domingo, 18 de novembro de 2018

Generais, sociais-democratas entre aspas, colonizadores africanos e príncipes sem escrúpulos


Jorge Rocha * | opinião

Ao início da manhã ouço um general a comentar a morte de outro, dizendo que foi uma «enorme perda para o país (...) que lhe sentirá, e muito, a falta!».

Pode ser opinião politicamente incorreta, dado o respeito dos portugueses pelos sucessivos protagonistas da quotidiana necrologia, mas quem continua a proferir este tipo de reações padronizadas não tem consciência de quão ridículas elas se revelam? Que importância ainda poderia ter quem, chegada à condição octogenária, já só cuidava sobreviver à fatal doença, que lhe ia abreviando os dias?

Que revoluções ou contrarrevoluções ainda poderiam ser encabeçadas por um ,general há muito aposentado cujas opiniões mediáticas se iam tornando caducas à medida que o mundo ia mudando e a formatação da mente se desajustava de um qualquer pensamento consistente sobre os fundamentos de tal transformação?

Não é, porém, só o general, que comentava a morte do seu igual, que revela a verborreia do muito que se diz e escreve no dia-a-dia. Por exemplo Sofia Rodrigues assinava uma notícia no «Público» desta sexta-feira em como os «sociais-democratas estariam a suspirar por Passos Coelho». Olha-se para tal título e só se o pode achar estapafúrdio: alguma vez existiu a mínima identificação entre o político de Massamá e o pensamento social-democrata? Daí que se justificasse muito mais um cabeçalho do género: «há quem no PPD suspire por Passos Coelho».

Acendo a televisão e ligo para um programa do canal ARTE onde um documentário apressa-se a elogiar a proximidade de Karen Blixen relativamente aos africanos, que empregava na sua quinta africana. Tal justificaria o elogio de a consagrar como muito mais avançada do que os colonizadores racistas da sua época. Mas como poderia ser de outra forma se nada percebia de agricultura ou de criação de gado e o seu incompetente marido disso sabia tanto quanto ela? Não estava na total dependência dos saberes ancestrais dos seus empregados de cor?

E conclua-se com outra notícia dos noticiários de ontem: a da CIA ter denunciado o príncipe herdeiro da Arábia Saudita como mandante do crime contra o jornalista Khashoggi. Seria motivo para nos surpreendermos, quando vamos acompanhando a progressiva ascensão ao poder de um jovem ambicioso, que não olha a qualquer meio - nem sequer ao genocídio, que mandou executar no Iémen - para alcançar os seus objetivos megalómanos?

O espaço mediático está cheio deste tipo de exemplos: querem-nos embalar com falácias cujos conteúdos apenas intentam distrair-nos das causas verdadeiras do que vamos vivendo e das consequências, que possam estar-lhes subjacentes.

Dois milhões e meio de portugueses vivem numa ditadura... porque são pobres


Dia Mundial dos Pobres

A pobreza não tem apenas uma definição. Nem uma declinação. Tem várias, igualmente sérias. Igualmente preocupantes. No dia Mundial dos Pobres fazemos o retrato de quem vive no limiar da pobreza em Portugal.

Se um dia tiver que optar entre ir ao supermercado ou ir à farmácia, talvez compreenda melhor quão grande é "a injustiça que precisa de ser consciencializada por toda a sociedade." O alerta que Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar contra a Fome, ainda não se cansou de repetir vezes sem conta, continua - lamentavelmente - a fazer sentido no dia 18 de novembro de 2018, o dia mundial contra a pobreza. Até porque - lamentavelmente - por esta altura, continuamos a conviver com pessoas que todos os dias têm que fazer a mesma escolha: ir à farmácia comprar os medicamentos de que precisam para a viver, ou ir ao supermercado comprar comida para sobreviver.

Ao todo são quase dois milhões e meio de pessoas que vivem em risco de pobreza ou exclusão em Portugal. Muitos deles sobrevivem apenas graças à ajuda das instituições sociais. Fome, frio, solidão, uma realidade "muito, muito dura"., nas palavras de quem lida de perto estas pessoas todos os dias.

E há uma pergunta que Isabel Jonet não consegue evitar: como é possível que haja tanta gente que luta "para sobreviver e para garantir os bens mais básicos para o seu dia-a-dia como a comida" e ao mesmo tempo vivemos num mundo que "tem tanto consumo, tantos bens e que até estão mais baratos e muito mais próximos de todos".

A ditadura da pobreza

"Aquilo que nós temos de encarar com muito realismo é que 1/5 da população portuguesa não tem liberdade", alerta Isabel Jonet. A presidente do Banco Alimentar contra a fome lembra que quando não temos os rendimentos suficientes para todas as nossas necessidades, encontramo-nos, de alguma forma, privados da nossa liberdade", sublinha.

