quarta-feira, 27 de junho de 2018

Migrações: Proposta que vai ao Conselho Europeu “é das coisas mais vergonhosas”


Marisa Matias apelou na terça-feira à coragem dos governos europeus para vetarem a proposta de criar mais campos de retenção de migrantes nos países às portas da UE.

As políticas migratórias na Europa e nos Estados Unidos foram o tema da sessão pública promovida pelo Bloco de Esquerda, que juntou esta terça-feira em Lisboa as eurodeputadas Marisa Matias e Ana Gomes e o comentador político Pedro Marques Lopes.

A poucos dias da realização da reunião do Conselho Europeu que tem na agenda a revisão da política migratória, com uma propostada Comissão para replicar o modelo dos campos de retenção de migrantes nos países que fazem fronteira com a UE, como já acontece com a Turquia em relação aos refugiados sírios, Marisa Matias afirmou que “a proposta que vai ao Conselho Europeu desta semana é provavelmente das coisas mais vergonhosas” alguma vez ali aprovada. “Espero que haja governos com a coragem de vetar documentos desta natureza”, defendeu Marisa, acrescentando que esse tipo de medidas contribuem para a “normalização de uma visão colonialista do mundo”, com a UE “a ajudar a este recuperação da visão colonial”.

Também Ana Gomes se referiu à proposta da Comissão como “uma maneira de externalizar as nossas responsabilidades”, lembrando que o acordo com a Turquia para receber financiamento em troca de reter migrantes e refugiados “foi imposto por alguns estados membros”.

Marisa Matias sublinhou ainda que “o Egito, Líbia, Argélia, Turquia não são países seguros” para os migrantes que a UE pretende deixar às suas portas nas chamadas “plataformas de desembarque regionais”. O que devia estar em cima da mesa do Conselho, defenderam Marisa e Ana Gomes, era a revisão das regras de asilo do Acordo de Dublin, que já teve luz verde do Parlamento Europeu e continua a ser adiada e bloqueada pelos decisores políticos governamentais.

Para a eurodeputada socialista Ana Gomes, o modelo do acordo da Turquia está a ser seguido pelo governo italiano em relação à Líbia, onde “fabricaram a ficção de que existe uma guarda costeira”. “O que há são milícias que controlam, detêm e torturam os migrantes”, afirmou Ana Gomes, acrescentando que “um terço do rendimento da Líbia vem do tráfico de seres humanos”, alimentado por “máfias do lado de lá e do lado de cá”.

“É a linha política do grupo de Visegrado que está a dominar as forças da direita europeia”

Estas medidas em debate mostram como o discurso oficial da UE já incorpora as ideias defendidas pelos governos xenófobos. “É a linha política do grupo de Visegrado que está a dominar as forças da direita europeia”, apontou Marisa Matias, alertando que “não há países que estejam imunes à naturalização do racismo e da xenofobia”.

“A Hungria criminalizou há uma semana a ajuda humanitária e não se ouviu uma palavra” dos responsáveis europeus, enquanto “o Partido Popular Europeu convive perfeitamente bem com o partido de Orbán na Hungria”, prosseguiu Marisa, apontando as responsabilidades e sobretudo a “incapacidade das famílias políticas que governaram a europa nesta reconfiguração profunda do espaço político e democrático”.

Marisa Matias contrariou ainda algumas das “mentiras que são reproduzidas diariamente”:  a “mentira da invasão”, quando “já temos fluxos migratórios há muito tempo, e houve a exceção da Síria, que foi o maior êxodo da história da humanidade”; a mentira de que as ONG que salvam migrantes no Mediterrâneo têm ligações às redes criminosas, “quando são as únicas que as combatem”; e a mentira de que é legal cada país limitar a sua participação no acolhimento, uma vez que se trata de uma “violação do direito internacional e dos acordos de proteção da vida humana”.

O colunista e comentador Pedro Marques Lopes também elencou alguns mitos à volta do tema da imigração, defendendo que “os imigrantes não constituem ameaça ao emprego na Europa” e que “o que está a contribuir para a desagregação das nossas sociedades não tem a ver com a imigração, tem a ver com a falta de expectativas”.

Para Pedro Marques Lopes, o centro da questão está “no bloqueio completo do elevador social que temos nas sociedades ocidentais”. “Em particular nos EUA, onde o american dream é a maior treta que alguma vez existiu”, acrescentou, concluindo que “a erguer muros entre nós e esses nossos irmãos concidadãos, não vamos a lado nenhum”.

Retratos de Cuba, em vésperas de mudanças


Nova Constituição, mais democrática, pode afastar lembranças do “socialismo real”. Mas grande desafio do novo governo é enfrentar as complexas reformas econômicas e transformações culturais

Felix Contreras, em Crônicas de Havana | Outras Palavras

Já estão em marcha e na fase pública os trabalhos para a reforma constitucional, um fato político de grande relevância em Cuba, com muitos detalhes que envolvem as instituições do Estado e sociais, a sociedade civil e a população em geral – e que, por seu conteúdo, moverá as estruturas de todo o país nos próximos anos.

Segundo publicado na imprensa oficial, será a Constituição cubana mais plural, participativa e inclusiva até hoje, com ampla participação popular num marco jurídico que define o sistema político e o modelo econômico do Estado socialista cubano, que agora terá um avanço ”na construção de um novo modelo socialista”.

É a primeira Constituição de um socialismo mais crítico, com um olhar mais aberto ao gênero, à diversidade sexual (agora o machão está mudando), à racialidade, à emigração, aos temas ambientais, à integração. O país precisa de um ar renovador não só na letra, mas também de um novo espírito. A sociedade cubana está muito longe dos esquemas de ontem, dos velhos modelos políticos, daquele “socialismo real” soviético que muito influiu ou gravitou nos destinos do país durante cinquenta anos. Agora são os cubanos das redes sociais, das novas tecnologias da informação, os cubanos que têm liberdade para sair e entrar no pais sem limitações, sem medo do debate e de falar o que pensam.

Turismo e agricultura

O turismo em Cuba, com grande espaço nas reformas econômicas abertas por Raul Castro, espalha neste momento seu desenvolvimento, com 4 milhões de turistas só neste ano. Mas tem um ponto fraco: são poucos os produtos do país, e é preciso recorrer a alimentos importados. Acontece que o consumo de refeições nos hotéis e nas casas que alugam acomodações é imenso, ainda mais na hora do café da manhã, momento sagrado para o turismo brasileiro.

A agricultura foi vítima da antiga política de controle absoluto nas mãos do governo, do Estado – que, para limitar o poder político do camponês (acumulação de dinheiro), refreava sua produção agrícola. Resulta que muitas terras, muitas matas tornaram-se alimento da marabu, uma erva daninha que não para de espalhar-se e que mata as plantas vizinhas. É aquele marabu de que falou Raul Castro no ano 2000, quando fez uma visita ao estado de Camaguey e ficou arrepiado com a invasão dessa erva nas terras que antigamente alimentavam as vacas leiteiras no centro da ilha.

Outro problema derivado da carente infraestrutura cubana são os guardanapos e o papel higiênico – as pessoas compram em grandes quantidades, provocando uma escassez artificial. Uma amiga paulista pediu dois guardanapos num restaurante e só lhe deram um: ”temos muito pouco”, foi a explicação do garçon, mirando os grandes olhos no rosto da garota.

Relações com EUA

As relações Cuba-Estados Unidos são complexas e é difícil entender direito se acabou ou não a guerra fria ou degelo entre os dois países. Quase todos os dias aparecem na mídia desmentidos ou informações contraditórias, como na semana passada, quando uma notícia falava da redução de voos a Havana de empresas aéreas que não faziam mais negócios em Cuba.

É verdade que o turismo norte-americano teve uma queda causada pela crise dos ainda misteriosos ataques sônicos que teriam sido recebidos pelos diplomatas estadounidenses em Havana. Também os fortes danos do furacão Irma no país concorrem para essa queda. Daí que o mais minguado mercado na industria do turismo em Cuba é hoje o norte-americano – houve uma forte contração de janeiro de 2018 (menos 585 turistas) e ainda maior em fevereiro e março (433).

Esse tema esquenta muito a cabeça do povo cubano – e imagino que esquenta ainda mais a da Donald Trump, agora que muitos hotéis de Havana são comandados por militares dos Castro. Parece que a American Airlines será a primeira empresa na operação de transporte de pacotes entre EUA e Cuba, o que inclui também correspondência e correio expresso. Afinal, acabou ou não a política de ferro para Cuba da administraçao Trump?

