domingo, 28 de outubro de 2018

Eurodeputados portugueses em São Paulo acreditam na "virada" de Haddad


Francisco Assis (PS) e João Pimenta Lopes (PCP) estão no Brasil, a convite da candidatura de Fernando Haddad Manuela D'Ávila. Testemunharam o entusiasmo na hipótese de uma reviravolta este domingo.

Tem sido uma voz muito crítica em relação a Jair Bolsonaro e um artigo que escreveu no jornal Público, intitulado "Um canalha à porta do Planalto", teve impacto no Brasil, com milhares de partilhas. Por isso, Francisco Assis foi convidado para estar em São Paulo com Fernando Haddad, o candidato do PT, na véspera e no dia da segunda volta.

Quem também cá está, para acompanhar o dia que vai decidir o futuro imediato do Brasil é o eurodeputado do PCP João Pimenta Lopes, que tal como Assis esteve reunido com pessoas ligadas ao PT, ao Partido Comunista do Brasil e outros movimentos na CUT, a Central Única dos Trabalhadores. E lá, nessas reuniões, otimismo não foi palavra vã para descrever o que os dois eurodeputados portugueses encontraram ouviram.

"Vi que estão muito animados, que estão muito convencidos pela forma como correu a campanha nesta última semana. Há aqui uma grande animação e uma grande esperança. E isso é muito importante. Primeiro porque há expectativas para uma vitória que considero absolutamente essencial mas se perderem será, apesar de tudo, bom que percam com uma excelente votação porque isso permitirá depois reforçar a sua capacidade de contestação a um Presidente da República com características pouco recomendáveis", diz Francisco Assis à TSF.

Já João Pimenta Lopes diz que sentiu confiança. "Compreendendo a dificuldade da situação e que nada está certo, uma grande confiança de que ainda é possível fazer aquilo que aqui se chama 'a virada'. Uma grande confiança nos movimentos progressistas, democráticos, que o povo brasileiro se mobilize em defesa da democracia, da liberdade, rejeitando um projecto que encarna uma visão fascista".

Francisco Assis não tem dúvidas em chamar energúmeno a Bolsonaro, e afirma que o candidato do PSL é um antidemocrata. Daí o espanto que lhe causou a posição neutra de Ciro Gomes, o líder do Partido Democrático Trabalhista: "Ele neste momento tinha obrigação absoluta de se colocar ao lado de Haddad e de não de se refugiar como uma espécie de solução futura para o Brasil".

E se Bolsonaro vencer, João Pimenta Lopes receia a violência nas ruas. "Existe o grande risco, e isso pode ser transportado para fora do Brasil também, de que movimentos reacionários, fascistas, assumam nas suas mãos também aquilo que são as palavras de Bolsonaro. Essa é mais uma das razões para fazer a 'virada' e para garantir que se defenda a democracia e a liberdade no Brasil", adiantou o eurodeputado.

A resposta será dada este domingo, pelos brasileiros, nas urnas.

Ricardo Oliveira Duarte, Enviado Especial a São Paulo | TSF

Foto: Reuters/Sérgio Morais

Bolsonaro/Fake News | Brasil: o maior crime eleitoral de sempre


Nas redes sociais as chamadas “fake news” vão desde a montagem de fotografias, à publicação de pseudo-estatíticas, passando por truncagem de vídeos ou criação de sites aparentemente noticiosos

Brasil está a viver o maior crime eleitoral de sempre via redes sociais. Só agora é que se começa a perceber a verdeira dimensão da “bolha” criada nos últimos três anos pela militância pró-Bolsonaro”, afirma João Nuno Martins, coordenador de uma equipa que monitoriza os grupos pró-bolsonaro no WhatsApp com o objetivo de os denunciar à justiça.

“É uma forma de ativismo e de acção política, no fundo é exercer cidadania”, explica o produtor artístico que divide o seu tempo entre Lisboa e o Rio de Janeiro. Salienta que o grupo que coordena “não tem qualquer ligação a partidos políticos”. Depois da produção musical em Portugal, João Nuno Martins alargou o seu campo de acção na área de produção artística e capitalizou a experiência com colaborações com o colectivo brasileiro MidiaNinja, entre outros. Um “abrir de horizontes” que o levou a criar o FrontFiles.com, um plataforma global de apoio ao jornalismo independente, com material editorial de imagens, vídeo e ilustração.

“É apenas a ponta do icebergue o caso de empresários a financiarem ilegalmente campanhas no WhatsApp pró-Bolsonaro revelado pelo Folha de São Paulo na semana passadam acrescenta. O ativista lembra os contactos entre Flávio Bolsonaro – filho do candidato - e Steve Bannon, o estratega da campanha ou a entrada da Cambridge Analytica no Brasil, com um dos diretores a dizer que era possível eleger deputados quase a 100% com recurso às redes sociais.