Luís Macieira Fragoso, Presidente da Cáritas Diocesana de Lisboa, identifica o problema da pobreza como "uma chaga", uma questão gravíssima em Portugal. E os números falam por si. Com um dos níveis mais altos de pobreza e precariedade, Portugal tem cerca de 20% da população com rendimentos inferiores ao limiar da pobreza que é de 5443 euros anuais - 454 euros por mês. A Presidente do Banco Alimentar lembra que "há um milhão de pessoas que vivem com 250€ ou menos por mês".

Se para ser pobre em Portugal, tem que se receber abaixo deste valor, o que dizer dos que não sendo pobres nas estatísticas, levam todos meses para casa o salário mínimo? Ou seja, mais 126 euros? "Uma pessoa que tem um salário mínimo com um agregado familiar a seu cargo de 5 ou 6 pessoas, ou que tenha de suportar problemas de saúde familiares ou de idosos, tudo isso são aumentos das necessidades", alerta o presidente da Cáritas de Lisboa, recordando ao mesmo tempo que cada caso é um caso. "Uma pessoa individual com ordenado mínimo não vive bem, mas, em princípio terá o suficiente para se subsistir." Ou seja, é preciso analisar os casos em perspetiva.

Quanto vale a dignidade em Portugal?

O presidente da Cáritas de Lisboa lembra a importância de um rendimento adequado às necessidades para a obtenção de uma vida digna, o ponto-chave de um estudo realizado em 2017 entre a Universidade de Lisboa, a Universidade Católica Portuguesa e a Rede Europeia anti-pobreza em Portugal.

Intitulado de "Rendimento Adequado em Portugal , o estudo responde à seguinte pergunta: Quanto é necessário para uma pessoa viver com dignidade em Portugal?" A resposta, para um indivíduo em idade ativa (entre os 18 e os 64 anos) a residir só, é de 783€ para alcançar um nível de vida digno - um valor ainda muito longe do salário mínimo nacional.

O mesmo estudo aponta ainda para o valor mensal de 634€ para indivíduos de 65 anos ou mais, a residirem sozinhos. E, na verdade, é a camada populacional mais velha em Portugal a que mais sofre com um dos lados mais negros da pobreza: a solidão.

"Quando falamos das pessoas mais velhas, muitas delas vivem em casas muito degradadas e têm muita dificuldade em realizar as obras que seriam necessárias. Mas estamos também a falar de pessoas que têm um grande problema de solidão e que estão quase que isoladas na sua vida do dia-a-dia", explica Isabel Jonet.

Luís Macieira Fragoso conta que a questão do envelhecimento da população é uma realidade "transversal a toda a situação portuguesa" onde o isolamento e a solidão é, muitas das vezes, a única companhia dos mais velhos."É preciso ainda considerar que uma pessoa pode ser pobre não só por falta de dinheiro. Pode ser pobre porque está isolada, porque está desprezada" conta, alertando ainda para a importância de "olhar pelo próximo".

Angústia Permanente

"Uma angústia permanente", é assim que a presidente do Banco Alimentar retrata o dia-a-dia das pessoas que vai conhecendo de perto e que carregam o peso de "tentar saber como é que vão levar o mês até ao fim". Por vezes, ocorrem situações limite onde pessoas necessitadas precisam de uma intervenção urgente para, por exemplo, comprar uma prótese ou evitar o corte no fornecimento de água ou eletricidade.

Com as responsabilidades a acumular entre pagar luz, água, renda e alimentação, são muitas as amarras que vão prendendo estas pessoas a um ciclo difícil de romper. "Aquilo que temos constatado é que, de alguma forma, as pessoas se conformam com esta vida que acreditam que não vai mudar. E esta sensação que não podemos mudar. É um grande desespero, sobretudo quando estas pessoas são novas", explica Isabel Jonet.

Para tentar alterar estas trajetórias de vida, Isabel Jonet conta que, através do Banco Alimentar, tenta incutir a ideia de necessidade de se qualificarem e de irem à procura de empregos que sejam dignos "mesmo com rendimentos baixos", sendo preferível essa opção do que viver de subsídios da segurança social.

Melhorias que ainda são ténues

Apesar de identificar melhorias, Isabel Jonet não tem dúvidas: "Os rendimentos que chegam às famílias mais pobres são muito, muito reduzidos", havendo um longo caminho para ser feito.

Parte desse caminho passa pela consciencialização das próprias pessoas de que "é melhor ter o seu emprego e ganhar o seu próprio dinheiro sendo responsável pela sua própria vida" do que viver sempre com uma dependência, "seja do Estado, seja de Instituições, seja de outras pessoas".