Unificação das moedas

Os cubanos já esqueceram a quantidade de vezes que seu governo anunciou a unificação das duas moedas existentes no pais, ou seja, a volta ao peso cubano e à normalização de comprar ou trocar sem fila a moeda estrangeira (dólar, euro, lira, libra ou outras) pelo CUC (dólar cubano equivalente a 25 pesos) para, depois, trocá-lo por moeda nacional, o peso, e assim poder comprar as coisas com melhor preço.

”Nossa, fiz um mestrado em Havana usando as duas moedas… Sorte que o mestrado foi de graça”, me disse rindo uma amiga de São Paulo.

O tema das duas moedas é o quebra-cabeças número um para o turista que vem a Havana pela primeira vez. Um quebra-cabeças que é mais complexo e difícil do que se pode pensar e uma pedra no sapato do processo de transformações econômicas da ilha, porque os custos econômicos, sociais e políticos são maiores que os previstos e Cuba não tem dinheiro nenhum.

Um tema recorrente na percepção popular habaneira, onde o cara que vende banana na esquina diz “Nossa, esta troca não tem pés, vai devagar demais”, e o freguês que o escuta fala: “Isso é tema para um romance de Leonardo Padura”.

Havana, submersa em lixo

Recentemente nomeada Cidade Maravilha por instituições internacionais, Havana mostra ao turista uma face de grande contraste com essa qualificação: montanhas de lixo e cheiros nada amáveis nas esquinas do chamado grande Centro de Havana (onde lamentavelmente moro).

”Que acontece que há tanto lixo nas esquinas da Cidade Maravilha, Contreras?”, perguntam amigos brasileiros.

Na contemplação da Cidade Maravilha, de seu ecletismo arquitetônico e a beleza do art déco, sobressaem também os grupos de cachorros sem dono que deambulam sem rumo fixo pelas ruas olhando para o céu e a legião de turistas sem ”comprender” nada…

Ao acaso, uma vizinha sai de uma república com uma sacola de lixo nas mãos e, na maior indolência do mundo, joga o lixo no chão diante do cartaz que pede: ”Favor não jogar lixo fora do cesto”. Minha amiga diz à velhinha: ”Nossa, a senhora joga o lixo no chão!”… E a senhora responde: ”O que você quer, que eu jogue no chão da minha casa? Diga ao governo que venha limpar, caralho!”

Pensadores

As grandes mudanças que acontecem em Cuba provocam muitas perguntas, principalmente fora da ilha, onde se tem menos informações sobre Cuba. No ano passado o jornalista de Outras Palavras Cauê Ameni me fez a pergunta: “Há em Havana pensadores/pensadoras à altura do sucesso dessas mudanças?

Sim, respondo, e cito só alguns: Esteban Morales, doutor em ciências econômicas, especialista em política e professor, autor de Teoria leninista do imperialismo e A problemática racial em Cuba; Alfredo Preto, ensaísta e editor, diretor da revista Cuadernos de Nossa América, autor dos livros A imprensa nos Estados Unidos, A agenda americana e O outro no espelho; Domingo Jorge Cuadrielo, pesquisador literário e narrador, autor de Do exílio espanhol em Cuba e do Dicionário biobibliográfico de escritores espanhois em Cuba, século XX; Guilherme Rodrigues Rivera, poeta, jornalista e ensaísta, autor de Em carne propia, historia do tropo poético e de Nós os cubanos; Fernando Ravsberg, jornalista uruguaio que mora em Cuba, autor do blog Cartas desde Cuba; Dmitri Prieto, mestre em direito, antropologia e sociedade pela London School of Economics and Political Science; Aurelio Alonso, sociólogo, ensaísta e especialista em política, autor de Iglesia y política em Cuba e de O laberinto tras a caída; Armando Chaguaceda, historiador, especialista em temas políticos como democracia, movimentos sociais e historia da política latino-americana; Jorge Gomez Barata, jornalista, foi professor na Uniiversidade Agostinho Neto de Angola; Roberto Veiga Gonzales, licenciado em direito, autor de matérias sobre religião católica.

SUBMARINO REPUBLICANO ANCORADO NA PRISÃO – II - (continuação)


Martinho Júnior | Luanda 

4- É evidente que essa era a visão o mais inocente possível que se poderia passar em defesa dum “Arco de Governação” que, por via dos spinolistas sem Spínola souberam aproveitar-se dos laços cultivados pela clandestina continuidade do Exercício Alcora em África, desde o próprio Savimbi, aos inspectores da PIDE/DGS (que entre muitas acções clandestinas transformaram os “Flechas”no Batalhão 31 das SADF, que integrou, por exemplo, a Operação Savanah – https://en.wikipedia.org/wiki/South_African_order_of_battle_during_Operation_Savannah) e mesmo a alguns dos professores do então ICSPU (Instituto de Ciências Sociais e Política Ultramarina) que, tendo sido “herdados” pelos executivos sociais-democratas em Portugal, alinharam na manobra com os olhos postos em alvos julgados inertes, como a República Popular de Angola (que chegaria ao fim com a“antecâmara” de Bicesse) e Moçambique: São José Lopes, Óscar Piçarra Cardoso, Fragoso Allas…

O capitalismo neoliberal espevitado pela globalização matizada pelo império da hegemonia unipolar aproveitava-se em Portugal, como em África, dessas correntes capazes de vassalagem, como as que por exemplo foram “orientadas” pelo Le Cercle, de que Jaime Nogueira Pinto é uma evidência conforme aos “Jogos Africanos” (“esclareçamo-nos” um pouco com a visão “diplomática” de Francisco Seixas da Costa na apresentação do livro – http://ou-quatro-coisas.blogspot.com/2008/11/jogos-africanos.html) e à notícia sobre as reuniões do Le Cercle na própria África do Sul (https://wikispooks.com/wiki/Charles_Alan_%27Pop%27_Fraser).

Os Flechas da PIDE/DGS foram um manancial que transitou do Exercício Alcora para o Batalhão 31 (http://www.wikiwand.com/en/31_Battalion_(SWATF)) das South Africa Defence Forces (SADF), como muitos outros “transitórios” (desde os operacionais aos político-diplomáticos)!

A clandestinidade aproveitando os enredos do Exercício Alcora foram assim manancial reciclado dos governos do “Arco de Governação” (bem como de Frank Charles Carlucci ou de Paul Manafort) e a sua esteira tem ainda aproveitamentos, apesar dos aparentes “filtros” neoliberais, por via de alguns sectores “behind the scenes” da actual “Geringonça”!...

Houve um depoimento do Inspector da PIDE/DGS e Coronel das SADF, Óscar Cardoso, enquanto perito de inteligência militar, que nos transporta para esse “labirinto” de reciclagens; constate-se aqui – http://blog.lusofonias.net/?p=18715...


Por outro lado a própria NATO, de que Portugal é fundador em tempo de fascismo e colonialismo, tem desde o final da IIª Guerra Mundial, a cultura de aproveitar, reciclando ou não, o que aparentemente foi deixado para trás: as redes “stay behind” (constate-se por exemplo o artigo de Thierry Meyssan – http://www.voltairenet.org/article120005.html), algo que interferiu na formulação do carácter e na “modelagem” dos estados europeus, que se continua a repercutir neles e, por tabela, nas suas acções de relacionamento em África, viabilizando quantas vezes a continuidade de facto da internacional fascista na África Austral por dentro inclusive das linhas com que se cosem as actuais “democracias”…

A testemunhar esse “modelo” de acções inteligentes (que inspirariam seus sucedâneos em África) a 10 de Outubro de 2012, por exemplo, o Comité Valmy (http://www.comite-valmy.org/spip.php?article1395), em relação a França observava:

« S’il est un secret bien gardé en France, c’est celui de la sanglante guerre que les services secrets anglo-saxons ont conduit durant soixante ans à Paris pour maîtriser la vie politique nationale.

En révélant les péripéties de cet affrontement historique, l’historien suisse Danièle Ganser souligne le rôle du gaullisme dans le projet national français : d’abord soutenu par la CIA pour revenir au pouvoir, Charles De Gaulle parvient à un consensus politique avec ses anciens camarades résistants communistes à propos de la décolonisation, puis chasse l’OTAN.

