quarta-feira, 15 de agosto de 2018

PM timorense pede ao PR adiamento sem data da tomada de posse de membros do Governo


Díli, 15 ago (Lusa) - O primeiro-ministro timorense solicitou hoje ao Presidente da República o adiamento 'sine die' da tomada de posse de três membros do executivo, em "solidariedade" com um outro grupo de elementos do Governo que ainda não foram nomeados.

O pedido - numa carta enviada pelo chefe do Governo Taur Matan Ruak ao Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, e a que Lusa teve acesso - confirma o impasse que se arrasta há quase dois meses no processo de formação do VIII Governo.

Na carta, enviada hoje, Taur Matan Ruak responde a um ofício de segunda-feira do Presidente da República que confirmava a decisão de nomear Manuel Marçal para o cargo de ministro do Planeamento e Investimento Estratégico.

Nesse ofício Lu-Olo propunha a tomada de posse de Marçal e ainda dos ministros do Petróleo e Recursos Minerais, Alfredo Pires, e do secretário de Estado das Pescas, Rogério Araújo, para quinta-feira às 10:30.

"Venho solicitar o adiamento 'sine die' da citada cerimónia de tomada de posse, a pedido dos membros do Governo nomeados. Mais se informa que este pedido se justifica em solidariedade com os restantes membros indigitados para o Governo, os quais ainda não tiveram, de V. Exca, decisão favorável de nomeação", escreve Taur Matan Ruak.

Recorde-se que o Presidente timorense, Francisco Guterres Lu-Olo, tem recusado dar posse alguns dos membros nomeados pelo primeiro-ministro Taur Matan Ruak, por terem "o seu nome identificado nas instâncias judiciais competentes" ou possuírem "um perfil ético controverso".

O impasse mantinha-se em relação a nove nomes, sete dos quais do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT): Francisco Kalbuadi Lay, Virgílio Smith, Tomás do Rosário Cabral, Jacinto Rigoberto Gomes de Deus, Hélder Lopes, Amândio de Sá Benevides, Sérgio Gama da C. Lobo.

Os dois outros são António Verdial de Sousa e José Manuel Soares Turquel de Jesus, ambos do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO). O CNRT, o KHUNTO e o Partido Libertação Popular (PLP) integram a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), coligação que venceu as eleições de 12 de maio com maioria absoluta.

Numa primeira cedência do Governo, o primeiro-ministro eliminou da lista de nomeados dois dos nomes inicialmente propostos - que estão, atualmente, envolvidos em processos já nos tribunais: Gastão de Sousa, proposto como ministro do Planejamento e Investimento Estratégico (MPIE) - cuja responsabilidade seria assumida por Xanana Gusmão - e Marcos da Cruz, vice-ministro da Agricultura e Pescas, que foi substituído por Rogério Mendonça de Aileu.

Xanana Gusmão chegou a ser nomeado duas vezes em decretos do Presidente da República mas nunca chegou a tomar posse e não deverá sequer integrar o executivo, apesar de liderar a AMP e o seu maior partido.

Com a nomeação dos três novos membros continuam a faltar nomear seis membros do Governo, incluindo o ministro das Finanças.

ASP // MSF 

Moçambique | Samora Machel Júnior é candidato à presidência da Cidade de Maputo


"Samito" concorre depois de ter ficado de fora das opções do seu partido, Frelimo

O filho do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel Júnior, aceitou o convite da Associação Juvenil para o Desenvolvimento de Moçambique (AJUDEM) para encabeçar a lista às eleições autárquicas de 10 Outubro na cidade de Maputo.

As listas de candidatura da AJUDEM para a cidade de Maputo foram submetidas nesta segunda-feira, 13  à Comissão Nacional de Eleições.

Três dias após o pedido, "Samito", como é popularmente conhecido, confirmou a sua disponibildade, segundo o mandatário Albino Forquilha, que confirmou a inscrição.

"A sociedade civil também pode concorrer com base na lei e com base nesses pressupostos a sociedade civil organizou-se e convidou o Samora Machel Lara fazer parte desta corrida e ele aceitou" disse.

A candidatura de "Samito" surgiu após o seu nome ficar de fora da lista dos três candidatos submetidos ao sufrágio interno da Frelimo, no qual foi escolhido Eneas Comiche como cabeça-de-lista.

Esta aceitação de Samora Machel Júnior entra em conflito com os estatutos da Frelimo.

Roque Silva, secretário-geral do partido no poder, foi prudente na sua reacção.

"Dispenso qualquer tipo de comentário, não tenho um facto concreto tudo são suposições, mas se tiver que acontecer isso nós temos que respeitar o pensamento de cada um e tudo aquilo que é a democracia instituída em Moçambique", disse Roque Silva.

