O Curto de hoje abre com Bruno, da árvore da boa madeira, o
carvalho. Bruno ex-presidente do Sporting, que se diz não ser boa rês sem
avaliar que o homem é um doente. Vimos ao longo dos cinco anos que presidiu ao
Sporting que passava de grandes euforias para grandes depressões. Numa
duplicidade de personalidades e de um espírito megalómano ímpar. Bruno precisa
de se tratar e manter permanentemente as suas boas qualidades. Que as tem.
É desse Bruno Carvalho que trata a abertura do trabalho de
Pedro Candeias no Expresso Curto de hoje.
Sobre as máfias das claques... Estão repletas de elementos da criminalidade e da violência, de ganges. Acabem com aquilo.
Depois vai mais além e a mais temas.
Voa por algumas das partes do mundo e encalha no Brexit que já cansa. Quase
todos sabemos das “pancadas” adstritas aos ingleses e aos seus governos. Com o
cházinho que a rainha portuguesa para lá levou e criou hábito e com aquela
gentlemania são uns sacripantas de elevada escala. Dizer mais para quê? Está
tudo dito. Estão ricos? Pois. Com o que saquearam por todo o mundo. Exatamente
por isso julgaram que a UE e os povos dos países da modernidade podiam
significar as tetas das vacas em que mamaram ao longo de séculos. E não. Vai daí
ao Brexit foi um caminho que veio sendo feito pé ante pé até chegar à correria
de uma atleta da direita e de fundo chamada Teresa May. Vão-se. O “clube” está grande demais
e assim estará enquanto não respeitar princípios básicos da real e factual
democracia no espírito dos que a criaram.
Fiquem com esta: “Sobre o desaparecimento das armas sei zero
e do encobrimento zero”. Quem o disse foi Francisca van Dunem, ministra da
justiça. Mais em baixo saiba em FRASES a quem o disse esta ministra e vá ler,
se puder. Para já o que se pergunta é para que está lá a ministra… se não sabe
nada sobre o que muito interessa. É que deparamos sempre com os que “não sabem
nada”. Dá para entender que vai tudo ficar em “águas de bacalhau” e que o
encobrimento do caso Tancos pertence aos sacanas que se arrogam e conhecemos
como responsáveis militares, governativos e da justiça que estão a deixar
passar o tempo até o pagode se cansar e deixar ficar por esclarecer e
responsabilizar os envolvidos no “mistério de Tancos”. O Jango da Prelada já
diz: “Aqueles dos galões, dos colarinhos brancos e das corrupções e roubos” são
uns ‘merdas’ que permanente sustentamos. Estupidamente ainda há os que os
vitoriam”. Dito, por quem sabe, com pronuncia tripeira.
O dia tem algum sol aqui pelo Porto. E nuvens. Não chove e o
vento é ameno. Noite fria mas dia agradável. Assim acabamos pela parte do PG.
Tem sumo. Beba-o e passe bem. (CT | PG)
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
Eu, Bruno
Pedro Candeias | Expresso
Comecei o Curto com uma pesquisa
elementar no Google com a chave “claques + guarda pretoriana” que devolveu
milhares de resultados em menos de meio segundo: “A Ideologia das Claques” do
Público, “Guarda Pretoriana e Grupos de Pressão” do Diário de Notícias, “O
Mundo Oculto das Claques” da Sábado, e por aí fora. Acredito que não será
diferente consigo.
A metáfora do presidente-imperador e do seu restrito exército é uma imagem poderosa, e a sua representação mais famosa é a chegada musculada de Pinto da Costa ao Tribunal de Gondomar, protegido pela lealdade pelos SuperDragões – que tem de ser alimentada, como se sabe, a bem da saúde.
Está nos livros: o delirante e perverso imperador Calígulafoi brutalmente assassinado pela Guarda Pretoriana; posteriormente, Galba, Caracala ou Cómodo também foram mortos pelos tais soldados de elite semper fidelis.
A moral da história é que a fidelidade tem um preço, coisa que Bruno de Carvalho percebeu no domingo quando lhe bateram à porta e o levaram para o posto da GNR de Alcochete. É lá que tem estado e tem dormido, entre vaivéns ao Tribunal do Barreiro, porque o Ministério Público o indiciou de 56 crimes.
