O artigo de opinião que se segue
foi publicado ontem às primeiras horas do dia 9 (domingo), antes das urnas de
voto na Suécia abrirem. Afonso Camões, o autor e diretor do JN, lembra Olof
Palme, o impulsionador da social-democracia que fez da Suécia exemplo para o
mundo. Infelizmente os resultados das eleições demonstraram que nem a
social-democracia (de facto), nem a memória da obra de Olof Palm, foram bem
lembrados pelos eleitores suecos, que rumaram à direita falsamente dita democrática
– capa que esconde o nazismo que a impregna das entranhas à pele exterior.
Chamam-lhe extrema-direita, será isso também, mas o mais factual e correto é
ser objeto e identificar este avanço eleitoral de movimento nazi que se alarga
por toda a União Europeia. Que mais e melhor opção estratégica existe para
conquistar a Europa – intenção e ação de Hitler – se não ver os chamados
populistas, os da extrema-direita, concretamente os nazis ocuparem muito
maioritariamente o Parlamento Europeu, a União Europeia? E depois é que vão ser
elas… (PG)
Por Olof Palme!
Afonso Camões* | Jornal de Notícias
| opinião
Existe uma lei, não escrita,
segundo a qual se um pé não entra no sapato, é talvez mais prático refazer o
sapato do que mutilar o pé. E quem diz refazer, diz reformar, exatamente os
verbos em que a maioria dos líderes europeus tem revelado maior incompetência,
quando se trata de encontrar soluções para assegurar a coesão entre os
estados-membros, ou adotar políticas de asilo comuns que permitam enfrentar, de
forma solidária, a crise migratória.
Ora, as eleições de hoje, na
Suécia, são um duplo teste para toda a Europa. Desde logo porque ocorrem no
país que tem sido, ao longo de décadas, um dos faróis da social-democracia
europeia, guardiã dos valores do Estado social, e primeiro entre todos a
resolver uma crise bancária. Mas dos resultados de hoje esperam-se sinal e
resposta a duas questões sensíveis que dividem cada vez mais os suecos: o
futuro do "Estado de bem-estar" (sociais-democratas e verdes, no
poder, pretendem reforçá-lo, enquanto os quatro partidos do centro-direita
preconizam cortes); e o rápido crescimento do populismo anti-imigração, cuja
força "Democratas Suecos", de extrema-direita, reclama deportações
maciças e veto à reunificação familiar, para além de propor um referendo para
saída da União Europeia.
O caudal de audiências desta
corrente xenófoba engrossou, sobretudo, com o grande fluxo migratório da
Grécia, em 2015, e a proverbial solidariedade pública dos suecos: só naquele
ano, este país escandinavo, com uma população inferior à nossa, absorveu 163
mil migrantes em busca de asilo. Hoje à noite, uma sensível inclinação da balança
eleitoral para a direita, com o eventual crescimento dos antieuropeus e
xenófobos, significaria o refrescamento de um espetro temido e conhecido em
Bruxelas: o Swexit. E um imerecido golpe na memória de Olof Palme, antigo
primeiro-ministro sueco (assassinado em 1986), um dos europeus que mais
apoiaram a democratização portuguesa, pós-revolução, e os movimentos
independentistas africanos.
*Diretor do JN
Na foto: Olof Palme (social-democrata, de facto), primeiro-ministro da Suécia assassinado em 1986.
Na foto: Olof Palme (social-democrata, de facto), primeiro-ministro da Suécia assassinado em 1986.
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