O
Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, minimizou hoje, ao chegar ao Chile para
uma visita de três dias, as manifestações de repúdio contra a sua presença no
país e defendeu o legado do ex-ditador chileno Augusto Pinochet.
"Eu
não sou unanimidade e tenho manifestações contrárias em qualquer lugar do mundo
que vá", admitiu Bolsonaro, destacando que, apesar disso, tem o apoio
popular no seu país.
"O
importante é que, no meu país, eu tive uma vitória [eleitoral]
excecional", contrapôs.
Nos
três dias em que está no Chile, para o lançamento de um novo organismo de
integração sul-americana hoje e para uma visita oficial no sábado, estão
previstas uma série de manifestações contra Bolsonaro por parte de partidos
políticos de esquerda e de organizações sociais.
Os
líderes do parlamento chileno e vários legisladores rejeitaram o convite do
Presidente do país, Sebastián Piñera, para um almoço no sábado com Bolsonaro no
Palácio La Moneda ,
sede do Governo.
Os
presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados não estarão no evento, por
discordarem do discurso de Bolsonaro que consideram como um fascista,
comparável com o ex-ditador chileno Augusto Pinochet.
"Eu
não vim aqui para falar sobre Pinochet. Muitos gostam dele, outros não
gostam", declarou Bolsonaro.
"Mas
eu digo sempre que o regime militar foi muito positivo para o Brasil. E essa
questão de ditadura no Cone Sul [da América] tem de ser levada à luz da
verdade. Nós chegámos a uma conclusão e pacificámos", referiu, minimizando
as prisões, tortura e morte que, através do Plano Condor, unificou as ditaduras
do Cone Sul.
Em
contraponto, os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados do Chile, Jaime
Quintana e Iván Flores, respetivamente, estiveram na quinta-feira no almoço
oferecido ao Presidente da Colômbia, Iván Duque, também em visita oficial ao
Chile.
"Não
estarei no sábado em La
Moneda por convicção política", disse Jaime Quintana.
O
socialista Alfonso de Urresti, vice-presidente do Senado, também recusou o
convite porque o Presidente do Brasil é um "perigo para a
democracia".
Já
a deputada comunista Carmen Hertz, além de recusar o convite, respondeu:
"Hoje em dia, ir a um almoço com Bolsonaro é como ir a um almoço com o
Hitler de 1936".
Organizações
de Direitos Humanos e partidos de esquerda, como a Frente de Direitos Humanos e
Povos Originários de Comunes, consideram Bolsonaro é 'persona non grata' para o
Chile.
Bolsonaro
é um conhecido admirador do ex-ditador chileno Augusto Pinochet.
O
atual ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, formado na Universidade de
Chicago, berço do pensamento liberal, chegou a dar aulas na Universidade do
Chile, durante a ditadura chilena.
Paulo
Guedes quer ter o Chile como referência económica para o Brasil.
"Ele
é um homem muito voltado para o livre comércio. O sr. Paulo Guedes, e eu, apoio
totalmente as suas propostas. Ele foi um 'Chicago boy'. Ele esteve aqui na
época do Presidente Pinochet, propondo o plano económico de vocês",
resumiu Bolsonaro às perguntas de jornalistas brasileiros e chilenos ainda no
aeroporto após o avião que o transportava ter aterrado em Santiago, capital
chilena.
Segundo
o Presidente brasileiro, Paulo Guedes "está a levar para o Brasil [o
modelo chileno de capitalização de pensões e reformas]".
"Acreditamos
na capacidade e no patriotismo de Paulo Guedes para solucionar esse problema no
Brasil", confiou Bolsonaro.
Hoje,
alguns países sul-americanos pretendem acabar com a União Sul-americana de
Nações (UNASUL), que consideram de ideologia de esquerda, e pretendem lançar um
novo organismo de integração sul-americana, denominado PROSUL. Países como
Bolívia e Uruguai desconfiam tratar-se apenas de uma união da nova direita
regional.
"Queremos
selar o fim da UNASUL. A América Latina toda deve-se unir em torno de
democracia, liberdade e prosperidade", concluiu Bolsonaro.
Lusa | em Notícias ao Minuto| Foto Lusa
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