“O líder do principal partido da
oposição, Jeremy Corbyn, escreveu na rede social Twitter que os EUA querem
extraditar Assange porque ele expôs "provas de atrocidades no Iraque e no
Afeganistão".
Mais de 70 membros do parlamento
britânico instaram, este sábado, o secretário do Interior daquele país a
considerar prioritária a extradição do fundador do Wikileaks Julian Assange
para a Suécia, relativamente a uma extradição para os Estados Unidos.
Os parlamentares, a maioria dos
quais pertencem ao Partido Trabalhista, subscreveram uma carta dirigida ao
secretário do Interior, Sajid Javid, para que "faça tudo o que estiver ao
seu alcance para assegurar que Julian Assange seja extraditado para a Suécia,
no caso de a Suécia realizar esse pedido de extradição".
Na carta, os membros do
parlamento britânico apelam a que se possa "investigar adequadamente"
uma denúncia de violação por parte de uma mulher sueca, uma suspeita de crime
que prescreve em 2020, sendo que outras acusações feitas na justiça sueca já
prescreveram.
Estes membros do parlamento
britânico defendem, assim, a prioridade de uma eventual extradição para a
Suécia, face a uma extradição para os Estados Unidos, relativamente ao roubo e
divulgação de documentos secretos que expuseram a prática da tortura pelos
norte-americanos na guerra do Iraque, entre outras matérias.
Uma carta semelhante é igualmente
dirigida à porta-voz do Partido Trabalhista para as questões de administração
interna, Diane Abott, que defende que o governo deve bloquear uma extradição de
Assange para os Estados Unidos, mas que desvalorizou as acusações de violação.
Elisabeth Massi Fritz, advogada
da mulher sueca cujo caso ainda não prescreveu, disse ao jornal britânico The
Guardian, que recebeu com "choque" as notícias da detenção de Assange
em Londres, já que não tinha sido notificada, apelando à polícia sueca que
reabra o a investigação.
Os parlamentares britânicos pedem
ao secretário do Interior britânico que defenda as "vítimas de violência
sexual" e que permita que a queixa contra Assange seja "devidamente
investigada".
Dirigentes do partido Trabalhista
já tinham defendido na sexta-feira que o Governo britânico deve opor-se à
extradição do cofundador do WikiLeaks, Julian Assange, para os EUA, por ter
ajudado a expor irregularidades.
O líder do principal partido da
oposição, Jeremy Corbyn, escreveu na rede social Twitter que os EUA querem
extraditar Assange porque ele expôs "provas de atrocidades no Iraque e no
Afeganistão".
Assange encontra-se atualmente
detido na prisão de Wandsworth, no sul de Londres, enquanto aguarda a sentença
da justiça britânica por ter desrespeitado as condições da liberdade
condicional em 2012, quando se refugiou na embaixada do Equador enquanto asilado,
pena que pode ir até 12 meses de prisão.
O processo do pedido de
extradição feito pelos Estados Unidos deverá ser de novo analisado a 02 de maio
no tribunal de magistrados de Westminster, mas especialistas admitam que se
possa prolongar por vários anos.
O castigo máximo para o crime de
que é acusado pelas autoridades norte-americanas é de cinco anos de prisão, mas
o australiano de 47 anos receia ser alvo de acusações mais graves.
Assange é uma figura que divide
opiniões, considerado por alguns um herói da liberdade de imprensa que
enfrentou governos ao publicar no WikiLeaks documentos confidenciais
comprometedores.
Outros acusam-no de ter
colaborado com a Rússia para divulgar emails comprometedores de Hillary Clinton
durante a campanha para as eleições presidenciais dos EUA que resultaram na
vitória de Donald Trump.
A antiga candidata democrata
comentou na sexta-feira que "a verdade é que ele precisa responder pelo
que fez, pelo menos do que foi acusado".
Jornal de Notícias
Na imagem: Julian Assange à saída
da embaixada do Equador, onde permaneceu sete anos asilado | Foto: Adrian
Cotterill
Sem comentários:
Enviar um comentário