Segundo a Rede Angolana das
Organizações de Serviços de SIDA (ANASO), o país não tem fundos suficientes
para lutar contra a doença. A falta de dinheiro compromete a campanha de
prevenção.
A Rede Angolana das Organizações
de Serviços de Sida (ANASO) revela que a falta de vontade política está a
contribuir para a redução do compromisso de Estado em relação à luta
contra a SIDA em Angola. O número de pessoas a viver com a doença
continua a crescer no país.
Em declarações à DW África,
António Coelho, secretário-executivo da ANASO, afirmA que o programa de combate
ao HIV no país continua a depender de doadores internacionais, que
estão a reduzir os apoios devido à classificação de "país de
renda média" que Angola obteve, de acordo com o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Angola não tem fundos para
lutar contra a doença e a falta de dinheiro compromete a campanha de prevenção,
diz António Coelho. "O país tem estado a definir outras prioridades,
as pessoas têm estado a definir outras preocupações, há o problema da fome, há
grande carência fundamentalmente devido à crise social e financeira que o país
tem estado a enfrentar. Por isso, entendemos que nessa altura as pessoas
não estão muito preocupadas com a doença e com a saúde. Definiram outras
prioridades, sentimos também que continua a faltar vontade política", conclui.
Em Angola, regista-se ainda pouca
informação de como o cidadão deve lidar com a doença ou com o doente. O estigma
é uma realidade no país que aprovou recentemente uma lei que criminaliza a
descriminação.
O secretário-executivo diz que a
maior parte dos angolanos não conhece a referida norma. Por outro lado, a
imprensa já não aborda o assunto como anteriormente. "Sentimos que a
comunicação social está a desistir um pouco do processo da luta contra a SIDA
no país. Anteriormente tínhamos programas sobre sida na rádio, na televisão,
tínhamos espaços sobre a sida nos diferentes jornais, quer semanários como
diários. Hoje, infelizmente, esses espaços desapareceram", lamenta o
ativista angolano.
500 mil pessoas com SIDA
Atualmente, existem em Angola
perto de meio milhão de pessoas com HIV/SIDA. Desse número, 65% são mulheres.
Quanto à idade, 60% dos jovens de 15 a 24 anos são portadores da doença.
Ainda assim, assiste-se uma
redução das ações de prevenção. De acordo com António Coelho Angola
depara-se com graves problemas na distribuição dos antirretrovirais. "Assistimos a rupturas, a disponibilidade também está comprometida.
A cobertura do tratamento é baixa, representa 25%, por razões relacionadas
com a crise, e a taxa de abandono é bastante elevada. Andamos na ordem dos
55%", revela.
Apesar das dificuldades, a Rede
Angolana das Organizações de Serviços de SIDA continua a promover
diferentes campanhas de sensibilização.
Outra preocupação da associação é
a contaminação dolosa: a ANASO regista 14 queixas por dias. "É uma
situação que nos está a preocupar. O país tem estado a tentar fazer esforços no
sentido de promover ações de prevenção, e neste caso, entendemos que a
contaminação dolosa tem estado a comprometer todos os esforços de
prevenção", frisa o secretário.
Borralho Ndomba | Deutsche Welle
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