O ministro angolano da Defesa,
Salviano Sequeira, assegura que a situação no enclave de Cabinda é
"tranquila" e afirma desconhecer a morte de militares das Forças
Armadas de Angola (FAA), reivindicada pela FLEC/FAC.
"A situação é calma e
serena. Estive fora [de Angola] e desconheço a existência de vítimas entre as
FAA. Estive, entretanto, hoje com o CEMGFA [chefe do Estado-Maior-General das
Forças Armadas de Angola] e não recebi qualquer informação nesse sentido",
afirmou à agência Lusa Salviano Sequeira.
Questionado pela agência
noticiosa portuguesa, que insistiu no facto de, em vários comunicados
divulgados nas últimas semanas, a Frente
de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC)
ter reivindicado a morte de vários soldados das FAA, Salviano Sequeira insistiu
na mesma resposta: "A situação está calma".
Desde janeiro que a FLEC/FAC, em
"comunicados de guerra", tem reivindicado a morte de soldados das
FAA, cerca de uma dezena, entre eles três oficiais, segundo o movimento
independentista em emboscadas no interior de Cabinda, com o último a acontecer
no último dia 12, numa emboscada na região de Necuto, no qual diz terem
morrido três soldados angolanos.
"Um território em estado de
guerra"
No passado dia 28 de fevereiro,
a FLEC/FACanunciou
a retoma, "de forma intensiva, da luta armada em Cabinda" e alertou
que o enclave angolano é "um território em estado de guerra" e que os
estrangeiros "devem tomar as medidas de segurança adequadas".
No "comunicado de
guerra" enviado então à agência Lusa, a FLEC/FAC argumentou que
"nunca quis a guerra e sempre abriu as portas à paz" e que
"todas as oportunidades" para a construir foram "esmagadas no
sangue por Angola e os seus presidentes Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos
e João Lourenço".
Na ocasião, o movimento
independentista alertou a comunidade internacional e todos os seus expatriados
que Cabinda é um território em estado de guerra e por isso todos devem tomar as
medidas de segurança adequadas.
O Governo angolano, que nem
sequer discute a possibilidade de Cabinda aceder à independência, tem insistido
na ideia de que a situação no enclave é "tranquila".
A FLEC, através do seu
"braço armado", as FAC, luta pela independência do território alegando
que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no
Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território
angolano.
Criada em 1963, a organização
independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com
a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento que alega manter uma
"resistência armada" contra a administração de Luanda.
Agência Lusa | em Deutsche Welle
Na foto: Manifestação na Suíça
pela independência de Cabinda (2014)
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