quarta-feira, 19 de junho de 2019

São Tomé | Fradique falou à CPI sobre o golpe e reiterou que Trovoada é um fascista


Patrice Trovoada é “um fascista que deve ser combatido”. Garantiu o ex-Presidente da República Fradique de Menezes, após várias horas de interpelação pela Comissão Parlamentar de Inquérito(CPI).

A Comissão Parlamentar de Inquérito, está a investigar o Golpe de Estado de 2003, a luz das acusações feitas em 2017 pelo operacional Peter Lopes, membro do antigo batalhão sul africano “Búfalo”.

O operacional que era amigo muito próximo do ex-Primeiro Ministro Patrice Trovoada, e activista político do partido de Patrice Trovoada, publicou um vídeo no ano 2017, anunciando que o ex-primeiro ministro foi o financiador do Golpe de Estado de 2003.

Mais ainda, denunciou que Patrice Trovoada, deu ordens expressas aos operacionais dos Búfalos, para matar 3 individualidades nacionais, nomeadamente o actual ministro da defesa o coronel Óscar Sousa, e o ex-Presidente Manuel Pinto da Costa, e o então Presidente da República, Fradique de Menzes.

Após dizer à CPI, tudo que sabe sobre o Golpe de Estado de 2003, o ex-Presidente Fradique de Menezes,  disse a imprensa que não confirma nem desmente as declarações feitas pelo operacional Peter Lopes. No entanto acrescentou que «Se o cidadão Patrice Trovoada de fato fez isto, ele tem que responder por isso».

Fradique de Menezes garantiu a imprensa que ele era o único alvo, do Golpe de Estado de 2003. «Enquanto Presidente da Republica naquela altura, temos todos que reconhecer que esse golpe de Estado foi contra mim, era para suprimir este individuo que estava a incomodar muita gente», reforçou.


O ex-Presidente da República recordou que antes do Golpe de Estado, tinha dado uma entrevista no Gabão, e que não agradou a família Trovoada. Pois na referida entrevista, Fradique de Menezes, que foi eleito Presidente da República de São Tomé e Príncipe no ano 2001, com apoio financeiro e político do ex-Presidente Miguel Trovoada e do seu filho Patrice Trovoada, disse a imprensa gabonesa que São Tomé e Príncipe não era «quintal dos Trovoadas».

Na mesma altura, o ex-presidente da República, já havia demitido Patrice Trovoada do cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação. Casos ocorridos e que segundo Fradique de Menezes, poderiam ter gerado mal estar de actores políticos contra a forma autónoma e livre como presidiu o país, sem submeter-se a ordens telecomandadas.

Fradique de Menezes, não confirma nem desmente que Patrice Trovoada tenha sido o autor intelectual e financeiro do Golpe de Estado, que o depôs por cerca de duas semanas do cargo de Presidente da República.

No entanto não tem dúvidas de que o ex-Primeiro Ministro, é de facto um fascista. Fradique que o tinha dito em 2018 numa intervenção na Rádio Jubilar renovou a sua convicção em junho de 2019, após ser auscultado pela Comissão Parlamentar de Inquérito. «Algumas decisões tomadas por ele são reflexos de pessoa com pensamento fascista», assegurou.

Fradique, acrescentou que é um indivíduo de dentes abertos. Um sorriso sem graça, “Dentxi Betu”que acabou por ser tema de uma das músicas mais badaladas do malogrado cantor Pepê Lima. «Com dentes abertos, mas ao mesmo tempo ele está a lhe meter a faca no pescoço», pontuou o ex-Presidente da República.

Dentes abertos, que segundo Fradique de Menezes, não reflectiam a transparência, e escondiam uma gestão ruinosa dos fundos e bens públicos. «Ninguém sabia o que se estava a passar do ponto de vista de projectos, ninguém sabia em que programa ele estava a basear-se para administrar o país e dar esperança no futuro», concluiu.

O ex-Presidente da República deu nota positiva ao trabalho que a Assembleia Nacional está a fazer, no sentido de esclarecer o elemento novo que o país tem em mãos sobre o Golpe de Estado de 2003. Trata-se da denúncia do operacional que participou no golpe, indicando o nome do financiador, e do alegado mandante de execuções que deveriam ser feitas.

Pois os militares e os operacionais do batalhão Búfalo, que participaram no golpe de Estado, beneficiaram de uma lei de amnistia aprovada pela Assembleia Nacional no ano 2003. Tudo indica que a amnistia dada aos operacionais do Golpe, não tinha a classe política, ou todos os cidadãos são-tomenses como alvo.

O Ministério Público de São Tomé e Príncipe, através do ex-Procurador Geral Frederique Samba, mandou arquivar o processo da denúncia. O novo Procurador Geral Kelve Carvalho e os seus pares, também se alinham no arquivamento da denúncia grave de Peter Lopes.

Fradique de Menezes, ex-Presidente da República e um dos alvos a abater, segundo a denúncia do operacional, não concorda, com a postura do Ministério Público. «Esse trabalho que a Assembleia está a fazer quem o deveria ter feito é a Procuradoria Geral da Republica. As acusações de Peter Lopes são um caso novo, e que a Assembleia Nacional está no seu direito de investigar».

Abel Veiga | Téla Nón

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