Ora, para chegar até aqui o MP usou o testemunho de três elementos da pretoriana Juve Leo. Nuno Torres, Guilherme de Sousa e Filipe Alegria, dizem a Sábado e o Correio da Manhã na edição desta quinta-feira, juntaram-se então a Bruno Jacinto, o ex-Oficial de Ligação aos Adeptos, numa linha de raciocínio simples: se Alcochete aconteceu, foi porque BdC quis que acontecesse.
Historicamente, a traição não é uma novidade, mas não deixa de ser simbólico que o homem que garantia controlar o nervo das claques acabe detido porque os seus homens o implicaram.
E agora?
Agora, são 08h30 e dentro de hora e meia sairá a medida de coação imputada a Bruno de Carvalho e também a Mustafá. Vão para casa? Ficam detidos? Ontem, quarta-feira, no meio do frenesim dos apoiantes #LeaisaBruno e das televisões e dos polícias rodeando o advogado José Preto e da greve dos funcionários judiciais, o antigo presidente e o líder da claque foram interrogados pelo juiz - e ficou tudo adiado para esta manhã.
E este é um dos lados.
O outro lado, o dos 23 arguidos iniciais, é ainda mais complicado, pois envolve prazos e formas diferentes de olhar para lei. O juíz Carlos Delca enganou-se ao dar o OK à especial complexidade do caso pedida pelo MP sem avisar os advogados. O processo tem, neste momento, saídas ambíguas: ou sai rapidamente a acusação rapidamente ou os 23 podem rapidamente sair por expirar o tempo legal para uma prisão preventiva. O Hugo Franco e o Rui Gustavo explicam isto melhor.
Bom, e invadir Alcochete foi terrorismo? A Lei 52 de 2003 do Código Penal considera terrorista o ato de intimidar “certas pessoas, grupos de pessoas ou a população em geral, mediante crime contra a vida, a integridade física ou a liberdade das pessoas”. Há quem ache isto claro, há quem ache isto ambíguo; eu fico na mesma. E já rodaram juristas na TV a defender um lado e o outro neste caso. Deixo dois pontos de vista, de Figueiredo DIas e de Rui Pereira, numa discussão que irá prosseguir em direto.
Só que o problema não está nas consequências, mas na origem. Porque as claques de futebol devem existir se trouxerem cor, folclore, horas intermináveis de viagem no meio da malta para trás do sol posto para ver um jogo de futebol. E não podem varrer estações de serviço, invadir as academia de Alcochete, do Seixal, do Vitória de Guimarães ou o centro de estágios dos árbitros, espancar Adriano, ameaçar Paulo Assunção com uma pistola no joelho, ou atropelar mortalmente um adepto.
Isto resume tudo. Devia ter começado o Curto por aqui.
A metáfora do presidente-imperador e do seu restrito exército é uma imagem poderosa, e a sua representação mais famosa é a chegada musculada de Pinto da Costa ao Tribunal de Gondomar, protegido pela lealdade pelos SuperDragões – que tem de ser alimentada, como se sabe, a bem da saúde.
Está nos livros: o delirante e perverso imperador Calígulafoi brutalmente assassinado pela Guarda Pretoriana; posteriormente, Galba, Caracala ou Cómodo também foram mortos pelos tais soldados de elite semper fidelis.
A moral da história é que a fidelidade tem um preço, coisa que Bruno de Carvalho percebeu no domingo quando lhe bateram à porta e o levaram para o posto da GNR de Alcochete. É lá que tem estado e tem dormido, entre vaivéns ao Tribunal do Barreiro, porque o Ministério Público o indiciou de 56 crimes.
Ora, para chegar até aqui o MP usou o testemunho de três elementos da pretoriana Juve Leo. Nuno Torres, Guilherme de Sousa e Filipe Alegria, dizem a Sábado e o Correio da Manhã na edição desta quinta-feira, juntaram-se então a Bruno Jacinto, o ex-Oficial de Ligação aos Adeptos, numa linha de raciocínio simples: se Alcochete aconteceu, foi porque BdC quis que acontecesse.