Nas redes sociais as chamadas “fake news” vão desde a montagem de fotografias, à publicação de pseudo-estatíticas, passando por truncagem de vídeos ou criação de sites aparentemente noticiosos, por exemplo. (ver exemplos aqui) https://www.tercalivre.com.br/quadrilha-detida-sacando-68-milhoes-para-haddad/
https://cesarweis.com/incrivel-gleisi-hoffmann-preve-um-atentado-contra-haddad-e-ja-sabe-o-culpado-bolsonaro/?fbclid=IwAR3X3IWxrUsvjLm-1tvDF41RGdImd_LQgDxPxlfsP-AyCrL1NJlS7OF6hxg

Para João Nuno Martins, dentro das redes sociais, o WhatsApp é a ferramenta mais poderosa. “Criam-se grupos privados onde só se entra por convite, com o que se geram bolhas pró-Bolsonaro que se mantiveram desconhecidas até agora. Uma espécie de realidade alternativa”, explica. As redes sociais são alimentadas por máquinas e por um “exército de voluntários” que revela grandes conhecimentos tecnológicos e de produção de conteúdos.

“Identicamos os 'bot' (robots que difundem informações falsas sem intervenção humana) e os números associados a contas reais com 'fake news. Arquivamos o histórico de chat, imprimimos as conversas, e compilamos as notícias falsas”, afirma.

“O material recolhido é depois encaminhado por advogados para a Procuradoria Geral da República, para juízes do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal para os induzir a abrir investigações”, acrescenta.

A disseminação de notícias falsas e a difamação são considerados crime pela legislação brasileira. O financiamento empresarial de campanhas eleitorais nas redes sociais é igualmente crime pois está proibido desde 2015, data a partir da qual candidatos e partidos apenas podem contar com fundos públicos para as suas campanhas eleitorais.

CÉLULA E INFILTRADOS

“O nosso grupo é composto por pessoas que não se conhecem umas à outras. Somos uma espécie de “célula”. Nasceu espontaneamente através de grupos de esquerda, ganhou dimensão e começámos a planear estratégias”, afirma. A equipa cooordenada pelo produtor artístico tem atualmente 48 pessoas que monitorizam a atividade de mais de 500 grupos de apoiantes do candidato de extrema-direita.

Ao infiltrarem-se num grupo pró-Bolosnaro, os ativistas assumem várias identidades. Com base na cartilha pregada por Jair Bolsonaro, assumem a pele de militantes de ultra-direita, defendendo a esterilização dos pobres, o fim das regalias das empregadas domésticas ou apelando para a liberalização do uso de armas, por exemplo. Outros, assumem-se como eleitores indecisos que querem consolidar a sua escolha nas urnas. “O objetivo é o de estimular o debate e, se possível, tentar alterar a percepção das pessoas face ao radicalismo do candidato e virar votos. Por vezes o debate aquece de tal forma, que as pessoas assustam-se e saem do grupo”.

João Nuno Martins exemplifica com experiências pessoais como ter-se passado por empresário num grupo de camionistas e “o único patrão presente tornou-se logo sindicalista", chegando a pedir ao ativista no “chat" privado para “moderar o discurso para não afastar as pessoas”.

João Nuno Martins sabe da existência de pelo menos duas dezenas de grupos a funcionarem com objetivos iguais aos do seus. “Existem também uma multidão de “solitários” empenhado na descoberta de notícias falsas”, acrescenta.

REDES SOCIAIS FERVEM NO BRASIL

“Empresários bancam campanha contra o PT” foi o título da manchete de sexta-feira passada do Folha de São Paulo, com pacotes de mensagens a serem comprados a 12 milhões de reais (cerca de 2,8 milhões de euros). O caso revelado pelo Folha levou a Procuradora-geral da República, Raquel Dodge a pedir à Polícia Federal para investigar as empresas.

O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad em conjunto com os partidos que o apoiam entraram também com ações junto da justiça eleitoral e do próprio Supremo Tribunal Federal a pedir a impugnação da candidatura de Jair Bolsonaro. Pouco satisfeito com a situação, o candidato de extrema-direita ameaçou esta semana que irá cortar o financiamento federal ao jornal se for eleito e são conhecidas ameaças a vários jornalistas.

O WhatsApp anunciou entretanto que fechou centenas de milhares de contas falsas no Brasil, mas que não é exequível aplicar mais filtros tecnológicos a menos de uma semana das eleições.

Já o Facebook, proprietário do WhatsApp, anunciou a criação de uma “sala de guerra” para combater a disseminação de notícias falsas no Brasil e anunciou ter fechado mais de 500 perfis e páginas falsas. Antes da reportagem do Folha sobre o WhatsApp, a imprensa brasileira tinha revelado que o crescimento do apoio a Jair Bolsonaro na primeira volta coincidiu com o roubo dos dados de mais de 43 milhões de utilizadores do Facebook.

Hélder C. Martins | Expresso

Portugal | CTT: há encerramentos programados «pela calada»


De norte a sul, sucedem-se os anúncios de encerramento de estações dos Correios. Em Vila de Prado, concelho de Vila Verde, o fecho «estava a ser preparado pela calada». 

Os CTT, outrora uma empresa pública rentável para as contas do Estado, foram privatizados em 2013 e 2014 pelo governo do PSD e CDS-PP Créditos

Foi na terça-feira que, em Vila de Prado, no distrito de Braga, o PCP alertou a população para a intenção da administração dos CTT de encerrar a Estação de Correios naquela localidade. 