Il s’ensuit un conflit interne dans les structures secrètes de l’État ; conflit qui se poursuit encore »…

… Quanto algumas das nervuras cultivadas por via das redes « stay behind » em França haveriam de ser úteis nos suportes externos em benefício da internacional fascista na África Austral ?!... Basta recordar isso quando se pesquisa a origem do armamento colocado pela França ao dispor do « apartheid » e do colonialismo português (algo que também é detalhado no livro Exercício Alcora, o Acordo Secreto do colonialismo, de Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes!

Há aliás nessa direcção um conjunto de livros cujas matérias se conjugam e merecem uma releitura dos muitos aspectos que entre si se conjugam; longe de esgotar o acervo:

Portugal e o futuro, do general António de Spínola;

Contos Proibidos, de Rui Mateus;

A guerra secreta de Salazar em África, de José Duarte de Jesus;

Os Flechas, a tropa secreta da PIDE/DGS na guerra de Angola, de Fernando Cavaleiro Ângelo, com prefácio de Óscar Cardoso;

A PIDE no xadrez africano, de Maria José Tíscar…

… A corrente começa a ser interminável e reunir a dispersão de títulos elaborando uma radiografia em jeito de síntese analítica, permite-nos avaliar o aproveitamento do Exercício Alcora pelo “Arco de Governação” surgido após o 25 de Novembro de 1975 em Portugal…

Fixemo-nos contudo (e por causa do submarino republicano agora ancorado numa prisão), nesta “janela” que foi divulgada no âmbito do Relatório Fowler de 10 de Março de 2000 (https://www.globalpolicy.org/global-taxes/41606-final-report-of-the-un-panel-of-experts.html):


... “37. The Panel questioned a number of arms supplying countries about these certificates. The Government of Ukraine replied that in the summer of 1999 a meeting was held, as a result of which the certificates were found to be not authentic and the broker firm denied permission for further activities by the State Export Control Agency. The Panel's own investigations revealed that the false certificates had been presented to the Ukrainian authorities in 1996 by a company called East-West Metals Ltd., and that the sale had been stopped by Ukraine. The Panel found that the Russian Federation had also been suspicious of the certificates presented on behalf of East-West Metals Ltd. seeking to procure IGLA surface to air missiles. After conducting an investigation of their own, the Russian authorities cancelled the order.

38. In response to the inquiry made by the Panel, the Government of Bulgaria responded in writing that the sale had been cancelled when the fraud was discovered, and identifying the importer as a United States company by the name of Milteks. The Panel's own investigations however, have raised doubts concerning the correctness of the response received from the Bulgarian authorities. Information provided to the Panel, but which the Panel has itself not been in a position independently to confirm, indicates that military ammunition was in fact delivered from Bulgaria to UNITA, through Milteks, using end-user certificates which the Bulgarian authorities had reason to believe were not genuine.

39. The source of arms. UNITA acquired arms and military equipment from two sources - large quantities were imported from suppliers in Eastern Europe, and substantial quantities were captured by UNITA from Government forces in battle. There has been considerable speculation as to the actual source of origin of the weapons purchased by UNITA - the vast majority of which were of East European origin. The Panel learned that as a result of the end of the Cold War and the dissolution of the Warsaw Pact international arms markets were being filled with surplus weaponry, much of it of East European origin offered at below market prices. The arms reduction requirements imposed by the Conventional Forces in Europe Treaty (CFE) have resulted in the need for some countries to reduce and dispose of stockpiles. Likewise, the desire of a number of former Warsaw Pact countries to join NATO may have resulted in those countries selling off non-NATO standard equipment at a discount - with much of this equipment going to Africa Arms sales bring in hard currency, and are a significant economic factor in a number of former Warsaw Pact countries now facing economic difficulties.


40. It is known that there are many Ukrainian nationals among the flight crews of aircraft bringing in arms and other military materiel for UNITA. A number of the air transport companies often mentioned in connection with illegal flights into Andulo appear to have Ukrainian ties. The presence of Ukrainian instructors in UNITA areas has also been widely reported. Also prevalent were Ukrainian arms brokers purporting to have good connections in Ukraine and Bulgaria. General Bandua stated that he thought that a BM-27 (Hurricane) Multiple Launch Rocket system had come from Ukraine, via Togo. However, the Government of Ukraine reported that there were no authorized arms sales from Ukraine to Togo during the relevant period. The Panel's investigation turned up no evidence that the Government of Ukraine sold arms or otherwise provided military assistance directly or indirectly to UNITA.


41. While not excluding the possibility that some weapons may have reached UNITA from Ukrainian territory - especially from unauthorized sources, the evidence collected as a result of the Panel's own investigations overwhelmingly points towards Bulgaria as the source of origin for the majority of the arms purchased by UNITA - at least since 1997. The Panel heard corroborated independent testimony from several sources that aircraft carrying military equipment for UNITA arrived in Andulo from Bulgaria. This information was confirmed by the ex-UNITA officer who was in charge of the control tower at Andulo until its capture by Angolan Government forces in October 1999. General Jacinto Bandua also confirmed that flights carrying military equipment arrived in Andulo from Bulgaria. General Bandua had the responsibility of cross-checking delivery quantities and weight against the accompanying documentation, and he noted that in many cases Bulgaria appeared in the documentation as the point of origin for the flights bringing in military equipment. General Bandua recalled that in some cases the documentation indicated that some of the equipment had transited through Togo. The Bulgarian connection is also supported by evidence gained in 1999 from the interrogation of a captured UNITA Colonel, who stated that boxes of ammunition and other military materiel delivered to Andulo had Bulgarian markings. A report on the Colonel's interrogation was shown to the Panel.


42. In light of what was learned by the Panel regarding UNITA's pattern of procurement for arms and military equipment, the Panel formally asked the Governments of Belarus, Bulgaria, Ukraine and the Russian Federation to provide information on any arms sales involving Togolese end-user certificates since 1997. The Government of Bulgaria indicated that "since the beginning of 1997, 19 permits have been issued to Bulgarian companies for arms export to the Republic of Togo In at least one case, the importing party arranged for the transport of the arms on Air Cess - a company that has long been widely reported as having been engaged in sanctions busting for UNITA. As noted above, the Government of Ukraine informed the Panel that there were no authorized sales by Ukraine to Togo since 1997”...

 É evidente que, no caso do submarino republicano Paul Manafort, muitas acções clandestinas que passaram pela Bulgária e pela Ucrânia foram “cultivadas” como um manancial ao dispor dos “presidenciáveis” dos Estados Unidos: foi assim que foram“fabricados” os espelhos de degradação, terrorismo e caos que por via duma “coligação” hoje começada a desnudar na Síria e no Iraque, têm actuado em direcção ao Médio Oriente, a África e, ultimamente, em direcção à América Latina (a anunciada integração da Colômbia na NATO tem este tipo de “fermentos”)!...

Continua

Martinho Júnior - Luanda, 16 de Junho de 2018

Imagens:
Paul Manafort e advogados a ele associados, têm sido um manancial republicano por detrás dos cenários, enquanto disponíveis “homens-de-mão” para todo o tipo de “lobbies”, inclusive os que “cozinham” acções nos relacionamentos com alguns dos países que compuseram o Pacto de Varsóvia e a URSSA (Ucrânia sobretudo);
Paul Manafort em Portugal foi “providencial” como “armador” do quadro neoliberal, junto de figuras destacadas do ambiente político do “Arco de Governação”;
Mário Soares e Savimbi, expoentes do “trabalho” que utilizou o Exercício Alcora como uma rede “stay behind” contra Angola, ao jeito das grandes operações secretas que “trabalharam” por dentro todos os componentes da NATO;
Savimbi interpares, uma evidência do Exercício Alcora enquanto uma megaoperação “stay behind” contra Angola, na sequência do 25 de Novembro de 1975 que lançou o “Arco de Governação”;
Símbolo das redes “stay behind” da NATO.

Todo o mundo ocidental vive em dissonância cognitiva


Paul Craig Roberts

Neste artigo vou utilizar três das notícias actuais para ilustrar a desconexão que permeia toda a mente ocidental. 

Vamos começar com a questão da separação familiar. A separação de filhos dos pais imigrantes/refugiados/asilados provou tal protesto público que o presidente Trump recuou na sua política e assinou uma ordem executiva terminando a separação familiar.

