Médicos e enfermeiros angolanos
estão de costas voltadas. Em causa estão os pronunciamentos da bastonária da
Ordem dos Médicos de Angola, Elisa Gaspar, que supostamente desvaloriza os
enfermeiros.
Os médicos e os enfermeiros
angolanos estão em pé de "guerra”. Em causa estão os pronunciamentos
da Bastonária da Ordem dos Médicos de Angola, Elisa Gaspar, que supostamente
desvaloriza os enfermeiros. Está quarta-feira (19.06.), as organizações
socioprofissionais da saúde chamaram a imprensa para apresentar o que chamam de
"protesto” e exigem desculpas públicas da responsável.
As supostas declarações de
bastonária da Ordem dos Médicos de Angola foram proferidas no dia 25 de maio
deste ano, na província angolana do Cunene.
No áudio apresentado esta
quarta-feira em conferência de imprensa pelas organizações socioprofissionais,
a responsável teria dito que os enfermeiros não podiam passar receita médica e
que um "médico é um Deus na terra”. Elisa Gaspar também denunciou a
existência de falsos médicos cubanos.
"Mas como é que um
enfermeiro vai discutir um problema clínico? É impossível porque
cientificamente não está qualificado para a discussão do caso e, as vezes quer
discutir com o médico porque ele é o diretor da unidade hospitalar. Diretor
clínico só pode ser médico. Nalgumas províncias os enfermeiros assinam
certidões de óbito. O que é que ele entende da nomenclatura para assinar as
certidões? Acabar com os enfermeiros que passam as receitas médicas”.
Estes pronunciamentos enfureceram
a classe de enfermagem que apresentou protestos a ministra da Saúde Sílvia
Lutucuta e a Ordem dos Médicos de Angola.
No encontro com os jornalistas,
presidido pelo Paulo Luvualo responsável da Ordem dos Enfermeiros de Angola, a
classe acusa Elisa Gaspar de preconceituosa. "Achamos ser desequilibrada
no tempo e no espaço”. Parece estar declarada a "guerra” entre os médicos
e os enfermeiros. A ordem dos médicos questiona a autenticidade do áudio que já
circula nas redes sociais e, em nota tornada pública, no dia 1 de junho ameaça
com um processo judicial contra os enfermeiros.
Por sua vez, Paulo Luvualo diz
estar a espera da referida intimação. "As organizações socioprofissionais
estão a espera que a senhora bastonária dos médicos nos processe e a nossa
reação será no tribunal”.
Pedido de desculpa
Enquanto se espera, o bastonário
afirma que o Sindicato Nacional dos Enfermeiros de Angola, Ordem dos
Enfermeiros de Luanda, Sindicato Nacional Independente dos Trabalhadores da
Saúde e Função Pública e o Sindicato dos Técnicos de Enfermagem de Luanda, organizações
presentes na conferência de imprensa desta quarta-feira, exigem um pedido
de desculpa pública por parte de Elisa Gaspar. Os protestantes dão um
ultimato de 72 duas.
"É o mínimo que os
enfermeiros de Angola estão a exigir. Porque se ela não fizer isso, neste
momento a bola está aqui no centro, está com a Ordem dos Enfermeiros de
Angola... por isso é que colocamos os sindicatos nos extremos. Eu como sou
o número nove, se não houver uma resposta dentro do prazo, então vamos passar a
bola para os extremos e os extremos saberão como irão reagir”.
Atendimento dos pacientes
A DW África tentou sem sucesso
ouvir Elisa Gaspar. Mas questionou ao bastonário da Ordem dos Enfermeiros de
Angola se esta luta não influenciaria negativamente o atendimento aos
pacientes.
"Logicamente se houver uma
guerra entre a classe médica e classe de enfermagem quem vai sofrer é a
população. E nós, os enfermeiros, estudamos para defender a população. O nosso
propósito não é tentar desencadear uma guerra com a Ordem dos Médicos para
prejudicarmos a população”.
Dados disponíveis indicam que
Angola conta apenas com 3500 médicos angolanos e mais de 35 mil profissionais
de enfermagem.
Manuel Luamba (Luanda)
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