Ministro da Defesa de Moçambique,
Atanásio Mtumuke, diz que ataques armados em pontos recônditos da província de
Cabo Delgado são protagonizados por "jovens desempregados", que
estarão a ser "enganados".
"Quem são os malfeitores?
São jovens que estão a ser enganados por causa do desemprego", disse o
ministro moçambicano da Defesa de Moçambique, Atanásio Mtumuke, citado na
terça-feira (08.01) pela televisão privada STV.
O governante desdramatizou os
ataques, que já causaram a morte de cerca de 100 pessoas desde outubro de 2017,
segundo dados oficiais.
"Essas atividades dos
malfeitores começaram em outubro, e, desde que iniciaram, as instituições do
Estado estão a funcionar normalmente", disse Atanásio Mtumuke.
"[Os autores] são jovens que
não entendem o Alcorão. Não há nenhum Alcorão que diz que se deve matar
pessoas", acrescentou.
O último ataque conhecido aconteceu
no domingo no posto administrativo de Mpundanhar, em Cabo Delgado , quando
um grupo armado intercetou uma carrinha de caixa aberta que transportava
passageiros numa estrada que liga Palma e Mpundanhar.
Depois de disparar contra a
carrinha para que o motorista parasse o veículo, o grupo obrigou os passageiros
a descerem, para momentos depois atacá-los com recurso a catanas e outros
instrumentos contundentes, explicaram diferentes fontes ouvidas pela agência
noticiosa Lusa.
Sete pessoas morreram e outras
sete ficaram feridas na sequência deste ataque.
Dezenas de ataques
A onda de violência naquela zona
começou após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia, em
outubro de 2017.
Depois de Mocímboa da Praia, têm
ocorrido dezenas de ataques que se suspeita estarem relacionados com o mesmo
tipo de grupo, sempre longe do asfalto.
Os ataques têm acontecido fora da
zona de implantação da fábrica e outras infraestruturas das empresas
petrolíferas que vão explorar gás natural, na península de Afungi, distrito de
Palma, na região, e cujas obras avançam com normalidade.
Em finais do mês passado, o
Ministério Público (MP) de Moçambique juntou mais cinco nomes à lista de cerca
de 200 pessoas que estão em julgamento, acusadas de estarem envolvidas nos
ataques armados em Cabo
Delgado.
Na acusação do MP, que data de 24
de dezembro e a que a Lusa teve acesso, o empresário sul-africano Andre
Hanekom, de 60 anos, é apontado como "financiador, logístico e
coordenador dos ataques", cujo objetivo era "criar instabilidade e
impedir a exploração de gás natural na província" de Cabo Delgado, a cerca
de 2.000
quilómetros a norte de Maputo, no extremo norte de Moçambique,
junto à Tanzânia.
Agência Lusa | em Deutsche Welle
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