O horror a crianças aprisionadas em armazéns operados por negócios privados com lucros extraídos dos contribuintes estado-unidenses, enquanto os pais são processados por entrada ilegal no país, desperta do seu estupor mesmo americanos "excepcionais e indispensáveis" satisfeitos consigo próprios. É um mistério que o regime Trump opte por desacreditar sua política de fiscalização de fronteiras com a separação de famílias. Talvez a política pretendesse deter a imigração ilegal enviando a mensagem de que se você vier para a América os seus filhos lhe serão tomados.

A questão é: Como é que americanos podem ver e rejeitar esta desumana política de controle de fronteiras e não ver a desumanidade da destruição de famílias que tem sido o resultado predominante da destruição por Washington, no todo ou em parte, de sete ou oito países no século XXI.

Milhões de pessoas foram separadas das suas famílias pela morte infligida por Washington e, durante quase duas décadas, os protestos têm sido praticamente inexistentes. Nenhum clamor público travou George W. Bush, Obama e Trump de actos clara e indiscutivelmente ilegais definidos no direito internacional estabelecido pelos próprios EUA como crimes de guerra contra os habitantes do Afeganistão, Iraque, Líbia, Paquistão, Síria, Iémen e Somália. Podemos acrescentar a isto um oitavo exemplo: Os ataques militares pelo estado fantoche neo-nazi da Ucrânia, armado e apoiado pelos EUA, contra a secessão de províncias russas.

As mortes maciças, destruição de cidades e infraestrutura, a mutilação física e mental, a deslocação que lançou milhões de refugiados a fugirem das guerras de Washington para inundarem a Europa, onde os governos consistem de uma colecção de palhaços idiotas que apoiarem os crimes de guerra de Washington no Médio Oriente e Norte de África, não produziram clamor comparável ao da política imigratória de Trump.

Como é possível que americanos possam ver desumanidade na separação de famílias por imposição do organismo de imigração mas não nos crimes de guerra maciços cometidos contra povos em oito países? Estaremos nós a experimentar uma forma de psicose em massa de dissonância cognitiva ?

Vamos agora ao segundo exemplo: a retirada de Washington do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Em 2 de Novembro de 1917, duas décadas antes do holocausto atribuído à Alemanha nacional-socialista, o secretário britânico dos Negócios Estrangeiros, James Balfour, escreveu a Lord Rothschild que a Grã-Bretanha apoiava tornar a Palestina uma pátria judia. Por outras palavras, o corrupto Balfour descartava os direitos e as vidas de milhões de palestinos que haviam ocupado a Palestina durante dois milénios ou mais. O que eram estas pessoas em comparação com o dinheiro de Rothschild? Elas eram nada para o secretário britânico dos Negócios Estrangeiros.

A atitude de Balfour em relação aos direitos dos habitantes da Palestina é a mesma atitude britânica em relação aos povos em cada colónia ou território sobre o qual prevaleceu o poder britânico. Washington aprendeu este hábito e tem-no sistematicamente repetido.

Ainda outro dia a embaixadora de Trump na ONU, Nikki Haley, a enlouquecida e insana cadelazinha de Israel, anunciou que Washington se havia retirado do Conselho de Direitos Humanos da ONU devido a "um esgoto de viés político" contra Israel.

O que fez o Conselho de Direitos Humanos da ONU para justificar esta repreensão da agente de Israel, Nikki Haley? O Conselho de Direitos Humanos denunciou a política de Israel de assassinar palestinos – médicos, crianças pequenas, mulheres, idosas e idosos, pais e adolescentes.

Criticar Israel, não importa quão grande e óbvio seja o seu crime, significa que você é um anti-semita e um "negador do holocausto". Para Nikki Haley e Israel, isto coloca o Conselho de Direitos Humanos da ONU nas fileiras dos nazis adoradores de Hitler.

O absurdo disto é óbvio, mas poucos, se é que algum, podem detectá-lo. Sim, o resto do mundo, com a excepção de Israel, denunciou a decisão de Washington, não só os inimigos de Washington e do palestino como até os seus fantoches e vassalos.

Para ver a desconexão é necessário prestar atenção ao fraseamento das denúncias de Washington.

Um porta-voz da União Europeia disse que a retirada de Washington do Conselho de Direitos Humanos da ONU "arrisca minar o papel dos EUA como um campeão e apoiante da democracia na cena mundial". Pode alguém imaginar uma declaração mais imbecil? Washington é conhecida como um apoiante de ditadura que aderem à sua vontade. Washington é conhecida como uma destruidora de toda democracia latino-americana que tenha eleito um presidente que representasse o povo do país e não os bancos de Nova York, os interesses comerciais dos EUA e a política externa estado-unidense.

Mencione um lugar onde Washington tenha sido um apoiante da democracia. Só para falar dos anos mais recentes, o regime Obama derrubou o governo democraticamente eleito de Honduras e impôs ali o seu fantoche. O regime Obama derrubou o governo democraticamente eleito na Ucrânia e impôs ali um regime neo-nazi. Washington derrubou os governos na Argentina e no Brasil, está a tentar derrubar o governo da Venezuela e tem a Bolívia na sua alça da mira, juntamente com a Rússia e o Irão.

Margot Wallstrom, ministra sueca dos Negócios Estrangeiros, disse: "Entristece-me que os EUA tenham decidido retirar-se do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Ela vem num momento em que o mundo precisa de mais direitos humanos e uma ONU mais forte – não o oposto". Por que razão Wallstrom pensa que a presença de Washington, um conhecido destruidor de direitos humanos – basta perguntar aos milhões de refugiados dos crimes de guerra de Washington que inundam a Europa e a Suécia – fortaleceria ao invés de minar o Conselho? A desconexão de Wallstrom é estarrecedora. Ela é tão extrema que se torna inacreditável.

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Julie Bishop, falou como o mais bajulador de todos os vassalos de Washington quando disse estar preocupada com o "viés anti-Israel" do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Aqui temos uma pessoa com o cérebro lavado tão absolutamente que é incapaz de se conectar a qualquer coisa real.

O terceiro exemplo é a "guerra comercial" que Trump lançou contra a China. A afirmação do regime de Trump é que devido a práticas injustas a China tem um excedente comercial contra os EUA de aproximadamente US$400 mil milhões. Esta vasta soma supostamente deve-se a "práticas injustas" por parte da China. Nos factos reais, o défice comercial com a China deve-se à Apple, Nike, Levi e ao grande número de corporações dos EUA que deslocalizaram na China a produção das mercadorias que vendem aos americanos. Quando a produção deslocalizada de corporações estado-unidenses entra nos EUA elas são contadas como importações.

Tenho apontado isto durante muitos anos, remontando mesmo ao meu testemunho perante a Comissão China do Congresso dos EUA. Tenho escrito numerosos artigos publicados por quase toda a parte. Eles estão resumidos no meu livro de 2013, The Failure of Laissez Faire Capitalism .

Os media financeiros presstitutos, os lobistas corporativos, os quais incluem muitos economistas académicos com "nome", e os miseráveis políticos americanos cujo intelecto é quase não-existente são incapazes de reconhecer que o défice comercial maciço dos EUA é o resultado da deslocalização de empregos. Este é o nível da estupidez absoluta que domina a América.

Em The Failure of Laissez Faire Capitalism, revelo o erro extraordinário de Matthew J. Slaughter, membro do Conselho de Assessores Económicos de George W. Bush, o qual de modo incompetente afirmou que para cada emprego estado-unidense deslocalizado seriam criados dois empregos nos EUA. Também revelei como uma farsa um "estudo" do professor Michael Porter da Universidade de Harvard feito para o chamado Conselho sobre Competitividade, um grupo de lobby para a deslocalização, o qual fabricou a afirmação extraordinária de que a força de trabalho dos EUA estava a beneficiar-se com a deslocalização dos seus empregos de alta produtividade e alto valor acrescentado.

Os idiotas economistas americanos, os idiota media financeiros americanos e os idiotas responsáveis políticos americanos ainda não compreenderam que a deslocalização de empregos destruiu perspectivas económicas da América e empurrou a China para o primeiro plano 45 anos à frente das expectativas de Washington.

Para resumir isto, a mentalidade ocidental e as mentalidades dos russos atlantistas-integracionistas e da juventude chinesa pró americana, estão tão cheias de insensatez propagandista que já não há conexão com a realidade.