Mesmo querendo alterar o comodismo que identifica, Isabel Jonet diz que o acompanhamento destas famílias tem de ser feito "com amor". "As pessoas, muitas vezes, quando vivem assim, não é por maldade. Não sabem viver de outra maneira e temos que as ensinar e dar uma consciência do que é melhor para elas", explica.

Combater a pobreza

Isabel Jonet está convencida de que "a única forma de combater a pobreza é com a educação e responsabilizando todas as pessoas pela sua própria vida." A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, explica ainda que é preciso incentivar uma corresponsabilização da sociedade, entre os que têm menos posses e aqueles que têm menos capacidades."

Já para Luís Macieira Fragoso, a solução para erradicar a pobreza passa pela própria sociedade que precisa de "ser mais justa", o que não se afigura como tarefa fácil."Penso que isso tem a ver com questões que vão desde a formação de base, de todas as pessoas terem direito efetivo a uma educação, a uma formação, ao acesso a profissões, a crescer num ambiente onde os pais tiveram uma vida minimamente digna, com uma casa com o mínimo, uma alimentação razoável, a possibilidade de ir à escola e de ter sucesso escolar. Tudo isso é um trabalho muito difícil que é preciso trabalhar", explica.

Apesar de considerar que a avaliação da pobreza pode ser relativa, Luís Macieira Fragoso, Presidente da Caritas Diocesana de Lisboa afirma que um pobre é "qualquer pessoa que não tem o suficiente para fazer face às necessidades primarias como a habitação, a alimentação e a formação dos seus filhos".

Este domingo celebra-se o 2ª ano do Dia Mundial dos Pobres, criado pelo Papa Francisco em 2017. Luís Macieira Fragoso, Presidente da Caritas Diocesana de Lisboa, garante que esta é uma forma de "interpelar a humanidade" ou não fosse o problema da pobreza "uma chaga que nos interpela a todos".

Afonso Fonseca Guedes | TSF

América Latina | O drama histórico e humanitário de uma caravana


O drama da caravana com milhares de migrantes da Guatemala, Honduras e El Salvador com destino aos Estados Unidos retrata a catástrofe social e econômica do modelo econômico e social que vem sendo reinserido na América Latina. Fala-se em sete mil pessoas, mas há jornais que calculam o dobro disto. 

Nos Estados Unidos, a resposta do presidente Donald Trump tem sido à base das ameaças e da truculência. Além das represálias econômicas aos países originários da marcha, mesmo com governos servis ao regime de Washington, ele mobiliza seu aparato militar para conter os migrantes.

Coincidentemente, a marcha acontece próximo ao “Dia Internacional do Migrante”, em 18 de dezembro, definido pela Organização das Nações Unidas. Segundo seu secretário-geral, António Guterres, existem cerca de 258 milhões de migrantes atualmente no mundo. Em 2017, eles enviaram US$ 450 bilhões aos países em desenvolvimento, segundo o Banco Mundial. Guterres pediu mais cooperação e solidariedade para com os migrantes, "uma vez que o sentimento de hostilidade tem crescido, infelizmente, ao redor do mundo”. “E, por isso mesmo, a solidariedade nunca foi tão urgente como agora", alertou.

A migração é, de fato, um drama contemporâneo. Segundo a ONU, cerca de 244 milhões de pessoas em todo o mundo já não vivem no país onde nasceram — em 1990 eles eram cerca de 153 milhões de pessoas. Segundo uma pesquisa da Organização Internacional para as Migrações (OIM) realizada em 160 países, cerca de 23 milhões de pessoas estão se preparando para emigrar. Nas Américas, de acordo com estimativas do Instituto de Políticas de Migração dos Estados Unidos, cerca de 11 milhões de imigrantes vivem neste país.

De acordo com a Anistia Internacional, enquanto até 2010 principalmente homens jovens fugiam em direção ao norte, agora famílias inteiras estão se deslocando para escapar da crise e da violência social. A pobreza e a brutalidade das gangues que atuam em alguns países da América Central são os principais motivos citados pelos migrantes para deixarem seu país de origem. Diante do drama da caravana, em comunicado os bispos da Conferência Episcopal de Honduras manifestaram pesar e séria preocupação pela “tragédia humana”, como chamou o Papa Francisco.

Segundo o comunicado da Igreja Católica hondurenha, a caravana é uma realidade abominável, causada pela atual situação de crise de Honduras, obrigando as pessoas a abandonarem o pouco que possuem para se aventurarem sem nenhuma certeza na rota migratória para os Estados Unidos. Com o desejo de chegar à terra prometida, e do “sonho americano”, tentam resolver seus problemas econômicos e melhorar suas condições de vida e de seus familiares, e em muitos casos garantir a tão sonhada segurança física, disserem os prelados.

