Segundo o movimento separatista,
soldados angolanos fizeram um sequestro na República Democrática do Congo e
mataram dois membros da FLEC em combates. A UNITA também mostra-se preocupada em
relação a Cabinda.
Em declarações à DW África, Jean
Claude Nzita, Secretário para a Informação e Comunicação da FLEC-FAC (Frente de
Libertação do Estado de Cabinda), acusou o exército angolano de ter raptado
seis pessoas numa incursão ao território da vizinha República Democrática do
Congo (DRC). Na noite de sábado (9.03), soldados angolanos teriam feito uma
incursão na província do Congo Central a sul de Cabinda: "Raptaram o
cidadão congolês Khonde Ngimbi Jean e cinco cabindeses, Egídio Massanga,
Fernando Mbuco, Bernardo Soungu, José da Costa Luemba e António Victor
Gimbi", disse Jean Claude Nzita.
Segundo ele, os seis foram
levados por soldados angolanos para um destino desconhecido em Cabinda. A FLEC
teme pelas vidas dos sequestrados.
Ataques mataram mais dois membros
da FLEC
Segundo o Secretário para a
Informação e Comunicação da FLEC-FAC, tropas angolanas mataram dois membros do
movimento independentista de Cabinda. Um teria sido morto na manhã de sábado na
região de Pointe-Noire, na República do Congo (Brazzaville) a norte de Cabinda.
O outro na tarde de sábado, na República Democrática do Congo (RDC), segundo o
relato de Jean Claude Nzita.
A direção política da FLEC pede a
Michelle Bachelet, Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos,
que efectue um inquérito aprofundado aos raptos e que condene claramente as
violações dos direitos humanos em Cabinda. A FLEC também denuncia "a vaga de
repressão sem precedentes levada a cabo pelo governo angolano sobre os
ativistas cabindeses" e "o silêncio cúmplice dos chefes de
Estado europeus quanto a estes atos", segundo um comunicado à imprensa da
FLEC FAC.
A FLEC é um movimento separatista
que desde 1963 luta pela independência do enclave de Cabinda. Primeiro lutou
contra o colonialismo português separadamente dos outros movimentos
independentistas angolanos. Após a independência de Angola de Portugal, em
1975, o território tornou-se uma província da então recém-independente Angola e
o MPLA tomou o controlo da região. Desde então, as várias facções da FLEC lutam
pela independência de Cabinda. A FLEC evoca o Tratado de Simulambuco, assinado
em 1885 entre autoridades locais e representantes de Portugal, para reivindicar
a independência do enclave. Diz que o tratado estabeleceu Cabinda como um
protectorado português separado do resto de Angola.
UNITA também se mostra preocupada
pela situação no enclave de Cabinda
A União Nacional para
Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana,
denunciou que "continuam a morrer" angolanos em Cabinda,
"vítimas de um conflito mal resolvido", considerando que naquela
província angolana os cidadãos são tratados de forma "arbitrária e
autoritária".
"O grupo parlamentar da
UNITA já não pode aceitar que em tempos de paz morram angolanos em Cabinda
vítima de um conflito mal resolvido", disse Adalberto Costa Júnior,
presidente do grupo parlamentar deste partido: "Recomendamos a necessidade
da humanização dos órgãos de defesa e segurança, que através de métodos
repressivos e de violência estimulam e acirram os extremismos desnecessários."
Após a visita de alguns deputados
da UNITA em Cabinda, Adalberto Costa Júnior lamentou a atuação
"extremamente radical" dos órgãos de defesa e segurança na província.
Segundo o partido, a delegação parlamentar não foi recebida pelo governador de Cabinda
apesar de várias solicitações.
Detenções do Movimento
Independentista de Cabinda tiveram origem na procuradoria, diz UNITA
Os parlamentares da UNITA também
fizeram pesquisas sobre as detenções de jovens do autodenominado Movimento
Independentista de Cabinda (MIC). "O comandante da polícia confirmou a
detenção de 63 cidadãos com ligações ao MIC por pretenderem fazer uma marcha
alusiva ao dia 1 de fevereiro, o 134.º aniversário da assinatura do Tratado de
Simulambuco. Alegou ter recebido da procuradoria mandados de busca e
apreensão", explicou Adalberto Costa Júnior. A UNITA constatou igualmente
que "a partilha de 10% das receitas fiscais, do valor da produção
petrolífera, para investimentos em Cabinda, não foi cumprida".
Em vez da aposta na repressão, a
UNITA recomenda urgentemente "privilegiar o diálogo permanente como
solução dos diferendos existentes".
Johannes Beck, Agência Lusa | em Deutsche Welle
Na imagem: Jean Claude Nzita da
FLEC-FAC
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