Nascido em 1969, Samito é filho de Samora Machel e Josina Muthemba Machel. É empresário.

Moçambique | Novas taxas para jornalistas são "antidemocráticas"


Em Moçambique, aumenta a contestação ao decreto-lei que impõe novas taxas a órgãos de Comunicação Social e jornalistas, consideradas como incomportáveis. Críticos dizem que a liberdade de expressão no país está em causa.

A polémica em torno do decreto-lei sobre as novas taxas para a Comunicação Social em Moçambique dominou os debates num encontro promovido esta terça-feira (14.08) em Maputo para assinalar os 27 anos da Lei de Imprensa no país.

Os participantes consideram que as novas taxas, por serem insustentáveis, vão cercear o direito do público a informação e ao exercício de cidadania.

Dércio Tsandzana, um dos oradores, está particularmente preocupado com as rádios comunitárias, que, de acordo com o novo decreto, terão de pagar uma taxa de licenciamento de 50 mil meticais (cerca de 750 euros). É um valor incomportável, que compromete o trabalho daqueles que são os primeiros órgãos a lidar "diretamente com questões que acontecem ao nível das comunidades, a nível local, onde a informação escasseia", afirmou o pesquisador e gestor de plataformas sociais e digitais.

Correspondentes de órgãos estrangeiros

Além disso, o novo decreto-lei impõe o pagamento de uma taxa de 500 mil meticais, o equivalente a cerca de 7.500 euros, pela acreditação de um correspondente estrangeiro residente em Moçambique e igual valor pela renovação. O Governo passará ainda a cobrar 200 mil meticais, cerca de 3.000 euros, pela acreditação de um correspondente permanente nacional de um órgão de comunicação social estrangeiro e igual valor pela renovação da acreditação.

A diretora do Gabinete de Informação de Moçambique, Emília Moiane, disse que a introdução das novas taxas tem em conta as condições do mercado e a necessidade de disciplinar o setor.

Mas o jornalista Tom Bowker, da Zitamar News, está preocupado: "Acho que as taxas são mesmo muito altas e só podem danificar a liberdade de expressão e a diversidade de vozes nos média".

Bowker frisa que as taxas "foram introduzidas sem consultar os órgãos de Comunicação Social e nós, os jornalistas". Caso o decreto-lei não seja revogado ou revisto, o jornalista teme que a sua publicação tenha de pagar anualmente 27 mil dólares em taxas para se manter em funcionamento com os seus atuais cinco jornalistas, dois deles estrangeiros.
Pedidos para anular decreto

Arsénio Manhice, de uma organização local denominada "Mídia Lab", que se dedica à formação de jornalistas, considera que o novo decreto-lei "é antidemocrático e contraria todos os princípios plasmados na Constituição da República relativamente à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa."

Por isso, segundo o especialista, "o esforço que existe é para este decreto não entrar em vigor, porque, a entrar em vigor, vai efetivamente prejudicar o cidadão, que não vai ter a informação que é produzida pelos diferentes órgãos de informação social."

Um grupo de organizações da sociedade civil submeteu esta terça-feira uma petição ao Provedor de Justiça para que solicite ao Conselho Constitucional uma declaração de inconstitucionalidade e de ilegalidade do decreto-lei.

Leonel Matias (Maputo) | Deutsche Welle

Julgamento sumário em Cabinda de ativistas independentistas


Treze membros do Movimento Independentista de Cabinda (MIC) detidos no fim de semana começaram esta terça-feira a ser julgados sumariamente. Deputado Raul Tati diz que esta não é a solução para os problemas no enclave.

Os membros do MIC, um novo movimento que visa a independência do enclave angolano e a defesa de forma não violenta dos direitos fundamentais do povo de Cabinda, foram detidos no sábado (11.08) por agentes dos Serviços de Investigação Criminal (SIC), sob a alegação de atos preparatórios contra a segurança do Estado e instigação à violência.

As detenções foram feitas na residência do presidente do MIC, Maurício Gimbi, momentos antes de um encontro para apresentação pública da nova organização independentista de Cabinda.

Os 13 ativistas começaram a ser julgados esta terça-feira (14.08) pelo Tribunal Provincial de Cabinda e incorrem em crimes que vão até 12 anos de prisão.

A acompanhar o assunto está Raul Tati, ativista de Cabinda e deputado da União Nacional para a Independência Toral de Angola (UNITA), o maior partido na oposição.

"Segundo as fontes policiais, os jovens terão sido persuadidos a não fazer o encontro e teriam registado alguma resistência, incorrendo naquilo a que eles chamam de instigação e desobediência à autoridade. Os jovens dizem que não foi exatamente o que aconteceu. Quando eles preparavam a apresentação, a polícia veio e começou a prendê-los", conta em entrevista à DW África.