O fundo da questão é o agravamento da crise econômica global e a restauração da ordem neoliberal na América Latina. Honduras foi o ponto de partida da atual onda de golpes de Estado na região, que no Brasil se manifestou na forma da fraude do impeachment da presidente Dilma Roussef, em 2016. Essa pode ser considerada a terceira ofensiva do projeto neoliberal na região.

A primeira foi marcada pela condução anglo-saxã de Reagan e Thatcher, com seus correspondentes latino-americanos — Augusto Pinochet (Chile), Carlos Menen (Argentina), Carlos Salinas de Gortari (México), Alberto Fujimori (Peru), Andrés Perez (Venezuela) e Fernando Collor de Mello (Brasil). Depois, o modelo sofreu readequações, devido aos desgastes, e iniciou a era de novos governos de direita, novamente sob a condução anglo-saxã, desta vez com Bill Clinton e Tony Blair, interrompida pelas eleições de governos progressistas.

Essa caravana pode ser considerada o símbolo da mais recente restauração da ordem neoliberal na região. Em pouco tempo, esse modelo econômico e social mostrou seus resultados, com índices vergonhosos de injustiças sociais e violência. O desafio é transformar essa tragédia humanitária em manifestação política organizada, com consistência para a retomada de uma união latino-americana, a retomada da luta histórica progressista que já custou tanto sangue pela dignidade, libertação e honra de seus povos.


AO FASCISMO, O PÃO QUE O DIABO AMASSOU!


“Vale mais a vida dum ser humano, que todo o ouro do homem mais rico do mundo” – Ernesto Che Guevara

Martinho Júnior, Luanda 

1- Ao fascismo de Jair Bolsonaro no Brasil, sobra em arrogância o que falta à dignidade e suas declarações e decisões em relação à presença de médicos cubanos inseridos no Programa Mais Médicos, têm já uma factura pesada: em nome da dignidade Cuba retira seus médicos do Programa, para que a arrogância possa continuar o seu caminho, respeitando a maioria dos votos que elegeu o fascismo!

Alguns argumentam que o Brasil fascista que ganhou as eleições, dará “asilo político” aos médicos cubanos, resgatando-os, segundo seu argumento e justificação desavergonhada.

Para esses acéfalos fascistoides de ocasião, inimigos dos mais sagrados e legítimos direitos de milhões de brasileiros, os médicos cubanos são “escravos” duma “tirania”, ou seja de acordo com a cartilha de Maquiavel e da Doutrina Monroe: os fins justificam os meios!

Várias questões essenciais duma assentada, são letra morta por causa dessa arrogância fascista de Bolsonaro, atirada para a imprensa de conveniência como injustificável argumentação:

- Está metida mais uma cunha que interfere nos relacionamentos entre Não-Alinhados, membros de várias organizações Latino-Americanas e países do Sul, o que só reforça a Doutrina Monroe do império da hegemonia unipolar, de que o fascismo de Bolsonaro se tornou evidente fantoche, o pior dos vassalos;

- Os primeiros a sofrer com essa arrogância, são milhões de brasileiros entre eles, alguns que votaram de forma alienada e estúpida no próprio fascismo;

- O caminho de dignidade e de solidariedade trilhada por Cuba e pelo povo cubano, sairá reforçado da prova pois, por cada médico cubano que for aliciado pelo fascismo e por ele utilizado como estandarte, em nome de toda a humanidade formar-se-ão dezenas ou centenas de jovens médicos, que tomarão com outra visão ética, moral e deontológica, o lugar deixado vago pelos mercenários.

2- Tome-se como exemplo uma localidade com um nome a condizer: Ponta Grossa, no Estado do Paraná cuja capital é Curitiba:

Com a saída dos 60 médicos cubanos que nesse Município estavam ao serviço do Programa Mais Médios, a Prefeitura perderá 75% dos médicos que atendem uma população de cerca de 350.000 habitantes… ficando o Município reduzido a 20% dos médicos de que até agora beneficiou com esse Programa!

Os números são anunciados pelo próprio prefeito, Marcelo Rangel, que é do partido PSDB e sabe que Ponta Grossa, aqui para nós mesmo grossa, votou com 137.776 votos, 74% dos seus eleitores votantes, em Jair Bolsonaro!

O prefeito Marcelo, que da prova já está a sair rangendo seus próprios dentes, está imbuído dos bons ofícios próprios duma terceira via, à procura de ementas para suprir as “inesperadas dificuldades” e também de alternativas dispostas a servir num mandato de natureza fascista…

O que quer que aconteça em relação a novos ingressos, deixaram de lidar com médicos formados numa ética, numa moral e numa deontologia de dignidade e solidariedade, para começar a lidar com médicos (talvez num número muito mais reduzido que antes), imbuídos do mercenarismo, conforme ao capitalismo neoliberal de ocasião que pariu tal alienado fascismo, algo que também se vai fazer pagar em moeda!

