Macau, China, 17 jan (Lusa) - Um
deputado pró-democracia de Macau disse hoje à Lusa que a proibição de entrada
no território, na quarta-feira, de uma ex-líder estudantil, do chamado
movimento dos 'guarda-chuvas amarelos' de Hong Kong, teve motivações políticas.
"Não vejo nenhum motivo pelo
qual Yvonne Leung põe em risco a segurança. Como em muitos casos no passado,
isto tem motivações políticas", afirmou à Lusa Sulu Sou, o mais jovem
deputado de Macau.
Em declarações à agência de
notícias France-Presse (AFP), a ex-presidente da União dos Estudantes da
Universidade de Hong Kong Yvonne Leung afirmou que as autoridades de Macau lhe
disseram que suspeitavam que ela quisesse entrar no território "para
participar em certas atividades que poderiam comprometer a segurança pública ou
a ordem pública".
Contactada pela agência Lusa, a
Polícia de Segurança Pública de Macau não respondeu até ao momento.
"A polícia muitas vezes
abusa das razões de segurança e confidencialidade", acusou o deputado
pró-democracia de Macau e o único legislador a ser condenado por desobediência
qualificada devido a um protesto realizado em 2016.
Yvonne Leung, de 25 anos, participou
no movimento dos 'guarda-chuvas amarelos', em setembro de 2014, que paralisou o
território durante meses, e foi a única mulher da delegação estudantil presente
nas negociações com as autoridades de Hong Kong, durante os protestos.
Ao longo de mais de dois meses,
centenas de milhares de pessoas paralisaram quarteirões inteiros da cidade para
exigir um verdadeiro sufrágio universal. Mas Pequim não recuou.
Nos últimos anos, Yvonne Leung
retirou-se de qualquer atividade política ou ativista.
Aquando da transferência da
soberania de Hong Kong, em 1997, do Reino Unido para a China, e da
administração de Macau, em 1999, de Portugal para Pequim, foi prometida às duas
regiões administrativas especiais chinesas uma semiautonomia durante 50 anos,
que, entre outras, lhes permitiria manter os direitos de reunião e liberdade de
expressão.
Nos últimos dois anos
registaram-se pelo menos três casos onde as autoridades de Macau, alegadamente,
proibiram a entrada por razões de segurança pública.
Em setembro de 2017, mais de dez
jornalistas de Hong Kong disseram ter sido impedidos de entrar em Macau durante
a semana que antecedeu as eleições legislativas de 17 de setembro, algo não
confirmado pelas autoridades da região.
Um mês antes, após a passagem do
tufão Hato, a 23 de agosto, que causou dez mortos e 240 feridos, pelo menos
cinco jornalistas da região vizinha de Macau denunciaram terem sido bloqueados
na fronteira.
Mais recentemente, em março
último, a direção do Festival Literário de Macau cancelou os convites a quatro
escritores por temer que fossem barrados à entrada do território.
MIM // JH | Na foto: Sulu Sou
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