Partidos pró-UE devem ganhar
maioria dos assentos holandeses no Parlamento Europeu, segundo pesquisa de boca
de urna. Eleitores britânicos e residentes no Reino Unido relatam
irregularidades e votos "desaparecidos".
Os partidos holandeses pró-UE
encaminharam uma vitória surpreendente nas eleições para o Parlamento Europeu,
de acordo com uma pesquisa de boca de urna realizada na quinta-feira (23/05),
dia em que o país votou. Os dados coletados sugeriam ainda que os
populistas eurocéticos não conseguiram obter a quantidade de votos previstos
pelas sondagens e se mantiveram praticamente no mesmo patamar do último pleito
europeu.
O Partido Trabalhista, do
vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, apareceu como o grande
vencedor do pleito e deve ganhar cinco dos 26 assentos reservados para a
Holanda no Parlamento Europeu, segundo a pesquisa realizada pela Ipsos para a
emissora pública holandesa NOS.
"Há uma clara maioria de
pessoas na Holanda, se você as contar como um todo, que quer que a União
Europeia continue desempenhando um papel na solução dos problemas que precisam
ser resolvidos", disse Timmermans, o principal candidato do agrupamento
social-democrata ao Parlamento Europeu.
Segundo a boca de urna,
o Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD), do
primeiro-ministro Mark Rutte, ficará com quatro cadeiras, assim como a legenda
conservadora membro da coalizão que governa o país, o Apelo Democrata-Cristão
(CDA).
As previsões da pesquisa de boca
de urna colocaram os partidos eurocéticos aquém das expectativas. Os resultados
da votação na Holanda, no entanto, não serão divulgados até o fim das eleições
em toda a Europa no domingo.
Nas projeções holandesas, o Fórum
para a Democracia (FvD), liderado pelo populista de direita Thierry
Baudet, pela primeira vez participante em eleições europeias, deve
conquistar três assentos. No entanto, estes parecem ter sido apenas tirados do
Partido para a Liberdade (PVV), liderado pelo populista antieuro e
antimigração Geert Wilders, que deve perder três cadeiras.
Previsões anteriores estimavam
que os dois partidos nacionalistas ganhariam cinco assentos cada às custas das
legendas tradicionais.
Eleições holandesas geralmente
possuem um grande número de partidos que disputam as parcelas eleitorais. Os
números de assentos são geralmente baixos para cada partido – 13 legendas
diferentes estão representadas no Parlamento holandês de 150 assentos.
Caos no Reino Unido
No Reino Unido, o único outro
território que realizou a votação europeia na quinta-feira, não há pesquisas de
boca de urna disponíveis devido à lei eleitoral britânica.
No entanto, houve relatos de que
um número significativo de cidadãos europeus residentes no Reino Unido não teve
a oportunidade de votar. Cidadãos britânicos que vivem nos outros 27
países-membros da União Europeia também denunciam irregularidades, que incluem
votos via correios "desaparecidos".
"Não é nenhuma surpresa que
os votos por cartas tenham desaparecido, tenham chegado atrasados ou
simplesmente nem chegaram, pois a atitude do Reino Unido para com seus
eleitores no exterior está desatualizada e quebrada", disse o
"British in Europe", grupo que defende os direitos dos
britânicos na UE e que acusou que o governo da premiê Theresa May de não
conseguir garantir o direito ao voto dos britânicos que vivem em outros
países europeus.
A Comissão Eleitoral do Reino
Unido rejeitou as acusações e alegou que a decisão do governo de adiar o Brexit
– e, portanto, decidir participar da eleição europeia num "prazo muito
curto" – causou a situação caótica.
A crise política no Reino Unido
em relação ao Brexit espelha divisões profundas em todo o continente europeu,
onde as forças populistas e de extrema direita buscam capitalizar nas eleições.
Mais de 400 milhões de cidadãos
europeus são elegíveis para votar nas eleições para o Parlamento Europeu, que
possui 751 assentos, sendo 73 reservados a parlamentares britânicos. Os
primeiros resultados são esperados no final de domingo, quando estarão
encerradas as votações em todos os 28 Estados-membros da UE.
PV/afp/dpa/rtr/ap | Deutsche
Welle
Na foto: Membros do Partido
Trabalhista celebram o resultado das urnas
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