«Não fosse a denúncia levada a cabo pelo PCP e nenhum dos utentes – nem sequer os trabalhadores daquela estação – teria conhecimento desta gravosa decisão», lê-se num comunicado do partido. 

Os comunistas rejeitam a decisão avançada pelos accionistas dos CTT, assim como a possibilidade de transferência dos serviços para a responsabilidade da Câmara Municipal ou da Junta de Freguesia, já que, referem no texto, dessa forma não ficam defendidos «os direitos dos utentes, nem os interesses da região». 

A privatização do serviço postal, iniciada pelo governo de Passos Coelho e de Paulo Portas, não tem encontrado resistência por parte do Executivo de António Costa e os encerramentos sucedem-se. 

Entre as regiões que constam na lista negra dos CTT está o distrito da Guarda. Tal como o AbrilAbril noticiou em Setembro, o objectivo da empresa para o distrito passa por manter abertas as três estações onde funcionam serviços do Banco CTT, na Guarda, Sabugal e Seia. Depois de Manteigas e Belmonte, esta semana realizou-se uma concentração em Figueira de Castelo Rodrigo e estarão a ser preparados para breve outros protestos na vila.

Numa pergunta enviada ao Governo sobre o eventual fecho destas estações, o PCP indaga: «Até que ponto de degradação e delapidação dos CTT e do serviço público postal deixará o Governo chegar sem tomar as medidas necessárias para precaver estes anúncios da Administração dos CTT de encerramento de estações e postos dos Correios, prejudicando as populações, em particular nas regiões do Interior?»

Em Aljustrel, no distrito de Beja, os serviços passaram a ser geridos por um privado na semana passada. Em reacção, e por «absoluta discordância com este processo», a Câmara Municipal (PS) interpôs uma providência cautelar. 

Terá sido apenas no dia 15 de Outubro, numa reunião com o director da Área de Gestão de Parceiros Sul dos CTT, que surgiu a informação do encerramento. A autarquia admite que a ausência de contacto até então viola os compromissos estabelecidos no acordo de concessão entre os CTT e o Estado. 

Também na pergunta do PCP, referida anteriormente, os comunistas afirmam que o anunciado encerramento é «mais um exemplo de que as garantias de prestação do serviço postal público apresentadas no momento da privatização foram promessas escritas em papel molhado».

«Recuperar o carácter público dos CTT é essencial para garantir os direitos constitucionais das populações – é nessa exigência que o PCP continuará a insistir», lê-se no documento.

AbrilAbril

“Negócios”? Porquê construir aeroporto no Montijo e não usar o aeroporto de Beja?


Beja, o Alentejo, tem um aeroporto internacional que serve de adorno à região mas não vai além de um “elefante branco”, como lhe chamam. Foram ali gastos milhões… mas nada. 

Porque gastar imensos milhões num novo aeroporto no Montijo e abandonar o aeroporto de Beja? Qual o interesse? Quem está interessado? Quem perspetivou “negócios” na região do aeroporto do Montijo e não em Beja? Talvez saibamos uma parte da “história”, mas não grande parte dela. Que interesses movem a teima do aeroporto do Montijo? Há palpites. Não chega? Sabe-se através de anos idos de interesses instalados com vista ao aeroporto do Montijo. São ainda atuais? Devem ser. Sabe-se de notícias da época, de há alguns anos do poder Cavaquista – mais declarado ou menos declarado – de amigos daquele que têm que ver (ainda têm) com a zona e terrenos limítrofes… O que sabemos? O que foi investigado, até jornalisticamente? A insatisfação, o “deixa andar”, a opacidade, parecem ser também família do jornalismo de investigação. O que se sabe está minimamente referenciado aqui no PG, em Outras e o Aeroporto do Montijo | Memórias de Cavaco. Que memórias? Pode ler em parte aqui, a seguir.

Porquê o negócio do Montijo e não se poupa com a alternativa do Aeroporto de Beja? Um segredo dos “deuses”?

E a tão (falsamente) badalada descentralização?

Leia o link acima em referência, pesquise (há mais alguma matéria), talvez fique mais esclarecido sobre o negócio ou o “negócio” que aqui trazemos à “memória”. (MM | PG)

"Memórias"

Aeroporto no Montijo… Quem comprou há muitos anos terrenos à volta e tem projetos de “desenvolvimento” naquela zona? Não foi também um amigo de Cavaco Silva – aquele que tem que ver com a casarona do dito múmia na Aldeia da Coelha em Albufeira? Ai, esta memória! Credo, como é que ele se chama… Fernando Fantasia. E mais: SLN, Oliveira e Costa, BPN. Credo. Um ex-ministro de Cavaco, Arlindo de Carvalho. E houve suspeitas de… Bem, o melhor é recuarem no tempo e ir diretamente às referências, por exemplo: “Os 6 mil hectares de terrenos que a SLN comprou a alguns kilómetros do novo aeroporto”. E outra – da mesma gingajoga com suspeitas mas arquivada em 2017: 

Ministério Público arquiva mais um caso no BPN”. No jornal SOL, onde se pode ler: “Processo que envolvia Emídio Catum e Fernando Fantasia, na compra de terrenos da Herdade Rio Frio, não vai a julgamento. O Estado ficou lesado em quase em 70 milhões de euros.” E vai por ali com trocas baldrocas de nomes de empresas p’ráqui e nomes de suspeitos p’rácolá. Arquivado pelo Ministério Público. Pois. E o grande ex-ministro e amigo de Cavaco,Dias Loureiro… também arquivado. Pois. Há Padrinho?