Nos termos de mais uma guerra psicológica alienada pela Doutrina Monroe segundo a administração Trump, até nisso vão ficar “transversalmente” a perder!

Este exemplo, poderá servir à atenção dos mais atentos observadores da CPLP, incluindo àqueles que se prendem ao“diktat” ultraconservador da língua para restringirem acessos de novos membros e de forma a reforçar agora, sem dúvida, o fascismo naquela organização: manter um Brasil fascista na CPLP, excluindo uma Cuba de sequer se potenciar na proposta de membro observador, quando a dignidade, a solidariedade e o internacionalismo de Cuba tem tanto a ver com a libertação de África do colonialismo e do “apartheid”, tem tanto a ver com as independências de Cabo Verde, da Guiné Bissau, de Angola, de Moçambique e até de Timor Loro-Sae, a maioria dos membros!

Desde já, pendurada que seja a CPLP em mais um agora indisfarçável fascismo da ocasião, há que considerar que em todas as “pontas grossas” em que se tornou o Brasil, há já garantidamente um efeito boomerang para a arrogância fascista: vão comer o pão que o diabo amassou… “graças a deus”!

Martinho Júnior - Luanda, 16 de Novembro de 2018


Figuras:
Cartaz esclarecedor da participação cubana no Mais Médicos;
O que os brasileiros vão perder por causa da arrogância fascista de Bolsonaro, com o Menos Médicos;
O prefeito Marcelo Rangel e médicos cubanos, na cerimónia em que Ponta Grossa recebeu os 60 médicos cubanos do Programa Mais Médicos.

Que bom! Sou um Idiota!


Pedro Augusto Pinho* | opinião

Há uma velocidade na sociedade contemporânea que me assombra. Para ainda encontrar o “inimigo comunista”, é preciso ter parado no tempo dos anos 1970, e, mesmo assim, ser pouco afeito à busca e ao entendimento do que ocorria ao redor do mundo.

Um momento de inflexão, de virada, foi a década de 1980, quando Margaret Thatcher e Ronald Reagan aboliram os controles e regulamentações para o capital financeiro e pode, então, o sistema financeiro internacional acolher o capital acumulado por atos ilícitos – tráfico de drogas, de pessoas e órgãos humanos, de armas, das corrupções empresariais e políticas – que ficavam em cofres, armários e, alguns mais ousados, em contas secretas na Suíça e nos paraísos fiscais, que começavam a brotar em ilhas caribenhas e do Canal da Mancha.

A partir daí, acelerou-se uma estrutura de capacitação formada desde a II Grande Guerra. Além da óbvia expertise em finanças, foi desenvolvido um novo  entendimento para diferentes áreas do conhecimento, e um bom exemplo desta diversidade são os Colóquios de Royaumont (*).

Ressalto, nestes conhecimentos, um conceito amplo da informação, associado à teoria dos sistemas. Neste amálgama se desenvolveu a tecnologia e a capacitação política deste sistema, que está em evolução permanente.

Há dez anos escrevia sobre a existência de meia centena de famílias, e poderia enumerar boa parte, que controlavam os fluxos financeiros internacionais. Elas também respondiam pelo controle de governos e instituições internacionais, e eram as impulsionadoras, financiadoras e municiadoras da enorme quantidade de guerras que deflagraram, explodiram, desde 1990, no mundo.

Um manto de farsas e fraudes cobriu esta realidade. Ora atribuída aos islâmicos, ora à preguiça dos gregos, à incapacidade crônica dos latinos, tudo para que não ficasse claro, evidente, que havia uma força condutora da economia, das finanças, da comunicação de massa, da produção acadêmica, do poder político e de governos em todo planeta. Este poder, o sistema financeiro internacional,  eu abrevio na palavra banca, mas meu caro leitor encontrará com frequência sob a designação de Nova Ordem Mundial, ou, na sigla em inglês, NWO.

Como é óbvio, uma das escapulidas deste poder é atribuir as realidades a uma “teoria conspiratória”, ao que retruco com a frase brilhante do grande jornalista e perspicaz analista Carlos Alberto (Beto) Almeida: “não conheço teorias, mas constato muitas práticas conspiratórias”.

A área psicossocial foi das mais profundamente desenvolvidas pela banca. Inúmeros centros de pesquisa e institutos de análise e desenvolvimento foram criados nestas quatro últimas décadas. Afinal era indispensável não apenas convencer as populações do contrário da lógica ocidental, construída, o longo de séculos, pelas religiões, pela ciência, pelas universidades, mas saber o que poderia motivá-las, que perfis de pessoas seriam mais sensíveis aos diferentes estímulos dos órgãos de comunicação social, inclusive e especialmente daqueles que cresceram com a banca, os sistemas virtuais.

