Martinho Júnior, Luanda
1- No dia 30 de Maio de 2019
faleceu o camarada José Diogo dos Santos, “Olim”, um patriota, Antigo
Combatente e Veterano da Pátria, membro do MPLA e preso político em São Nicolau
(Bentiaba) que devotou toda a sua vida à causa da independência de Angola, de
sua consolidação e da consolidação saudável do exercício de soberania.
Nos dois mandatos cessantes e
durante quase dez anos, o camarada “Olim” assumiu o cargo de
Presidente do Conselho Fiscal da Acção Social Para Apoio e Reinserção, ASPAR,
com zelo e uma presença sempre optimista, alegre, conselheira e pronta,
quaisquer que fossem os obstáculos ou as tempestades que se afigurassem nos
perdidos caminhos do dia-a-dia!
Essa presença foi sempre animando
as hostes, dando a sua contribuição singular para enfrentar as vicissitudes que
se depararam à Associação e aos membros duma comunidade que, sob a velada
justificação e pretexto de se ter de assumir a paz, foi sendo cada vez mais
votada ao ostracismo e hostilizada a ponto de ter de fazer frente a uma não
declarada mas evidente guerra psicológica, particularmente nos últimos 5 anos que
cessaram com a IVª Assembleia Geral Ordinária (2ª sessão foi realizada a 30 de
Março de 2019).
Durante esse período de quase dez
anos, jamais houve manifestação pública massificada por parte dos membros dessa
comunidade ainda que houvesse tantos motivos para tal, algo que demonstra o
respeito que merecia seu próprio juramento de fidelidade ao estado angolano, a
responsabilidade perante a paz e o rigor de sua vocação humana!
Alguns morreram ignotos,
desamparados, esquecidos, na miséria e nem por isso, até ao fim de suas vidas,
deixaram de corresponder aos seus juramentos de fidelidade e de coerência!
Mesmo nessas condições e
conjuntura eles deixaram de corresponder acima das espectativas, cumprindo
deveres e quantas vezes sem qualquer tipo de direitos, muito menos regalias!
Não quer dizer com isso que não
haja nessa comunidade traumas, sequelas e alguns comportamentos transversais
pouco recomendáveis, alguns dos quais pondo em causa o sentido de harmonia
indispensável, mas no essencial a comunidade cumpriu e foram os mais
marginalizados que deram os melhores exemplos!
Com sua modéstia, rigor e firmes
convicções, o camarada “Olim” contribuiu para decifrar os conteúdos e
contornos das situações, no fundo intimamente contraditórias ao fenómeno do
crescimento da corrupção, do nepotismo e do abuso que alguns fizeram
deliberadamente incidir sobre o estado angolano contrariando os ensinamentos e
a memória de Agostinho Neto que orientava sempre que “o mais importante é
resolver os problemas do povo”!
Na ASPAR, militantes do MPLA e
associados seguiram ao longo de suas vidas devotadas à independência e
consolidação do estado angolano, enfrentando o colonialismo português, o “apartheid” e
algumas das suas sequelas, enfrentando também o inverosímil: como aqueles que
haviam assegurado a segurança do estado sob juramento, que defenderam os
Presidentes da República de Angola nos momentos mais decisivos e críticos em
prol da consolidação da soberania, passaram a ser hostilizados e praticamente
marginalizados de forma tão contraditória e insensível?!
Se isso acontecia a essa
comunidade em vias de envelhecimento ou já envelhecida, que respeito então
havia para com o próprio estado, para com a juventude e para com todo o povo
angolano?
Havia mesmo convicção na
imperiosa conduta de se combater a pobreza?...
2- O cuidadoso enfrentamento que
foi feito ao longo de dez anos, quer dentro das instituições do estado, quer
noutras, quer até a nível público, teve a participação do camarada “Olim”,
propiciando a oportunidade para vincar uma linha de orientação e conduta que
contribuiu para as alterações no sentido do estado angolano começar a ser
defendido enquanto entidade soberana, fiel depositária dos interesses e das
aspirações de todo o povo angolano.