Raul Tati já visitou os detidos e diz que os jovens foram postos numa cela sem quaisquer condições. "O lugar onde estão não dá nem para animais, mete dó", lamenta. Revela ainda que os 13 jovens do MIC dizem temer pela vida.

Diálogo com João Lourenço

O deputado da UNITA deixa um apelo ao Presidente angolano, João Lourenço, para dialogar de forma aberta sobre os problemas de Cabinda, ao invés de dar continuidade à política do seu antecessor. Deve "sentar-se com os cabindas e encontrar uma modalidade política e administrativa que possa ser aprovada pelos cabindas", defende.

"Se prender grupos e algumas personalidades de Cabinda, nunca vai resolver o problema. Eu não acredito que estes jovens, uma vez presos, desistam das suas convicções e daquilo que pretendem", afirma Raul tati.

À semelhança da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda(FLEC), movimento de guerrilha que há mais de três décadas vem exigindo ao poder político de Luanda a desanexação de Cabinda do território angolano, o novo movimento surge como os mesmos propósitos.

A DW África tentou, sem sucesso, ouvir a Procuradoria-Geral da República (PGR) e os advogados dos acusados.

Nelson Francisco Sul (Luanda) | Deutsche Welle

Angola | Restos mortais de Jonas Savimbi devolvidos à UNITA ainda este ano


Presidente angolano prometeu empenhar-se pessoalmente no processo de exumação do corpo do antigo líder da UNITA Jonas Savimbi, abatido durante a guerra civil em 2002. Restos mortais estão em Lucusse, à guarda do Estado.

A garantia foi dada por João Lourenço ao presidente da União Nacional da Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, durante um encontro realizado esta terça-feira (14.08), no Palácio Presidencial, o segundo desde que o chefe de Estado angolano chegou ao poder, em setembro de 2017.

Isaías Samakuva não entrou em detalhes sobre a real data que será concluído o processo, mas diz ter recebido garantias do Presidente da República João Lourenço de que será ainda este ano.

“O senhor Presidente comunicou-nos alguns passos novos, que constam até de uma decisão tomada esta terça-feira (14.08) que ele fez constar no despacho interno e deu, de facto, um limite temporal dentro do qual gostaria de ver este assunto resolvido. Não vou mencionar aqui datas concretas, mas, pelo que nos disse, este ano este assunto ficaria resolvido", explicou Samakuva.

A 6 deste mês, Samakuva lamentou que o Estado angolano continue a reter os restos mortais de Jonas Savimbi, morto em 2002, facto que o líder da UNITA disse constituir "um testemunho gritante da política de exclusão entre irmãos", acrescentando que a atitude de Luanda "simboliza a necessidade imperativa da genuína reconciliação nacional" e está a impedir a realização de um "funeral condigno".

líder histórico da UNITA nasceu a 3 de agosto de 1934, no Munhango, a comuna fronteiriça entre as províncias do Bié e Moxico e viria a ser morto em combate após uma perseguição das Forças Armadas Angolanas (FAA) a 22 de fevereiro de 2002, próximo de Lucusse, na província do Moxico, onde os seus restos mortais permanecem sepultados, à guarda do Estado angolano.

Os familiares de Jonas Savimbi, morto em combate, a 22 de Fevereiro de 2002, aguardam há mais de 15 a conclusão deste processo. Rafael Massanga Savimbi, um dos filhos do malogrado, contactado pela DW, limitou-se em afirmar que o “momento não é ainda de balanço, mas de ação”.

Exumação dos restos mortais

Na segunda-feira (13.08), o Ministério do Interior angolano respondeu ao repto feito por Samakuva a 6 deste mês, lembrando que o processo foi iniciado pelo líder da UNITA a 11 de dezembro de 2014, precisamente numa carta endereçada ao então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos. Na carta, Samakuva informava que iria iniciar um processo de exumação e inumação dos restos mortais de Savimbi, solicitando também a indicação de um interlocutor do Governo para abordar o assunto.

O então chefe de Estado, lê-se no documento, indicou o Ministério do Interior para representar o Governo e, por sua vez, a direção da UNITA avançou com o nome do na altura vice-presidente do partido, Ernesto Mulato, na qualidade de coordenador da comissão das exéquias do líder fundador.

Em maio de 2015, segundo o comunicado, o ministro do Interior reuniu-se com Ernesto Mulato, acompanhado por vários membros da comissão, entre eles um dos filhos do antigo líder, Rafael Savimbi.