Ai o Aeroporto do Montijo! Ai os livros de Cavaco! Ai Portugal, Portugal!

Mais ou menos, disse Cavaco em tempos: “Ainda está por nascer alguém mais honesto que eu”. Pois. É mesmo de acreditar, não é? Sim. Pois. Sem lugar a dúvidas. Pois.

E é também sobre o tal Aeroporto no Montijo que o Curto traça linhas de texto. Vá ler. Por nós acabamos aqui. Os vómitos são mais que muitos. Bom dia. Não contenha os vómitos porque ainda agora o dia mal começou e passar muitas horas agoniado é muito desagradável. Até amanhã, se não choverem memórias desagradáveis de grandes mestres de suspeições ou dos que em terra de cegos têm olho, são reis e não dão cavaco a ninguém. (MM | PG)

Beja contra "milhões" para novo aeroporto e rejeita ter "elefante branco"


Autarcas e empresários do Baixo Alentejo criticam os "milhões de euros" previstos para o possível aeroporto no Montijo e insistem no potencial da infraestrutura de Beja como complementar a Lisboa e Faro, recusando o "rótulo" de "elefante branco".

Se avançar a construção do novo aeroporto no Montijo (Setúbal), o valor do investimento previsto "é completamente despropositado, é descabido até", disse à agência Lusa o socialista Jorge Rosa, presidente da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL).

Também o presidente da Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral (NERBE/AEBAL), Filipe Pombeiro, questionou se Portugal terá "disponibilidade" para "fazer um investimento de largos milhares de milhões de euros noutro mega-aeroporto".

"Será que não existem soluções? Acho que existem, nomeadamente o aeroporto de Beja", defendeu à Lusa.

Os empresários alentejanos, salientou Filipe Pombeiro, nada têm "contra o Montijo", estão é "a favor" do equipamento que "está feito em Beja" e que "tem todas as condições para servir o país".
O aeroporto de Beja, que resulta do aproveitamento civil da Base Aérea n.º 11 e custou 33 milhões de euros, começou a operar a 13 de abril de 2011, quando se realizou o voo inaugural.

Desde então, apesar de aberto, tem estado praticamente vazio e sem voos e passageiros na maioria dos dias e quase só tem servido para estacionamento e manutenção de linha de aviões de algumas companhias aéreas.

Este verão, o tráfego de passageiros aumentou, graças a operações de voos "charter" associadas a pacotes de operadores turísticos.

Em julho, a infraestrutura aeroportuária alentejana foi escolhida pela empresa aérea europeia Hi Fly, que já aí detém uma base para estacionamento e manutenção de aeronaves, como "palco" da 1.ª aterragem em Portugal de um Airbus A380, o maior avião comercial do mundo, por ser o único aeroporto nacional com capacidade para o receber (este "gigante dos céus" continua a parar em Beja entre operações).

A construção de uma unidade de manutenção e desmantelamento de aviões da empresa Aeroneo e de um hangar da empresa portuguesa MESA para manutenção de aviões, sobretudo da Hi Fly, são alguns dos projetos que estão previstos para o aeroporto de Beja.

Autarcas e empresários da região têm reivindicado que esta infraestrutura tem de ser mais aproveitada, nomeadamente em termos de voos de passageiros, como complementar aos aeroportos de Lisboa e de Faro, que dizem estar "esgotados".

Para o presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio (PS), o aeroporto da cidade "reúne boas condições para servir de retaguarda a Lisboa" e "a qualquer aeroporto nessa zona, tal como o demonstrou este verão, através de ações promovidas por operadores turísticos".

E ainda no que respeita a voos de passageiros, acrescentou o autarca, "a superlotação" que "já existe" no aeroporto de Faro "também pode e deve ser explorada" para rentabilizar Beja: "Pode ser um extraordinário aeroporto complementar para toda a região algarvia".

Por isso, sublinhou, ainda que avance "um aeroporto complementar na zona de Lisboa", como o que está previsto no Montijo, "não é por aí que Beja sairá grandemente prejudicada", porque o equipamento da cidade "é de excelência" e, "sempre que haja superlotação a norte ou a sul, está muitíssimo bem situado para servir de complemento".

Convicto de que o aeroporto de Beja "não será, de certeza, um elefante branco", o autarca lembrou que a infraestrutura tem "uma potencialidade de aproveitamento e de criação de mais-valias e de emprego" que ultrapassa "o simples tráfego de passageiros".

"O que é preciso são duas ou três empresas âncora que, depois, possam atrair outras para a região", sustentou.

No "caminho" que o aeroporto de Beja precisa de percorrer para se afirmar, realçou o presidente do NERBE/AEBAL, subsistem ainda dois problemas.

