Criam notícias falsas sobre a
política portuguesa, que vários grupos nas redes sociais, com milhares de
membros, divulgam depois. Uma investigação do “Diário de Notícias” demonstra a
existência em Portugal de uma realidade paralela, destinada a enganar a opinião
pública
Uma fotografia pode ser o início
de toda uma cadeia de mentiras. Quem a coloca e como, a mando de quem e com que
fins é o que uma investigação
do “Diário de Notícias” vem este domingo desvendar. O artigo prova que
existem sites de fake news portugueses, sediados no Canadá, que
partilham o mesmo IP e se dedicam a criar e disseminar notícias e imagens que
favorecem ou desacreditam pessoas ou grupos políticos nas redes sociais — onde
63% dos portugueses consomem informação.
Vários desses sites estão ligados
a uma empresa do norte, a Forsaken, que se autodefine como especializada em
“criação e manutenção de sites, reestruturação de sites existentes,
desenvolvimento de páginas num ambiente profissional e atraente, otimização de
motores de busca (...), criação de imagens e banners, criação e manutenção
de páginas em redes sociais”. Esta foi a empresa responsável, por exemplo, pela
divulgação de uma imagem da dirigente do Bloco de Esquerda, Catarina Martins,
supostamente com um relógio de luxo que valeria 20 milhões de euros, e que
vinha acompanhada de uma frase lapidar: “A maior fraude da política portuguesa
depois de António Costa.” A fotografia gerou mais de 800 partilhas.
Segundo o “DN”, o site que a
divulgou chama-se Direita Política, que tem como visados mais recentes João
Galamba, João Gomes Cravinho, Maria Flor Pedroso, António Costa, Azeredo Lopes
ou Jerónimo de Sousa.
Esta página possui o mesmo IP — a
"morada" na internet, neste caso a 198.50.102.106, registada em H3E
Montreal, Quebec — de muitas outras, como A Voz da Razão, Não Queremos um
Governo de Esquerda em Portugal, Video Divertido ou Aceleras. A Forsaken,
empresa de Santo Tirso, é dona destes registos e pertence a João Pedro Rosas
Fernandes, que se afirma “descontente com a falta de contraditório que existia
na comunicação social” e diz ser apoiante “desde o primeiro momento” de Trump e
Bolsonaro. Rosas Fernandes é também sócio de duas empresas têxteis.
Expresso
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