quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Portugal | PR Marcelo, Cabrita e muitos outros democratas não sabem “nada disto”


Uns quantos da PSP e da GNR é que sabem. Que perigo!

Mário Centeno anda na baila. É a política, seus estúpidos. As eleições estão a bater à porta e os jornalistas têm de fazer o que melhor sabem em vez do que profissionalmente devem fazer. É a política, seus estúpidos. Não, não vamos dar um níquel para esse peditório. Vamos ver o que acontece e que se reflita na razão e na verdade de uns ou de outros. Sem fretes à oposição, nem a Centeno, nem aos jornalistas que fabricam opinião segundo os seus canhenhos de interesses mais ou menos declarados. Não nos precipitemos.

A PSP e a GNR, os sindicatos e os sindicalistas. Os cidadãos criminosos ou mais ou menos faltosos, infratores desta ou daquela postura, desta ou daquela lei. Infratores do disposto na Constituição da República.

Há cidadãos que não entendem porque existem polícias civis e polícias militares. A maioria considera que é por uma questão de “tachos” para certos e incertos militares. Bem, mas isso são contas de outro rosário. É que a GNR é militar. É? Sim. É… Adiante e venha a “história”.

As fotografias da brigada que capturou três alegados ladrões e agressores de pessoas de idade ali para o norte de Portugal, depois de terem fugido às polícias em pleno tribunal e já com ordem de prisão preventiva ditado por juízo, foram a radiografia dos inconstitucionais procedimentos de alguns agentes da PSP quando capturaram os três supostos meliantes. Para já a fuga possível e concretizada foi a mostra do reflexo da bagunça que rodeou o caso em que os operacionais com responsabilidades não se entenderam e propiciaram o “ás de vila Diogo” dos supostos criminosos. Só por isso a nódoa ficou escarrapachada no profissionalismo dos que não acautelaram a dita fuga. Foi a PSP, foi a GNR, foi a Guarda Prisional? Alguém foi. E foi um “deslize” que até sem fotografia faz os respetivos responsáveis ficarem muito feios.

Até aí foi só isso. Depois a operação de recaptura dos fugitivos. Por informação chegaram até eles. Pronto, missão cumprida. A população agradece e até talvez desculpe o “deslize” e a bagunça por terem permitido a fuga.

O que estraga tudo é a “reportagem” da captura de forma vilã e inconstitucional. “Reportagem” de polícias felizes por finalmente cumprirem a missão que lhes compete. E vai daí os prováveis criminosos (ainda não foram julgados, nem condenados) surgem postados, algemados, recapturados num parque de campismo lá para o norte. E são agentes da PSP (foi?) que exibem publicamente as fotos que tiraram dos cidadãos fugitivos. Acrescente-se que sem respeito pela dignidade dos cidadãos, aqueles ou qualquer um que lhes caia nas mãos. E a Constituição que se lixe!

Abreviando. Dos sindicatos acham bem expor as fotos da “reportagem”. A GNR, do seu sindicato “independente” (talvez dos preceitos constitucionais), veiculou por um porta voz que sim, que não tem mal fazerem a “reportagem” e exibi-la. Um comandante da PSP veio enaltecer os agentes que fizeram aquele belo trabalho e toda a carga negativa contida na “reportagem” publicitada…

Entretanto, o ministro Cabrita, das polícias, mostrou o evidente desagrado e desaprovação pela “reportagem” e respetiva exibição pública por parte dos agentes de autoridade mandatados pela República e respetiva Constituição. Também o Presidente da República fez o mesmo e falou do respeito pela dignidade que contempla constitucionalmente todos os portugueses. É o razoável, é o disposto e lei: respeito pela dignidade. Até mesmo dos que não a respeitam e cometem crimes. Supostamente ou de facto.

Mas não. O ministro não sabe nada disto. O Presidente da República também não. Os que bramem a Constituição da República também não. Os que lembram os Direitos Humanos – de que Portugal é signatário – também estão errados. Certos estão os da PSP e da GNR que pisoteiam regras de ouro, desconhecem a Constituição, as leis… Ou não as desconhecem mas estão-se borrifando para elas. Daqui até um estado policial militarizado vai um passo que pode ser curto se deixarmos tais mentalidades avançarem e destruírem a sociedade democrática e de direitos democraticamente estabelecidos por representantes das populações. Os que legislam. Concorde-se ou não se concorde individualmente é a lei. E “dura lex sed lex”, a lei é dura mas é lei. Também é assim para as forças de segurança. Evidentemente.

