sociologia na Universidade de Economia
Plekhanov, Andrei Koshkin, acredita que mesmo no contexto da atual política de
sanções os EUA não vão perder seus aliados, sendo que eles "dependem
economicamente dos EUA".
"Quando houver sérios
protestos contra as sanções dos EUA por parte dos países ameaçados,
as consequências serão irreversíveis e muito difíceis de gerenciar para
Washington", explicou ele.
Duplos padrões?
Enquanto isso, Washington está
disposta a fazer uma exceção para a Índia, que pretende fechar um acordo de
compra de sistemas de defesa antiaérea S-400 russos até o final de 2018.
De acordo com o projeto de novo
orçamento de defesa assinado pelo presidente Donald Trump em agosto, é adequado
fazer uma exceção para os países que procurem reduzir sua dependência da
Federação da Rússia ou expandir a cooperação com os EUA e sejam capazes de
provar que eles não tentam minar os interesses de Washington.
Segundo analisa Koshkin, ao
ameaçar com sanções, mas fazendo exceções para alguns Estados, os EUA estão
criando uma configuração particular de geopolítica.
"Estas sanções e guerras
comerciais já estão causando a criação de uma espécie de eixo entre a Turquia,
Rússia, Irã e China. Se ainda incluirmos a Índia, não seria nada bom para os
EUA. Além disso, devemos entender que, tradicionalmente, a Índia comprava armas
ainda à URSS ", disse o analista.
"Os americanos entendem
tudo, mas estão dispostos a perdoar e fechar os olhos a este acordo para
continuar a influenciar a Índia", concluiu Koshkin.
Sputnik | AP Photo / Pavel
Golovkin
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