Patrice Trovoada é “um fascista que deve ser
combatido”. Garantiu o ex-Presidente da República Fradique de Menezes, após
várias horas de interpelação pela Comissão Parlamentar de Inquérito(CPI).
A Comissão Parlamentar de
Inquérito, está a investigar o Golpe de Estado de 2003, a luz das acusações
feitas em 2017 pelo operacional Peter Lopes, membro do antigo batalhão sul
africano “Búfalo”.
O operacional que era amigo muito
próximo do ex-Primeiro Ministro Patrice Trovoada, e activista político do
partido de Patrice Trovoada, publicou um vídeo no ano 2017, anunciando que o
ex-primeiro ministro foi o financiador do Golpe de Estado de 2003.
Mais ainda, denunciou que Patrice
Trovoada, deu ordens expressas aos operacionais dos Búfalos, para matar 3
individualidades nacionais, nomeadamente o actual ministro da defesa o coronel
Óscar Sousa, e o ex-Presidente Manuel Pinto da Costa, e o então Presidente da
República, Fradique de Menzes.
Após dizer à CPI, tudo que sabe
sobre o Golpe de Estado de 2003, o ex-Presidente Fradique de Menezes, disse
a imprensa que não confirma nem desmente as declarações feitas pelo operacional
Peter Lopes. No entanto acrescentou que «Se o cidadão Patrice Trovoada de fato
fez isto, ele tem que responder por isso».
Fradique de Menezes garantiu a
imprensa que ele era o único alvo, do Golpe de Estado de 2003. «Enquanto
Presidente da Republica naquela altura, temos todos que reconhecer que esse
golpe de Estado foi contra mim, era para suprimir este individuo que estava a
incomodar muita gente», reforçou.
O ex-Presidente da República
recordou que antes do Golpe de Estado, tinha dado uma entrevista no Gabão, e
que não agradou a família Trovoada. Pois na referida entrevista, Fradique de
Menezes, que foi eleito Presidente da República de São Tomé e Príncipe no ano
2001, com apoio financeiro e político do ex-Presidente Miguel Trovoada e do seu
filho Patrice Trovoada, disse a imprensa gabonesa que São Tomé e Príncipe não
era «quintal dos Trovoadas».
Na mesma altura, o ex-presidente
da República, já havia demitido Patrice Trovoada do cargo de Ministro dos
Negócios Estrangeiros e Cooperação. Casos ocorridos e que segundo Fradique de
Menezes, poderiam ter gerado mal estar de actores políticos contra a forma
autónoma e livre como presidiu o país, sem submeter-se a ordens telecomandadas.
Fradique de Menezes, não confirma
nem desmente que Patrice Trovoada tenha sido o autor intelectual e financeiro
do Golpe de Estado, que o depôs por cerca de duas semanas do cargo de
Presidente da República.
No entanto não tem dúvidas de que
o ex-Primeiro Ministro, é de facto um fascista. Fradique que o tinha dito em
2018 numa intervenção na Rádio Jubilar renovou a sua convicção em junho de
2019, após ser auscultado pela Comissão Parlamentar de Inquérito. «Algumas
decisões tomadas por ele são reflexos de pessoa com pensamento fascista»,
assegurou.
Fradique, acrescentou que é um
indivíduo de dentes abertos. Um sorriso sem graça, “Dentxi Betu”que acabou por
ser tema de uma das músicas mais badaladas do malogrado cantor Pepê Lima. «Com
dentes abertos, mas ao mesmo tempo ele está a lhe meter a faca no pescoço»,
pontuou o ex-Presidente da República.
Dentes abertos, que segundo
Fradique de Menezes, não reflectiam a transparência, e escondiam uma gestão
ruinosa dos fundos e bens públicos. «Ninguém sabia o que se estava a passar do
ponto de vista de projectos, ninguém sabia em que programa ele estava a
basear-se para administrar o país e dar esperança no futuro», concluiu.
O ex-Presidente da República deu
nota positiva ao trabalho que a Assembleia Nacional está a fazer, no sentido de
esclarecer o elemento novo que o país tem em mãos sobre o Golpe de Estado de
2003. Trata-se da denúncia do operacional que participou no golpe, indicando o
nome do financiador, e do alegado mandante de execuções que deveriam ser
feitas.
Pois os militares e os
operacionais do batalhão Búfalo, que participaram no golpe de Estado,
beneficiaram de uma lei de amnistia aprovada pela Assembleia Nacional no ano
2003. Tudo indica que a amnistia dada aos operacionais do Golpe, não tinha a
classe política, ou todos os cidadãos são-tomenses como alvo.
O Ministério Público de São Tomé
e Príncipe, através do ex-Procurador Geral Frederique Samba, mandou arquivar o
processo da denúncia. O novo Procurador Geral Kelve Carvalho e os seus pares,
também se alinham no arquivamento da denúncia grave de Peter Lopes.
Fradique de Menezes,
ex-Presidente da República e um dos alvos a abater, segundo a denúncia do
operacional, não concorda, com a postura do Ministério Público. «Esse trabalho
que a Assembleia está a fazer quem o deveria ter feito é a Procuradoria Geral
da Republica. As acusações de Peter Lopes são um caso novo, e que a Assembleia
Nacional está no seu direito de investigar».
Abel Veiga | Téla
Nón
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