"No encontro, a delegação da UNITA apresentou um caderno de encargos sobre as exéquias do Dr. Jonas Savimbi, que previa atividades até ao primeiro trimestre de 2016. [Já houve) outros encontros, quer com o presidente Samakuva, com o [atual] vice-presidente Raul Danda, com o presidente da bancada parlamentar, Adalberto Costa Júnior, entre outros, para a abordagem de questões pontuais", refere-se no comunicado.

No documento, o Ministério do Interior manifesta disponibilidade para continuar a tratar do assunto, nos termos da orientação política do executivo e dos resultados do encontro mantido com a direção da UNITA e para tal enviou segunda-feira uma carta a Samakuva.

O Ministério do Interior adiantou que a direção da maior partido da oposição angolana ainda não enviou os documentos referentes ao processo, que não aborda o assunto no mecanismo da comissão criada e que, "provavelmente, o então vice-presidente da UNITA, Ernesto Mulato, não passou o processo ao atual vice-presidente, Raul Danda".

O porta-voz e deputado da UNITA, Alcides Sakala, sem, para já, avançar mais comentários, confirmou que a comissão do partido continua a ser coordenada por Ernesto Mulato e que doravante o partido irá avançar com novas iniciativas.

Reconciliação Nacional

Para além do tema da exumação, o encontro entre o Presidente da República e Isaías Samakuva também abordou outro assuntos como a reconciliação nacional.

“Achamos que deveríamos aproveitar a oportunidade para tratar de várias questões relacionadas com o processo de reconciliação nacional”, disse Samakuva à DW África.

Uma das questões por se resolver é a integração dos ex -militares das FALA, então braço armado da UNITA. Em recente entrevista à imprensa local, Marcial Dachala membro da Comissão Política do Partido, referiu que cerca de 78 mil antigos combatentes desmobilizados ainda não foram reintegrados até ao momento.

O jornalista Ilídio Manuel diz que a posição tomada pelo Presidente João Lourenço abre um caminho para o processo de reconciliação nacional em curso no país e que João Lourenço fez aquilo que José Eduardo dos Santos vinha a adiar.

"Desde há muito que a UNITA foi reivindicando o corpo do seu líder não sei quais são os receios que tiveram em entregar o corpo tendo em conta que na tradição africana o corpo só acaba com o enterro da pessoa", afirmou o jornalista.

 Agência Lusa | em Deutsche Welle

Chefes de Estado em Luanda pedem maior envolvimento na resolução de conflitos


Presidentes de Angola, Congo e Gabão realizaram reunião de concertação, após ausência dos homólogos na mini-cimeira desta terça-feira, em Luanda.

Os chefes de Estado que participaram esta terça-feira (14.08) na mini-cimeira de Luanda solicitaram aos homólogos das regiões Central, Austral e dos Grandes Lagos em África o envolvimento pessoal na resolução dos conflitos políticos e militares que afetam a região.

Na sua posição, os responsáveis referiam-se aos conflitos na RDCongo, Sudão e Sudão do Sul, Burundi e República Centro Africana.

A reunião na capital angolana, que tinha prevista a presença de seis chefes de Estado, bem como do Presidente da União Africana (UA), acabou por contar com os Presidentes gabonês, Ali Bongo, e congolês, Dennis Sassou Nguesso, convidados pelo homólogo angolano, João Lourenço.

A situação na República Democrática do Congo (RDCongo) foi o ponto central de reuniões separadas, tendo de um lado os três Presidentes presentes e do outro os chefes da diplomacia de Angola, Congo, RDCongo, Gabão, Ruanda e Uganda, bem como Mohamed El Hacen Lebatto, conselheiro estratégico do Presidente da Comissão da União Africana.

Desenvolvimentos positivos

Segundo o comunicado final da "Cimeira de Chefes de Estado e de Governo de Concertação Política para a Unidade na Ação", que decorreu no hotel de convenções de Talatona, a 25 quilómetros de Luanda, João Lourenço, Sassou Nguesso e Ali Bongo, passaram em revista a atual situação política e de segurança nas três regiões, tendo manifestado satisfação pelos desenvolvimentos positivos registados recentemente.

Sobre a RDCongo, os seis países e a organização pan-africana saudaram o facto de o Presidente congolês, Joseph Kabila, de ter "honrado a palavra ao respeitar escrupulosamente a Constituição", não voltando a concorrer às eleições presidenciais, previstas para dezembro, no termo do seu segundo mandato.

"Esta é uma demonstração clara da sua determinação em colocar o interesse do povo acima de qualquer outra consideração", sublinharam.

Os participantes na reunião de Luanda saudaram, por outro lado, o "empenho" do secretário-geral das Nações Unidas, o antigo primeiro-ministro português António Guterres, e o papel de missão de paz da ONU (Monusco) para a estabilidade da RDCongo, reafirmando a disposição em acompanhar as autoridades congolesas, "neste momento importante de consolidação do seu progresso democrático" tendo em vista as eleições presidenciais de 23 de dezembro.