Há o mundo real e há o mundo propagandístico inventado que encobre o mundo real e serve interesses especiais. Minha tarefa é fazer com que o povo saia do mundo inventado e entre no mundo real. Apoio meus esforços. 

21/Junho/2018

Ver também: 
  The war on immigrantes

O original encontra-se em www.paulcraigroberts.org/... 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Espanha começa a julgar roubo de bebés no regime franquista


Obstetra de 85 anos é o primeiro suposto envolvido a se sentar no banco dos réus. Prática iniciada sob o regime fascista resultou na adoção de milhares de crianças sem consentimento dos pais biológicos.

Um tribunal espanhol iniciou nesta terça-feira (26/06) o julgamento de um homem de 85 anos que foi acusado de sequestrar um bebê em 1969 e entregá-lo a outra mulher. Esse é o primeiro julgamento relacionado ao caso dos bebés roubados durante o regime franquista (1939-1975), quando milhares de crianças foram tiradas de seus pais e entregues para outras famílias, uma prática semelhante à ocorrida durante a ditadura na Argentina.

Eduardo Vela, que trabalhou como obstetra na clínica San Ramón, em Madri, é acusado pela funcionária ferroviária Inés Madrigal, de 49 anos, de tê-la separado de sua mãe biológica e falsificar sua certidão de nascimento, em junho de 1969.

A promotoria pede 11 anos de prisão para o médico, que foi interrogado por meia hora na audiência inicial. A segunda audiência será realizada na quarta-feira, e não há data prevista para a divulgação da sentença.

Segundo a acusação, em junho de 1969, o médico "presenteou" uma mulher chamada Inés Pérez com uma menina. Ela acabou sendo registrada como filha biológica da mulher. A menina em questão, Inés Madrigal, disse que, com 18 anos, ficou sabendo que era adotada, em uma conversa com a mãe.

Mais tarde, em 2010, lendo na imprensa um artigo sobre "os bebês roubados" no regime franquista, descobriu que a clínica onde nasceu era um dos centros de tráfico de crianças nos anos 1960 e 1970.

Rede clandestina

Essa rede clandestina de adoções, iniciada depois da Guerra Civil espanhola (1936-1939), envolveu milhares de crianças, segundo associações que militam para que todos os casos sejam solucionados. A prática continuou mesmo após a morte do ditador, perdurando até pelo menos 1987.

Em 2008, o juiz Baltasar Garzón apontou que pelo menos 30 mil crianças tinham sido roubadas de casais considerados "politicamente suspeitos" pelo regime de Franco.

Inicialmente, o governo franquista incentivava a prática com o objetivo de punir adversários na guerra civil. Em muitos casos as crianças acabavam sendo adotadas clandestinamente por casais estéreis ou ligados ao regime.

No entanto, logo a rede clandestina passou a se expandir pela falta de legislação para adoções e por razoes econômicas, passando a incluir crianças nascidas fora do casamento, ou membros de famílias pobres ou muito numerosas.

Em muitos casos, médicos e administradores de maternidades – incluindo padres e freiras – que alimentavam a rede afirmavam para as mães biológicas que os bebês haviam morrido logo após o parto.

Em 2011, o ativista Antonio Barroso veio a público contar que havia sido comprado pelos seus pais de um padre quando era bebê. Ele acabou fundando a Associação Nacional das Vítimas de Adoção Irregular (Anadir, na sigla em espanhol).

Barroso estima que pelo menos 15% das adoções que ocorreram na Espanha entre 1965 e 1990 foram ilegais, com as crianças sendo retiradas dos pais biológicos sem consentimento. 

O julgamento

Vela é o primeiro suspeito de roubos de bebês na Espanha a sentar-se no banco dos réus. As acusações que pesam sobre ele são de detenção ilegal, falsificação de documento público, adoção ilegal e suposição de parto. 

Segundo a mãe adotiva de Inés Madrigal, já falecida, Vela pediu que ela simulasse uma gravidez e, depois, do nascimento, somente o consultasse caso a menina ficasse doente para que ninguém tomasse conhecimento do caso.

Ante o juiz de instrução, Vela reconheceu, em 2013, ter assinado sem ler o expediente médico indicando que assistiu ao parto. Mas nesta terça, ante o tribunal, alegou não se lembrar de nada e não reconheceu sua assinatura. "Isso não é meu, não me recordo", afirmou.

Segundo ativistas, ao menos 2 mil denúncias de fatos similares foram apresentadas aos tribunais, sem que nenhuma chegasse ao final. Os casos foram arquivados por falta de provas ou, segundo os tribunais, porque os fatos prescreveram.

Uma prática semelhante à ocorrida na Espanha aconteceu na Argentina, durante a ditadura militar de 1976 a 1983. Cerca de 500 recém-nascidos foram tirados de mulheres presas pelo regime e entregues a famílias de militares ou de civis simpatizantes do regime. Dois ex-chefes da Junta Militar, Jorge Videla e Reynaldo Bignone, foram condenados em 2012 pelos roubos de crianças.

JPS/rtr/afp/efe | em Deutsche Welle

Contra o Euro e a União Europeia

Fosco Giannini [*]

O novo governo italiano, presidido pelo professor Giuseppe Conte e apoiado pela Liga e pelo Movimento 5 Estrelas (M5S), parece colocar a União Europeia no centro da sua contestação política. Este posicionamento alarmou (mas o alarme parece já refluir) Bruxelas, as grandes potências, a burguesia italiana e o grande capital.

Na realidade, para o PCI, o novo governo, pela natureza política e cultural das duas forças que o sustentam (não anti-capitalistas e não anti-imperialistas), não encontrará a força política e ideológica para se empenhar numa verdadeira luta coerente contra a política ultraliberal, anti-social e anti-democrática desenvolvida a nível supranacional pela UE.

Entretanto, o PCI considera que, com este governo e os dois partidos que o apoiam, a questão da UE tem pelo menos o mérito de ser colocada aos olhos das massas. Hoje os trabalhadores e os cidadãos vão poder confrontar-se mais facilmente com esta questão da UE. Está aberta uma contradição que vai poder mais facilmente ser trabalhada para ampliá-la no futuro.

Naturalmente, um ponto é decisivo: do mesmo modo como a Liga e o M5S tiveram condições para criar um consenso nas massas sobre uma crítica à UE (porque a crítica à UE foi abandonada pelas forças da "esquerda" italiana, moderada e submissa), é agora tarefa dos comunistas e da esquerda de classe relançar esta crítica subtraindo-a às forças populista. Fazendo isto, trata-se de reconstruir o consenso político e as ligações com as massas.

Não se trata de uma tarefa fácil, mas ela é absolutamente necessária e prioritária. É preciso empenhamento neste trabalho. E isso começa pela conferência que o PCI organiza em Roma na sexta-feira 22 de Junho de 2018, com título significativo: "O novo governo italiano e os interesses do movimento operário. Por uma verdadeira luta anti-capitalista contra o Euro e a União Europeia".

Com esta iniciativa o PCI começa a responder, a partir de posições de classe, às críticas, fracas no fundo e evanescente que desenvolvem "contra" a UE o M5S e a Liga (duas forças integradas no funcionamento do sistema capitalista, já submetidas, como indicou o Presidente do Conselho Conte, nas suas intervenções no Senado e na Câmara, às políticas atlantistas e à NATO.

Dada a importância de todas estas questões, pedimos a todos os camaradas que se mobilizem para o êxito da Convenção do PCI, em Roma, dia 22 de Junho. Por todas estas razões, convidamos para esta iniciativa os trabalhadores, as forças comunistas e as demais forças políticas, sindicais e sociais de classe.

[*] Responsável pelo departamento de assuntos estrangeiros do PCI (Partido Comunista Italiano, denominação retomada pelo antigo Partido dos Comunistas Italianos).

O original encontra-se em solidarite-internationale-pcf.fr/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Portugal | Respeito e justiça!


Mário Nogueira | Jornal de Notícias | opinião

Os professores são dos grupos profissionais mais qualificados e com maior responsabilidade social, lidando diariamente com todas as crianças e jovens e, com o seu trabalho, preparando o futuro do país.

O facto de constituírem um grupo numeroso, ainda que abaixo das necessidades reais das escolas, tem levado os governos a tomar medidas de desvalorização material dos professores, não poucas vezes acompanhadas de campanhas destinadas a desvalorizá-los socialmente.

