Presidente da Venezuela, Nicolás
Maduro, voltou esta quinta-feira a reclamar os 28,35 mil milhões de euros
retidos nos Estados Unidos e em Portugal, valor que disse estar destinado à
importação de alimentos e medicamentos.
Segundo Nicolás Maduro, os Estados
Unidos "roubaram à Venezuela" 30 mil milhões de dólares (26,81 mil
milhões de euros) e em Portugal estão retidos 1,7 mil milhões de dólares (1,54
milhões de euros à taxa de câmbio atual).
"Há que aumentar (os
esforços) para enfrentar o bloqueio económico que faz o Governo imperialista de
Donald Trump. Uma sabotagem anormal, desumana. [O Governo norte-americano]
sabota todas as importações que fazemos de matéria prima (...) Temos que
inventar mil caminhos para comprar e para trazer o que o país precisa para
fazer medicamentos", disse.
Nicolás Maduro falava no Forte de
Tiuna, a principal base militar de Caracas, durante um ato que teve como tema
central a saúde e que foi transmitido pela televisão estatal venezuelana.
"Continuo a denunciar. Não
me cansarei de denunciar o roubo de mais de 30 mil milhões de dólares, pelo
Governo dos EUA, contra a Venezuela", frisou.
"Em Portugal, por exemplo,
num banco chamado Novo Banco, roubaram-nos 1.726 milhões de dólares que estavam
destinados para trazer medicamentos (...) Assalto a plena luz do dia, por ordem
do Governo 'gringo' americano", acusou.
"Temos de enfrentar e vamos
continuar a enfrentar. Faça chuva, trovoada ou relâmpagos, ninguém nem nada
deterá o rumo da revolução bolivariana na saúde e em todos os campos da nossa
vida. Ninguém nos vai tirar o direito ao futuro, à felicidade e à paz, o
direito à vida, não vou vão tirar", acrescentou.
Cerca de cinco dezenas de
venezuelanos protestaram na quinta-feira junto ao Consulado-Geral de Portugal
em Caracas, para exigir que o Governo português desbloqueie 1.543 milhões de
euros que estão retidos no Novo Banco.
O protesto foi convocado pela
Asobien, uma organização não governamental (ONG) dedicada a doentes com
Parkinson e outras doenças, que insiste que esses recursos se destinam ao
tratamento de doentes venezuelanos, no exterior.
Os manifestantes chegaram num
autocarro do Governo venezuelano e, segundo fontes diplomáticas, entregaram uma
carta a reclamar o desbloqueio do dinheiro.
No passado dia 2, 19 organizações
de defesa dos direitos humanos e movimentos sociais venezuelanos tinham ido à
Embaixada de Portugal em Caracas também para pedir que o Governo português
interceda para que sejam desbloqueados 1.543 milhões de euros retidos no Novo
Banco.
Num comunicado enviado à agência
Lusa, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela explicou na altura que
foi entregue "uma carta onde solicitam os bons ofícios do Governo
português para que sejam desbloqueados 1.543 milhões de euros que foram
ilegalmente retidos na entidade financeira Novo Banco".
Na mesma nota, a diretora da
Sures, uma associação dedicada ao estudo, educação e defesa dos Direitos
Humanos, Lucrécia Hernández, denunciou que "o bloqueio destes ativos têm
impedido o pagamento necessário para atender 26 pacientes venezuelanos que se
encontram em Itália, à espera de receber tratamento oncológico".
Devido a esta situação, a
diretora de Sures, Lucrécia Hernández, "apelou aos bons ofícios do Governo
de Portugal para que, através das ações legais que correspondam, o Novo Banco
consiga destravar os recursos".
"Não temos podido
concretizar a compra de medicamentos, de uma série de materiais, como
consequência do bloqueio imposto pelos EUA e que o Novo Banco continuou",
disse a diretora da organização Rompendo a Norma Alexis Bolívar.
O comunicado conclui afirmando
que a representação diplomática portuguesa mostrou-se "aberta à solicitação
e manifestou a disposição de tramitar o requerimento".
Já em 17 de abril, o Presidente
da Venezuela tinha exortado o Governo português a desbloquear os ativos do
Estado venezuelano retidos no Novo Banco, sublinhando que o dinheiro será usado
para comprar "todos os medicamentos e alimentos".
"Libertem os recursos
[da Venezuela] sequestrados na Europa. Peço ao Governo de Portugal que
desbloqueie os 1,7 mil milhões de dólares [cerca de 1,5 mil milhões de euros]
que nos roubaram, que nos tiraram" e que estão retidos no Novo Banco.
Lusa | Expresso
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