Ainda sobre a RDCongo, os três presidentes mostraram-se "preocupados com a presença contínua das forças negativas" de dois movimentos rebeldes no leste do país, "onde continuam a fazer vítimas civis e a desestabilizar os países vizinhos". Nesse sentido, apelaram para uma "ação regional contra essas forças negativas".

Paz e reconciliação nacional

Sobre o acordo de paz entre o Sudão e o Sudão do Sul assinado na semana passada, a reunião de Luanda encorajou os Presidentes Riek Marshar e Salva Kiir a envolverem-se na aplicação do definido, "para proporcionar a desejada paz e reconciliação nacional pelo povo sul-sudanês".

Manifestando-se "preocupados" com a "persistência do clima de instabilidade" na República Centro Africana, os participantes na reunião em Luanda afirmaram a disponibilidade para continuar a trabalhar com os Governos e outros atores políticos do país "para que se alcance uma paz duradoura".

esforços da missão de paz da ONU na RCA, prestando homenagem aos 'capacetes azuis' que sacrificaram as suas vidas pela paz na República Centro Africana.  

Em relação ao Burundi, os chefes de Estado presentes em Luanda foram informados da "evolução positiva" da situação interna nesse país da costa ocidental africana, encorajando o prosseguimento do processo de diálogo.

Satisfeitos com a UA

Por fim, os três chefes de Estado e os seis chefes da diplomacia presentes, mostraram-se "satisfeitos" pelo papel da União Africana em todas as situações examinadas e encorajaram a presidência em exercício da UA e da respetiva Comissão "a continuar os esforços para a paz, segurança e reconciliação" nos países analisados em Luanda.

Prevista estava inicialmente a presença dos chefes de Estado da RDCongo, Joseph Kabila, Ruanda, Paul Kagame, e do Uganda, Yoweri Museveni, bem como a do presidente da União Africana, que se chama Moussa Faki Mahamat.

O comunicado final da reunião de Luanda foi lido pelo secretário de Estado das Relações Exteriores angolanas, Tete António, que se limitou a ler o documento sem que houvesse direito a quaisquer questões colocadas por jornalistas, que ficaram sem saber as razões de tantas ausências.

A reunião de Luanda antecede em três dias a cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que decorrerá em Windhoek (Namíbia) e nela será feita uma discussão e concertação política sobre os projetos de paz e estabilidade nas duas regiões africanas.

Angola preside ao Órgão de Defesa e Segurança da SADC.

Luanda cumpre o seu dever na SADC

Sobre a mini-cimeira de Luanda, a DW África conversou com o especialista em relações internacionais Agustto Báfuabáfua, que considera que Luanda está a cumprir o seu dever na região da SADC.

“Nós temos uma fronteira vasta com esta região do continente africano, mais especificamente com o Congo Democrático e é impensável pensar no desenvolvimento de Angola sem que esta região esteja pacificada ou desenvolvida. Então, não é uma opção é uma obrigação e Angola está a cumprir bem este papel”.

Para Báfuabáfua, a República Centro Africana “está numa linha vermelha por causa das questões étnico-religiosas. Ele sublinha que esta situação estende-se também aos seus países vizinhos como a Nigéria, os Camarões e a Tanzânia.

“Estão numa linha de que são a frente do combate, frente da discórdia entre duas das maiores religiões monoteístas do mundo: o Cristianismo e o Islamismo. Mas não vemos se não a degladiação entre dois seguidores da fé, dois grandes actores religiosos ao nível do continente e do mundo. Então, é uma espécie de uma guerra santa”.

Quanto ao acordo de paz alcançado no Sudão do Sul, o analista mostra-se reticente.

“Porque hoje está-se a usar uma solução que não funcionou já duas vezes sendo a primeira em 2013. Ou seja, essa ideia de que, Salva Kiir fica o Presidente e Rick Machar vice-Presidente não funciona. Há uma desconfiança interna entre os dois candidatos inclusive com atentado para ambas as partes. Então, não é recomendável que este Governo de unidade nacional seja implementado”.

No final da mini-cimeira de Luanda, os líderes lançaram um apelo às organizações africanas:

 “Os chefes de Estado encorajaram a presidência em exercício da União Africana e da Comissão a continuarem os esforços para paz, segurança e a reconciliação nos referidos países”.

Manuel Luamba (Luanda), Agência Lusa | Deutsche Welle

Portugal | E agora, vampiros meus, que tendes para alimentar a insaciável avidez?


