Jorge Rocha* | opinião
Num artigo inserido no «Público»
de ontem, Teresa de Sousa faz uma leitura da razão de ser do mal estar social
por que passa a generalidade da Europa, nela crescendo a influência dos
partidos e movimentos de extrema-direita.
Segundo a jornalista a origem
desse fenómeno reside na globalização, que trouxe como consequência imediata a
estagnação dos rendimentos das classes médias. Estas, para não sentirem a perda
de estatuto e de qualidade de vida apressaram-se a enredar-se na armadilha para
elas criada por quem pretendia salvaguardar o essencial do sistema económico:
as facilidades de crédito.
A ilusão perduraria se não
tivesse ocorrido a crise financeira de 2008, que estancou essa alternativa. De
repente ficou evidenciada a inevitabilidade da pauperização, sentida com uma
incrédula frustração, tanto mais agudizada, quanto se tornou evidente a
desigualdade crescente entre quantos podem estudar e aceder à informação e os
que se veem empurrados para a retaguarda do pelotão social, sem esperança de
voltarem a chegar-se mais à frente.
Criaram-se assim as condições
para o momentâneo sucesso dos discursos populistas contra as elites.
*jorge rocha | Ventos Semeados
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