Martinho Júnior | Luanda
Ao invés de multiplicar a
educação, a saúde, o pão, a casa, a sustentabilidade e a longevidade feliz da
vida, os bárbaros multiplicaram Guernica, transpondo-a para todas as áreas de
domínio psicológico humano e mantendo o homem refém do mais tenebroso
obscurantismo medieval como refém da pesada droga ideológica reitora da
alienação formatada globalmente nas mentalidades agora tão intensa e tão
profusamente bombardeadas!...
Lentamente, passo a passo e de modo
cada vez mais reforçado, os bárbaros estão a descaracterizar ingloriamente, sem
remissão e sem alternativa saudável, o planeta bonito e azul que é a Terra,
nossa casa-comum e nosso ambiente natural finalmente preso ao abismo de o
deixar de ser!
1- Desde o início da Revolução
Industrial enquanto motor de capitalismo e império, que os interesses
dominantes mantêm inerentemente à sua essência, com toda a “naturalidade” do
termo, a necessidade de guerra psicológica para com os dominados, por que a expressão
pública desse domínio, visando a psique dos dominados, não podia existir de
outro modo…
Para dominar, a guerra
psicológica esteve sempre presente, por que para defender interesses e impô-los
sobre os outros, necessário se torna “dourar a pílula”, influindo,
persuadindo, manipulando, pressionando, subvertendo ou até mentindo, pelo que
quem domina só emprega a força militar quando ela é estritamente necessário e
até lá há um imenso leque de acções “representativas” a coberto de
correntes dóceis disponíveis com o rótulo mais ou menos (tornado) “atraente” sob
a pílula liberal, neoliberal, trotsquista, social-democrata,
cristã-democrata, “revolucionária” (segundo o “colorido” do“filantropo
global” George Soros), ou “primaveril” (segundo os apaniguados que
bebem dos fundamentalismos sunitas-wahabitas) e até neo-fascista, ou neo-nazi,
tal o universo de caos que se foi instalando e inculcando na mente das nações e
de amplos sectores das contemporâneas sociedades, impotentes face à barbárie.
O “soft power” das
potências capitalistas e do imp+ério da hegemonia unipolar, assenta nessa base
de forma mais ampla possível, nas vias de relacionamento cultural, por que
também assim se torna mais fácil aos “mass media” como às religiões
instrumentalizadas de sua conveniência, ao seu “4º poder”, passar as tão
necessárias mensagens públicas, aproveitando para em função desse tipo de “correntes
dominantes” vincular uma parte substancial da actividade tentacular dos
seus serviços de inteligência.
Assim, ao “desnudar” a
actividade de quem domina por dentro do capitalismo e do império, obtém-se uma
radiografia do estado da globalização e de suas instrumentais “tendências” que
não param de afectar o planeta e toda a humanidade, até ao mais obscuro rincão
terráqueo, uma barbárie devassa sem precedentes, na agora (finalmente)
tornada “aldeia global”!
Com essa radiografia, mais agora
com a nova Revolução Tecnológica, os serviços de inteligência aumentaram nos
termos de suas capacidades e potencialidades, os seus “jogos operativos”,
transferindo para o campo da “guerra cibernética” parte do espectro e
dos níveis do domínio e da confrontação.
2- A guerra psicológica enquanto
conceito inerente ao próprio domínio, é por tabela inerente à infraestrutura
tecnológica do seu poder, como também inerente à superestrutura doutrinária,
filosófica e ideológica, em função da necessidade de sua expressão, cujas
correntes se transmitem instrumentalizando a própria globalização.
A definição do tipo de tensões,
conflitos, rebeliões e guerras, passou a ser feita obedecendo aos pressupostos
do domínio capitalista e do seu império cuja tendência essencial se tornou
hegemónica e unipolar a partir do momento em que soçobrou o campo coberto pelo
esforço vocacionado para o socialismo, que não foi capaz de competir ao seu
nível e minguou, mas já antes, desde os alvores da Revolução Industrial que o
termo “guerra civil” correspondia à manipulação de conveniência.
Na “guerra civil” de
Espanha, entre as duas Grandes Guerras Mundiais, os poderes dominantes em
competição experimentaram em uníssono essa definição tão conveniente,
aproveitando o facto da luta armada acontecer em território espanhol, a fim de
esconder os instrumentos de domínio empregues, desde os que se distenderam em
função de conceitos doutrinários, filosóficos e ideológicos, até aos interesses
económicos, financeiros, tecnológicos, de inteligência e, por fim, militares.
Em território espanhol foram
assim testadas novas tecnologias e novos conceitos económicos, financeiros, de
inteligência e militares, um deles tão essencialmente imortalizado por Pablo
Picasso: Guernica.