Jorge Rocha* | opinião

O grande incêndio de Monchique está quase esgotado nas televisões, após estas terem-no aproveitado para criar aquele clima de «drama», de «horror» com que se comprazem, não só para ganharem audiências, mas sobretudo para criticarem, mais ou menos explicitamente, o governo de António Costa.

Não tendo acontecido os mortos, que possibilitassem à Judite da TVI voltar a falar em direto com um cadáver em plano de fundo, ou para que a brasileira de Pedrógão pudesse ter mais uns minutos de glória a interligar a tragédia do ano transato com o incêndio desta semana, os diretores de informação têm de render-se à inevitabilidade de captarem o regozijo do primeiro-ministro por essa grande vitória que terá sido a inexistência de perda de vidas humanas. E isso, só por si, constitui uma grande vitória para o governo e para a estratégia gizada desde o ano passado sob a coordenação do ministro Eduardo Cabrita.

No rescaldo das cinzas cresce a noção de, a repetirem-se diretos das zonas ardidas, serem sentidas como não-notícias, que justificam o zapping para quem possa, por essa altura, apresentar informações mais apelativas. Até mesmo a tentativa de pôr em causa a ação musculada das forças policiais para forçarem a evacuação de quem estava em risco, priorizando a salvaguarda dos bens em detrimento da própria vida, foi desarticulada pelos constitucionalistas de direita chamados de urgência para comporem o ramalhete dos pivots, que desgraçadamente se viram criticados em direto. Ou essoutro intento de criticar a excessiva importância conferida a precaver a vida das populações em prejuízo das casas e árvores, que as chamas incontroláveis, estimuladas pelos ventos, iam consumindo. Quando José Manuel Mestre e um seu tonto colega da SIC o pressupuseram, logo um ruidoso coro público os desaprovou.

A angústia dos Ricardos Costas ou dos Sérgios Figueredos (nem refiro os da sarjeta da Cofina!) residirá agora em não encontrarem matéria passível de tapar o vazio de não existirem novas estórias que possam cavalgar para porem em xeque o governo. Depois deste sinistro, os do ano transato converteram-se em histórias passadas, e o roubo de Tancos já foi tão explorado, que nem a ajuda de Marcelo conseguirá reaviva-lo. Valem-lhes que tragédias não faltam noutras latitudes, desde vulcões e sismos na Indonésia às cheias em França. Para quem se alimenta das desgraças alheias, há sempre fartos mortos a vampirizar!

*Jorge Rocha | Ventos Semeados

Portugal |Sozinhos em casa


Miguel Guedes | Jornal de Notícias | opinião

A retórica dos fogos ganhou este ano um novo apontamento vigoroso, o supremo valor da propriedade face à protecção da vida humana. É inquestionável que a defesa das casas, bens e haveres é obrigação de todos e, naturalmente, incumbência maior de todas as forças no terreno. Não se pode, de resto, ignorar ou diminuir o conhecimento de pessoas, anónimas, que saberão acrescentar algo mais ao plano estrutural de combate aos fogos e à organização dos meios no terreno. Se tempo houvesse. Terá havido excessos. Mas independentemente do desastre de Pedrógão e da falta de confiança dos cidadãos na capacidade do Estado, é espantoso ver tantas pessoas a valorizar mais a vida humana em feto (contra a interrupção voluntária da gravidez) ou a vida desumana em sofrimento atroz (contra a eutanásia), do que a vida de quem teima, por natural desespero, em ficar sozinha em casa a defender a sua propriedade para, possivelmente, nela morrer. A falta de confiança neste Estado não o extingue pelo fogo.

Os especialistas em incêndios viveram uma relação de amor e ódio com o indomável fogo de Monchique. Afinidade com a cotação do bitaite a subir, dias a fio, ao nível das altas temperaturas e com o estigma da comparação com o passado recente de Pedrógão, como se dente por dente fosse lume por lume, como se dois fogos houvesse que se sintetizassem num só, à vista desarmada, por apropriação de identidade ou fogo de vista. É chocante a nossa incapacidade em fazer frente ao que todos os anos parece ser inevitável, hectares e hectares de terra ardida sob os olhares-faísca de gente desesperada ou em pânico, uma imensa tristeza que se abate e galopa como certa, inferno de luz, na sua direcção. Tudo o que sabemos porque temos memória. Mas não podemos escurecer à sua luz: a memória de Pedrógão não nos autoriza ao descaramento de olhar para Monchique lendo sucessos ou insucessos pelos números do desastre, à comparação. Continuamos a olhar para trás para não ver o que está à ilharga.