Façamos uma breve pausa tratando dos sistemas virtuais. Neste último meio século, os equipamentos e sistemas de informação e comunicação evoluíram extraordinariamente. Tomando a minha vida profissional, passei da dificuldade de conseguir uma ligação telefônica internacional ou, menos ainda, interurbana,  para a imediata transferência de valor de uma conta bancária na Ásia para outra na América Latina, ou seja, entre países menos desenvolvidos do que os Estados Unidos da América (EUA) e os da União Europeia (UE). E pelo meu aparelho celular.

Também foi neste período que a concentração de renda se acelerou e se modificou a tal ponto que já não poderei, em 2018, identificar as maiores fortunas, e, por favor, sejam um pouco mais exigentes do que repetir os exibicionistas da Fortune. Provavelmente os Windsor, os Oranje-Nassau  continuarão sendo das quatro ou cinco maiores fortunas do mundo e nunca comporão as listas da Fortune.

Esta permanente concentração de renda levou ao anonimato dos aplicadores bilionários ou, até, trilionários. Divididos em múltiplos fundos, este donos do mundo passaram, no entanto, sua gestão para a igualmente anônima e impessoal gestão dos conselhos e comitês dos trilionários Vanguard Group, BlackRock, Street State Global Advisors, Fidelity e outras empresas de captação e aplicações financeiras.

Estas empresas são inacessíveis, as vítimas jamais conseguirão responsabilizá-las por desastres ambientais, humanos, econômicos ou quaisquer outros, em corte ou tribunal de países ricos, desenvolvidos, o que dirá em pobres e colonizados como o Brasil.

Uma superestrutura financeira que tem o projeto colonizador universal. E como sabe que Estados Nacionais podem se libertar, por pressão dos povos famintos e desesperançados, sem ter mais o que perder, a banca tem também o projeto de redução populacional.

Há um século a população mundial não chegava a 2 bilhões de almas. Hoje avizinha 8 bilhões. Tenho lido, em diversas fontes, e apenas repito que a banca pretende reduzir a população a 10% da atual. Mas faz sentido para evitar a pressão demográfica, que desencadearia outras em oposição ao sistema financeiro.

E, para isso, além do recurso das guerras, já em vigor, seriam acrescentados desastres ecológicos, uso de inseticidas e pesticidas inibidores de fertilidade e até assassinos, a disseminação de pestes e doenças, como ebola e outras produzidas em seus laboratórios, as migrações recebidas com tiros e, caro leitor, não pretendo escrever mais uma distopia. Elas já estão nas redes virtuais e nos canais de comunicação de massa.

Mas você estará recebendo, pessoalmente, as informações necessárias para apoiar a banca. E isto porque ela estuda você, sua família, seus amigos, seus correspondentes nos facebook, twitter, instagram, whatsapp e todos estes sistemas de comunicação. Nestes institutos especializados são processados  os fluxos e manifestações das pessoas e, como pesquisadores de mercado, que  não pretendem lhe vender produtos mas ideias, reações, que você as terá “espontâneas”. E será um militante da banca, com a confiança e entusiasmo de um pobre faxineiro analfabeto na igreja neopentecostal, cujo pastor (como um Bispo Macedo) fica, sem qualquer escrúpulo, com toda remuneração de seu trabalho.
Que bom! Sou agora um imbecil diplomado.

(*) A “Abbaye de Royaumont”, mosteiro cisterciense do século XIII, a cerca de 30 km de Paris, acolheu, entre as décadas de 1950 e 1970, inúmeros seminários, conferências, debates e colóquios. Esta atividade foi retomada, em 2003, sob o título “Entretiens de Royaumont”.

*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado


Os destruidores da Líbia, agora «pela Líbia»


Manlio Dinucci*

Depois do insucesso de Emmanuel Macron em resolver a crise da Líbia, é a vez de Giuseppe Conte tentar algo. Roma está melhor posicionada do que Paris, pois tem o apoio da Casa Branca. No entanto, há pouca probabilidade de conseguir seja o que for, pois as “boas fadas” actuais, são os lobos precedentes que devoraram a Líbia.