"Ainda não houve um governo que olhasse para o aeroporto e o quisesse viabilizar" e "há o problema das acessibilidades", assinalou Filipe Pombeiro, frisando: "Se tivermos uma boa ferrovia e uma boa rodovia, numa hora e pouco conseguimos estar em Lisboa".

Jorge Rosa, da CIMBAL, sugeriu até que os "milhões" previstos para o Montijo deveriam ser aplicados "na melhoria das acessibilidades rodoviárias e ferroviárias" à região, que "estão muito más", o que "permitiria encurtar o tempo de distância até Lisboa", acabando com "o argumento que é utilizado, o da distância, para não se considerar o aeroporto de Beja como complementar" ao da capital.

"Já o Alqueva não o era, como se provou, e isto também não é nenhum elefante branco. Se tivermos condições de acessibilidades, tenho a certeza de que este investimento ainda vai dar um retorno muito grande ao país", argumentou Filipe Pombeiro.

Lusa | em Notícias ao Minuto | Foto: Global Imagens

Horário de Inverno em Portugal a partir de hoje – menos 1 hora


Em conformidade com a legislação, a hora legal em Portugal continental, Açores e Madeira atrasou hoje 60 minutos às 2 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 28 de Outubro. Estamos no horário de Inverno.

Assim será até ao próximo mês de Março de 2019.

PG

As pistas de Assunção Cristas – bolsonaros na Lusitânia


Cristas, do CDS/PP, mede palavras ditas mas nem por isso cumpre a ocultação do que é e o que representa. Cristas, em relação ao fascista brasileiro Bolsonaro declarou que se absteria…

Duvidemos e fiquemos com a certeza de que as suas simpatias pelo extremismo fascista e violento de Bolsonaro e sua bolsa de apoiantes é manifestado quando alega não fazer frente à antidemocracia, à tortura, ao horrendo banho de sangue que se prevê ocorrer no Brasil se atentarmos nos propósitos declarados pelo candidato Bolsonaro. Afinal que raio de democrata é essa Cristas que ao se manifestar pela palavra demonstra que quem “cala consente”, que quem se abstém consente a ascendência do fascismo no regime democrático brasileiro. Algo que será hoje decidido eleitoralmente no outro lado do Oceano Atlântico.

Cristas acabou por fazer perceber que não lutaria, não se oporia contra o fascismo, contra a supressão da democracia e do respeito pelos direitos humanos – apesar das deficiências que contém. Por certo que Assunção Cristas, chefe do CDS, escolheria um cantinho para se refugiar, abstendo-se… Mesmo que assim o fizesse é certo que logo que considerasse oportuno saltaria do seu esconderijo cobarde e vitoraria o fascismo bolsonarista, pondo-se em bicos dos pés para assegurar um lugar no nefasto e antidemocrático regime.  Estas são as pistas deixados por Cristas. É a leitura possível de uma falsa democrata. Aliás, para quem é que isso é novidade?

De Jorge Rocha, em Ventos Semeados, deixamos o bastante e o melhor para os que se interessam sobre os falsos democratas que sempre cá estiveram ou chegam e habitam em Portugal, além de saudosistas do fascista Salazar e ninhadas de energúmenos portugueses e outros lusófonos que por aí vagabundeiam à coca de tramar outros e se necessário um país e um povo que de fascismo já teve um Portugal de inferno salazarista e fascista durante quase meio século. (MM | PG)

As simpatias, que o jagunço colhe entre nós...

Jorge Rocha* | opinião

A respeito do que faria se fosse eleitora brasileira ficámos esclarecidos quanto à opinião de Assunção Cristas a respeito de um confesso fascista, que promete um banho de sangue contra quem dele discorda e para quem a liberdade de imprensa será um dos alvos principais do seu início de mandato como presidente. Quando diz que se absteria, temos dúvidas se tal seria a sua opção. É que se a cabeça manda ter tino e dizer algo, que não a comprometa totalmente com a viragem da desgovernação  brasileira para um ideário declaradamente fascista, não é difícil concluir que muitos dos atuais militantes e simpatizantes do CDS veem no jagunço um herói a incensar…

Cristas sabe bem quem representa e só se contém, porque sabe o quão escasso é o seu apoio eleitoral, mas quem já anda nisto há muitos anos não esquece o comportamento dos políticos das direitas, quando conseguem perverter o sentido da Democracia através de vitórias eleitorais. Quem esquece o clima de quase guerra civil, que a direita - e esse homem baixinho cujos dotes de bailarino deveriam ser muito escassos chamado Sá Carneiro - criou em vésperas da eleição presidencial de 1980, quando via a possibilidade de conquista absoluta do poder - um Presidente, um governo, uma Assembleia - como oportunidade para fazer de vez as contas com o detestado 25 de abril? Não tivessem os seus apoiantes ficado assombrados com o acidente de Camarate e como teriam reagido à derrota desse domingo?

