Mais de 30 manifestantes foram
detidos por organizar marcha pacífica em Cabinda, denuncia o movimento
independentista daquela região. FLEC diz que Angola está a promover
"terrorismo de Estado".
A Frente de Libertação do Estado
de Cabinda (FLEC) acusou Angola de estar a exercer "terrorismo de
Estado" em Cabinda e pediu a libertação dos mais de 30 jovens do movimento
que foram detidos pelas autoridades angolanas.
"Exigimos a libertação
imediata e sem condições dos manifestantes. Nós temos direito à nossa
autodeterminação e à nossa identidade. Estamos a ser reprimidos por Angola e
denunciamos a repressão violenta que sofremos por parte dos angolanos", disse
Jean Claude Nzita, porta-voz da FLEC, em declarações à agênvia de notícias Lusa
esta sexta-feira (01.02).
Na terça-feira, as autoridades
angolanas detiveram 32 pessoas de forma a tentarem evitar a realização de uma
marcha pacífica em Cabinda para assinalar o 134.º aniversário do Tratado de
Simulambuco.
Já na sexta-feira, numa mensagem
na rede social WhatsApp, o Movimento Independentista de Cabinda (MIC) afirmou
que a "polícia colonial angolana" deteve nesse dia o secretário-geral
da organização, Carlos Vemba.
"Estamos a ser impedidos de
nos exprimir livremente, como ficou patente na detenção dos manifestantes.
Angola está a exercer um terrorismo de Estado sob a população de Cabinda",
acrescentou Jean Claude Nzita, que vive em Paris, França.
Responsabilidades
Para a FLEC, Portugal é o culpado
desta situação por continuar a fugir às suas responsabilidades e não ter
assumido os seus compromissos com a província de Cabinda. "O responsável
de tudo isto é Portugal e os portugueses sempre fugiram às suas
responsabilidades, mantendo uma postura hipócrita em relação à nossa
situação", vincou o porta-voz.
O Tratado de Simulambuco foi
assinado em 01 de fevereiro de 1885 pelo representante do Governo português,
Guilherme Augusto de Brito Capello, então capitão tenente da Armada e
comandante da corveta "Rainha de Portugal", e pelos príncipes, chefes
e oficiais do reino de N'Goyo. O tratado colocou Cabinda sob protetorado
português e foi elaborado antes da Conferência de Berlim, que dividiu África
pelas potências europeias.
A procura da independência data,
no entanto, de 1956, quatro anos depois da união administrativa com Angola, com
a formação do Movimento de Libertação do Enclave de Cabinda (MLEC) e, em 1963,
dois anos depois do início da guerra em Angola, são criados o Comité de Ação da
União Nacional dos Cabindas (CAUNC) e a Aliança Maiombe (ALLIAMA).
A Frente de Libertação do Enclave
de Cabinda (FLEC) é fundada nesse mesmo ano, como resultado da fusão dos
movimentos existentes e de forma a unir esforços que sensibilizassem Portugal
para o desejo de independência. Mais recentemente, a FLEC passou a designar-se
Frente de Libertação do Estado de Cabinda.
Agência Lusa, tms | em Deutsche Welle
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