António Costa congratulou-se pelo facto de ninguém ter morrido em Monchique mas esteve mal ao puxar pela comparação gratuita com Pedrógão. Friendly-fire. A ponte Morandi em Génova foi construída com betão leve nos anos 60 e vinha com um prazo: durabilidade máxima de 30 anos. Contavam-se cerca de 20 pontes como esta em todo o Mundo. Todas elas foram demolidas e reconstruídas. Todas, excepto a que ontem caiu, vitimando dezenas de pessoas. O caso único, a única comparação que faz sentido.

O autor escreve segundo a antiga ortografia

*Músico e jurista

Portugal | Juiz Neto de Moura: O Audi de luxo de cada dia nos dê hoje


Um juiz mentiroso, Neto de Moura, o tal da bíblia citada sobre a violência doméstica para ele desculpabilizada, inocentada. Retrógrado, rasca, pantomineiro. Eis como anda a tal coisa mal amanhada a que chamam justiça. Por parte do PG dispensamos palavrar muito mais sobre gente rançosa que não merece abastados vencimentos e mordomias à custa dos contribuintes quando nada valem como pessoas e por inerência nada valem em prol da justiça que seria suposto fazerem se fossem de recato e impolutos, credibizando humana e profissionalmente a justiça. Bons e exemplares cidadãos era o que deviam ser. Moura, pfff. Será pedir demasiado? Para juízes, para quem julga e decide penalmente sobre os outros, não é pedir muito mas sim o imprescindivel. (MM | PG)

Juiz Neto de Moura esconde Audi ao tribunal

O juiz Joaquim Neto de Moura declarou em tribunal que era proprietário de um único automóvel, ao fundamentar um pedido de indemnização deduzido contra um agente da PSP que lho apreendera, mas o Tribunal de Loures concluiria que o juiz tinha um segundo carro - mais caro, moderno e luxuoso do que o primeiro.

Em resultado dessa e de outras contradições, o tribunal absolveu o agente de quem se queixara o desembargador da Relação do Porto, que anda na ribalta desde que o JN noticiou um acórdão sobre violência doméstica que ele contextualizou com citações da Bíblia.

Nelson Morais | Jornal de Notícias

Balanço provisório de 35 mortes em desabamento de ponte em Itália


As equipas de resgate continuaram a trabalhar na madrugada de quarta-feira para tentar encontrar sobreviventes nos escombros do viaduto que desabou na terça-feira em Génova, na Itália, com um balanço provisório de 35 mortes.

O súbito desabamento da Ponte Morandi, que fica numa zona industrial de Génova, no norte da Itália, provocou a queda de cerca de 35 carros e alguns camiões de uma altura de 45 metros.

A ponte, localizada na autoestrada 10 (A10), já era conhecida por apresentar problemas estruturais e os políticos italianos já pediram que os potenciais culpados sejam responsabilizados e punidos.

O balanço de mortos é ainda incerto.

O ministro do Interior, Matteo Salvini declarou no final de terça-feira que há "cerca de trinta mortes confirmadas", prometendo que os responsáveis pelo acidente "pagariam, pagariam tudo e pagariam caro".

Na manhã de hoje, os meios de comunicação italianos, citando fontes do Ministério do Interior italiano, referiram que o número provisório de mortos é de 35, incluindo três crianças de 08 a 12 anos.

Os socorristas também retiraram dos escombros 16 feridos, 12 dos quais em estado grave.

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte esteve no local do acidente na noite de terça-feira e, hoje, deverão visitar o local o vice-primeiro-ministro, Luigi di Maio, e o ministro dos Transportes e Infraestruturas, Danilo Toninelli.

Matteo Salvini é esperado na tarde de hoje no local do acidente, o mais mortífero desde 2001.

"É uma catástrofe que atingiu Génova e toda a Itália. Uma tragédia assustadora e absurda atingiu pessoas e famílias", disse o Presidente italiano, Sergio Mattarella, num comunicado.

Ao anoitecer, centenas de equipas de resgate continuavam a procurar nos escombros do viaduto sobreviventes com a ajuda de cães.

Segundo a proteção civil italiana, contando com todo o pessoal envolvido (bombeiros, polícias, Cruz Vermelha), foram mobilizadas cerca de mil pessoas para os trabalhos de resgate.

"A esperança nunca termina, já salvamos uma dúzia de pessoas sob os escombros, vamos trabalhar 24 horas por dia", disse à agência de notícias AFP um dos responsáveis pelos bombeiros, Emanuele Gissi.

Lusa | em Notícias ao Minuto

Coreia do Norte é suspeita de iludir EUA quanto à desnuclearização da península


A Coreia do Norte continua desmantelando o polígono de Sohae, a partir do qual eram lançados os mísseis balísticos intercontinentais, mas não toca nas instalações nucleares, escreve o South China Morning Post.

