Jorge Rocha* | opinião
Os paladinos das touradas demoram
a entender que são quixotes a brandirem armas contra moinhos de vento. A
ridícula contestação à ministra demonstra o quanto se dissociaram da realidade
cultural da nossa sociedade. É que revela-se notória a ampla maioria de
portugueses, que repudiam o quanto se passa nas arenas do país, olhando para as
farpas espetadas nos corpos ensanguentados dos touros como uma barbárie a que
importa pôr cobro.
É risível a tentativa de
reivindicarem a caução intelectual à conta de Hemingway ou Picasso, quando os
valores civilizacionais tanto mudaram desde que ambos desaparecem do mundo dos
vivos. Felizmente que os programas de David Attenborough ou da National
Geographic muito nos esclareceram sobre a inteligência e os sentimentos dos
mais dispares animais. Muito embora prossigam os massacres dos rinocerontes,
dos elefantes ou dos tigres de bengala, cresce o clamor internacional sobre a
importância de preservar a riqueza da vida selvagem e o quanto perderemos se
ela paulatinamente se extinguir.
A tauromaquia insere-se numa
cultura de bestialidade em que o touro existe para ser sangrado à vista de
todos e uns quantos peralvilhos ostentem a sua falsa valentia. Eu que nasci
numa família, que frequentava touradas e visitava ganadeiros - conhecendo-lhes,
pois, as idiossincrasias - ainda tenho esperança de viver tempo suficiente para
que esse degradante espetáculo seja liminarmente proibido.
jorge rocha em Ventos Semeados
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