Se dentro de 15 dias as Forças
Armadas do Sudão não transferirem o poder para uma autoridade transitória
liderada por civis, terão de enfrentrar a suspensão da União Africana. Órgão
condena formação de Conselho Militar.
Em comunicado, o diretor do
Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA), Admore Kabudzi, condenou a
formação do Conselho
Militar de Transição e a suspensão temporária da Constituição no
Sudão. "Os militares sudaneses devem entregar o poder imediatamente",
apelou.
O tenente-general Jalal al-Deen
al-Sheikh, membro do Conselho Militar de Transição, encontrou-se esta
segunda-feira (15.04) com o primeiro-ministro da Etiópia em Adis Abeba , onde está a
sede da UA. Em conferência de imprensa garantiu que já está em curso o processo
de escolha um primeiro-ministro para formar um governo civil.
"Iniciamos este processo
antes mesmo desta sessão com a UA. Esta é a nossa convição e também um caminho
para a paz. Mas também respeitamos e estamos comprometidos com a decisão do
Conselho de Paz e Segurança da União Africana", afirmou Jalal al-Deen
al-Sheikh.
Intenções suspeitas?
Em entrevista à DW África na
capital alemã, Berlim, o ativista sudanês Adam Bahar diz que há motivos para
suspeitar das intenções do Conselho Militar de Transição do Sudão. "Eles
prometem, mas de facto não fazem nada. A estrutura do antigo regime continua
lá", lembra.
"Não se sabe sobre os
serviços secretos, que nos últimos meses mataram centenas de pessoas. Até agora
também não sabemos sobre o ditador Omar
al-Bashir. Dizem que ele está detido, mas não avançam mais informações para
o público", sublinha ainda o ativista.
Na segunda-feira (15.04), durante
um encontro com o chefe da Agência da ONU para os Refugiados, a chanceler
alemã, Angela Merkel, demonstrou preocupação com a situação política e dos
direitos humanos no Sudão. Angela Merkel também conversou por telefone com o
Presidente do Egito, Abdel-Fattah el-Sissi, e afirmou que a Alemanha apoia as
exigências do povo sudanês para a formação de um governo civil.
Pressão nas ruas continua
O grupo que liderou os protestos
contra o Presidente
deposto Omar al-Bashir insiste na dissolução do conselho militar
provisório, que tomou o poder na semana passada, e lançou um novo apelo para a
formação de um governo civil. Em conferência de imprensa, horas depois de
tropas do exército terem tendado intimidar os manifestantes, o líder da
Associação de Profissionais do Sudão, Taha Osman, reiterou as principais
reivindicações dos manifestantes, que desde 6 de abril estão acampados à porta
do Ministério da Defesa em Cartum, a capital sudanesa.
"Uma das principais
exigências do movimento de protesto é a formação de um conselho civil,
soberano, com representação militar para proteger a revolução e garantir que as
exigências sejam atendidas", declarou. Outras das revindicações é a
criação de um governo civil, "com plenos poderes executivos".
Além da passagem do poder para as
mãos do povo, a Associação de Profissionais do Sudão renovou os pedidos para
que o chefe do judiciário e os seus representantes sejam demitidos. Também
exigiram a dissolução do Partido do Congresso Nacional de Omar al-Bashir e
pediram a apreensão dos bens do partido e a prisão de figuras proeminentes.
Outras exigências são a
dissolução de grupos paramilitares leais ao antigo Governo e da autoridade de
operações do Serviço Nacional de Inteligência e Segurança e o fim da lei de
imprensa do Sudão e da lei de ordem pública, que os movimentos sociais dizem
restringir as liberdades.
Deutsche Welle | tms, Abu-Bakarr
Jalloh, AP, Reuters
Sem comentários:
Enviar um comentário