segunda-feira, 8 de abril de 2019

Angola | ATINGIMOS O ZERO - Martinho Júnior


“Acabaram-se as complicações sociais!
Atingi o Zero Cheguei à hora do início do mundo e resolvi não existir
Cheguei ao Zero-Espaço ao Nada-Tempo ao eu coincidente com vós-Tudo
E o que é mais importante: Salvei o mundo!”

Última estrofe do poema de Agostinho Neto, “Renúncia impossível” –  poema musicado pelos Irmãos Kafala

Martinho Júnior, Luanda 

1- Por orientação do Presidente da República de Angola e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, camarada João Manuel Gonçalves Lourenço e por cumprimento do camarada General Fernando Garcia Miala, actual Chefe do SINSE, para aqueles que um dia entraram ao serviço dos organismos de inteligência e de segurança do poder de estado em Angola, “houve uma porta de entrada, mas não há de saída”!

Desse modo insofismável, passa-se a considerar a existência da Comunidade de Inteligência e Segurança de Angola num quadro filosófico que tem tudo a ver com a harmonia entre patriotas que se devem empenhar ao longo de toda a sua vida na luta pela paz, pelo aprofundamento da democracia, pela justiça social e também na luta contra o subdesenvolvimento enquanto projecção da independência e soberania de Angola.




Tenho acrescentado que “a harmonia não poderá colocar de lado o rigor, pois é premente que o estado angolano volte a ser o fiel depositário de todos os interesses do povo angolano, algo que é um imenso desafio face à conjuntura global actual, um desafio que se vai estender necessariamente nas próximas décadas, pois há todo um povo para galvanizar, mobilizar e erguer do subdesenvolvimento crónico que se arrasta desde um passado remoto!

Acima de tudo é necessário colocar nossas pernas no futuro, garantir o seguimento da luta do movimento de libertação numa lógica com sentido de vida, lutar por uma geostratégia para um desenvolvimento sustentável e equacionar a cultura de inteligência numa atmosfera de paz, de aprofundamento da democracia e de respeito para com a Mãe Terra”…

Parece-me que, uma vez mais, na trilha duma Renúncia Impossível, atingimos o zero!...


2- Atingimos o zero e isso vem também a propósito da curta história da iniciativa de publicação do pequeno compêndio que tem por título“Apontamentos sobre África”, editado pelo Instituto Nacional de Informações e Segurança, uma iniciativa que esteve congelada à espera de poder ser dada è estampa durante os últimos 4 anos e por isso teve de vencer obstáculos inconfessáveis…

Com toda a humildade tenho o dever de publicamente dar testemunho dessa pequena saga, inscrita na saga maior que levou à filosofia da gestação declarada da Comunidade de Inteligência e Segurança, por que neste caso que tanto tem a ver com a história contemporânea de Angola, houve um caminho para hoje se atingir mais uma vez o zero da Renúncia Impossível que marca a vida de gerações e gerações de angolanos patriotas, milhões contra os quais ninguém combate!...

Assim fiz minha curta intervenção no acto de apresentação de “Apontamentos sobre África”, no final da IVª Assembleia Geral Ordinária da Acção Social Para Apoio e Reinserção, ASPAR, onde tenho dado muito modesta contribuição ao longo dos últimos 10 anos, neste mandato cessante enquanto Secretário-Geral: “saúdo todos aqueles que estando no activo, souberam cultivar ainda que em silêncio e por que em silêncio houvera que ser, o ovo congelado da Comunidade de Inteligência e Segurança de Angola que agora finalmente despontou num novo ser vocacionado para o futuro”!

A todos esses meus camaradas patriotas do activo cuja conduta se pautou por essa pertinente saga, quero aqui expressar a mais profunda gratidão de alguns largos milhares de homens membros da ASPAR, Instituição de Utilidade Pública, milhares de homens dos quais faço também parte, integrante e participativa.

Para que houvesse paz, esses largos milhares de patriotas tiveram (e ainda têm) de arrostar com muitos sacrifícios e incompreensões, autênticos“mambises” deste lado do mar, mas ao colocar nossas pernas no futuro, apesar de tantos ignotos desaparecidos na voragem do tempo e do abandono a que foram votados (mas não esquecidos), alguns deles durante mais de três décadas, há que fazer com que esses sacrifícios não sejam em vão!


É evidente que meus camaradas componentes do Instituto Nacional de Informações e Segurança, foram e ainda são mentores dessa saga: com este livro deram um sinal da sua contribuição para a cultura do “ovo congelado” que deu origem finalmente à Comunidade de Inteligência e Segurança de Angola e para eles vai publicamente meu imenso respeito, pela sua coerência e dignidade histórica, pelo seu exemplo.

Vai também meu incentivo para que os alicerces da cultura de inteligência patriótica crie bases consolidadas e se abra no sentido dos imensos resgates que há a realizar, dando sequência justa ao movimento de libertação em África!

Em mais uma prova de Renúncia Impossível, meus camaradas, com toda a insignificância que somos, individual ou colectivamente, com todo o infinito amor que África e Angola nos merecem, apenas, apenas atingimos o zero!...

Martinho Júnior | Luanda, 3 de Abril, em comemoração do Dia da Paz em Angola.

Imagens duns poucos daqueles que hoje, iluminados pelo exemplo de milhões de patriotas angolanos que nos antecederam, ousam continuar a atingir o zero!

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