Grupo de 74 ativistas do
Movimento Independentista de Cabinda (MIC) está detido pela polícia angolana
desde o final de janeiro, incluindo o presidente e o vice-presidente, segundo a
organização.
Sebastião Macaia Bungo,
secretário para Informação e Comunicação do MIC, referiu, em declarações à
agência de notícias Lusa, que as detenções foram feitas à medida que se
aproximava o dia em que o movimento se preparava para celebrar, a 01 de
fevereiro, com uma marcha, o 134.º aniversário da assinatura do Tratado de
Simulambuco.
Contactada na quinta-feira
(07.02) pela Lusa, fonte da Polícia Nacional de Angola indicou estar a aguardar
por informações oficiais vindas de Cabinda para que se possa, depois, fazer um
ponto de situação.
A marcha, que acabaria impedida
pelas autoridades policiais angolanas, visava, além de comemorar os 134 anos do
tratado assinado em 1885 entre Portugal e os príncipes, chefes e oficiais dos
reinos de Cabinda (Makongo, Mangoyo e Maloango), colocando o enclave sob
protetorado português, também exigir a independência de Angola.
"Foram presos 74 ativistas e
dirigentes, nomeadamente o presidente do MIC, Maurício Bufita Baza Gimbi, e o
seu 'vice', António Marcos Soqui, a irmã do presidente, Madalena Gimbi, de 18
anos, e o cunhado João Mambimbi. Quase uma família completa", referiu
Sebastião Macaia.
"Caça às bruxas"
A polícia angolana, acrescentou,
prendeu antecipadamente os organizadores e ativistas, impedindo-os de exercerem
o seu direito de manifestação, que o MIC disse ser legítima, depois de ter
entregue o pedido de autorização às autoridades provinciais, que não
responderam.
"Em vez de dar luz verde à
marcha, [a polícia] lançou uma operação de prisão dos dirigentes e ativistas do
MIC, iniciada nos dias 28 e 29 de janeiro, e fez toda uma campanha para
dissuadir as pessoas a participar em qualquer marcha", acusou.
Segundo Sebastião Macaia, há
também dificuldades em alimentar os detidos, uma vez que a polícia está a
impedir os familiares de entregar-lhes comida, mesmo depois de o MIC ter
contratado quatro advogados para os defender.
"Muitos dos nossos irmãos
estão escondidos porque a polícia tem estado a cercar as suas casas numa caça
às bruxas", acrescentou Sebastião Macaia, salientando que os 74 ativistas,
três deles mulheres, foram detidos sem mandado de captura e apresentados ao
tribunal para legalização da prisão, no prazo legal.
Nesse sentido, Sebastião Macaia
disse à Lusa lamentar o "silêncio" das embaixadas de Portugal,
Estados Unidos, Alemanha e Bélgica, às quais disse ter feito chegar,
pessoalmente, em Luanda, o aviso da marcha em Cabinda.
O porta-voz do MIC acrescentou
que o pré-aviso foi também enviado ao Presidente angolano, João Lourenço, às
autoridades provinciais e ao bispo da diocese de Cabinda.
À Lusa, Sebastião Macaia enviou a
lista com os nomes dos 74 ativistas detidos, entre eles o presidente do MIC,
que terá sido detido a 31 de janeiro.
"Os agentes do SIC [Serviço
de Investigação Criminal] em Cabinda torturaram os ativistas Maria Deca, de 42
anos de idade, Alberto Puna e Sebastião Buio, ambos de 23 anos de idade. Maria
Deca ficou com o rosto inflamado e Alberto Puna apresenta dores de costelas,
pelo que não consegue deitar-se", denunciou.
Agência Lusa | em Deutsche Welle
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