Jorge Rocha* | opinião
Hoje é o dia da aprovação final
do Orçamento Geral do Estado para 2019. Confirma-se, na prática, aquilo que as
direitas nunca quiseram acreditar, quando, três anos atrás, previram fátua a
duração da maioria parlamentar liderada por António Costa. Não vieram os
diabos, mormente os enviados pelas instituições europeias, que terão julgado
suficientemente fortes para derrubarem a vontade maioritária do eleitorado
português, nem as divergências entre os partidos à esquerda justificaram
qualquer hipótese de rutura. Nos quatro anos de legislatura ocorrem outros
tantos orçamentos sem se justificarem os tão comuns retificativos, quando eram
Vítor Gaspar ou Maria Luís Albuquerque os titulares do cargo, que tem vindo a
ser assumido pelo competentíssimo Mário Centeno.
Da discussão dos últimos dias, a
pretexto das propostas de alteração do documento elaborado pelo governo,
sobressaem dois por terem justificado maior polémica: o IVA das touradas e a
contagem do tempo de carreira dos professores.
Sobre o primeiro já zurzi o
bastante na barbárie do espetáculo pelo que me resta lamentar que 43 deputados
socialistas, e todo o grupo parlamentar do PCP, se tenham associado aos
partidos das direitas para me obrigarem, enquanto contribuinte, a subsidiar
algo que me repugna. Os defensores da tradição marialva, há muito obsoleta,
ter-se-ão iludido com a breve vitória, mas apenas podem recorrer ao tipo de
fanfarronada daquele vetusto deputado, que desrespeitou a casa da Democracia
com a música das arenas no momento da votação. Porque corresponde ao sentimento
da grande maioria dos portugueses, a tourada definhará até morrer sem glória
nem ruidosos lamentos.
A respeito da pretensão
corporativa dos professores volta a constatar-se a incapacidade estratégica de
Mário Nogueira em cumprir as promessas aos associados, deixando-os
continuamente com uma mão vazia e a outra cheia de nada. Se, a partir de
janeiro, todos os visados iriam receber a percentagem definida pelo governo
como exequível para a conciliar com a situação financeira do país, a lógica do
tudo ou nada do provecto sindicalista deixou-os precisamente na segunda
situação. É caso para questionar por quanto tempo mais os professores se
deixarão iludir pela conduta irresponsável do seu dirigente, que ora tendendo
para as direitas, quando são os socialistas a liderarem o governo, ora
resguardando-se a bom recato, quando é tempo de decisão das direitas, mais tem
parecido um agente provocador dentro do meio sindical para prejudicar as
esquerdas do que contribuir para serem elas a perdurarem no poder.
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