Resultado de políticas conducentes à redução de custos com os professores, sucessivos governos: remeteram milhares para o desemprego; acumularam trabalho nos que permanecem e que hoje têm horários efetivos superiores a 46 horas semanais; aumentaram os níveis de precariedade laboral; retiveram no escalão de ingresso os que nos últimos anos entraram na carreira; deixaram envelhecer o corpo docente, recusando a aprovação de normas adequadas de aposentação, essa sim, medida que permitiria o rejuvenescimento, promoveria o emprego e ainda reduziria os custos.

Alvo central e permanente das políticas de embaratecimento do trabalho dos docentes tem sido a sua carreira, sobre a qual se têm abatido medidas para a desvalorizar. Desde a sua criação, em 1989/90, tem sofrido os mais diversos ataques que, contudo, os professores têm sabido suster ou reverter.

Desta vez, pretende-se desvalorizar a carreira dos docentes, aumentando-a em 9 anos 4 meses e 2 dias. Isto é, obrigando os professores, para atingirem o topo, a trabalhar mais anos do que os estabelecidos para a aposentação, isto, para além de outras perdas e dos crivos intermédios destinados a travar a progressão nos tempos adequados.

Pressionado pela contestação dos professores, o Governo comprometeu-se a contabilizar o tempo congelado e a Assembleia da República, respeitando os professores e o compromisso do Governo, reiterou que o tempo a contar seria todo, definindo-se, em processo negocial, o prazo e o modo de o fazer. Ao contrário, o Governo, desrespeitando a Assembleia da República, o seu próprio compromisso e, acima de tudo, os professores, tenta apagar todo ou quase todo aquele tempo em que os professores trabalharam e cumpriram responsavelmente os seus deveres.

De novo pressionado pelos professores, o ministro vem agora dizer que quer negociar... Pois, se quer, não parece.

*Secretário-geral da Fenprof

DESCONJUNTURAS DO MUNDO E FÉRIAS PARA QUEM AS QUER E PODE


Os povos precisam de se entreter, de se distraírem, de se emocionarem de preferência por coisas de nada mas que lhes são incutidas como importantes, coisas de quase nada. O futebol, o mundial, essas tretas todas, têm sido e são os veículos de eleição. Mas hoje aqui no Curto que se segue quase que tal não acontece (mentira). Cristina Peres, a jornalista do tio Balsemão Bilderberg da Marinha, não vai nessa (mentira). Claro que aborda o tal desporto “rei” – ai que o filho da mãe é monárquico!

O Curto de hoje anda muito nas desconjunturas do mundo. Há os que lhe chamam conjunturas, mas isso é para enganar. É que está na cara que anda tudo desconjuntado. Adiante, que no PG estamos quase a ir de férias. Como avisamos aqui ao lado. Entre 8 e 10 de Julho regressamos.

Tenha um bom dia, se conseguir. Vai ser difícil mas fazemos sempre por isso, não é? Se destinar agora fazer umas férias desejamos que as tenha muito boas. Ao menos o melhor possível. E, não se esqueça, zele pela sua saúde. E faça festas a todos os animais quadrúpedes a que chamam domésticos. Não aos leões, por isso: não ao Bruno de Carvalho. Dito. Até daqui por uns dias. Obrigado por aqui virem. (MM | PG)

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Ceci n’est pas une partie de foot. Isto não é um jogo de futebol

Cristina Peres | Expresso

O que têm em comum os Estados Unidos, a Índia e a Síria? Contam-se entre os dez países do mundo onde as mulheres correm mais perigos. Os outros são o Iémen, o Afeganistão, a Nigéria, o Paquistão, a Arábia Saudita, a Somália e a República Democrática do Congo. Surpreendido? Este é o resultado da sondagem 2018 da Fundação Thomson Reuters que, há sete anos, investigou e apurou pela primeira vez quais eram os cinco países mais perigosos para o género feminino baseando a sua análise em áreas-chave como o acesso à saúde, discriminação no acesso a recursos económicos, tradições culturais, violência sexual, violência não-sexual e tráfico de seres humanos. Em 2018, abrangeram dez países, lembrando que, ainda há três anos, os líderes mundiais comprometeram-se a eliminar todas as formas de violência contras as mulheres e raparigas em 2030. Se fosse cumprido permitiria às mulheres viverem em liberdade, garantindo-lhes segurança para participarem na vida política, económica e pública com igualdade. O estudo apurou que, por enquanto, uma em cada três mulheres é vítima de violência ou de violência sexual. A Aljazeera falou com responsáveis. Consulte aquia classificação de 2018 por país e área-chave.

A passo de caracol: esta foi a semana em que as mulheres sauditas foram autorizadas a conduzir pela primeira vez. E ainda ontem, Keiko Iharo, uma corredora de automóveis, tornou-se a primeira diretora na história da Nissan. O maior produtor de carros do Japão junta-se assim ao conjunto de empresas que começa a contrariar e esmagadora desigualdade de género que faz que quatro em cada cinco empresas nipónicas não tenham uma única mulher nas suas direções. O Japão ocupa o 114º lugar no ranking da diversidade de género do Fórum Económico Mundial. A par dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita.

OUTRAS NOTÍCIAS

Isto, sim, já é futebol: os resultados dos jogos de ontem no Mundial foram variados e, ao fim de 37 jogos, até houve um 0-0o que não parece nada desejável. Argentina, Croácia e Peru avançaram. Um “pico de tensão” obrigou os paramédicos a assistir Diego Maradonaenquanto este assistia ao jogo da seleção argentina. Hojeàs 15h a Coreia joga com a Alemanha e o México com a Suécia, às 19h é a vez da Sérvia e do Brasil, e da Suíça com a Costa Rica. Mas como disto qualquer pessoa percebe mais do que eu, deixo os links daqueles que não podem falhar: aqui aqui.

Fique também a saber aqui porque razão Bruno de Carvalho não se poderá voltar a candidatar à presidência do Sporting em 8 de setembro, por muito que afirme que o fará. Parece que só um milagre o fará escapar a uma suspensão. Leia aqui o que diz o candidato Frederico Varandas.

Portugal vai receber parte dos refugiados que se encontram a bordo do navio “Lifeline”, anúncio feito ontem pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. Depois de Malta e Itália terem recusado autorizar o desembarque nos seus territórios, Portugal vai fazer parte da solução para as centenas de pessoas que navegam há semanas no Mediterrâneo. O navio atracou ontem em Malta, país a partir do qual será feita a distribuição de pessoas pelos vários Estados-membros. O número que cabe a Portugal não está ainda definido, mas os preparativos para recebê-los já começaram.

A resposta da Áustria à questão dos refugiados não é bonita. Em reação à querela na vizinha Alemanha que divide a coligação em Berlim, o Governo austríaco começou exercícios de larga escala na fronteira com a Eslovénia. Durante a crise de 2015, o país acolheu mais de 1% da sua população em requerentes de asilo. Desde então, a coligação de direita e extrema-direita que venceu as eleições prometeu que não se repetirão tais irregularidades com os migrantes. A operação “ProBorders” vai garantir que se cumpra a sua vontade. A opinião de Miguel Sousa Tavares.

Carlos Cruz venceu o recurso no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que deu razão ao ex-apresentador, declarando que o Tribunal da Relação de Lisboa violou o direito de Cruz apresentar novas provas de defesa no processo Casa Pia. “Gostava que CC visse reconhecida em vida a sua inocência”, afirmou o seu advogado de defesa, Ricardo Sá Fernandes.

Panama Papers: Nova fuga de informação revela mais segredos financeiros de Lionel Messi, da famíliaCartier e do Presidente da Argentina, Mauricio Macri. Leia aqui.

O podcast Comissão Política #40 é categórico: Rui Rio não tem o país aos pés nem o partido nas mãos. Ouça aqui.

A greve dos professores às avaliações vai ter serviços mínimos. A decisão foi tomada pelo colégio arbitral que foi constituído para avaliar o pedido do Ministério da Educação para a existência de serviços mínimos. Sindicatos estão contra. Leia mais aqui.

As escolas vão ser obrigadas a abrir as cantinas durante todo o ano, diz despacho do Governo para 2018/19, garantindo assim refeições no Natal e na Páscoa. Distribuição de fruta chega ao pré-escolar e câmaras perguntam quem a pagará.