Em crescente (símbolo do islamismo) representado como um hemisfério estilizado que, ladeado por uma estrela e as palavras «for/with Libya» (para/com a Líbia), representa “um mundo que quer colocar-se ao lado da Líbia”: é o logotipo da “Conferência para a Líbia”, promovida pelo governo italiano, como mostra o tricolor na parte inferior do crescente/hemisfério. A Conferência Internacional desenrola-se nos dias 12 e 13 de Novembro, em Palermo, naquela Sicília que, há sete anos, foi a principal base de lançamento para a guerra com a qual a NATO, sob comando USA, demoliu o Estado líbio. Ela foi iniciada, financiando e armando na Líbia, sectores tribais e grupos islâmicos hostis ao governo de Trípoli e infiltrando no país, forças especiais, incluindo milhares de comandos catarianos, disfarçados de “rebeldes líbios”

Era assim lançado, em Março de 2011, o ataque aéreo USA/NATO que durou 7 meses. A aviação realizou 30 mil missões, das quais 10 mil de ataque, empregando mais de 40 mil bombas e mísseis. A Itália, por vontade de um vasto arco político, da direita à esquerda, participava na guerra não só com a sua própria aviação e marinha, mas colocava à disposição das forças USA/NATO, 7 bases aéreas: Trapani, Sigonella, Pantelleria, Gioia del Colle, Amendola, Decimomannu e Aviano. Com a guerra de 2011, a NATO arrasava aquele Estado que, na margem sul do Mediterrâneo, em frente à Itália, tinha alcançado, embora com consideráveis disparidades internas, “altos níveis de crescimento económico e desenvolvimento humano” (como documentava, em 2010, o Banco Mundial), superiores aos de outros países africanos. Testemunhavam-no, o facto de que tinham encontrado trabalho na Líbia, cerca de dois milhões de imigrantes, a maior parte, africanos. Ao mesmo tempo, a Líbia teria possibilitado, com os seus fundos soberanos, o nascimento, em África, de organismos económicos independentes e uma moeda africana. USA e França – provam-no os emails da Secretária de Estado, Hillary Clinton - concordaram em bloquear, antes de tudo, o plano de Gaddafi de criar uma moeda africana, em alternativa ao dólar e ao franco CFA, imposto pela França às suas 14 antigas colónias africanas.

Derrubado o Estado e Gaddafi assassinado, na situação caótica que se seguiu, iniciou-se, no plano internacional e interno, uma luta feroz para a divisão de um espólio enorme: as reservas petrolíferas (as maiores de África) e de gás natural; o imenso lençol freático núbio de água fóssil, o ouro branco em perspectiva mais precioso do que o ouro negro; o próprio território líbio, de primordial importância geoestratégica; os fundos soberanos, cerca de 150 biliões de dólares investidos no exterior pelo Estado líbio, “congelados”, em 2011, nos principais bancos europeus e dos EUA. Por outras palavras, roubados. Por exemplo, dos 16 biliões de euros de fundos líbios “congelados” no Euroclear Bank, na Bélgica e em Luxemburgo, apareceram apenas 10. "A partir de 2013 - documenta a RTBF (Rádio TV francófona belga) - centenas de milhões de euros, provenientes desses fundos, foram enviados para a Líbia a fim de financiar a guerra civil que causou uma grave crise migratória”. Muitos imigrantes africanos, na Líbia, foram presos e torturados por milícias islâmicas. A Líbia tornou-se a principal rota de trânsito, nas mãos dos traficantes e dos manipuladores internacionais, de um fluxo caótico migratório que, desde então no Mediterrâneo, tem provocado a cada ano, mais vítimas das bombas da NATO, lançadas em 2011.

Não podemos calar, como também fizeram os organizadores da anti-Cimeira de Palermo que, na origem desta tragédia humana, está a guerra USA/NATO que há sete anos desmantelou em África, um Estado na sua totalidade.

Manlio Dinucci* | Voltaire.net.org | Tradução Maria Luísa de Vasconcellos | Fonte Il Manifesto (Itália)

A Rússia prepara-se para enfrentar uma possível agressão da OTAN


Valentin Vasilescu*

O exercício militar russo, Vostok 2018, no qual a China e a Mongólia tomaram parte, não visava, nem ameaçar a OTAN, nem atestar capacidades de Moscovo. Ele tinha por objectivo explícito preparar o país para uma Guerra mundial, que a Rússia estima ser possível de novo. Antecipando a retirada norte-americana do Tratado INF, ele elevou o país para o nível de preparação da Guerra Fria.

Os exercícios militares russos Vostok-2018 tiveram lugar, de 11 a 17 de Setembro, na Sibéria e no Extremo-Oriente. Os média noticiaram que eles incluíram a participação de 300. 000 soldados, 36. 000 veículos blindados, 1. 000 aviões, 6. 000 paraquedistas e 80 navios de guerra. Estes foram os maiores exercícios russos desde 1981.

O que não foi dito

O seu objectivo principal era verificar o estado de preparação das autoridades civis e militares da Federação da Rússia para reagir em caso de guerra à escala mundial. Este conceito, introduzido pela primeira vez nos exercícios e que necessita um aumento considerável de consumo de recursos financeiros e humanos, não teria sido posto em marcha se a Rússia não dispusesse de indícios segundo os quais poderá vir a ser atacada.