É certo que, mais recentemente, as direitas conseguiram com Cavaco e Passos Coelho aquilo que o baixote da Foz tanto almejara e não conseguira. Mas, com o país integrado na União Europeia, nem um, nem outro, aceleraram tanto no ataque à Democracia, quanto sentiriam disso vontade. Ainda não estava a acontecer a passividade de Bruxelas para com governos, como os da Hungria ou da Polónia, que de democráticos nada têm e só têm servido de rampa de lançamento para ditadores de países mais determinantes dentro do continente como é o caso de Itália.

O que irá acontecer no Brasil a partir de domingo será assustador, mas terá uma virtualidade. A exemplo de Hitler que, entre a ascensão e queda, só terá tido doze anos de poder, ou da própria ditadura brasileira, iniciada em 1964 e caída em 1985, o inferno fascista tem fim anunciado, porque nunca um regime desse tipo trouxe prosperidade ao seu povo. Aqueles que, iludidos pelas igrejas evangélicas, pela Rede Globo ou pelo WhatsApp, irão votar contra si mesmos, bem podem esperar pelo «prémio». A pobreza, que só Lula conseguiu reduzir significativamente, será avassaladora com a entrega da Amazónia e de todo o setor público aos que os querem explorar em proveito exclusivamente seu. Não serão só os «vermelhos» a verem-se vítimas da nova (ir)realidade brasileira. E o despertar só poderá ser tão violento, quanto o prometido pelo jagunço-mor para com os minoritários opositores.

Numa altura em que os democratas de todo o mundo ocidental continuam remetidos à defensiva sem oporem uma forte ofensiva contra quem os quer esmagar, só um refluxo violento do presente estado de coisas poderá vencê-lo. Será a Revolução sem punhos? Pois, que o venha a ser...

jorge rocha | Ventos Semeados

Futebol | Belenenses interrompe voo da águia Vitória


Foi no Estádio Nacional que o Benfica caiu perante o Belenenses ontem à noite. Jogo para esquecer aos que não encontraram uma nesga da baliza dos de Belém para golearem. Foi um desastre de encontro e os do Vitória encontraram a derrota imposta pelos homens de Silas, o treinador azul.

Choveu torrencialmente, centenas de benfiquistas abandonaram o estádio antes e depois do intervalo como que a pressagiar aquela estrondosa derrota por 2-0. Disso nos dá conta o que se segue do Notícias ao Minuto. Belenenses, o tomba gigante da Luz. Mereceu. (PG)

Tempestade azul 'engoliu' uma águia desorientada e sem espírito matador

Benfica foi ao Jamor perder com o Belenenses SAD, por 2-0, num jogo que teve a eficácia como 'chave'.

À 8.ª jornada, a águia 'caiu' pela primeira vez no campeonato. No Jamor, o Benfica perdeu com o Belenenses SAD, por 2-0, num jogo em que a eficácia acabou por ser decisiva. Eduardo, de penálti, e Keita apontaram os golos do conjunto de Silas e materializam a tempestade azul que valeu o segundo triunfo na Liga.

Resumo: Os encarnados entraram bem na partida, impuseram um ritmo alto e cedo mostraram vontade de chegar ao golo. Logo nos primeiros segundos, Salvio, de pé esquerdo, testou a atenção de Muriel, que, atento, protagonizou a primeira grande defesa da partida.

Sempre pressionantes, as águias encostavam os azuis às 'cordas' e aos 16' minutos foi Diogo Viana a evitar que o nulo se desfizesse. Após um primeiro remate de Seferovic, a bola sobrou para Rafa e o internacional português, depois de tirar dois adversários da frente, rematou contra o lateral do Belenenses SAD.

O conjunto de Silas ia aguentando e, pouco depois, ameaçou mesmo o golo. Num pontapé acrobático, de costas para a baliza, Eduardo aproveitou a apatia da defesa encarnada e só Vlachodimos impediu o primeiro do encontro.

Num jogo intenso, chegaram as polémicas antes da meia hora. Rafa caiu dentro da grande área do emblema de Belém, mas o árbitro mandou seguir. O lance prosseguiu e já quando Diogo Viana se preparava para bater um livre a favor dos azuis é que o juiz da partida decidiu ir ao VAR rever a jogada. Após a análise, apontou para a marca dos 11 metros, mas Salvio perdeu no frente a frente com Muriel.

Um 'balde' de água fria para os adeptos benfiquistas que, minutos depois, se tornaria... gelada. Vlachodimos derrubou Licá dentro da grande área e o árbitro voltou a assinalar castigo máximo, desta feita a favor dos da casa. Eduardo encarregou-se de bater e não perdoou, dando vantagem ao Belenenses SAD.

Se a vida já não estava nada fácil para o Benfica, mais se complicou já perto do fim do primeiro tempo. Na sequência de um contra-ataque rápido, Eduardo arrancou no meio-campo, partiu para cima da defesa encarnada e soltou a bola em Keita que, com um grande movimento, ampliou o resultado para 2-0.

Depois do intervalo, e já com Jonas no lugar de Salvio, o Benfica voltou a surgir melhor e a pressionar à procura do golo. Logo aos 48', o 'Pistolas', de pé esquerdo, fora da área, obrigou Muriel a aplicar-se. Estava dado o mote para um início de sufoco das águias, que, a partir daqui, foram somando oportunidades e... falhanços. Primeiro Pizzi, depois Jonas e, por fim, Rafa fizeram os adeptos encarnados ir ao desespero.