O Governo abre a porta a salário mínimo acima dos €600. A decisão envolve centenas de milhares de pessoas num dos países europeus em que o salário mínimo mais conta.

O título é maravilhoso: “Presidente Macron tem do Papa o dobro do tempo que Trump teve”. Claro que interessa é o que quer dizer, que Emmanuel Macron, chefe de Estado de um país laico, marca pontos até nas suas relações religiosas. Sim, Francisco é o diplomata-dos-diplomatas, à porta fechada durante 57 minutos é uma audiência invulgarmente longa. Sabe-se que falaram longamente de questões ligadas às migrações, sobre a crise no Médio Oriente e o futuro da unidade na UE…

A UNODC, secção da ONU que trata das drogas e do crime em todo o mundo, lançou o relatório anual sobre o estado da arte. A atualização é alarmante: 5% dos adultos de todo o mundo consumiram drogas pelo menos uma vez em 2015. Desde então, a epidemia global dos opiáceos piorou, não só nos Estados Unidos como em África e na Ásia. Pior, opiáceos como fentanyl e tramadol estão relacionados com dois terços das mortes mundiais relacionadas com adição. Como se não bastasse, a produção de ópio no Afeganistão e a manufatura de cocaína na Colômbia estão em alta, só ultrapassadas pela produção de substâncias psicoativas sintéticas. Tudo isto faz parecer a legalização da marijuana (no Canadá, na semana passada) uma esquálida corrida contra o tempo. Leia aqui sobre o impacto dos analgésicos na vida de grandes estrelas da música.

O Supremo Tribunal dos EUA apoiou a decisão de Donald Trump de banir uma lista de sete países, na maioria muçulmanos, das entradas no seu território. A Casa Branca chama à votação 5-4 uma “tremenda vitória” o facto de os juízes assim terem votado que a proibição pertence ao âmbito de atribuições do Presidente Trump, ou seja, Trump tem direito a pronunciar-se a este nível sobre política segurança nacional. Nos cartazes das manifestações de rua lia-se “Parem o ataque de Trump à liberdade, justiça e igualdade! Marcharemos juntos”… Vejaaqui.

A guerra comercial declarada pelo PR dos EUA ao parceiros comerciais tradicionais tem episódios anedóticos. A revista “New Yorker” explica como a Harley-Davidson vai passar a produção de motas destinadas para o mercado europeu dos Estados Unidos para o Brazil, a Índia e a Tailândia. Depois de a UE ter aumentado as tarifas às motas fabricadas nos EUA em retaliação aos aumentos de tarifas impostos pela Casa Branca ao aço e alumínio europeus, a Harley fez as contas: continuar a produzir no Wisconsin equivaleria a um custo adicional de €100 milhões/ano.

Representantes de alto nível da Eritreia e da Etiópia reuniram-se pela primeira vez em 20 anos. Este encontro teve origem na declaração da semana passada do primeiro-ministro etíope, que admitiu atribuir à Eritreia territórios disputados em consequência de um acordo de paz.

Em Teerão, o Grande Bazar teve de ser encerrado pelas autoridades para conter o grande protesto que está há dois dias consecutivos a ressoar contra o aumento dos preços e a perda de poder de compra da moeda iraniana. Um euro compra hoje cerca de 90 mil riais no mercado paralelo quando, em janeiro, comprava 43 mil. O último protesto desta escala aconteceu em 2012 e levou à mudança de governo, abrindo o país a negociações com potências internacionais que desembocaram no acordo nucelar. O Presidente Hassan Rouhani promete que o Governo vai ser capaz de aguentar a pressão económica ditada pelas novas sanções impostas por Washington.

Entretanto, no Palácio de Buckingham, a rainha Isabel II, chefe da Commonwealth, recebeu os vencedores do The Queen’s Young Leaders, que foram premiados pelos seus feitos inspiradores. A cerimónia transmitida em direto no Facebook foi tudo menos indiferente a milhões de corações e uma média de 7,4 mil espetadores em simultâneo. A Commonwealth, sim, o que resta do antigo império britânico. A “Harpers Bazaar” garante que Meghan Markle vestia Prada.

FRASES

“Não podemos deixar a história nas mãos de gente xenófoba e egoísta”, D. António Marto, o bispo de Leiria-Fátima que será o novo cardeal a partir de amanhã, ao Público

“A história da seleção não começou na Madeira com Cristiano Ronaldo”, Carlos Queiroz, treinador da seleção iraniana, ao Público

“A revisão da carreira é um trabalho para fazer sem pressão”, Alexandra Leitão, secretária de Estado Adjunta e da Educação ao Negócios

“Consumo de álcool subiu nas mulheres e a partir dos 45 anos”, Manuel Cardoso, subdiretor do SICAD ao DN

O QUE ANDO A LER

A minha colega e amiga (a ordem é esta porque nos conhecemos no Expresso) Luísa Meireles lançou ontem a biografia do general Loureiro dos Santos na Assembleia da República “O que tem de ser tem muita força” (Temas e Debates Círculo de Leitores). O leitor deve ter dado por isso porque uma promoção competente não deixou que o lançamento passasse despercebido (aqui um exemplo). Promoção competente, assunto de interesse nacional e o rigor da Luísa. É um livro cheio de histórias, para lá da História que faz, e por isso não resisto a contar uma que está relacionada com o meu interesse pelo livro. Em plena crise da Georgia de 2008 (houve outras!), separatismos, Abkazias, Transnístrias, aquelas questões mal ou nunca resolvidas que resultam às vezes em declarações de independência como aconteceu em 2014 à Crimeia, tive por missão falar com quem explicasse que estávamos em plena nova Guerra Fria. Eu não concordava com a ideia, mas os generais argumentariam certamente melhor. Depois de reportar as discordâncias de vários entrevistados e de não ter conseguido ainda dissuadir a ideia na origem, eis que o general Loureiro dos Santos me atende o telefone.“Ah, e na na na… Guerra Fria…?”, lá repeti eu. Do outro lado, recebo este maravilhoso presente de volta: “Guerra Fria coisa nenhuma!”. Obrigada, general, a insistência morreu logo ali!

É o fim do Curto desta quarta-feira, que lhe desejo suave e à medida das suas necessidades e desejos. Daqui lhe recomendo que vá espreitando www.expresso.pt, e não perca o Expresso Diário às 18h… O Mundial está na Tribuna e também aqui. Até breve.

Portugal | A DÍVIDA E OS BANDOS DE SICÁRIOS


Os mesmos de sempre, em pelo menos 40 anos, continuam na atualidade e a emitir as suas opiniões e críticas como se não tivessem responsabilidades pelos disparates governativos que fizeram no passado. Hoje, aqui, trazemos uma peça sobre a dívida e a cavaquista Manuela Ferreira Leite, mas recordando que tanto assim é - que os do passado não assumem as suas responsabilidades nos prejuízos que trazem ao país e às populações - que temos ex-ministros e ex-ministras do anterior governo de Passos/Portas/Cavaco que continuam no ativo da política, que com a maior da desfaçatez opinam sem que assumam a má governação que desempenharam quando nos citados governos. Assunção Cristas é um exemplo flagrante do descaramento, Mota Soares também, ambos ministros do governo de Passos/Portas/Cavaco. Como esses outros vão sobressaindo, mostrando quanto são pantomineiros.

Esses e essas falam, falam, em constante ato de enganar. Apesar de tudo continuam portugueses a cair nas esparrelas, nas mentiras, e a acreditar naqueles bandos de salafrários.

Segue-se a palavra de Manuela, sobre a dívida. Vá-se atrás no tempo e vejamos das suas responsabilidades na dívida, assim como nas responsabilidades dos seus colegas de partido (PSD), assim como nas negociatas e vigarices que datam do tempo de Cavaco Silva e em que ela também teve responsabilidades governativas. E o PS também está nesta lista negra que nos põe à mingua. Bando de sicários, esses tais cavaquistas e xuxalistas. Bandos de sicários e vigaristas que durante 40 anos foram e são os responsáveis pela dívida. E assim continuarão até que os portugueses o permitam. (MM | PG)

"Não é possível pagar a dívida", avisa Ferreira Leite

A antiga ministra das Finanças do PSD Manuela Ferreira Leite considerou hoje que a dívida pública portuguesa não é possível de pagar tal como está e disse que voltaria a assinar o manifesto que, em 2014, pedia uma reestruturação.

