Pedro Ivo Carvalho | Jornal de
Notícias | opinião
Suspeito de que dava um belo
slogan de campanha para as eleições legislativas: "Vamos ajudar Portugal a
fazer filhos". A forma de o fazer não é a mais sugestiva em matéria de
técnica de acasalamento, mas é a única possível: com política. É urgente que
falemos de natalidade.
É urgente que repensemos o modelo
de Segurança Social que queremos deixar aos nossos filhos e netos. Ontem já era
tarde. Portugal está a envelhecer à velocidade de uma doença terrível.
Não precisamos de um pacto, porque a experiência diz-nos que tendem a morrer precocemente (quando chegam a sair da incubadora). Basta-nos, para já, que a procriação seja eleitoralmente assistida e que se forjem condições para um debate sério, fundamentado e livre de amarras ideológicas e populismos inconsequentes. Que resulte em escolhas. Precisamos que os partidos regressem em força ao assunto, apresentando soluções que façam inverter os números assustadores que o JN mostrou.
Não precisamos de um pacto, porque a experiência diz-nos que tendem a morrer precocemente (quando chegam a sair da incubadora). Basta-nos, para já, que a procriação seja eleitoralmente assistida e que se forjem condições para um debate sério, fundamentado e livre de amarras ideológicas e populismos inconsequentes. Que resulte em escolhas. Precisamos que os partidos regressem em força ao assunto, apresentando soluções que façam inverter os números assustadores que o JN mostrou.
Em cerca de um quarto do território
continental há mais portugueses reformados do que empregados. Casos há, como o
de Vinhais, em que os beneficiários do sistema são o dobro dos contribuintes.
O retrato é transversal ao território, mas é no pedaço do país árido que a desertificação se agiganta. Trás-os-Montes, Beira Interior e Alentejo delimitam a parte obscura do mapa. Mas até nas grandes cidades o cenário é assombroso: em Lisboa há 204 mil pessoas empregadas e 114 mil reformadas; no Porto a relação é de 73 mil para 52 mil.
Não estamos à espera de milagres até à data das eleições. Apenas de uma discussão empenhada que permita mitigar o quanto antes os efeitos de uma potencial tempestade social. Formas alternativas de financiamento, mexidas na idade da reforma, reforço de benefícios fiscais para as famílias, mais creches, abonos condignos, uma legislação laboral que castigue menos quem decida ter (mais) herdeiros. Enfim, há vários caminhos para lá chegar. Ajudar Portugal a fazer filhos é muito mais do que um slogan. É uma questão de sobrevivência.
O retrato é transversal ao território, mas é no pedaço do país árido que a desertificação se agiganta. Trás-os-Montes, Beira Interior e Alentejo delimitam a parte obscura do mapa. Mas até nas grandes cidades o cenário é assombroso: em Lisboa há 204 mil pessoas empregadas e 114 mil reformadas; no Porto a relação é de 73 mil para 52 mil.
Não estamos à espera de milagres até à data das eleições. Apenas de uma discussão empenhada que permita mitigar o quanto antes os efeitos de uma potencial tempestade social. Formas alternativas de financiamento, mexidas na idade da reforma, reforço de benefícios fiscais para as famílias, mais creches, abonos condignos, uma legislação laboral que castigue menos quem decida ter (mais) herdeiros. Enfim, há vários caminhos para lá chegar. Ajudar Portugal a fazer filhos é muito mais do que um slogan. É uma questão de sobrevivência.
*Diretor-adjunto do JN
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