Segundo relata o grupo 38North, que monitoriza a atividade nuclear da Coreia do Norte, no campo de lançamento de Sohae a estrutura de aço do estande de testes vertical foi desmantelada e os tanques para combustíveis e oxidantes foram retirados. As paredes da plataforma de lançamento estão sendo gradualmente desmontadas.

Na Universidade de Yonse de Seul, na Coreia do Sul, observam que as instalações relacionadas aos mísseis balísticos intercontinentais estão entre as primeiras ameaças aos EUA, já que estes podem potencialmente transportar uma ogiva nuclear até o território norte-americano. Neste contexto, o desmantelamento de Sohae é um passo importante que pode significar a desistência de Pyongyang de desenvolver essa tecnologia.

Ao mesmo tempo, os especialistas salientam que a Coreia do Norte pode manter seu arsenal nuclear para que a posição do país tenha mais peso durante as negociações com os EUA. Em particular, isso é evidenciado pelas fotografias do Centro de Pesquisa Científica Nuclear de Yongbyon captadas em junho. Nota-se que um novo prédio pequeno foi construído no local e que foi modificado o circuito de resfriamento secundário para o reator elétrico de plutônio com potência de 5 megawatts.

No final de julho foi informado que a Coreia do Norte havia começado a desmantelar o polígono de Sohae. Em maio, Pyongyang anunciou o fechamento do polígono nuclear de Punggye-ri. Ao mesmo tempo, a inteligência dos EUA declarou que o local permanece utilizável.

Na reunião de cúpula em 12 de junho, o líder norte-coreano Kim Jong-un comunicou ao presidente dos EUA, Donald Trump, sobre os planos para desnuclearizar completamente a península coreana.

Sputnik | Foto: Ilya Pitalev

Jornalista: EUA testam armas biológicas nos países do Leste Europeu


Surtos de peste suína africana no Leste Europeu encaixam no quadro dos testes de armas biológicas pelos EUA destinadas a uma terceira guerra mundial, escreveu o observador da Sputnik, Aleksandr Khrolenko.

De acordo com a investigação dele, publicada na Sputnik Letônia, um papel especial neste quadro é atribuído pelos EUA aos países do Báltico, que desempenham o papel de polígono principal dos testes.

Para comprovar tal afirmação, o jornalista enumerou vários fatos. Em particular, em junho, a peste suína africana foi descoberta em 165 porcos na Letônia. Posteriormente, foram mortos vinte mil animais, o que levou a grandes perdas financeiras entre os granjeiros. Além disso, as autoridades letãs propuseram aos granjeiros que abandonassem completamente a criação de porcos, já que no território do país tinham sido registrados 41 surtos da doença viral.

Khrolenko assinalou que os surtos dessa doença são muito paradoxais, já que o vírus da peste suína africana não é resistente às condições das regiões do norte, tendo destacado que tal particularidade não poderia surgir do nada em um prazo tão curto, mas somente poderia ter sido criada em condições laboratoriais.

Simultaneamente, surtos da doença ocorreram em muitos outros países, tais como a Geórgia, Ucrânia, Moldávia, Polônia e nos países do Báltico. Segundo o jornalista, este paradoxo se deve ao surgimento de uma densa rede de laboratórios biológicos do Pentágono exatamente nestes países.

De acordo com ele, os EUA estão elaborando e estudando a influência direta, bem como indireta, de novos tipos de vírus sobre as pessoas em diferentes regiões, através da peste suína africana e da ruptura da segurança alimentar.

Enquanto isso, as autoridades dos referidos países até podem mesmo não estar a par dos resultados finais dos projetos biológicos do Pentágono. As pesquisas na área de projetos perigosos são distribuídas por diversos laboratórios e países, enquanto o relatório completo é elaborado no Centro de Pesquisas Biológicas do Pentágono, em Fort Detrick, localizado no território dos EUA, relatou Khrolenko.

Além disso, de acordo com o colunista, nas áreas dos países pós-soviéticos e nos países do Báltico os sistemas nacionais de controle epidemiológico são ajustados conforme os padrões norte-americanos.

Os sistemas eletrônicos de recolha, processamento, armazenamento e transmissão das informações, implementados nos laboratórios, enviam relatórios aos EUA sobre cada caso suspeito de contaminação.

Khrolenko acredita também que, com o passar do tempo, a frequência e o perigo de incidentes biológicos vai aumentar, já que essas biotecnologias fazem com que o processo de limpeza do espaço vital seja mais barato, bem como simplificam a luta pelos recursos naturais do planeta, além de darem um grande retorno financeiro ao criador dos vírus.

Sputnik | Foto: Pavel Lisitsyn

Mais lidas da semana