O trabalho da PSP, da GNR e de outras forças de segurança é imprescindível, meritório e quase sempre louvável, mas não o foi neste caso. Assim como noutros que vêm a público, fora os que não sabemos que acontecem e é prática de uns quantos que abusam da autoridade e baias democraticamente estabelecidas. Afinal tão incumpridores da lei da democracia como qualquer outro cidadão. Com maior ou menor gravidade, mas apesar de tudo faltosos.

Acresce: Que se “limem” as saliências negativas. Pelo esforço, denodo e pelo desempenho positivo muito obrigado. Obrigado.

Uf. Adiante está o Curto. Avancem, que por aqui já tivemos a nossa “doze”. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Prometer sem comprometer

Pedro Santos Guerreiro | Expresso

Sente um “desconhecimento profundo”? Não é uma questão filosófica, é uma pergunta... orçamental.

Foi o irritado presidente do Eurogrupo, perdão, ministro das Finanças que ontem no Parlamento acusou os deputados de “desconhecimento profundo” sobre matérias orçamentais, o que aliás o “deixa preocupado”. São pois ignorantes, o que está certo, porque ignoram (ou ignoravam) por que razão estão quase 600 milhões de euros no Orçamento que afinal não estão.

Mário Centeno tratou-os como se fossem, digamos, estúpidos, quando os deputados o confrontavam com uma nota da UTAO - a unidade técnica do Parlamento que apoia... os deputados – que encontrou quase 600 milhões de despesa pública que está em tabelas mas não está nas contas. Confuso? É simples, explicou o ministro: é o costume.

O “costume” é, concluímos, prometer sem comprometer. O governo diz que vai gastar quase 600 milhões mas nem o próprio governo acredita nisso, pois esses 600 milhões não entram nas contas. É uma cativação antecipada, antes de o ser já o é.

O valor é elevado em termos absolutos mas é relativamente reduzido em termos relativos face ao défice, não é por estes 600 milhões que o Orçamento é “uma aldrabice”, como acusou o social-democrata Duarte Pacheco. A questão nem é bem essa: é a falta de transparência orçamental, é a ligeireza do “costume” – e é o facto de o governo mostrar tão pouco respeito pelas instituições criadas precisamente para por em causa governos, assim pressionando a ação governativa.

Ontem Mário Centeno fez o mesmo em relação à UTAO, optando por apoucá-la ao sublinhar os erros de previsão anteriores. Não é novidade: o Conselho de Finanças Públicas, organismo independente, tem sido também sistematicamente descredibilizado pelo governo. O mesmo governo que quis nomear um deputado do PS para a administração do regulador da energia, a ERSE, o que ontem mereceu um parecer desfavorável do Parlamento.

Os organismos de contra-poder são uma maçada para quem é poder. Mas a contestação, mesmo ganhando força política, ter de ser feita com base em argumentos e contra-argumentos. Fragilizá-las pela descredibilização genérica é não respeitar as autodefesas do sistema. É, se calhar, “um desconhecimento profundo sobre a matéria e que me deixa preocupado."

OUTRAS NOTÍCIAS

A administração de Pedro Santana Lopes na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi notificada pelo Tribunal de Contas por infrações financeiras por negligência. O “Público” faz manchete com a notícia.

João Galamba espera ser o “homem certo” para tutelar a pasta da Energia. O desabafo aconteceu ontem em conversa com os jornalistas em Serpa, no distrito de Beja. “Não tenho de responder às críticas, tenho de fazer o meu trabalho e isso será a resposta a toda e qualquer crítica.”

Os fundos comunitários compensam. O Expresso olhou para o estudo de “Avaliação do impacto dos fundos europeus estruturais e de investimento no desempenho das empresas” e concluiu que as empresas investem mais €1,41 por cada euro de incentivos europeus.

O Sindicato da PSP voltou a partilhar uma fotografia no Facebook. Depois das fotos dos assaltantes detidos que tinham fugido do TIC do Porto, e das críticas generalizadas de que foi alvo, foi publicada a imagem de um agente agredido.

Os curricula pouco rigorosos continuam a perseguir políticos pouco rigorosos. Desta vez foi Maria Begonha, a candidata à liderança da Juventude Socialista, que declarou que tinha um mestrado em Ciência Política, conta o Observador.

