Alemanha abriga 24 mil
extremistas de direita, dos quais mais de 12 mil têm propensão a cometer atos
violentos, diz Ministério do Interior. Internet é o principal canal de
comunicação entre os possíveis agressores.
A Alemanha abriga cerca de 24 mil
extremistas de direita, e mais da metade deles são propensos à violência,
afirmou nesta sexta-feira (03/05) o Ministério do Interior do país. Ainda
segundo o órgão, entre os estimados 12,7 mil inclinados a cometer atos violentos,
alguns revelam inclusive certa "afinidade com armas".
Os números foram revelados pelo
ministério ao responder a um questionamento do oposicionista Partido
Liberal Democrático (FDP) e divulgados pelo diário alemão Neue
Osnabrücker Zeitung.
De acordo com a reportagem, o
governo advertiu ainda para uma possível confluência com o terrorismo de
direita, acrescentando que há um "risco de radicalização de indivíduos ou
de pequenos grupos que não deve ser subestimado".
Segundo o órgão, extremistas de
direita usam a internet para se comunicar uns com os outros. Por isso, o
Departamento Federal de Proteção da Constituição estaria examinando
atualmente centenas de websites, perfis e canais relevantes no cenário
extremista de direita nas redes sociais, em serviços de mensagens instantâneas
e plataformas de vídeo.
"Eles montam as
plataformas nas quais transitam, trocam informações e tentam disseminar sua
propaganda", afirmou o ministério.
Ao jornal, o porta-voz para
assuntos internos do FDP no Bundestag, Konstantin Kuhle, criticou a demora na
remoção de conteúdos extremistas de direita e de anúncios de ato violentos da
internet. Ele também aponta como preocupante o fato de o governo não reconhecer
a ligação entre a comunicação de potenciais terroristas de direita em jogos
online e as atividades do chamado movimento identitário de direita.
Ele questionou, por exemplo, se o
governo tem acompanhado as atividades da extrema direita em plataformas de
jogos online como a Steam. O parlamentar aponta que o serviço foi utilizado por
David S. antes do ataque em Munique em julho de 2016, quando o jovem matou nove
pessoas perto de um shopping antes de tirar sua própria vida. Segundo Kuhle,
foi nesta plataforma que o agressor "encontrou confirmação de outros
usuários, sendo reverenciado até hoje em diferentes grupos [da internet]".
Para o político, as autoridades
devem analisar mais de perto as redes de comunicação da direita. Ele clamou
ainda por melhorias nos setores do governo responsáveis pelo monitoramento
digital, "para que uma comunicação sobre ataques extremistas de direita
não possa se transformar em atos reais".
A resposta do ministério revela
que o governo da chanceler federal Angela Merkel não tem "nenhuma
estratégia efetiva" para combater a radicalização na rede, disse à DW o
gabinete de Kuhle.
IP/dw/dpa/ots
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