sábado, 17 de novembro de 2018

Reino Unido oferece apoio a Moçambique no combate a grupos armados em Cabo Delgado


O Governo britânico manifestou ontem, 16, a abertura para apoiar Moçambique no combate a grupos armados que têm protagonizado ataques a aldeias isoladas no norte do país, informa o portal da Presidência moçambicana.

Falando durante um encontro com o chefe de Estado moçambicano, que visitou hoje o Reino Unido, o enviado Especial da Primeira-ministra britânica, Theresa May, Timothy Paul Loughton disse que o seu Governo está disposto a apoiar o país africano no combate a estes grupos, que, desde outubro do ano passado, tem atacado pontos recônditos de distritos da província de Cabo Delgado.

Segundo a Presidência da República de Moçambique, Timothy Paul Loughton "destacou e elogiou o papel do Presidente moçambicano na luta para o alcance da paz efetiva e duradoura e na criação de um ambiente de negócios favorável ao investimento".

"Foi ainda acordado que junto das entidades competentes dos dois países fossem delineados programas concretos para a materialização da vontade expressa", refere o documento.

A violência em Cabo Delgado cresceu após um ataque à vila de Mocímboa da Praia, em outubro de 2017, por um grupo baseado numa mesquita local que pregava a insurgência contra o Estado e cujos hábitos motivavam atritos com os residentes, pelo menos, desde há dois anos.

O mesmo tipo de conflito e recrutamento, promovido com o apoio de muçulmanos estrangeiros, foi relatado noutras mesquitas da região no mesmo período.

Analistas ouvidos pela Lusa dividem-se quanto à justificação destes ataques, entre os que dizem haver ligações estrangeiras a crime organizado - rotas de tráfico de heroína, rubis, marfim e outros produtos que passam por Cabo Delgado -, terrorismo ou outras razões.

Entre outras causas apontam uma revolta popular face à pobreza, antigas disputas de território entre etnias ou ainda manipulação política, visando destabilizar Moçambique, numa altura em que petrolíferas investem em gás natural, em Cabo Delgado.

Os ataques, que já provocaram quase 100 mortos, têm ocorrido sempre longe do asfalto (com exceção do ataque inicial a Mocímboa da Praia) e fora da zona de implantação da fábrica e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural, na península de Afungi, distrito de Palma.

As autoridades moçambicanas e tanzanianas têm anunciado desde final de 2017 a detenção de suspeitos de ligação a esta onda de violência e está a decorrer em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, um julgamento com 200 arguidos.

Além do apoio às ações do Governo para a responsabilização dos autores dos ataques em Cabo Delgado, o Reino Unido manifestou a intenção de reforçar a cooperação com Moçambique, numa relação cujo destaque estará nas áreas de agricultura, energia, mineração e turismo, além da educação e do setor empresarial.

Lusa

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