Historicamente, a traição não é uma novidade, mas não deixa de ser simbólico que o homem que garantia controlar o nervo das claques acabe detido porque os seus homens o implicaram.
E agora?
Agora, são 08h30 e dentro de hora e meia sairá a medida de coação imputada a Bruno de Carvalho e também a Mustafá. Vão para casa? Ficam detidos? Ontem, quarta-feira, no meio do frenesim dos apoiantes #LeaisaBruno e das televisões e dos polícias rodeando o advogado José Preto e da greve dos funcionários judiciais, o antigo presidente e o líder da claque foram interrogados pelo juiz - e ficou tudo adiado para esta manhã.
E este é um dos lados.
O outro lado, o dos 23 arguidos iniciais, é ainda mais complicado, pois envolve prazos e formas diferentes de olhar para lei. O juíz Carlos Delca enganou-se ao dar o OK à especial complexidade do caso pedida pelo MP sem avisar os advogados. O processo tem, neste momento, saídas ambíguas: ou sai rapidamente a acusação rapidamente ou os 23 podem rapidamente sair por expirar o tempo legal para uma prisão preventiva. O Hugo Franco e o Rui Gustavo explicam isto melhor.
Bom, e invadir Alcochete foi terrorismo? A Lei 52 de 2003 do Código Penal considera terrorista o ato de intimidar “certas pessoas, grupos de pessoas ou a população em geral, mediante crime contra a vida, a integridade física ou a liberdade das pessoas”. Há quem ache isto claro, há quem ache isto ambíguo; eu fico na mesma. E já rodaram juristas na TV a defender um lado e o outro neste caso. Deixo dois pontos de vista, de Figueiredo DIas e de Rui Pereira, numa discussão que irá prosseguir em direto.
Só que o problema não está nas consequências, mas na origem. Porque as claques de futebol devem existir se trouxerem cor, folclore, horas intermináveis de viagem no meio da malta para trás do sol posto para ver um jogo de futebol. E não podem varrer estações de serviço, invadir as academia de Alcochete, do Seixal, do Vitória de Guimarães ou o centro de estágios dos árbitros, espancar Adriano, ameaçar Paulo Assunção com uma pistola no joelho, ou atropelar mortalmente um adepto.
Isto resume tudo. Devia ter começado o Curto por aqui.
OUTRAS NOTÍCIAS
Sobre coisas que talvez nunca deviam ter começado: o Brexit, que nasce de um referendo radicalmente antieuropeísta mas que, aos poucos, parece ir perdendo as suas arestas e ângulos para se acomodar redondinho nas pretensões da UE. É o próprio negociador de serviço, Michel Barnier, quem o disse ao revelar a hipótese de “um prolongamento limitado no tempo do período de transição” e a criação de uma Área Aduaneira Comum que inclua todo o Reino Unido. Foi isto que Theresa May fechou com a UE e foi mais ou menos isto que Theresa May fechou com os seus colegas de Governo numa reunião que demorou mais, muito mais do que o previsto. “Estes documentos são o resultado de milhares de horas de negociações. Acredito que este acordo é o melhor que podia ser alcançado”, disse May. Só que até à primavera de março, falta o inverno - e o inverno vem aí e é um parlamento hostil.
Joaquin “El Chapo” Guzman, um dos tipos mais hostis do planeta, diz que afinal o mau era outro e não ele. Nas alegações iniciais, o seu advogado Jeffrey Lichtman garantiu que Guzman era, afinal, pobre – embora a sua defesa custe 5 milhões de dólares – e que quem devia estar preso era Ismael “El Mayo” Zambada. Segundo Lichtman, “El Mayo” corrompeu dois presidentes do México com milhões de dólares, mas os procuradores de Nova Iorque pediram ao júri para ignorar estas declarações.O Daily Beast está a acompanhar este julgamento frenético e o texto de quarta-feira termina com uma pergunta à beauty queen Emma Coronel, mulher de Guzman. “Acha que o seu marido está mais bonito?” “Siempre”. Um comic relief subtil como no cinema de Scorcese.
As 15 fotografias da Associated Press parecem retiradas de um filme de êxodo; a 16ª traz-nos de volta à realidade e é um vídeo onde estão tropas ajoelhados a ouvir James Mattis, o secretário da Defesa de Trump. Explicando, os primeiros migrantes da extensa caravana estão a chegar à fronteira do México com os EUA e é possível que a história se complique a partir de agora.