O primeiro teste, nestes exercícios, implicava a estrutura político-militar do país e consistia em avaliar a capacidade organizacional em matéria de mobilização aos níveis operacional e estratégico dos comandos estratégicos russos do Centro e do Leste. O segundo teste, visava verificar a capacidade de intervenção rápida aos níveis operacional e estratégico longe dos centros de recrutamento e de aquartelamento.

É claro que, graças ao serviço de Inteligência do exército, a Rússia sabia, com meses de avanço, que os Estados Unidos iam sair do Tratado INF (proibindo mísseis balísticos nucleares de curto-médio alcance e alcance intermédio baseados em terra). Os «escudos antibalísticos» norte-americanos na Roménia e na Polónia de tipo VLS MK-41, derivados dos sistemas de cruzeiro AEGIS, da classe Ticonderoga, têm a capacidade de lançar mísseis de cruzeiro Tomahawk armados de ogivas nucleares W80.

Normalmente, os mísseis de cruzeiro dos EUA são orientados a ter Moscovo como alvo numa fase precedendo uma ofensiva aeroterrestre, em grande escala, em duas direções que convergem para a capital russa. Trata-se de direções estratégicas a partir do Mar Báltico e do Mar Negro, pertencendo ambas ao teatro europeu de acção militar. O que poderá indiciar uma provável agressão da OTAN a partir das fronteiras oeste e sudoeste da Rússia.

Contrariamente aos exercícios Vostok-2018, que eram estritamente defensivos, os da OTAN, Trident moment 2018 na Noruega, são exercícios com um alto nível ofensivo, executados com fins de intimidação. O corpo expedicionário Atlantista treina-se para efectuar desembarques em condições climáticas similares às da costa do Norte da Rússia. Ele é composto por 50.000 participantes, 250 aviões e 65 navios, entre os quais um porta-aviões e três navios de desembarque anfíbio (porta-helicópteros) norte-americanos.

Podemos constatar que para a Rússia surgiu um novo paradigma, que se aprofunda todos os dias, e ao qual ela deverá fazer face. Como irão as coisas evoluir a partir de agora?

Valentin Vasilescu* | Voltaire.net.org | Tradução Alva

*Perito militar. Antigo comandante-adjunto da base aérea militar de Otopeni.

Protesto na França contra aumento de combustíveis tem morto e feridos


Movimento conhecido como "coletes amarelos" realiza mais de 2 mil manifestações com mais de 120 mil participantes na França. Manifestante morre ao ser atropelada por mulher que levava filha ao médico.

Uma manifestante do movimento "gilets jaunes" (coletes amarelos) morreu neste sábado (17/11) e 47 pessoas ficaram feridas, três em estado grave, em cerca de 2 mil manifestações na França dos "coletes amarelos", que protestam contra o aumento dos impostos dos combustíveis, disse o ministro do Interior francês, Christophe Castaner.

Segundo um novo balanço divulgado pelo ministro do Interior, também se registaram 24 detenções relacionadas a essas manifestações, que por volta das 12h locais contavam com cerca de 124 mil participantes.

Em relação à vítima mortal, o Ministério precisou que era uma manifestante, com cerca de 60 anos, que morreu num acidente na cidade de Pont de Beauvoisin, no sudeste da França.

Ela foi atropelada por uma motorista que levava a filha ao médico e entrou em pânico, avançando sobre os manifestantes que tentavam evitar que o veículo prosseguisse a marcha, disse o Ministério do Interior francês. 

Esta foi a primeira vítima dos protestos dos "coletes amarelos", que causaram, às primeiras horas deste sábado, perturbações na circulação rodoviária em alguns pontos de França, especialmente na periferia oeste de Paris e em ao menos três zonas do norte do país.

Os "coletes amarelos" são um movimento cívico à margem de partidos e sindicatos, criado espontaneamente nas redes sociais e alimentado pelo descontentamento da classe média baixa.

O protesto deste sábado pôs em alerta as forças de segurança e, segundo o canal BFM-TV, cerca de 3 mil agentes estão a postos em todo o país. 

O governo em Paris decretou um aumento dos impostos dos combustíveis de 7,6 centavos de euro por litro para o diesel e de 3,9 centavos de euro para a gasolina e, a partir de janeiro, serão aplicadas taxas adicionais a esses produtos de 6 e de 3 centavos de euro, respetivamente.

Os "coletes amarelos", nome alusivo aos coletes sinalizadores refletivos, obrigatórios a ter no interior dos veículos, têm o apoio de 74% da população francesa, segundo uma sondagem divulgada na sexta-feira passada.

CA/rtr/lusa/dpa | Deutsche Welle

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