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Lenin Moreno, presidente do Equador,
“vendeu” Assange aos EUA em troca de redução de dívida
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Paul Craig Roberts

Nesta manhã a prisão de Assange dentro da embaixada equatoriana em Londres foi a primeira etapa na tentativa de Washington de criminalizar a Primeira Emenda da Constituição dos EUA.
O homem de Washington em Quito disse que revogou o asilo político de Assange e a sua cidadania equatoriana devido à sua liberdade de expressão.
Quando polícias de diversa raça e género arrastaram Assange para fora da embaixada nesta manhã, reflecti sobre a absoluta corrupção de três governos – dos EUA, Reino Unido e Equador – e das suas instituições.
A polícia britânica não mostrou vergonha quando carregou Assange desde a sua embaixada-prisão dos últimos sete anos até uma cela britânica como estação intermediária para outra americana. Se a polícia britânica tivesse qualquer integridade, toda a força policial teria ficado doente.
Se o parlamento britânico tivesse qualquer integridade, eles teriam bloqueado a contribuição de Londres para o julgamento espectáculo de Washington agora em preparação.
Se os britânicos tivessem um primeiro-ministro ao invés de uma agente de Washington, Assange teria sido libertado há muito tempo atrás e não mantido num aprisionamento de facto até que Washington aceitasse o preço de Moreno.
Se os jornalistas anglo-americanos tivessem qualquer integridade, eles levantar-se-iam em armas quanto à criminalização da sua profissão.
O presidente Trump sobreviveu a três anos de provação semelhante aos sete anos
da provação de Assange. Trump sabe quão corruptas são as agências de
inteligência e o Departamento de Justiça (sic) dos EUA. Se Trump tivesse
qualquer integridade, ele poria um fim imediato à vergonhosa e embaraçosa
perseguição à Assange através da emissão de perdão pré julgamento. Isto também
poria fim ao re-aprisionamento ilegal de Manning.
Mas integridade não é algo que prospere em Washington, ou em Londres ou em
Quito.
Quando o Departamento de Justiça (sic) não tem um crime com o qual acusar a
vítima que pretende, o departamento repete continuamente a palavra
"conspiração". Assange é acusado de estar em conspiração com Manning
para obter e publicar dados secretos do governo, tais como o filme, o qual já
era conhecido de um repórter do Washington Posto qual fracassou no seu
jornal e na sua profissão ao permanecer silencioso quanto a soldados dos EUA
cometerem crimes extraordinários sem remorso. Como soldado dos EUA, era
realmente dever de Manning relatar os crimes e a falha de tropas
estado-unidenses em desobedecerem a ordens ilegais. Supunha-se que Manning
relatasse os crimes aos seus superiores, não ao público, mas ele sabia que o
militares já haviam encoberto o massacre de jornalistas e civis e não queria um
outro evento tipo My Lai nas suas mãos.
Não acredito na acusação contra Assange. Se a WikiLeaks rompeu o código para
Manning, a WikiLeaks não precisava de Manning.
O alegado Grande Júri que alegadamente produziu a acusação foi conduzido em
segredo ao longo de muitos anos enquanto Washington buscava algo que pudesse
ser atribuído a Assange. Se houve realmente um grande júri, os jurados eram
destituídos de integridade, mas como podemos saber se houve realmente um grande
júri? Por que deveríamos nós acreditar em qualquer coisa que diga Washington
depois das "armas de destruição em massa de Saddam Hussein", da
"utilização por Assad de armas químicas contra o seu próprio povo",
da "ogivas iranianas", da "invasão russa da Ucrânia", do
"Russiagate" e assim por diante ad infinitum ? Por que
acreditar que Washington desta vez está a contar a verdade?
Quando o grande júri foi secreto por causa da "segurança nacional",
será que o julgamento também será secreto e as provas secretas? Será que
teremos aqui um processo tipo Star Chamber no
qual uma pessoa é acusada em segredo e condenada em segredo com provas
secretas? Este é o procedimento utilizado por governos tirânicos que não
dispõem de argumentos contra a pessoa que eles querem destruir.
Os governos em Washington, Londres e Quito são tão desavergonhados que não se
importam em demonstrar a todo o mundo seu desrespeito à lei e a sua falta de
integridade.
Talvez o resto do mundo seja ele próprio tão desavergonhado de modo a não haver
consequências adversas para Washington, Londres e Quito. Por outro lado, talvez
o enquadramento de Assange, a seguir à falcatrua do Russiagate e da desavergonhada
tentativa de derrubar a democracia na Venezuela e instalar um agente de
Washington como presidente daquele país, venha a tornar claro para todos que o
chamado "mundo livre" é conduzido por um governo patife e sem lei.
Washington está a acelerar o declínio do seu império pois deixa claro que não é
digna de respeito.
Não se pode ter confiança alguma em que seja feita justiça em qualquer
julgamento americano. No julgamento de Assange, a justiça não é possível. Com
Assange condenado pelos media, mesmo um júri convencido da sua inocência irá
condená-lo a fim de não enfrentar denúncias por libertar um "espião
russo".
A condenação de Assange tornará impossível para os media relatarem fugas de
informação que sejam desfavoráveis ao governo. À medida que o precedente se
expandir, futuros promotores públicos apresentarão o caso de Assange como um
precedente para processar críticos do governo que serão acusados de pretensos
danos ao mesmo. A era da justiça e do governo responsável está a chegar ao
fim.
11/Abril/2019
Ver também:
Assange
expôs a democracia burguesa e o estado burguês
O original encontra-se em www.paulcraigroberts.org/2019/04/11/the-age-of-injustice/
O original encontra-se em www.paulcraigroberts.org/2019/04/11/the-age-of-injustice/
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