O Benfica perdeu ontem contra o Ajax, em Amsterdão, e complicou as contas do Grupo E. A equipa de Rui Vitória sofreu um golo depois dos 90 minutos (tal e qual como aconteceu naquele estádio na final da Liga Europa vs. Chelsea) e agora estaciona em terceiro lugar, a quatro pontos dos holandeses e Bayern Munique, ganhou 2-0 ao AEK, na Grécia.

José Mourinho reencontrou-se ontem com Cristiano Ronaldo, no Manchester United-Juventus, que acabou por sorrir aos italianos, com um golo de Paolo Dybala. Antes do jogo, graças ao trânsito, o autocarro dos red devils não andava, por isso Mourinho decidiu caminhar tranquilamente até Old Trafford.

O FC Porto joga esta noite contra o Lokomotiv de Eder e Manuel Fernandes, em Moscovo. Veja aqui a antevisão do analista de futebol Tiago Teixeira.

Lá fora

A notícia é internacional e é bom para Portuigal que continue a ser internacional: Bruxelas chumbou o orçamento italiano. Agora, conta o “Público”, o Governo daquele país tem três semanas para rever o documento… ou ser punido por Bruxelas. É a primeira vez que a Comissão Europeia rejeita uma proposta orçamental. No mesmo jornal, Teresa de Sousa faz um ponto de situação: “Ninguém quer partir a corda, nem em Bruxelas nem em Roma”.

A maior ponte do mundo, que vai ligar Hong Kong, Zhuhai e Macau, foi inaugurada na terça-feira. Veja nove fotografias da obra.

O caso de racismo num voo da Ryanair que causou um rebuliço nas redes sociais tem novos desenvolvimentos. Já foi identificado o passageiro que insultou uma mulher negra. A identidade foi comunicada Às autoridades espanholas.

Apesar das cautelas da diplomacia internacional, Donald Trump admite que o príncipe saudita poderá estar envolvido na morte de Jamal Khashoggi, o jornalista que desapareceu no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia.

A questão de Khashoggi foi debatida em Espanha. Independentes e Podemos propuseram o embargo na venda de armas para a Arábia Saudita, mas PP e PSOE chumbaram a proposta.

Trump e Putin têm novo encontro à vista em Paris no próximo mês. A questão nuclear ainda estará em cima da mesa

Theresa May enfrenta hoje o poderoso comité 1922 do Partido Conservador. A líder britânica vai tentar serenar os críticos. Em cima da mesa, pois claro, o Brexit. Estes textos do “The Guardian”“The Telegraph” explicam o que está em causa

FRASES

“O medievalismo institucional que se vive na Arábia Saudita é, de há muito, uma espécie de dado adquirido e praticamente incontestado”, Francisco Seixas da Costa, Jornal de Notícias, sobre o caso Khashoggi

“Foi um minuto cruel, doloroso, mas não belisca o trabalho da equipa”, Rui Vitória, na conferência de imprensa após a derrota com o Ajax

“Em Bruxelas e nas capitais europeias, há perfeita consciência do que significaria a insolvência de um país com esta dimensão”, Teresa de Sousa, Público, sobre o inédito chumbo da Comissão Europeia ao orçamento de Itália

“Há um conflito entre a disciplina partidária e a minha opção de consciência”, Helena Roseta, Público, sobre a sua demissão da liderança do grupo de trabalho da habitação no Parlamento

O QUE ANDO A LER

Textos grandes mas quase todos jornalísticos. A revista Aeon, que, para resumir, publica vários ensaios longos, muitos sobre filosofia, moral e o nosso lugar no mundo, publicou um texto sobre a consistência e repetição, ou não, do Tempo. É escrito por um físico, Paul Halpern, que os deixa uma pergunta essencial, talvez mesmo uma inquietação milenar: o universo repete-se no tempo e no espaço ou estamos sempre num novo tempo, em linha recta, sem podermos regressar nunca a um momento específico, “àquela configuração exata da matéria”? Friedrich Nietzsche acreditava que toda a gente iria reviver a sua vida, igualzinha, uma e outra vez, as mesmas alegrias e as mesmas angústias. E não encontrou nisso uma grande causa para celebrações.

Outra sugestão: “O mito da meritocracia” é um texto da secção de leituras longas do “The Guardian”, que aborda a história etimológica do termo, ou porque é que ele se tornou uma espécie de sonho das sociedades ditas desenvolvidas - e porque a educação se tornou o que nunca devia ter sido: uma forma de criar elites.

Tenha um excelente dia.

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