domingo, 28 de outubro de 2018

Eurodeputados portugueses em São Paulo acreditam na "virada" de Haddad


Francisco Assis (PS) e João Pimenta Lopes (PCP) estão no Brasil, a convite da candidatura de Fernando Haddad Manuela D'Ávila. Testemunharam o entusiasmo na hipótese de uma reviravolta este domingo.

Tem sido uma voz muito crítica em relação a Jair Bolsonaro e um artigo que escreveu no jornal Público, intitulado "Um canalha à porta do Planalto", teve impacto no Brasil, com milhares de partilhas. Por isso, Francisco Assis foi convidado para estar em São Paulo com Fernando Haddad, o candidato do PT, na véspera e no dia da segunda volta.

Quem também cá está, para acompanhar o dia que vai decidir o futuro imediato do Brasil é o eurodeputado do PCP João Pimenta Lopes, que tal como Assis esteve reunido com pessoas ligadas ao PT, ao Partido Comunista do Brasil e outros movimentos na CUT, a Central Única dos Trabalhadores. E lá, nessas reuniões, otimismo não foi palavra vã para descrever o que os dois eurodeputados portugueses encontraram ouviram.

"Vi que estão muito animados, que estão muito convencidos pela forma como correu a campanha nesta última semana. Há aqui uma grande animação e uma grande esperança. E isso é muito importante. Primeiro porque há expectativas para uma vitória que considero absolutamente essencial mas se perderem será, apesar de tudo, bom que percam com uma excelente votação porque isso permitirá depois reforçar a sua capacidade de contestação a um Presidente da República com características pouco recomendáveis", diz Francisco Assis à TSF.

Já João Pimenta Lopes diz que sentiu confiança. "Compreendendo a dificuldade da situação e que nada está certo, uma grande confiança de que ainda é possível fazer aquilo que aqui se chama 'a virada'. Uma grande confiança nos movimentos progressistas, democráticos, que o povo brasileiro se mobilize em defesa da democracia, da liberdade, rejeitando um projecto que encarna uma visão fascista".

Francisco Assis não tem dúvidas em chamar energúmeno a Bolsonaro, e afirma que o candidato do PSL é um antidemocrata. Daí o espanto que lhe causou a posição neutra de Ciro Gomes, o líder do Partido Democrático Trabalhista: "Ele neste momento tinha obrigação absoluta de se colocar ao lado de Haddad e de não de se refugiar como uma espécie de solução futura para o Brasil".

E se Bolsonaro vencer, João Pimenta Lopes receia a violência nas ruas. "Existe o grande risco, e isso pode ser transportado para fora do Brasil também, de que movimentos reacionários, fascistas, assumam nas suas mãos também aquilo que são as palavras de Bolsonaro. Essa é mais uma das razões para fazer a 'virada' e para garantir que se defenda a democracia e a liberdade no Brasil", adiantou o eurodeputado.

A resposta será dada este domingo, pelos brasileiros, nas urnas.

Ricardo Oliveira Duarte, Enviado Especial a São Paulo | TSF

Foto: Reuters/Sérgio Morais

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