sexta-feira, 22 de março de 2019

Bolsonaro minimiza manifestações no Chile e defende o ex-ditador Pinochet


O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, minimizou hoje, ao chegar ao Chile para uma visita de três dias, as manifestações de repúdio contra a sua presença no país e defendeu o legado do ex-ditador chileno Augusto Pinochet.

"Eu não sou unanimidade e tenho manifestações contrárias em qualquer lugar do mundo que vá", admitiu Bolsonaro, destacando que, apesar disso, tem o apoio popular no seu país.

"O importante é que, no meu país, eu tive uma vitória [eleitoral] excecional", contrapôs.

Nos três dias em que está no Chile, para o lançamento de um novo organismo de integração sul-americana hoje e para uma visita oficial no sábado, estão previstas uma série de manifestações contra Bolsonaro por parte de partidos políticos de esquerda e de organizações sociais.


Os líderes do parlamento chileno e vários legisladores rejeitaram o convite do Presidente do país, Sebastián Piñera, para um almoço no sábado com Bolsonaro no Palácio La Moneda, sede do Governo.

Os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados não estarão no evento, por discordarem do discurso de Bolsonaro que consideram como um fascista, comparável com o ex-ditador chileno Augusto Pinochet.

"Eu não vim aqui para falar sobre Pinochet. Muitos gostam dele, outros não gostam", declarou Bolsonaro.

"Mas eu digo sempre que o regime militar foi muito positivo para o Brasil. E essa questão de ditadura no Cone Sul [da América] tem de ser levada à luz da verdade. Nós chegámos a uma conclusão e pacificámos", referiu, minimizando as prisões, tortura e morte que, através do Plano Condor, unificou as ditaduras do Cone Sul.

Em contraponto, os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados do Chile, Jaime Quintana e Iván Flores, respetivamente, estiveram na quinta-feira no almoço oferecido ao Presidente da Colômbia, Iván Duque, também em visita oficial ao Chile.

"Não estarei no sábado em La Moneda por convicção política", disse Jaime Quintana.

O socialista Alfonso de Urresti, vice-presidente do Senado, também recusou o convite porque o Presidente do Brasil é um "perigo para a democracia".

Já a deputada comunista Carmen Hertz, além de recusar o convite, respondeu: "Hoje em dia, ir a um almoço com Bolsonaro é como ir a um almoço com o Hitler de 1936".

Organizações de Direitos Humanos e partidos de esquerda, como a Frente de Direitos Humanos e Povos Originários de Comunes, consideram Bolsonaro é 'persona non grata' para o Chile.
Bolsonaro é um conhecido admirador do ex-ditador chileno Augusto Pinochet.

O atual ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, formado na Universidade de Chicago, berço do pensamento liberal, chegou a dar aulas na Universidade do Chile, durante a ditadura chilena.

Paulo Guedes quer ter o Chile como referência económica para o Brasil.

"Ele é um homem muito voltado para o livre comércio. O sr. Paulo Guedes, e eu, apoio totalmente as suas propostas. Ele foi um 'Chicago boy'. Ele esteve aqui na época do Presidente Pinochet, propondo o plano económico de vocês", resumiu Bolsonaro às perguntas de jornalistas brasileiros e chilenos ainda no aeroporto após o avião que o transportava ter aterrado em Santiago, capital chilena.

Segundo o Presidente brasileiro, Paulo Guedes "está a levar para o Brasil [o modelo chileno de capitalização de pensões e reformas]".

"Acreditamos na capacidade e no patriotismo de Paulo Guedes para solucionar esse problema no Brasil", confiou Bolsonaro.

Hoje, alguns países sul-americanos pretendem acabar com a União Sul-americana de Nações (UNASUL), que consideram de ideologia de esquerda, e pretendem lançar um novo organismo de integração sul-americana, denominado PROSUL. Países como Bolívia e Uruguai desconfiam tratar-se apenas de uma união da nova direita regional.

"Queremos selar o fim da UNASUL. A América Latina toda deve-se unir em torno de democracia, liberdade e prosperidade", concluiu Bolsonaro.

Lusa | em Notícias ao Minuto| Foto Lusa

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