Em Guernica os fascistas e os
nazis inauguraram pela primeira vez o bombardeamento aéreo de comunidades
civis, um facto que inspirou uma nova aquisição das potencialidades da guerra
psicológica tão bem aproveitada em nossos dias, quando um Nobel da Paz, como o
Presidente dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama se tornou autor moral dos
bombardeamentos com drones, que entre suas vítimas aumentaram exponencialmente
a morte e o ferimento de civis, sob o rótulo apassivante de “danos
colaterais”!
Quando ninguém mais consegue
parar o tráfico e o consumo de droga que se distendem desde um Afeganistão
habilitado à heroína e uma Colômbia habilitada à cocaína, o próprio conceito de
guerra psicológica, por tabela de“guerra civil”, torna-se policromática,
primaveral e… psicadélica!
Desde Guernica que a guerra
psicológica se tornou cada vez maus cínica, hipócrita e ao mesmo tempo
surrealista, tal qual quanto à carga de cinismo, de hipocrisia e de vassalagem
que é inerente a um dos instrumentos militares e de inteligência tornados
dilectos enquanto exercício do domínio do império da hegemonia unipolar: a
NATO!
Não é por acaso que a NATO tem
tão férteis fronteiras no Afeganistão e na Colômbia!
3- Todas as tensões, conflitos,
rebeliões e guerras incrementadas após o colapso do campo socialista que se
reduziu ao farol heróico de Cuba e à expressão socialista e bolivariana da
Venezuela, absorveram os conceitos de guerra psicológica inerentes ao capitalismo
e ao império, “expandindo o sinal” desde 1991, com a expansão
globalizadora das novas tecnologias, elas mesmo sustentadas pelos procedimentos
capitalistas financeiros transnacionais e suas imensas capacidades “transversais” ao
serviço da hegemonia e do império!
As tensões, os conflitos, as
rebeliões e as guerras em África trazem em si o sinal dessa barbaridade
cultural e foi assim no Ruanda, no Congo, em Angola, na Líbia, na Somália, no
Quénia, na Líbia… em todo o tipo de fronteiras onde as disputas pela
sobrevivência se foram agarrando ao espaço vital e à água interior, com todas
as riquezas disponíveis e à mercê do mais forte, nas regiões mais suculentas e
mais férteis do continente!
Também foi assim nos Balcãs, onde
ao domínio foi necessário neutralizar qualquer potencialidade de resistência na
Jugoslávia, ou no Oriente Médio Alargado: a “guerra civil” foi
estalando de cogumelo em cogumelo, passando por osmose para o Cáucaso, para a
Europa do Leste, para dentro da imensa Rússia e muitos dos seus exemplos
estalaram artificiosamente em função de rebeliões com enormes cargas
psicológicas “fundamentalistas” e “radicais” como as“revoluções
coloridas” e as “primaveras árabes”.
A substância da IIIª Guerra
Mundial em curso nutre-se dessa guerra psicológica manipuladora e como um
expansivo vírus invasor da psique individual e colectiva, produz até a carga
essencial do conceito difundido, como mentira repetida mil vezes que o domínio
procura passar como verdade, de “guerra civil”!
O termo “guerra civil” tem
sido utilizado pelo domínio capitalista como um poderoso conceito-droga, para
realmente esconder os interesses, as conveniências, as ingerências, as
manipulações, as implicações e a subversão inerentes à guerra psicológica
movida pelo poder hegemónico unipolar no seu estertor, sobretudo desde 1991
quando as novas tecnologias colocaram à disposição das correntes capitalistas
financeiras transnacionais potencialidades cibernéticas para o exercício do seu
poder fundamentalista, radical e transversal!...
Em pleno século XXI, o
bombardeamento sobre Guernica foi multiplicado e distendido à maioria das áreas
essenciais dos processos de domínio hegemónico e unipolar manipuladores da
globalização!
Por que a maior parte dos alvos
das guerras psicológicas contemporâneas são território nacionais,ou culturas
milenares com expressão em nações intyeiras e com vista a subverte-las e aos
estados mais débeis, o termo “guerra civil” é utilizado por uma
panóplia de historiadores incapaz de ganhar a consciência crítica que vença a
mentalidade que lhes foi formatada em relação ao termo, prestando eles
próprios, dessa maneira, um serviço “útil”, dócil e grátis a quem domina
recorrendo aos procedimentos culturais, sociais e psicológicos do império da
hegemonia unipolar… voluntariamente eles tornam-se assim vectores existenciais
da guerra psicológica de 1% sobre o resto da humanidade!
Bárbaro planeta o nosso, quando
são tão débeis os poderes capazes de civilização, mas essa é, quer queiram os
conscientes, os humanistas e todos aqueles que se regem pela lógica com sentido
de vida, quer não, os parâmetros balizadores da imensa batalha de ideias que se
está a travar!
Percebe-se assim a máxima “A
LUTA CONTINUA”!
Martinho Júnior - Luanda, 21 de
Outubro de 2018
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