O primeiro debate parlamentar do
ano entre o primeiro-ministro e a oposição replicou o costume: o PSD com um
nervosismo inerente a estar a passar por disputas autofágicas e o CDS a
escolher o insulto e os ataques pessoais como forma de escamotear a sua completa
ausência de argumentos.
Jorge Rocha* | opinião
Jorge Rocha* | opinião
As direitas agarram-se ás
dificuldades do Serviço Nacional de Saúde, qualificando-o de caótico, mas
Jerónimo de Sousa identificou bem o motivo de tanta celeuma: uma campanha
orquestrada de vários canais de propaganda para impedirem a secundarização dos
interesses privados na satisfação das necessidades da enorme maioria dos
cidadãos. Os mandantes dos políticos das direitas e donos dos jornais e
televisões, que lhes sustentam a cruzada, receiam o desiderato do processo
governativo dos últimos anos, caracterizado por contratação de mais
profissionais, concretização de mais atos médicos e construção de novos
hospitais, culminando num SNS à medida do definido na Constituição: o direito
universal e gratuito à saúde, que sonegue aos grupos económicos do setor a
prossecução do seu obsceno negócio. Muito justamente António Costa deixaria no
ar a pergunta da razão, porque os telejornais não visitam os hospitais privados
onde, por estes dias, os tempos de espera também se têm mostrado exagerados.
As direitas agitaram, igualmente,
a enorme falácia do Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas que
deveria estar concluído em 2020, mas só se concretizou em 20%. António Costa
pôs bem os pontos nos is: para além de estarem atualmente em execução 40% dos
trabalhos previstos e outros 20% em vias de concluírem a fase de projeto, o que
o governo encontrou há três anos, ao tomar posse, foi um mero power point, sem
estudos fundamentados do que se pretendia, nem muito menos concursos lançados para
a sua concretização. Pior ainda: não se operara a necessária ligação com as
autoridades europeias para viabilizarem as verbas para els canalizáveis.
As direitas deveriam ter vergonha
de utilizarem uma fake new desta natureza. Porque se Cristas gosta de enfatizar
a suposta «incompetência» do primeiro-ministro teria de olhar para si e para os
comparsas do governo anterior, como tendo a enormíssima responsabilidade pelo
que deixaram estragado e este governo, e esta maioria parlamentar,
têm andado a consertar.
É evidente que as direitas olham
horrorizadas para os sucessos, que as circunstâncias tendem a comprovar
doravante como resultado da solução política encontrada há três anos. Por isso
mesmo agitam-se, nervosas, com o receio de se verem reduzidas a expressão ainda
mais minguada na capacidade de condicionarem o futuro dos portugueses. Se
tantos oponentes de Rui Rio se manifestam é por temerem o que as urnas ditarão
nos sucessivos atos eleitorais deste ano. Mudar alguma coisa para que, da sua
parte, ideologicamente, tudo fique na mesma, é a estratégia, que lhes resta. E
que não lhes evitará o anunciado fracasso.
*jorge rocha | Ventos Semeados
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