Exumação dos restos mortais do
fundador da UNITA pode ocorrer entre maio e outubro, disse à DW o porta-voz do
partido. Governo diz que condições já estão criadas. Não haverá honras de
Estado no funeral de Jonas Savimbi.
Depois da reunião entre o
Presidente angolano, João Lourenço, e o líder da União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, em agosto de 2018, duas
comissões têm estado a trabalhar na realização das exéquias.
Uma comissão multi-setorial é coordenada por Pedro Sebastião, ministro de
Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, a outra é
liderada por Ernesto Mulato, dirigente da UNITA.
Pedro Sebastião disse esta
quarta-feira (09.01) à imprensa que já estão criadas as condições para a
cerimónia de exumação
dos restos mortais de Jonas Savimbi. O governante explicou também que
o Executivo aguarda apenas pela disponibilidade da família e do partido do
"galo negro" para realizar o teste de DNA e consequente transladação
dos restos mortais para sua terra natal.
Em entrevista à DW África, o
porta-voz do maior partido da oposição, Alcides Sakala, adiantou que a cerimónia
pode ter lugar entre os meses de maio e outubro, altura em que já não se
registará chuva em
Angola. Enquanto isso, as comissões continuarão a trabalhar.
"Para o teste de DNA, também indicamos que o período que melhor se
apresentava para a exumação e exéquias seria o período da estação seca",
diz Sakala.
Sem honras de Estado
Em relação a um funeral oficial,
Pedro Sebastião que lidera a comissão governamental, revelou que não haverá
honras de Estado para o líder fundador da UNITA, já que Jonas Savimbi não
pertencia à "família governamental" na altura da sua morte.
Esclareceu ainda que não existem
razões para se fazer paralelismo com o funeral de Estado dado ao também
falecido general Arlindo Chenda Pena "Ben-Ben", antigo chefe-adjunto
do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA).
Sobre essa matéria, Alcides
Sakala, prefere não entrar em detalhes: "O mais importante aqui é o
espírito que prevalecer, que é o de concertação de pontos de vista para a
definição de um programa final."
Críticas ao Governo
Nas redes sociais, o Governo está
a ser alvo de críticas por parte de alguns cidadãos, sobretudo militantes da
UNITA. Os internautas entendem que a postura do Executivo pode colocar em
causa o processo de reconciliação nacional em curso no país.
Para o analista e jornalista
angolano Ilídio Manuel, se houvesse honras de Estado no funeral de Savimbi,
"estaria a passar-se um sinal de reconciliação
nacional", o que também "implicaria um reconhecimento
público pelo seu contributo na luta de libertação nacional." Por outro
lado, lembra que o Governo não é obrigado a atribuir as honras de Estado ao
funeral.
Jonas
Malheiro Savimbi nasceu na localidade do Munhango, na província
angolana do Bié, a 3 de agosto de 1934 e morreu em combate em Lucusse,
província do Moxico, a 22 de fevereiro de 2002.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
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