"A minha posição é de que não é possível pagá-la, todos os cálculos [de redução da dívida pública] se baseiam em determinados níveis de taxas de juro, défices orçamentais primários, taxas de crescimento que não se vão verificar sempre", afirmou Ferreira Leite, no grupo de trabalho sobre endividamento público e privado, no Parlamento.

Além disso, acrescentou, mesmo que as condições atuais se continuassem a verificar - o que é muito improvável -, demoraria mais de 30 anos até Portugal pagar a dívida pública acumulada.

"Trinta e tal anos não é um projeto que se pode apresentar a um país e a uma sociedade", frisou a ministra das Finanças no governo de Durão Barroso (PSD).

É que, considerou, ter uma situação orçamental equilibrada e não geradora de dívida é importante, mas também "tem custos importantes para a sociedade e para as pessoas", como já se assiste na "degradação dos serviços públicos".

A também economista e ex-presidente do PSD disse que hoje voltaria a assinar o 'Manifesto dos 74', de 2014, que defendia a reestruturação da dívida (por redução significativa da taxa média de juro do 'stock' da dívida, extensão de maturidades e reestruturação da dívida acima de 60% do PIB), apesar do "barulho" que então provocou e que considerou "mais político do que de conteúdo".

A antiga ministra explicou que não defende que não se pague a dívida, mas, sim, "a reestruturação da dívida, negociações de determinada espécie e, especialmente, menos rigidez das instituições europeias".

Segundo os últimos dados do Banco de Portugal, a dívida pública na ótica de Maastricht, a que conta para Bruxelas, atingiu em abril 126,3% do Produto Interno Bruto (PIB), acima do valor de dezembro de 2017 (125,7%).

Sobre as causas do endividamento excessivo, Ferreira Leite disse que contribuiu o custo barato do dinheiro após a entrada de Portugal na zona euro (devido às baixas taxas de juro) e o investimento em projetos de infraestruturas que considerou "muitos discutíveis".
"Num concelho com 13 freguesias, que haja 13 piscinas é discutível", afirmou, referindo ainda que nos custos de então não se contabilizou o custo de manter esses equipamentos, que é elevado.

Ferreira Leite disse que já quando era ministra, no início da década de 2000, e a dívida pública rondava nos 60% do PIB, já se discutia no Ministério das Finanças que o que havia ia levar a endividamento.

A economista recusou, contudo, apontar o dedo a executivos específicos, afirmando que "há um conjunto de factos que ocorreram ao longo dos anos e que afetaram muitos governos", e criticou também as instâncias europeias que, aquando do início da última crise, pediram aumento da despesa e depois se tornaram rígidos nesse tema.

Ferreira Leite mostrou-se ainda preocupada com a arquitetura da zona euro por ser pouco adaptável a crises.

Lusa | em Notícias ao Minuto

Sete Sóis, Sete Luas começa no próximo fim de semana em Oeiras e Pombal


O 26.º Festival Sete Sóis, Sete Luas acontece a partir desta semana, em Oeiras e Pombal, e segue até setembro, em dez concelhos portugueses, com a participação de artistas como Sara Alhinho, Juan Pinilla ou a 'chef' Su.

Além de Portugal, o Festival Sete Sóis, Sete Luas (FSSSL) acontece noutros países da bacia do Mediterrâneo, como a Grécia, Croácia, Eslovénia, Itália, França, Espanha, Tunísia e Marrocos, e ainda em África, Cabo Verde, e na América do Sul, Brasil.

O certame apresenta "uma programação que une as linguagens artísticas e culturais, música, pintura, 'street art' [arte de rua], gastronomia e teatro de rua", segundo comunicado da organização.

Pombal, na Beira Litoral, recebe o FSSSL na quinta e sexta-feira, e Oeiras, nos arredores de Lisboa, na sexta-feira e sábado, com um cartaz que inclui a companhia francesa de circo aéreo Les P'tits Bras, que apresenta 'Triplette', uma homenagem ao circo da década de 1930, e, também de terras gaulesas, o grupo Karnavires que apresenta um espetáculo de teatro de rua com pirotecnia e grandes máquinas cénicas. Em Oeiras, na Fábrica da Pólvora, em Barcarena, o festival inclui ainda um mostra gastronómica de Cabo Verde, com a 'chef' Su, e, de Marrocos, com a 'chef' Nadia El Firqi.

Este antigo espaço industrial será o cenário para uma exposição do pintor marroquino Abdelkarim Elazhar, que se deslocará para realizar um 'workshop'.

Elazhar é o autor do cartaz da edição do FSSSL deste ano, "uma pomba que cruza as ondas musicais do Mediterrâneo e do mundo lusófono, ligadas por uma oliveira", como o descreve a organização.

O festival regressa a Pombal, no dia 1 de julho, com o músico de flamenco Juan Pinilla, e, no dia 09 de agosto, com o grupo Les Voix des 7Lunes, que reúne músicos de Israel, Itália, da ilha francesa da Reunião, de Portugal e do Sudão.

Em Oeiras, o festival volta a acontecer, de julho a agosto, com concertos da italiana Lavinia Mancusi, de Roma, no dia 06 de julho; no dia 13, com o grupo Cunfrontos 7Sóis, que junta músicos do Brasil, Cabo Verde, Espanha, França, Portugal e da ilha italiana da Sardenha; no dia 20, com a angolana Lúcia de Carvalho, e, no dia 27, com as Estrelas 7Sóis, banda greco-luso-brasileira.

Em agosto, no dia 03, atuam os sicilianos Tammorra, seguindo-se, no dia 10, o espanhol Roman Vicenti, e, a terminar, no dia 17, o músico italiano Mimmo Epifani, de Salento, que editou três álbuns, 'Mar da Lua', 'Pe'i ndò' e 'Naple', que atua com The Barbers.

Ponte de Sor, no distrito de Portalegre, que é também sede de dois centros de arte contemporânea e de produção artística e musical do Centrum Sete Sóis Sete Luas, a programação começa no próximo sábado, com a cabo-verdiano Sara Alinho.

No dia 14 de julho, atuam os Cunfrontos 7Sóis.

Esta cidade entre o Ribatejo e o noroeste alentejano, recebe ainda duas residências musicais com vista a novas produções.

A primeira é dos Estrelas 7Sóis - que incluem Roberto Melo, do Brasil, nas percussões e no violão, Kristi Stassinopoulou, da Grécia, na voz, harmónica e tambor de quadro, e Sthatis Kalyviotis, também helénico, no 'laouto' e 'live looping', e Fernando Meireles, de Portugal, na sanfona, cavaquinho e bandolim, mais "o extraordinário violinista prodígio", Fernandito, de 12 anos.

Seguir-se-á a Jeunesse III du 7Sóis Orkestra, um projeto que é realizado pelo terceiro ano consecutivo que envolve cinco jovens músicos de diferentes culturas musicais enraizadas nos países da Rede Sete Sóis Sete Luas, vencedores do Prémio Revelação Sete Sóis Sete Luas no seu país de origem. A direção musical é do baterista português André Sousa Machado.

Esta "Orkestra" regressa a este concelho para três atuações, nos dias 03, 04 e 05 de agosto.

Nos dias 07 e 08 de setembro, no anfiteatro da zona ribeirinha de Ponte de Sor, apresentam-se a Santo Antão 7Sóis Band, de Cabo Verde, e 'Triplette', respetivamente.

Ainda julho, o SSSL realiza-se em Elvas, no Alto Alentejo, com uma programação constituída por uma "degustação de sabores" da ilha de Reunião, com o 'chef' Emmanuel Michau, e a atuação de Brava 7Luas Band, da ilha cabo-verdiana Brava, no dia 14.

No dia 21 do mesmo mês, volta a acontecer uma degustação, mas com pratos da ilha cabo-verdiana de Maio, seguindo-se um espetáculo por Lúcia de Carvalho, artista angolana que este mês está a realizar uma digressão por França e que já publicou seis alguns, entre os quais, 'Kuzola', 'Angola: Comptines, rondes et jeux de mains', 'Angola: Songs, Rhythms to Dance and Lullabies' e 'Ao descobrir'.

Em agosto, o festival passa por Castelo Branco, Mafra, nos arredores de Lisboa, Castro Verde e Odemira, no baixo Alentejo, e em Alfândega da Fé, no Alto Douro.

Lusa | em Notícias ao Minuto

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