A pouco mais de um mês das
legislativas, o Conselho das Mulheres e Raparigas da Guiné-Bissau acusa os
partidos políticos de não cumprirem a lei de quota, que prevê a presença de 36%
das mulheres na política.
O Supremo Tribunal de Justiça já
notificou os partidos políticos e respetivos candidatos a deputados a
corrigir as falhas nos dossiês, incluindo o número de mulheres nas listas
das candidaturas, que até agora não correspondem aos 36% previstos pela lei
das quotas, em vigor na Guiné-Bissau.
No entanto, alguns partidos que
já entregaram as candidaturas, referentes às eleições legislativas de 10
de março, afirmaram à DW África que cumprem, na medida do possível, a lei
e que não podem forçar ou colocar mulheres se as mesmas não querem
participar nas listas.
Já Alberto Nambeia, líder do
Partido da Renovação Social (PRS), assegurou que o partido está disposto a
corrigir as falhas nos dossiês.
Com a promulgação da lei
das quotas pelo Presidente guineense, José Mário Vaz, a 4 de Dezembro, a
Guiné-Bissau passou a fazer parte do grupo composto por mais de 80
países, que adotaram medidas corretivas e temporárias para fazer avançar a
participação das mulheres na politica e nas esferas de decisão.
À DW África, Francisca Vaz, uma
das vozes do Conselho das Mulheres e Raparigas Guineenses, confirma que nenhum
dos 24 partidos políticos cumpriu com a lei na lista dos candidatos a deputados
em apreciação no Supremo Tribunal de Justiça, pelo que têm até final da próxima
semana para corrigir.
"Neste momento, existem
candidaturas, mas nenhum partido atingiu a percentagem que nós
exigimos, e que hoje está publicada como lei no boletim oficial do Estado.
Dentro de poucos dias, iremos ao Supremo Tribunal questionar como está o
processo, porque sabemos que nenhum partido cumpriu a lei e estamos preocupadas
com isso. Estamos a trabalhar e vamos reagir sobre isso".
Consequências pesadas aos
incumpridores da lei
Francisca Vaz avisa,
desde já, que o incumprimento da lei trará pesadas consequências
aos partidos políticos durante as eleições legislativas de 10 de março. Segundo
a porta-voz, o fato das listas ainda serem provisórias, permite aos
partidos fazer as devidas correções no imediato.
O Conselho das Mulheres e
Raparigas Guineenses realiza-se nos próximos dias 29 e 30 de janeiro,
em Bissau. O
segundo forúm terá como foco a paz, sob o lema – Mulheres Unidas na luta
pela Reconciliação, Paz e Desenvolvimento. Francisca Vaz, coordenadora do
Conselho, adiantou que um dos temas de destaque, será a implementação da Lei
da Paridade.
"Contamos com a
participação de 400 mulheres, que vêm de todo o território nacional, e 100
convidados nacionais e estrangeiros. Neste segundo fórum, o ambiente é
outro. A conjuntura é de pré-campanha eleitoral e por isso, iremos
analisar a problemática da Lei da Paridade, a ver se os partidos políticos
estão conscientes que a devem cumprir".
Outro dos temas que estará em
discussão é a Lei da Terra, que é "uma das grandes preocupações das
mulheres". Francisa Vaz acresentou ainda que serão
discutidos "aspetos económicos, nomeadamente o empoderamento
económico da mulher guineense" e também, "o código de conduta
eleitoral, com o objetivo de promover e impulsionar o bem-estar sustentável na
Guiné-Bissau".
Justiça prepara-se para anunciar
candidatos
Entretanto, o presidente do
Supremo Tribunal de Justiça, Paulo Sanhá, garantiu que, na próxima semana, será
divulgada a lista definitiva e oficial dos candidatos a deputados aprovadas
pela instância máxima da Justiça, que está a analisar ao detalhe as
candidaturas dos 24 partidos.
Por outro lado, a Comissão
Nacional de Eleições garante que estão reunidas as condições do pleito se
realizar dentro da data prevista e aguarda pela afixação da lista dos
candidatos, para proceder ao sorteio dos partidos para posicionamento nos boletins
de voto e, finalmente, divulgar os cadernos eleitorais.
Braima Darame (Bissau) | Deutsche
Welle
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