Perante a 'avalanche' ofensiva do Benfica, que já contava com Castillo na frente, juntamente com Jonas e Seferovic, o Belenenses SAD foi tentando surpreender em contra-ataque, aproveitando as costas da defesa encarnada, e quase que o conseguiu, aos 72', altura em que Licá, isolado, na cara de Vlachodimos, não conseguiu dilatar a vantagem.

Até ao final, o Benfica bem tentou chegar ao golo, mas sem sucesso. Com esta primeira derrota no Liga Portuguesa, os comandados de Rui Vitória mantêm os 17 pontos, deixam escapar o Sp. Braga na liderança isolada, são alcançados pelo Rio Ave e poderão ainda ser ultrapassados pelo FC Porto, que este domingo recebe o Feirense. Já o Belenenses SAD sobe ao 8.º lugar, com 10 pontos, os mesmos de Portimonense e Marítimo, que, também este domingo, visita Moreira de Cónegos.

Notícias ao Minuto

Portugal | Novo fôlego


Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

O Governo e a maioria parlamentar que o suporta precisam de um novo fôlego. Em grande medida a possibilidade de o país elevar o seu patamar de desenvolvimento na próxima década está dependente disso.

Será tarefa difícil para cada força política envolvida, que necessariamente não quer perder identidade, representação e proposta; e acarreta responsabilidades particulares para o Partido Socialista (PS) e para o Governo. Os problemas que estão por resolver devem ser abertamente reconhecidos e não empurrados com a barriga ou disfarçados com remendos.

Neste último ano da legislatura não poderá haver governantes, ou tecnocratas com posições relevantes, a comportarem-se como baratas tontas e focados no fim dos seus mandatos. Exige-se-lhes a demonstração de quanto foi útil para os portugueses e para o país a atual solução política, impõe-se-lhes maior rigor e todo o empenho numa ação que não secundarize o presente, mas prepare mudanças estratégicas.

Tal como os três orçamentos anteriores, o Orçamento de 2019 é feito de pequenos passos melhorativos, num espaço constrangido pelos chamados compromissos europeus do PS. Tal opção foi importante e nela assentou grande parte da recuperação económica e da confiança dos portugueses nestes últimos anos. No entanto, do debate público do Orçamento resultam também outras perceções. Em primeiro lugar, que os pequenos passos correm o risco de se traduzirem em movimentos desgarrados e não em componentes articulados de uma estratégia. Em segundo lugar, que há fortes omissões políticas, destacando-se no presente: i) na área do trabalho, a persistência do desequilíbrio de poder e de distribuição de rendimento entre capital e trabalho e o não aproveitamento de uma geração que se preparou bem e não tem tido oportunidades de trabalho digno; ii) na área da habitação, as hesitações nas alterações ao regime de arrendamento e à nova lei de bases; iii) na área da saúde, os impasses suspeitos quanto à nova lei de bases; iv) no ensino e na ciência, as indefinições e contradições que têm impedido o integral aproveitamento do potencial da escola pública, da universidade e do sistema científico.

No futuro próximo, o espaço para os pequenos passos positivos no quadro dos "compromissos europeus" pode reduzir-se consideravelmente. Não é preciso ser dotado de visão de grande alcance para vislumbrar um abrandamento do crescimento económico à escala mundial, a que se pode somar a retirada dos estímulos do Banco Central Europeu e o surgimento de outros acontecimentos perturbadores. A governação que vem sendo feita no quadro dos constrangimentos da União Europeia torna-se, assim, no mínimo, mais difícil.

Põe-se então o problema de saber como se pode construir e aplicar um projeto político com ambição estratégica, que ambicione remover o lastro muito negativo herdado do chamado ajustamento, e corrigir erros de um passado mais longínquo.

Cinco pontos relevantes (entre outros) emergem como potenciais domínios de consenso. O primeiro, decorrente da experiência negativa da desvalorização interna, é a necessidade de revalorizar o trabalho, modernizar e qualificar a estrutura produtiva - apostar na qualidade do emprego, no aumento dos salários, na redução da precariedade, no incentivo ao investimento produtivo. O segundo, é o reforço e qualificação da Administração Pública valorizando os seus trabalhadores. O terceiro, assenta na recuperação da capacidade dos próprios serviços públicos, com destaque para o Serviço Nacional de Saúde, hoje limitado pela insuficiência de meios humanos e financeiramente muito débil, em parte pela subcontratação de serviços ao setor privado. O quarto, visando o desenvolvimento do território, reconstruindo capacidades produtivas e de criação de emprego, para que os territórios não se esvaiam de pessoas e qualificações. O quinto, consubstancia-se na concretização de programas de ensino e formação que aumentem o número de alunos do Ensino Secundário a transitar para o Superior, e que tragam para a escola adultos jovens que não fizeram formações suficientes.

Há onde ir buscar ideias e forças para um programa capaz de virar, de forma gradual mas consistente, a página do empobrecimento e do declínio.