E agora, esta: a FOX News defendeu a posição da CNN no processo que esta última vai mover contra a Casa Branca por ter retirado as credenciais do jornalista Jim Acosta na sequência daquele bate-boca deprimente pós-eleições intercalares. “As credenciais não deviam ser uma arma política”, declarou a FOX, num daqueles momentos proverbiais em que os extremos se tocam.
As manchetes dos jornais
Correio da Manhã: “Arrependidos entregam Bruno” em manchete, com o subtítulo “MP pede prisão preventiva” e os pós-títulos “ex-presidente dos leões nega ter instigado crimes contra jogadores” e “procuradora teme fuga e diz que [BdC] é um homem violento”.
Jornal de Notícias: “TAP admite mau serviço na ponte aérea e reforça aviões” e, claro, “Bruno nega tudo”.
Público: “Propostas de lei da videovigilância violam regulamento europeu” e os “protestos dos estivadores no Porto de Setúbal [que] estão a desviar navios para Leixões”
Jornal I: “Governo atira progressão dos professores para
Negócios: “Grandes empresas vão ter depósitos mais protegidos”
Jornal Económico: “Fisco Investiga 256 portugueses por utilização de offshores”
A Bola: “A longa espera - Bruno de Carvalho foi detido no domingo e só hoje conhece as medidas de coação”
Record: “Bruno acusado”
O Jogo: “MP temia fuga iminente de Bruno”
FRASES
“Sobre o desaparecimento das armas sei zero e do encobrimento zero” Francisca van Dunem, ministra da justiça
“Se entrarmos em campo com a ideia de que um ponto chega, ficamos logo mais perto da derrota”, Pizzi, jogador da seleção nacional, sobre o jogo contra a Itália
“Comecem a pensar na verosimilhança da vossa base de apoio político” Marcelo Rebelo de Sousa em recados a Rui Rio e a António Costa
“Correu bem. Penso que agora não há nenhuma dúvida Julgamento? De certeza que não” Júlio Loureiro, acusado de múltiplos crimes no caso e-toupeira, à saída da audiência na fase de instrução. Na sexta-feira, Paulo Gonçalves, antigo assessor jurídico do Benfica, será ouvido
O QUE ANDO A LER
Não me vou alongar muito, porque apenas li 116 páginas de um livro de 516 - e este é apenas o primeiro volume. O título simples “Os Romanov”, de Simon Sebag Montefiore, diz muito e o texto na contracapa oferece o contexto necessário: “Foram a mais bem-sucedida dinastia dos tempos modernos. Como foi possível uma família transformar um reino débil e arruinado, devido à guerra civil, no maior império do mundo?” A resposta que para já tenho para lhe dar é: através da força, coragem, violência, mais violência e sexo.
Neste ⅕ folheado, já contei mais assassinatos, empalamentos, mutilações, invasões, envenenamentos, traições, violações, exílios, fundamentalismos religiosos, rezas de cinco a seis horas, anões e impostores do que em qualquer outra obra que tenha lido antes - e vou apenas no segundo czar.
Alexei de seu nome, era um tipo corpulento, destemido e particularmente caprichoso na forma como governava, bem, exercia a sua autoridade, mandando matar por gozo, humilhando os correligionários com bofetadas e insultos apenas porque podia.
O mais interessante, neste livro de Simon Sebag Montefiore, é a descrição das requintadas intrigas palacianas e, também, o contraste entre os dois mundos: o da austeridade de homens que temiam deus dentro de muros e as pândegas e orgias diurnas das gentes de moscovo que tinham como passatempo nacional o consumo de álcool.
Eventualmente, a maioria dos czares acabaram traídos pelos seus. E isto faz lembrar alguma coisa.
Bom, por hoje é tudo, acompanhe as melhores histórias de desporto na Tribuna Expresso (que hoje promete), siga a atualidade política e internacional no site do Expresso, e para música e espetáculos variados temos a Blitz e o Vida Extra. Às 18h, como todos os dias, há Expresso Diário.
Até à próxima.
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