Com essa meritosa contribuição da
ASPAR, Instituição de Utilidade Pública, foi possível com a entrada em acção do
novo executivo saído das últimas eleições gerais, foi possível ao camarada
Presidente João Lourenço, reavaliar não só a situação da comunidade, mas
sobretudo fazer inclinar a favor do rigor e do respeito responsável para com o
estado a capacidade do exercício da soberania, “corrigindo o que está mal
e melhorando o que está bem”.
Essa oportunidade foi criada com
a modesta contribuição da comunidade e da ASPAR enquanto sua representativa
Associação!
A ASPAR, que foi alvo de surda
guerra psicológica por parte de algumas importantes entidades do executivo
anterior, era refém também de interesses egoístas e com comportamento de oportunismo,
próprio de subtis máfias, pelo que por tabela, com o novo executivo sente-se
incomparavelmente melhor compreendida, respeitada, acarinhada e sobretudo
reinserida!
Valeu e vale o esforço patriótico
exemplar!
Essa alteração está
necessariamente já reflectir-se nas condutas de luta contra a pobreza nas
próprias fileiras, espectativa que está criada e está a ser incentivada, dando
os primeiros passos com vínculos nas questões que se prendem à saúde e à
educação das novas gerações.
Assim sendo, sob os auspícios das
duas últimas direcções que estiveram à frente do seu destino, o camarada “Olim” deu
a sua contribuição para que essas alterações fossem finalmente feitas e para a
tomada de decisão de se considerar a Comunidade de Inteligência e Segurança do
Estado como uma entidade integrada, articulada, responsável, digna e zeladora
do estado angolano.
O papel de Instituição de
Utilidade Pública foi compreendido até essa substância, que deve ser patamar de
rigoroso não retorno!
As medidas que o Chefe do SINSE,
camarada general Fernando Garcia Miala, decidiu tomar sob orientação do
camarada Presidente João Lourenço em relação ao projecto integrado e articulado
que constitui a Comunidade de Inteligência e de Segurança do Estado, reflectem
pouco a pouco o pendor das correcções espectáveis e desejáveis, tornando
possível a oportunidade não só para o respeito devido ao estado angolano, mas
sobretudo para o respeito devido a todo o povo angolano em busca de paz com
justiça social.
Assim, na hora do passamento
físico do camarada José Diogo dos Santos, “Olim”, toda a comunidade deve
corresponder ao momento e em todo o espaço nacional afirmar sua vontade de
harmonia, de paz e de legítima reinserção social!
Era essa a vontade dele,
demonstrada sempre enquanto Presidente do Conselho Fiscal da ASPAR nos dois
últimos mandatos que preencheram os últimos dez anos e por isso ele manteve-se
sempre presente, praticamente até quando sofreu o infortúnio do AVC que o levou
à morte, manteve-se presente enquanto teve possibilidades humanas de se
movimentar… até mesmo o seu próprio fim existencial!
Mérito a todos os dignos
patriotas angolanos que enfrentando todo o tipo de vicissitudes, infortúnios e
obstáculos, tornaram possível levar por diante o Movimento de Libertação em
África!
Mérito merecido para o camarada e
patriota José Diogo dos Santos, “Olim” e para a dignidade de sua vida
e do seu exemplo!
Martinho Júnior - Luanda, 1 de
Junho de 2019
Imagens:
01- O camarada “Olim” no
acto do lançamento da primeira pedra para a construção da sede nacional da
ASPAR ao Zango III (14 de Dezembro de 2011);
02- Representação da ASPAR no
desfile comemorativo do 40º Aniversário da Independência de Angola (11 de
Novembro de 2015);
03- O camarada “Olim” numa
das suas últimas fotos, na 2ª sessão da IVª Assembleia Geral Ordinária da
ASPAR, recebendo das mãos do Presidente da Direcção executiva cessante, o
camarada Alexandre Moreira Bastos, “Sacha”, o Diploma de Mérito pelo seu
desempenho e trabalho na Associação e na comunidade (30 de Março de 2019).
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