* Investigador e professor universitário

Portugal | O azedume de Cavaco


Inês Cardoso | Jornal de Notícias | opinião

Percebe-se a necessidade de alguém que esteve tanto tempo na vida pública como Cavaco Silva de manter uma voz. De chefe de governo derrubado por um buzinão a primeiro-ministro absoluto, de candidato presidencial derrotado a duas vezes eleito, o seu percurso foi sempre feito na fronteira.

Entre a crítica feroz e a confiança dada nas urnas. Entre a narrativa falaciosa do não-político e a ironia de ter sido a pessoa que mais tempo esteve, desde o 25 de Abril, a governar o país.

O exercício de passar à escrita a sua perspetiva dos cargos que ocupou é uma forma de continuar a aparecer publicamente. Foi assim no tempo de intervalo entre São Bento e Belém. É assim, agora, com as memórias dos dois mandatos presidenciais. Uma "prestação de contas" que o faz voltar a ser ouvido.

Há, em tantas centenas de páginas e conversas descodificadas, naturais surpresas e pormenores até aqui desconhecidos. E essa revisitação poderia ser útil, até historicamente, se procurasse fazer uma leitura política dos tempos.

O que Cavaco faz, no entanto, é outra coisa. Opta pelas leituras de caráter. E ao entrar pelo caminho das virtudes e sobretudo dos defeitos, sobra pouco além de uma visão distorcida do que terão sido os factos. Claro que o cidadão Cavaco Silva tem direito a todas as leituras pessoais. O ex-chefe de Estado, que nessa qualidade manteve conversas e tomou decisões que pressupõem uma capacidade de olhar o país com sentido de Estado, deveria evitar estados de alma pequenos.

Na vida pessoal, o azedume envenena quem o sente. Na vida pública, reveste-se de outros perigos sociais e políticos. Num tempo em que a agressividade tem feito caminho político um pouco por todo o Mundo, vale a pena refletir nos riscos de pensar a coisa pública e os seus protagonistas tendo o azedume como conselheiro.

*Diretora-adjunta do JN

Brasil | Defensores do jagunço entre nós? Vos arrenego!

Jorge Rocha* | opinião

Sei que este texto não satisfará os pressupostos do politicamente correto, mas como reagir quando, na véspera da eleição presidencial brasileira deparo com entrevistas televisivas a quem vem do outro lado do Atlântico, para buscar solução de vida em Portugal, e confessa perante as câmaras a preferência pelo jagunço? Que pensar, quando se sabe que mais do que um em cada dois brasileiros radicados entre nós também apoia o candidato fascista? Com pedido de desculpa prévio aos amigos brasileiros, que apoiam Haddad (saravá Nery!) dá vontade de fazer uma triagem e mandar de volta para as suas terras quem delas se some apesar de defender o indefensável. Porque, se sentem tão grande susto pelos «vermelhos», que vêm para aqui fazer num país em que eles assumem a governação?

Antes de me reformar dirigi uma empresa de serviços de engenharia, que contava com uns quantos operários brasileiros. Com os que menos se intimidavam com a diferença hierárquica ia discutindo as políticas implementadas por Lula e reconheço que não lhes fazia boa cara, quando se revelavam dele opositores. Quem me conhece melhor sabe que, nessas coisas, não uso punhos de renda. Mas acaso ainda estivesse no ativo e tivesse de ponderar na contratação de novos colaboradores, confesso que, sendo brasileiros, não deixaria de, subtilmente, aferir o que pensariam do seu país nesta conjuntura. E garanto que nunca daria trabalho a um entusiasta do jagunço por maiores, que fossem as competências demonstradas nos seus currículos. Na realidade sempre ajuizei as equipas que liderava de acordo com as suas qualidades humanas, mais do que quanto à experiência e conhecimentos especializados dos seus elementos. A vida profissional foi-me longa o suficiente para ter conhecido imensos casos de «vedetas» muito sabedoras, que se estampavam perante as dificuldades, em contraponto com voluntariosos ignorantes capazes de as vencerem, através da curiosidade e da inteligência.

Se ainda estivesse em condições de dar emprego aos que pretendem emigrar para o nosso país não desdenharia essa aferição e espero que assim suceda com quem anda nesta altura a decidir se os contrata ou não. Já temos entre nós tantos inimigos da Democracia, no que ela significa enquanto garantia das liberdades fundamentais, que aumentar-lhes o número e a influência só pode prejudicar o futuro dos nossos filhos e netos...

E nem dou particular crédito a um comentador que, esta tarde, num programa do canal ARTE, previa a impugnação do jagunço no prazo de dezoito meses por ser previsível o embaraço, que constituirá para os partidos em que apoiará a sua maioria na Câmara dos Deputados. Afinal alimentáramos essa esperança a respeito de Trump fundamentados na forma como chegara à Casa Branca com o apoio dos hackers  russos e ele lá permanece firme, de pedra e cal, a estragar tudo quanto possa estar ao seu alcance (vide a maioria reacionária agora conseguida no Supremo Tribunal). Por agora importa corroborar o que escrevia uma das irmãs Mortágua no «Público»: “o fascismo não é obra de um louco mas da legitimação da sua loucura.”

jorge rocha | Ventos Semeados

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