“Acabaram-se as complicações
sociais!
Atingi o Zero Cheguei à hora do
início do mundo e resolvi não existir
Cheguei ao Zero-Espaço ao
Nada-Tempo ao eu coincidente com vós-Tudo
E o que é mais importante: Salvei
o mundo!”
Última estrofe do poema de
Agostinho Neto, “Renúncia impossível” – poema musicado pelos Irmãos Kafala
Martinho Júnior, Luanda
1- Por orientação do Presidente
da República de Angola e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas,
camarada João Manuel Gonçalves Lourenço e por cumprimento do camarada General
Fernando Garcia Miala, actual Chefe do SINSE, para aqueles que um dia entraram
ao serviço dos organismos de inteligência e de segurança do poder de estado em
Angola, “houve uma porta de entrada, mas não há de saída”!
Desse modo insofismável, passa-se
a considerar a existência da Comunidade de Inteligência e Segurança de Angola
num quadro filosófico que tem tudo a ver com a harmonia entre patriotas que se
devem empenhar ao longo de toda a sua vida na luta pela paz, pelo
aprofundamento da democracia, pela justiça social e também na luta contra o
subdesenvolvimento enquanto projecção da independência e soberania de Angola.
Tenho acrescentado que “a
harmonia não poderá colocar de lado o rigor, pois é premente que o estado
angolano volte a ser o fiel depositário de todos os interesses do povo
angolano, algo que é um imenso desafio face à conjuntura global actual, um
desafio que se vai estender necessariamente nas próximas décadas, pois há todo
um povo para galvanizar, mobilizar e erguer do subdesenvolvimento crónico que
se arrasta desde um passado remoto!
Acima de tudo é necessário
colocar nossas pernas no futuro, garantir o seguimento da luta do movimento de
libertação numa lógica com sentido de vida, lutar por uma geostratégia para um
desenvolvimento sustentável e equacionar a cultura de inteligência numa
atmosfera de paz, de aprofundamento da democracia e de respeito para com a Mãe
Terra”…
Parece-me que, uma vez mais, na
trilha duma Renúncia Impossível, atingimos o zero!...
2- Atingimos o zero e isso vem
também a propósito da curta história da iniciativa de publicação do pequeno
compêndio que tem por título“Apontamentos sobre África”, editado pelo Instituto
Nacional de Informações e Segurança, uma iniciativa que esteve congelada à
espera de poder ser dada è estampa durante os últimos 4 anos e por isso teve de
vencer obstáculos inconfessáveis…
Com toda a humildade tenho o
dever de publicamente dar testemunho dessa pequena saga, inscrita na saga maior
que levou à filosofia da gestação declarada da Comunidade de Inteligência e
Segurança, por que neste caso que tanto tem a ver com a história contemporânea
de Angola, houve um caminho para hoje se atingir mais uma vez o zero da
Renúncia Impossível que marca a vida de gerações e gerações de angolanos
patriotas, milhões contra os quais ninguém combate!...
Assim fiz minha curta intervenção
no acto de apresentação de “Apontamentos sobre África”, no final da IVª
Assembleia Geral Ordinária da Acção Social Para Apoio e Reinserção, ASPAR, onde
tenho dado muito modesta contribuição ao longo dos últimos 10 anos, neste
mandato cessante enquanto Secretário-Geral: “saúdo todos aqueles que
estando no activo, souberam cultivar ainda que em silêncio e por que em
silêncio houvera que ser, o ovo congelado da Comunidade de Inteligência e
Segurança de Angola que agora finalmente despontou num novo ser vocacionado
para o futuro”!
A todos esses meus camaradas
patriotas do activo cuja conduta se pautou por essa pertinente saga, quero aqui
expressar a mais profunda gratidão de alguns largos milhares de homens membros
da ASPAR, Instituição de Utilidade Pública, milhares de homens dos quais faço
também parte, integrante e participativa.
Para que houvesse paz, esses
largos milhares de patriotas tiveram (e ainda têm) de arrostar com muitos
sacrifícios e incompreensões, autênticos“mambises” deste lado do mar, mas
ao colocar nossas pernas no futuro, apesar de tantos ignotos desaparecidos na
voragem do tempo e do abandono a que foram votados (mas não esquecidos), alguns
deles durante mais de três décadas, há que fazer com que esses sacrifícios não
sejam em vão!
É evidente que meus camaradas
componentes do Instituto Nacional de Informações e Segurança, foram e ainda são
mentores dessa saga: com este livro deram um sinal da sua contribuição para a
cultura do “ovo congelado” que deu origem finalmente à Comunidade de
Inteligência e Segurança de Angola e para eles vai publicamente meu imenso
respeito, pela sua coerência e dignidade histórica, pelo seu exemplo.
Vai também meu incentivo para que
os alicerces da cultura de inteligência patriótica crie bases consolidadas e se
abra no sentido dos imensos resgates que há a realizar, dando sequência justa
ao movimento de libertação em África!
Em mais uma prova de Renúncia
Impossível, meus camaradas, com toda a insignificância que somos, individual ou
colectivamente, com todo o infinito amor que África e Angola nos merecem,
apenas, apenas atingimos o zero!...
Martinho Júnior | Luanda, 3 de
Abril, em comemoração do Dia da Paz em Angola.
Imagens duns poucos daqueles que
hoje, iluminados pelo exemplo de milhões de patriotas angolanos que nos
antecederam, ousam continuar a atingir o zero!
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