Líderes de partidos populistas de
direita europeus reúnem-se em
Praga. Aliança eurocética busca formar forte bloco
parlamentar nas eleições europeias no próximo mês.
Numa demonstração de união,
líderes de partidos europeus de extrema direita reuniram-se em Praga nesta
quinta-feira (25/04). Após forte ascensão dos movimentos contrários à União
Europeia (UE) em várias partes do bloco comunitário, populistas de direita esperam
alcançar no um sucesso sem precedentes nas eleições europeias do mês que vem.
A francesa Marine Le Pen,
do Rassemblement National (Agrupamento Nacional), da França e o
holandês Geert Wilders, líder do Partido para a Liberdade (PVV), estão entre os
palestrantes, enquanto o mandatário da Liga e ministro do Interior da Itália,
Matteo Salvini, contribuiu com o envio de uma mensagem em vídeo.
No comício, Le Pen defendeu a
união da extrema direita e afirmou que pela primeira vez o "movimento
democrático de patriotas" possibilita uma reforma na conjuntura do bloco.
"O que vemos aqui é o
nascimento de uma nova harmonia europeia com partidos nacionalistas europeus
unidos para oferecer a 500 milhões de europeus um no quadro de cooperação, um
novo projeto e um novo impulso para o futuro", disse a política francesa
ao lado de Wilders.
"A imigração deve ser
travada e a ideologia islamita deve ser erradicada", insistiu Le Pen,
acusando a União Europeia de supostamente "financiar uma imigração em
massa, organizada e desejada".
Numa coletiva de imprensa antes
do comício, tanto Le Pen quanto Wilders defenderam posturas eurocéticas. A
francesa alegou que a UE não pode ser baseada "numa ideologia imposta à
força" e afirmou que o globalismo e o islamismo são ameaças.
"Todos querem mais União
Europeia, o que é negativo, pois isso significa menos Estados-nação",
ressaltou Wilders, defendendo a criação de leis para impedir a imigração de
muçulmanos no bloco.
Uma banda tcheca de extrema
direita abriu o evento na praça central de Wenceslas, em Praga, que teve como
anfitrião Tomio Okamura, parlamentar tcheco que dirige o partido Liberdade e
Democracia Direta (SPD).
"Na quinta-feira, o SPD
lançará oficialmente a campanha eleitoral da UE. Queremos mostrar que não
estamos sozinhos", disse Okamura. "Pesquisas mostram que a Aliança
Europeia de Pessoas e Nações [EAPN], liderada por Matteo Salvini, Marine Le
Pen, pelo Partido da Liberdade da Áustria [FPÖ] e outros, tem a chance de
formar um dos grupos mais fortes do Parlamento Europeu."
Partidos e agrupamentos
participantes da aliança eurocética, que incluem a Alternativa para a Alemanha
(AfD) e o Partido do Povo Dinamarquês, compartilham políticas contrárias a
migrantes e promovem a soberania nacional e as liberdades individuais.
O SPD, que nunca participou das
eleições legislativas na União Europeia e, portanto, não possui parlamentares
em Estrasburgo, defende o Czexit, a saída da República Tcheca da UE, assim
como o PVV de Wilders apoia um Nexit, a saída da Holanda do bloco comunitário.
Os partidos eurocéticos receberam
um impulso adicional há uma semana, quando o Partido dos Verdadeiros
Finlandeses alcançou o segundo lugar nas eleições gerais da Finlândia.
Salvini, que visitou Okamura em
Praga no início deste mês, recentemente convocou partidos nacionalistas
espalhados pelo Parlamento Europeu para unir forças e formar uma nova aliança.
Ele disse que espera que o novo bloco seja o maior do parlamento de 751
assentos, após a votação marcada para 23 a 26 de maio.
"Esses partidos chegarão lá,
serão fortes, terão bons resultados nas eleições, especialmente na
Itália", disse o analista político tcheco Jan Kubacek. "Mas o
problema com todos esses grupos é que eles não podem realmente cooperar, pois
estão muito focados em seus interesses nacionais."
Se a aliança, de fato, sair do
papel após a eleição europeia, um líder terá de ser escolhido – e Le Pen e
Salvini estão de olho no cargo.
"Le Pen será muito ativa no
Parlamento Europeu. Ela não pode realmente mostrar seu melhor na política
francesa, então ela usa o parlamento como sua segunda
plataforma", disse Kubacek.
Salvini convocou uma grande
reunião dos partidos anti-EU para Milão em 18 de maio, com a participação de Le
Pen e Okamura.
"A reunião deve ser uma
demonstração pan-europeia da capacidade das nações europeias de cooperar sem um
mandado de Bruxelas, apenas com base em acordos mútuos", disse Okamura.
Le Pen, Wilder e Okamura já
haviam se encontrado em Praga em dezembro de 2017 para comemorar a conquista de
22 assentos do SPD no Parlamento Tcheco naquele ano. O partido ganhou pontos
com os eleitores com uma campanha anti-imigração – embora muitos migrantes
tenham desprezado a República Tcheca em troca de países mais ricos, como a
Alemanha – e com discurso contrário ao islã, lema-chave também para as
eleições europeias.
PV/afp/ots | Deutsche Welle
Na foto: Marine Le Pen, Tomio
Okamura e Geert Wilders durante encontro de partidos anti-imigração em dezembro
de 2017
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