segunda-feira, 27 de maio de 2019

Eleições europeias | Abstenção, brancos e nulos atingem mais de 75% em Portugal


Nas eleições realizadas ontem, domingo, os portugueses expressaram-se do modo esperado e que maioritariamente revela, cada vez mais, que não confiam nos políticos que os representam ou se propõem representá-los no Parlamento Europeu. Mais de 75% dos eleitores portugueses decidiu demonstrar isso mesmo.

Contas feitas, somados os que nem foram às urnas de voto (68,6%), os que votaram em branco ou que anularam os boletins de voto (6,9%), foram mais de 75% optaram por se abster. Os 21 deputados portugueses no PE, ontem eleitos, só têm o mandato expresso por um pouco menos de 25% dos portugueses. 

Apesar disso, tudo continua na mesma e uns dizem-se vencedores enquanto outros, apresentando atenuantes esfarrapados, falam em terem sido derrotados. Afinal foram todos derrotados, incluindo os portugueses, porque não se viram nem se vêem devidamente representados no Parlamento Europeu, na UE. Cerca de três quartos dos portugueses é aquilo que sente. Foi e é assim nestas eleições europeias.


Assim acontecerá nas próximas Eleições Legislativas, a realizar em Outubro - talvez com abstenção menos expressiva - o que comprova a falta de qualidades com que os portugueses vêem aqueles que não merecem confiança para os representar, representando antes, em três dos principais partidos políticos (PS, PSD, CDS) interesses e lobies de toda a espécie. Representando, isso sim, uma diminuta elite que se move apostada no saque aos portugueses e a Portugal. As provas são evidentes. E só isto para não se referir aqui a corrupção que existe e que na maior parte dos casos continua impune.

Apesar das evidências tudo se mantém na mesma e os de uma minoria fazem de conta que nada aconteceu, que as abstenções nada significam de importante - lamentando hipocritamente que aconteça - mantendo os "tachos, os compadrios e as negociatas" - partindo para o saque do costume, continuando a ludibriar milhões de portugueses.

É a "festa da democracia”. A trapaça. (PG)

Abstenção de 68,6% é a mais alta de sempre, mas número de votantes subiu

As eleições para o Parlamento Europeu registaram no domingo a taxa de abstenção mais elevada de sempre em Portugal, de 68,6%, mas o número de votantes foi superior em cerca de 30 mil.

De acordo com os dados disponíveis no site da Direção-Geral da Administração Interna (DGAI), quando faltavam apurar duas freguesias e atribuir seis mandatos, a taxa de participação ficou nos 31,36%, situando-se a taxa de abstenção em 68,6%, ultrapassando a taxa registada em 2014, de 66,2%.

Contudo, em termos absolutos, o número de votantes será maior do que em 2014, com mais cerca de 30 mil eleitores a votar nas europeias de domingo, de acordo com os dados apurados pela DGAI, cerca das 00:50 de hoje.

Nas presentes eleições, do total de eleitores inscritos, 1.431.825 são cidadãos recenseados fora do território nacional, representando 13,3%.

Nas eleições de 2014, a percentagem de eleitores registados fora do território nacional era apenas de 2,5%.

A taxa de abstenção de 68,6% nas eleições de domingo é a mais alta de sempre em eleições em Portugal, ultrapassando a registada nas europeias de 2014 - que já tinha sido a mais elevada - e até a verificada no referendo à Interrupção Voluntária da Gravidez, em 1998, em que a abstenção foi de 68,1%.

Este ano, na sequência do recenseamento automático, o universo eleitoral era de 10.761.156 eleitores, quando nas anteriores eleições para o Parlamento Europeu, em maio de 2014, eram 9.696.481.

Nas eleições europeias de 1994, 64,46% dos eleitores optaram por não votar. No ato eleitoral de 2009, o valor ficou nos 63,1%.

No anterior ato eleitoral para o Parlamento Europeu, em 2009, 63,14% dos eleitores não foram votar, confirmando que as europeias são as eleições que habitualmente suscitam menos interesse por parte dos portugueses.

Nas primeiras europeias, em 1987, um ano depois da adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), a participação foi maior, com apenas 27,8% dos eleitores a não exercer o direito de voto.

Dois anos depois, a abstenção subiu para os 48,8%, em 1999 chegou aos 60% e em 2004 foi de 61,3%.

Votos em branco e nulos somaram 6,94%

Segundo os dados disponíveis no site da Direção-Geral da Administração Interna (DGAI), nas europeias de domingo, a percentagem de votos em branco foi de 4,25% (140.912) e a de votos nulos foi de 2,69% (88.967).

Em 2014, os votos em branco e nulos totalizaram 7,45%. Dos eleitores inscritos, 3% votaram nulo e 4,41% votaram em branco.

No sufrágio de domingo foram chamados a votar 10.761.156 eleitores para eleger 21 deputados ao Parlamento Europeu.

Lusa | Notícias ao Minuto

PS vence, BE reforça, PAN faz história. PSD, CDS, CDU derrotados

Os portugueses foram este domingo às urnas para eleger os 21 eurodeputados que representarão Portugal, nos próximos cinco anos, no Parlamento Europeu. A abstenção ficará na história como a mais alta de sempre (68%), numas eleições vencidas pelo PS, mas nas quais o Bloco de Esquerda (BE) e o PAN cantaram vitória, enquanto PSD, CDU e CDS saíram derrotados.

O PS foi o vencedor das eleições Europeias, ainda que com um resultado acima do 'poucochinho', com 33,36% dos votos, mas conseguindo eleger nove representantes para o Parlamento Europeu. O PSD, que tinha fixado o objetivo de aumentar o número de eurodeputados, não conseguiu atingir essa meta, tendo alcançado apenas 22,01% de votos e mantendo os seis representantes. Os resultados indicam, aliás, que o partido de Rio alcança, percentualmente, o seu pior resultado de sempre, com 21,94% - um 'score' inferior aos 24,3% obtidos nas legislativas de 1976.

Mas se para os sociais-democratas a noite não foi de glória, para o Bloco de Esquerda foi de vitória, que se fixou como a terceira força política. 9,82% dos eleitores deram o passaporte para Estrasburgo a José Gusmão, que fará companhia a Marisa Matias no Parlamento Europeu nos próximos cinco anos. 

Quem também acabou a noite de sorriso rasgado foi o PAN, que conseguiu eleger Francisco  Guerreiro (com 5,08%) como o primeiro eurodeputado do partido liderado por André Silva, que garantiu que o PAN não é só uma "moda".

Para uns saírem vencedores, outros saíram derrotados. E esses foram, além do PSD,  a CDU, que reuniu 6,81% dos votos, perdendo um eurodeputado (tinha conseguido três em 2014), e o CDS, em 5.º lugar com 6,19%, manteve apenas um eleito, o cabeça de lista Nuno Melo - que regista também a marca de pior resultado de sempre dos centristas em europeias.

Outro dos perdedores da noite eleitoral foi António Marinho e Pinto, que nas europeias de 2014 conseguiu eleger dois eurodeputados para o seu partido de então, o MPT (Movimento Partido da Terra), mas agora fica fora do Parlamento Europeu. 

Europeias fechadas, os partidos apontam agora a mira às legislativas de outubro (e deixaram-no claro nos seus discursos quer de vitória quer de derrota). Lá fora, 21 países também foram a votos e houve resultados para vários gostos, com destaque para França, onde Marine Le Pen conquistou terreno à direita.

Ana Lemos, Melissa Lopes, Pedro Filipe Pina - Texto retirado parcialmente de Notícias ao Minuto

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